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Reino Unido abre primeiro centro para usuários de drogas injetáveis na Escócia

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O primeiro centro de consumo supervisionado de drogas do Reino Unido abre as portas aos usuários nesta segunda-feira (13), como parte de um programa de saúde pública do NHS, o equivalente ao SUS, e a prefeitura de Glasgow, a maior cidade da Escócia. O projeto-piloto visa controlar o número de mortes por overdose no país, que é o mais alto da Europa. Segundo dados da agência de saúde pública escocesa, 1172 óbitos foram registrados em 2023, o que representa um aumento de 12%.

Yula Rocha, correspondente da RFI no Reino Unido

Os usuários de drogas mais vulneráveis vão poder usar o centro todos os dias do ano das 9h às 21h, sem o risco de serem presos pelo consumo de drogas ilícitas. Eles fazem um registro e uma breve consulta, sem a necessidade de apresentar um documento de identidade ou dar o nome completo. O local não fornece drogas. Ao serem admitidos, os usuários recebem um kit com seringa e agulha descartáveis e são supervisionados por profissionais da saúde.

O programa-piloto de três anos vai custar ao governo da Escócia £ 7 milhões, o equivalente a R$ 52 milhões. Após o consumo, o usuário poderá descansar, tomar banho, lavar as roupas e usar a sala com estantes repletas de livros e atividades de arte. O centro foi pensado com a participação de ex-usuários que apontaram as necessidades que essa população, muitas vezes em situação de rua, enfrenta.

Resistência politica

A Escócia está batalhando pela abertura do centro há mais de dez anos. O programa tem o aval do governo do país, mas a lei que descriminaliza o uso de drogas em todo o Reino Unido, datada de 1971, não foi alterada no Parlamento Britânico, apesar de inúmeros debates. O consumo de narcóticos continua, desta forma, sendo um crime.

O que permitiu à Escócia abrir esse centro foi uma decisão da corte escocesa, anunciando que não puniria os usuários do novo centro. A medida causou polêmica já que, para uma parcela da população, o espaço servirá de incentivo ao consumo.

O país, que integra o Reino Unido, tem o maior número de mortes por uso de drogas per capita em toda a Europa e o dobro da Inglaterra e do País de Gales. Cerca de 80% dos óbitos por overdose decorrem do uso dos opioides como heroína e morfina. A cocaína também é muito consumida.

Em Glasgow, cenas de pessoas injetando drogas em público e descartando seringas e agulhas são comuns. O NHS estima que mais de 500 usuários são vistos diariamente nas ruas da cidade.

Diante da gravidade do problema, o objetivo do programa é reduzir os danos que envolvem o consumo. As medidas focam no acolhimento e tratamento. O contato com os usuários ajuda a tecer uma relação de confiança. O objetivo é dar início ao trabalho de prevenção, ajudar os usuários a interromper o consumo e reintegrá-los à sociedade.

Glasgow se inspira em modelo da Suíça

Existem cem centros de apoio supervisionado em funcionamento no mundo todo, um deles em Paris. O primeiro foi aberto há quase 40 anos em Bern, na Suíça. Modelos parecidos operam em vários países da Europa, além de Austrália e Canadá. Na Colômbia foi aberta no ano passado a primeira sala de consumo supervisionado da América Latina.

A Escócia espera em breve abrir novos centros. A expectativa é que o resultado desse projeto-piloto sirva de exemplo para alterar o Código Penal do Reino Unido, e ajudar os dependentes químicos em vez de puni-los.

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Yula Rocha, correspondente da RFI no Reino Unido

Os usuários de drogas mais vulneráveis vão poder usar o centro todos os dias do ano das 9h às 21h, sem o risco de serem presos pelo consumo de drogas ilícitas. Eles fazem um registro e uma breve consulta, sem a necessidade de apresentar um documento de identidade ou dar o nome completo. O local não fornece drogas. Ao serem admitidos, os usuários recebem um kit com seringa e agulha descartáveis e são supervisionados por profissionais da saúde.

O programa-piloto de três anos vai custar ao governo da Escócia £ 7 milhões, o equivalente a R$ 52 milhões. Após o consumo, o usuário poderá descansar, tomar banho, lavar as roupas e usar a sala com estantes repletas de livros e atividades de arte. O centro foi pensado com a participação de ex-usuários que apontaram as necessidades que essa população, muitas vezes em situação de rua, enfrenta.

Resistência politica

A Escócia está batalhando pela abertura do centro há mais de dez anos. O programa tem o aval do governo do país, mas a lei que descriminaliza o uso de drogas em todo o Reino Unido, datada de 1971, não foi alterada no Parlamento Britânico, apesar de inúmeros debates. O consumo de narcóticos continua, desta forma, sendo um crime.

O que permitiu à Escócia abrir esse centro foi uma decisão da corte escocesa, anunciando que não puniria os usuários do novo centro. A medida causou polêmica já que, para uma parcela da população, o espaço servirá de incentivo ao consumo.

O país, que integra o Reino Unido, tem o maior número de mortes por uso de drogas per capita em toda a Europa e o dobro da Inglaterra e do País de Gales. Cerca de 80% dos óbitos por overdose decorrem do uso dos opioides como heroína e morfina. A cocaína também é muito consumida.

Em Glasgow, cenas de pessoas injetando drogas em público e descartando seringas e agulhas são comuns. O NHS estima que mais de 500 usuários são vistos diariamente nas ruas da cidade.

Diante da gravidade do problema, o objetivo do programa é reduzir os danos que envolvem o consumo. As medidas focam no acolhimento e tratamento. O contato com os usuários ajuda a tecer uma relação de confiança. O objetivo é dar início ao trabalho de prevenção, ajudar os usuários a interromper o consumo e reintegrá-los à sociedade.

Glasgow se inspira em modelo da Suíça

Existem cem centros de apoio supervisionado em funcionamento no mundo todo, um deles em Paris. O primeiro foi aberto há quase 40 anos em Bern, na Suíça. Modelos parecidos operam em vários países da Europa, além de Austrália e Canadá. Na Colômbia foi aberta no ano passado a primeira sala de consumo supervisionado da América Latina.

A Escócia espera em breve abrir novos centros. A expectativa é que o resultado desse projeto-piloto sirva de exemplo para alterar o Código Penal do Reino Unido, e ajudar os dependentes químicos em vez de puni-los.

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