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Alumni a dar música – The FEUP Alumni Playlist #29 – António Maçães Boucinha

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Alumni a dar música” é uma rubrica musical em formato Podcast do Gabinete Alumni da Talent Unit da FEUP em parceria com a Engenharia Rádio que traz todos os meses as escolhas musicais dos nossos Alumni. Na 29ª edição do “Alumni a dar música” temos a escolha musical da alumnus Anónio Maçães Boucinha.

António Maçães Boucinha

Engenharia Mecânica

Consultor Independente /Aposentado da Philip Morris International

Playlist de uma vida

“A minha educação musical foi muito reduzida, mas não posso esquecer os discos que ouvi na velha grafonola lá de casa que, de tanto ser descuidadamente usada, acabou por ficar inutilizada quando num só dia tocou todos os discos disponíveis. Também não posso esquecer os discos de 78 rpm, que o meu pai trouxe do Brasil em 1962, e que muitas vezes ouvi no velho gira discos ligado ao rádio “Telefunken” ou quando a “aparelhagem” era levada para as desfolhadas na casa do meu tio lavrador. Ainda a influência da catequese e da missa, com o “Tantum ergo sacramentum” em lugar de destaque que me marcaram. Nas aulas de Canto Coral no liceu fui sistematicamente dispensado porque “desafinava” muito.

A minha seleção passa pelas canções que me ligam aos vários locais onde vivi ou trabalhei e começam pela canção “Mãe Preta”, que constava de um dos discos de 78 rpm que vieram do Brasil, com música e letra originais dos brasileiros Caco Velho e Pirani. Durante muito tempo esta canção foi proibida em Portugal, tendo mais tarde ressurgido com nova letra de David Mourão Ferreira cantada por Amália com o título “Barco Negro” e cuja história gostei de revisitar.

Nos primeiros anos do Liceu da Póvoa de Varzim e nos bailes de domingo à tarde, as canções francesas eram as mais frequentes e “Ne Me Quite Pas” do Jacques Brel marcava o fim da festa. Com a chegada dos anglo-saxónicos (Beatles, Bee Gees,…), nos últimos anos do liceu mudou o panorama e para além do “Hey Jude” realço “Whiter Shade of Pale”. Com a ida para Coimbra para fazer os propedêuticos (em 1970 a FEUP só começava nos 3 últimos anos) não esqueço a balada “Bairro Negro” magnificamente interpretada pelo José Afonso e que era dos poucos temas que o meu colega de quarto tinha no seu gravador de fita.

Aproveitando o lançamento do último álbum de Janis Joplin depois da sua morte, a emissora regional da Coimbra passava diariamente as suas canções. Entre “Cry Baby” e “Mercedes Benz” foram muitas as horas de estudo acompanhadas com estas músicas na rádio. Com o ambiente de Coimbra ainda no coração, chego à FEUP e deparo-me com uma liberdade política que desconhecia até aí e que se refletia na música que ouvíamos. E se o José Afonso me surpreendeu com os fados de Coimbra (Lá longe ao cair da tarde) foi nos anos letivos de 72 a 74 que as canções “Venham mais Cinco” e “Traz outro amigo também” animavam as frequentes reuniões, assembleias e manifestações em que a mobilização contra a guerra implicava trazer mais e mais estudantes para a luta.

No início de 1976 iniciei a minha primeira atividade profissional e não posso nunca esquecer os acordes do “Für Elise” que o colega MJ tocava na sala de professores da Escola Secundária de Moncorvo e que marcaram a minha abertura à música clássica. Também não posso esquecer os álbuns dos Pink Floyd que o mesmo colega punha no leitor de cartuchos do seu carro, nas viagens intermináveis de muitas horas para chegar ao Porto. Em Elvas, onde fiz o estágio no Ensino, fica a recordação dos convívios nos fins de tarde quentes ao som de “Hotel Califórnia”.

A compra do meu primeiro gira-discos, quando vim para Lisboa, foi inaugurada com o “Concerto de Aranjuez” de Joaquin Rodrigo. Já o álbum do Paul Simon que a minha mulher me ofereceu, quando estava grávida de poucos meses, diz muito sobre alguém que aparece na nossa vida e que nunca mais deixamos (“Late in the Evening”) mas a quem esperamos que seja perfeito (“One Trick Pony”).

A “Suite nº1 da peça Peer Gynt” de Edvard Grieg marca a travessia da ponte 25 de abril ao fim da tarde, no regresso do trabalho a Lisboa, quando vinha da Setenave. Do LP “Cavaquinho” de Júlio Pereira, que escutei do princípio ao fim e muitas vezes, realço o “Vira Minhoto” e que me fazia lembrar as festas na minha aldeia. Em plena atividade profissional, há uma canção que não me largava a mente que é a “Criatura da noite” do grupo Entre Aspas, magnificamente interpretada pela Viviane.

Nas intermináveis filas de trânsito da IC 19, na companhia dos programas da rádio “Antena 2” a ouvir muita música barroca, clássica e óperas há que assinalar o “Jazz Suite No.1” de Shostakovich como uma das que mais me encanta, ficando por último o “Concerto para cravo e orquestra” do Carlos Seixas que foi o maior compositor do Barroco português e que pouca divulgação tem tido.”

PLAYLIST de António Boucinha

  1. Maria da Conceição – Mãe Preta
  2. Jacques Brel – Ne me quitte pas
  3. Procol Harum – A Whiter Shade of Pale
  4. José Afonso – Bairro Negro
  5. Janis Joplin – Mercedes Benz
  6. José Afonso – Tráz outro amigo também
  7. LvBeethoven – Für Elise
  8. Pink Floyd – Money
  9. Eagles – Hotel California
  10. Joaquin Rodrigo – Concerto de Aranjuez
  11. Paul Simon – One Trick Pony
  12. Edvard Grieg – Peer Gynt Suite n1
  13. Cavaquinho – Vira Minhoto
  14. Entre Aspas – Criatura da noite
  15. Shostakovich – Jazz Suite No.1
  16. Carlos Seixas – Concerto para Cravo e Orquestra

Gabinete Alumni da Talent Unit da FEUP em parceria com a Engenharia Rádio.

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António Maçães Boucinha

Engenharia Mecânica

Consultor Independente /Aposentado da Philip Morris International

Playlist de uma vida

“A minha educação musical foi muito reduzida, mas não posso esquecer os discos que ouvi na velha grafonola lá de casa que, de tanto ser descuidadamente usada, acabou por ficar inutilizada quando num só dia tocou todos os discos disponíveis. Também não posso esquecer os discos de 78 rpm, que o meu pai trouxe do Brasil em 1962, e que muitas vezes ouvi no velho gira discos ligado ao rádio “Telefunken” ou quando a “aparelhagem” era levada para as desfolhadas na casa do meu tio lavrador. Ainda a influência da catequese e da missa, com o “Tantum ergo sacramentum” em lugar de destaque que me marcaram. Nas aulas de Canto Coral no liceu fui sistematicamente dispensado porque “desafinava” muito.

A minha seleção passa pelas canções que me ligam aos vários locais onde vivi ou trabalhei e começam pela canção “Mãe Preta”, que constava de um dos discos de 78 rpm que vieram do Brasil, com música e letra originais dos brasileiros Caco Velho e Pirani. Durante muito tempo esta canção foi proibida em Portugal, tendo mais tarde ressurgido com nova letra de David Mourão Ferreira cantada por Amália com o título “Barco Negro” e cuja história gostei de revisitar.

Nos primeiros anos do Liceu da Póvoa de Varzim e nos bailes de domingo à tarde, as canções francesas eram as mais frequentes e “Ne Me Quite Pas” do Jacques Brel marcava o fim da festa. Com a chegada dos anglo-saxónicos (Beatles, Bee Gees,…), nos últimos anos do liceu mudou o panorama e para além do “Hey Jude” realço “Whiter Shade of Pale”. Com a ida para Coimbra para fazer os propedêuticos (em 1970 a FEUP só começava nos 3 últimos anos) não esqueço a balada “Bairro Negro” magnificamente interpretada pelo José Afonso e que era dos poucos temas que o meu colega de quarto tinha no seu gravador de fita.

Aproveitando o lançamento do último álbum de Janis Joplin depois da sua morte, a emissora regional da Coimbra passava diariamente as suas canções. Entre “Cry Baby” e “Mercedes Benz” foram muitas as horas de estudo acompanhadas com estas músicas na rádio. Com o ambiente de Coimbra ainda no coração, chego à FEUP e deparo-me com uma liberdade política que desconhecia até aí e que se refletia na música que ouvíamos. E se o José Afonso me surpreendeu com os fados de Coimbra (Lá longe ao cair da tarde) foi nos anos letivos de 72 a 74 que as canções “Venham mais Cinco” e “Traz outro amigo também” animavam as frequentes reuniões, assembleias e manifestações em que a mobilização contra a guerra implicava trazer mais e mais estudantes para a luta.

No início de 1976 iniciei a minha primeira atividade profissional e não posso nunca esquecer os acordes do “Für Elise” que o colega MJ tocava na sala de professores da Escola Secundária de Moncorvo e que marcaram a minha abertura à música clássica. Também não posso esquecer os álbuns dos Pink Floyd que o mesmo colega punha no leitor de cartuchos do seu carro, nas viagens intermináveis de muitas horas para chegar ao Porto. Em Elvas, onde fiz o estágio no Ensino, fica a recordação dos convívios nos fins de tarde quentes ao som de “Hotel Califórnia”.

A compra do meu primeiro gira-discos, quando vim para Lisboa, foi inaugurada com o “Concerto de Aranjuez” de Joaquin Rodrigo. Já o álbum do Paul Simon que a minha mulher me ofereceu, quando estava grávida de poucos meses, diz muito sobre alguém que aparece na nossa vida e que nunca mais deixamos (“Late in the Evening”) mas a quem esperamos que seja perfeito (“One Trick Pony”).

A “Suite nº1 da peça Peer Gynt” de Edvard Grieg marca a travessia da ponte 25 de abril ao fim da tarde, no regresso do trabalho a Lisboa, quando vinha da Setenave. Do LP “Cavaquinho” de Júlio Pereira, que escutei do princípio ao fim e muitas vezes, realço o “Vira Minhoto” e que me fazia lembrar as festas na minha aldeia. Em plena atividade profissional, há uma canção que não me largava a mente que é a “Criatura da noite” do grupo Entre Aspas, magnificamente interpretada pela Viviane.

Nas intermináveis filas de trânsito da IC 19, na companhia dos programas da rádio “Antena 2” a ouvir muita música barroca, clássica e óperas há que assinalar o “Jazz Suite No.1” de Shostakovich como uma das que mais me encanta, ficando por último o “Concerto para cravo e orquestra” do Carlos Seixas que foi o maior compositor do Barroco português e que pouca divulgação tem tido.”

PLAYLIST de António Boucinha

  1. Maria da Conceição – Mãe Preta
  2. Jacques Brel – Ne me quitte pas
  3. Procol Harum – A Whiter Shade of Pale
  4. José Afonso – Bairro Negro
  5. Janis Joplin – Mercedes Benz
  6. José Afonso – Tráz outro amigo também
  7. LvBeethoven – Für Elise
  8. Pink Floyd – Money
  9. Eagles – Hotel California
  10. Joaquin Rodrigo – Concerto de Aranjuez
  11. Paul Simon – One Trick Pony
  12. Edvard Grieg – Peer Gynt Suite n1
  13. Cavaquinho – Vira Minhoto
  14. Entre Aspas – Criatura da noite
  15. Shostakovich – Jazz Suite No.1
  16. Carlos Seixas – Concerto para Cravo e Orquestra

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