Livro mostra a "incrível riqueza" do universo musical de São Tomé e Príncipe
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Magdalena Bialoborska Chambel publicou o livro "Dêxa Puíta Sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência", mostrando a "incrível riqueza" da música são-tomense.
Ússua, socopé e dêxa são apenas alguns dos géneros musicais de São Tomé e Príncipe que figuram no novo livro da investigadora Magdalena Bialoborska Chambel chamado "Dêxa Puíta Sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência", que conta através dos diferentes géneros musicais existentes no país os últimos 150 anos deste arquipélago africano.
Magdalena Bialoborska Chambel é investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa, especializada em Estudos Africanos, e já levou a cabo projectos não só em São Tomé e Príncipe, mas também Guiné-Bissau ou Cabo Verde.
Em entrevista à RFI, esta académica explicou as razões de ter levado a cabo esta investigação e de onde surgiu a ideia para o título deste livro.
"Sócópé, Dêxa e Puíta são três géneros musicais das ilhas, três dos vários. Dêxa é um género musical da ilha do Príncipe, Puíta veio ou foi criado nas ilhas pelos trabalhadores que vieram de Angola e Sócópé é um género musical dos ilehus da ilha de São Tomé, tocada tanto no Príncipe como em São Tomé. São três géneros musicais, mas também um jogo de palavras. O título foi criado pelo Angelo Torres, autor e realizador são-tomense que quando eu comecei a trabalhar sobr ea música de São Tomé e Príncipe sugeriu este título", explicou a investigadora.
O livro abrange a segunda parte do século XIX até aos anos 90 do século XX, acompanhando a história deste país, com a criação as roças de café e cacau em São Tomé e Príncipe e com a consequente chegada dos trabalhadores contratados Angola, Cabo Verde e Moçambique. Esta chegada, por exemplo, "mudou a estrutura social das ilhas e o panorama musical", como explicou a investigadora.
"A música é um espelho em que se pode ver a sociedade, aquilo que se passa, as mudanças, alterações sociais. A música acompanha todas estas mudanças", afirmou Magdalena Bialoborska Chambel.
Para fazer este livro, a investigadora teve de consultar e organizar fontes como livros, biografias, mas também jornais, assim como registos audio e fotografias. Outra fonte preciosa, foi o arquivo da Rádio Bacional de São Tomé e Príncipe composto por várias gravações.
Assim, através deste estudo, fica demonstrado que apesar da reduzida dimensão territorial e de habitantes, São Tomé e Peíncipe encerra uma riqueza musical "incrível", com dezenas de grupos musicais e géneros diferentes que convivem no arquipélago.
"Quando comecei a ir a São Tomé e Príncipe sobre outro projecto conhecia pouco sobre a música do país. Durantes estes anos fui constatando a incrível riqueza deste peqeuno universo, porque estamos a falar de duas ilhas que têm 200 mil habitantes, mas no período descrito no livro, havia cento e pouco mil habitantes, portanto as dezenas de grupos musicais e de géneros musicais. Nós não temos essa noção", declarou.
O livro "Dêxa Puíta Sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência" foi apresentado em Lisboa em Abril.
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