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VP013-Ansiedade nossa de cada dia – Verbalizando Podcast – PensarAção

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AnsiedadeA Ansiedade é um mal nosso de cada dia. A ciência busca definir até que ponto ela pode ser “normal” ou patológica. Fato é que a Ansiedade está presente em nosso cotidiano. Precisamos compreender sua construção e como lidar com ela, fazendo mudanças, mesmo que aparentemente pequenas, no âmbito da mente e dos comportamentos.

Os remédios são outro ponto importante de discussão. Eles têm seu lugar em um tratamento adequado, realizado por profissionais capacitados. Mas o seu papel é o de apoio, não o de solução da questão. Assim como uma muleta, o remédio é um instrumento válido por um determinado tempo, em uma determinada situação, para atender um certo objetivo. Buscar apoio psicológico faz grande diferença no tratamento de transtornos ligados à Ansiedade, assim como para “ajustamentos” necessários antes da instalação desses transtornos. Grosso modo, as diversas possibilidades terapêuticas se referem a um reajustamento dos focos da vida, que tocam questões complexas, abrangentes e fundamentais da vivência humana.

“Ansiedade: O mal nosso de cada dia”

Esse material foi produzido para uma palestra ministrada pelo psicoterapeuta Ettore Riter, em Goiânia/GO. O objetivo é compreender a Ansiedade em nosso dia a dia, seu domínio sobre nós e o que fazer para lidar com ela, na mente e no comportamento. Precisamos entender a contribuição da medicação no tratamento, reconhecendo seu lugar de apoio, não de solução da ansiedade. Juntamente a esse reposicionamento do remédio é preciso esclarecer o papel de outro protagonista importante, o apoio psicológico, que faz grande diferença no processo de reajustar os focos da vida para uma concretização positiva da vida.

ansiedade-300x256Como você está se sentido?

É comum na experiência da Ansiedade percebermos algumas manifestações incômodas. Entre os sinais dessa “anormalidade” são relatados: sentimento de apreensão, palpitações, falta de ar, dor de cabeça, nas costas, no estômago, cansaço constante, irritação fácil, concentração difícil etc. e etc.

Essa pessoa vai ao médico, faz exames e estranhamente os resultados dizem “Está tudo normal”. E a pessoa retruca: “Mas tem algo de errado, o que estou sentido não é bom, está me atrapalhando. O que estou sentido não está me fazendo bem”. Somente nessa breve descrição corriqueira teríamos muito elementos para discutirmos a questão da Ansiedade e como ela tem estado tão mais presente e mais poderosa em nossa vida.

Ansiedade é normal?

Ansiedade pode ser boa? Existe um nível de ansiedade saudável? Existe um limite para ficar ansioso e não ficar doente? Ansiedade pode ser produtiva? Ansiedade é um problemas atual ou questão ontológica da vida humana? Ansiedade pode causar outras doenças?

A sensação da ansiedade está tão presente em nossa vida que dizemos que é uma sensação normal. A regra/norma é sentir ansiedade. Importante buscarmos uma origem para entendermos melhor.

Algumas teorias, entre elas a Psicologia Evolutiva, coloca a questão da ansiedade desde nosso nascimento como humanidade. Ansiedade seria um tipo de antecipação ao perigo, uma versão do medo diante de uma ameaça à vida. Perigos imediatos e concretos, percebidos no espaço e no tempo seriam uma preocupação da sobrevivência da vida. Essa perspectiva coloca então a ansiedade como um elemento positivo no andamento da vida que precisa se manter viva. Podemos mesmo entender que o medo a ansiedade são a mesma coisa, ou vêm da mesma fonte, sendo apenas diferentes modos de sentir ou se expressar diante da vivência de uma ameaça à vida ou à integridade física.

Diante de uma ameaça à vida, a única decisão necessária seria “COMBATER ou não combater, eis a questão!”. Podemos dizer se tratar de uma decisão corriqueira, posto que ameaças estão a todo momento a nos rondar. Os comportamentos decorrentes da decisão são LUTAR ou FUGIR frente aos perigos reais e imediatos que nos assalta.

ansiedade_Ansiedade: o Mal do Século

Acontece que hoje não temos apenas perigos concretos, reais e/ou imediatos sobre os quais decidir. A história da humanidade aponta para uma progressiva complexidade que vai se instalando em cada passo da evolução social e cultural. Continuamos com os mesmos comportamentos de lutar ou fugir, mas agora os inimigos e ameaça não são tão evidentes e o que se ameaça não é apenas a vida ou a integridade física, mas há questão mais amplas e mais difusas com as quais precisamos lidar.

As ameaças abstratas, reais ou não, imediatas ou postergadas estão em nosso foco cotidiano e são postas no mesmo nível de importância de perigos concretos e imediatos que podem abreviar a vida ou prejudicá-la seriamente. Nossa sociedade complexificada, acelerada, imediatista, hedonista, estoicista, pragmática, positivista, consumista, obsessivamente produtivista, mistificada, massificada entre outras ideologias de controle e biopoder, não nos deixa claro contra o que devemos lutar e do que devemos fugir, então lutamos contra tudo e todos e fugimos de coisas e situação que nem conhecemos. Nessa atmosfera de mudanças constantes e incertezas em que vivemos atualmente, podemos até entender que a Ansiedade é um mal nosso de cada dia, e o/um mal do nosso século/tempo.

Exigências e Expectativas

Com tantas coisas para dividir a atenção, afirmadas como valiosas e necessárias, acabamos por ficar confusos, sem notar a confusão. Tantas ameaças concretas e abstratas contra as quais devemos lutar e proteger os nossos, lançadas para um futuro próximo ou hipotético, nos coloca um dever de agir para minimizar os danos e amenizar os medos. Infelizmente, muitas vezes, essa busca não apazígua a sensação incômoda e difusa de uma mal-estar que não podemos identificar de onde vem, mas permanece como um ruído de fundo, e nos sentimos pressionados a fazer alguma coisa: algo certo, algo bom, algo definitivo.

Começamos então a operacionalizar a vida, criando/forçando condições através das exigências, a fim de atender as expectativas de felicidades. As exigências nos levam a vivenciar mais ansiedade, porque, enquanto uma exigência não é atendida, a ameaça é presente, embora não seja sempre evidente. Exigências tem apenas um jeito de serem atendidas, geralmente em um tempo curto ou imediato, resolvendo a questão de um único ponto de vista. Expectativas alimentam exigências. Quanto maior um expectativa, maior a força que se faça como exigência, e tão maior é a frustração se não se realiza. Preferências, ao contrário, podem ser atendidas de diversos modos e algum tempo possível e permite lidar melhor com a frustração de algo que não ocorre. Para quem vive no ritmo da exigência, a preferência parece algo muito solto e sem noção.

Ansiedade patológica

Fig3A ansiedade a serviço da existência humana poderia favorecer a performance e a adaptação de um organismo ao seu mundo, em um modo de viver positivo. Mas sabemos que nem sempre a ansiedade consegue gerar a melhor eficiência adaptativa de indivíduo, tendo uma ansiedade dita patológica, experimentada como Sensação difusa de ameaça, Insegurança constante, Sentir-se mal sem motivo aparente etc. A longa duração dessa vivência ansiosa pode levar a diversos problemas de saúde física e emocional, assim como social, com alterações de rotina e comportamentos sociais.

No caso de cronicidade da Ansiedade, na qual diversos transtornos físicos, emocionais e sociais se instalam, é importante buscar ajuda de um profissional de saúde capacitado. Um tratamento medicamentoso alivia muitos sintomas físicos e psicológicos, um alívio rápido e necessário, mas não definitivo. A Psicoterapia também deve ser utilizada para ajudar a compreender o contexto e os comportamentos que permitiram a situação dos transtornos de ansiedade e para aprender a administrar melhor os ciclos e os problemas.

Medicação: Ansiolíticos (benzodiazepínicos)

Medicamentos não podem ser vistos como um “Elixir mágico”, a Solução sem esforço. Esse alívio não inofensivo, nem definitivo. Há efeitos colaterais como insônia ou sonolência, falhas de memória e até dependência. Não existem remédios sem efeitos colaterais e nem podemos fazer uso de medicamentos por prevenção. Sempre que recomendado o uso de medicamentos, um médico deve orientar o processo.

Não devemos nos valer da auto-medicação farmacológica baseados nos conselhos de amigos, sites especializados, achismo e nem mesmo de experiências anteriores. A interação medicamentosa é algo muito importante para ser considerado no tratamento farmacológico, mas é uma hipótese inexistente para quem faz automedicação. O uso indiscriminado de medicamentos podem causar tolerância, ou seja, o organismo passa a aguentar/tolerar as doses e o remédio passa a não fazer mais efeito, sendo preciso aumentar a dosagem para se obter o efeito químico necessário.Isso sobrecarrega o organismo e facilita a entrada na dependência. Por isso, remédios apenas com orientação de seu médico de confiança.

medo de falar em publicoLidando com a Ansiedade

Você já percebeu que é muito difícil — se não for impossível — controlar sua mente? O seu ambiente? O futuro? O outro? É nas tentativas de ter controle, ou de manter o controle que pensa que tem, que se alimenta a ansiedade com o doce mel do medo e do desespero. Ficamos hipersensíveis à frustração, super-exigentes com as pessoas e coisas e não percebemos que nada está resolvendo com nossa atitude. Embotamos nossa capacidade de discriminação de estímulos e passamos a perceber tudo em blocos: tudo está errado; nada nunca dá certo; isso vai ser sempre assim; aquilo não vai ter fim; tudo me traz cansaço, desgosto e frustração etc. Já ouviu um discurso assim? Já fez um discurso desse tipo?

Precisamos aprender desmontar esses blocos monolíticos e começar a perceber as coisas em suas partes. Isso ajuda a não nos enganarmos com um todo que na realidade é um conjunto de partes inter-relacionadas. Assim podemos ver cada parte da situação e do processo do comportamento ansioso, podemos modificar as partes e então compreender a situação de ameaça que gera a ansiedade.

Maus Hábitos

Importante lembrar que a ansiedade não começou ontem, mas seus elementos vêm acontecendo há um tempo, além do que percebemos. Podemos não conseguir identificar a origem, mas podemos saber que está presente no aqui e no agora. A repetição das situações e das nossas reações nos leva a constituir hábitos, saudáveis ou não, que vão nos conduzir no dia a dia, diante destas mesmas situações e outras similares. Desenvolvemos hábitos a partir das repetições de reações, sem notar quão prejudiciais são em longo prazo, cultivando então maus hábitos: pensamentos e comportamentos que alimentam a ansiedade.

O Tempo

A ansiedade nos faz perder o tempo presente. Nela vem uma enxurrada de sentimentos, tanto o medo que nos remete ao futuro, quanto a raiva que nos retorna ao passado. Mas é no tempo presente, nas experiência do Aqui-e-Agora é que podemos lidar com a ansiedade e seus elementos. A respiração talvez seja o modo de acesso mais contundente para voltarmos ao aqui-e-agora; praticar técnicas de respiração e prestar atenção na sua respiração no momento atual é excelente jeito de reduzir a agitação própria da ansiedade.

O corpo

Cuidar da saúde física é peça importante para lidar com a ansiedade e seus efeitos no organismo, no emocional e no social. Alimentação equilibrada, sono reparador, atividade física e tempo de relaxamento contribuem muito para o bem-estar geral e contra a ansiedade.

O ambiente

A organização das tarefas e do ambiente doméstico e do trabalho também é importante. Facilita a execução das atividades e a administração do tempo; favorece a concentração, o raciocínio, a criatividade, a tomada de decisão etc. Fazer coisas em grande agitação ou “em cima do prazo” podem até dar a impressão de produtividade, mas o desgaste causado abre caminho para outros efeitos da ansiedade.

Comunicação

Comunicar não é apenas falar, mas também escutar. Vale a pena ler um texto “Escutatória” de Rubem Alves muito bem apresentado no episódio 397 – Escutatória, produzido pelo Podcast Café Brasil. Outra habilidade/atitude essencial para se comunicar é: observar. Observe a si mesmo, seus pensamentos e ações; observe o outro, tente compreender suas intenções e referências particulares. Então você poderá ter muito mais chances de êxito em sua comunicação.

Uma conclusão parcial

Com que “lentes” você enxerga seu mundo? A partir do modo como você percebe o mundo a sua volta, as pessoas e suas intenções, as situações e seus desdobramentos é que você vai se experienciar o mundo, as pessoas e as situações. Agimos no mundo conforme percebemos e julgamos o mundo.

O que te incomoda nos outros? O que seu incomoda os outros? Tudo acontece nas relações; coisas e situações são peças e cenários, mas o que realmente importa são as relações humanas. Quando você fala sobre alguém, isso tem mais a dizer de você do que do outro. O que incomoda você as ações e omissões dos outros apontam para algo em você que tem valor para você; talvez seja algo que você valoriza em uma pessoa ou algo que você despreza; tudo isso fala de você, de suas expectativas e exigências, seus medos e necessidades. Então, observar a si e aos outros pode gerar muitas lições valiosas para lidar com a vida e a ansiedade nossa de cada dia.

Ansiedade é ter a mente dividida entre a raiva do passado e o medo do futuro, perdendo a serenidade da ação no presente.

Baixe os slides da palestra:

Ansiedade-nossa-de-cada-dia.pdf

Slides da palestra – Ansiedade nossa de cada dia (pdf)

ESCUTE! PRATIQUE! MULTIPLIQUE!
Respeito e gentileza para consigo e com o outro.

Dúvidas, críticas ou sugestões escreva nos comentários desse post ou use o formulário de contato e mande sua mensagem. Você pode também escrever um e-mail verbalizandopodcast@gmail.com, no facebook.com/verbalizandopodcast ou ainda seguir no twitter: @ettoreriter. Escolha um canal e verbalize.

Playlist do episódio

  • Walter_Mazzaccaro_-_If_you_like

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AnsiedadeA Ansiedade é um mal nosso de cada dia. A ciência busca definir até que ponto ela pode ser “normal” ou patológica. Fato é que a Ansiedade está presente em nosso cotidiano. Precisamos compreender sua construção e como lidar com ela, fazendo mudanças, mesmo que aparentemente pequenas, no âmbito da mente e dos comportamentos.

Os remédios são outro ponto importante de discussão. Eles têm seu lugar em um tratamento adequado, realizado por profissionais capacitados. Mas o seu papel é o de apoio, não o de solução da questão. Assim como uma muleta, o remédio é um instrumento válido por um determinado tempo, em uma determinada situação, para atender um certo objetivo. Buscar apoio psicológico faz grande diferença no tratamento de transtornos ligados à Ansiedade, assim como para “ajustamentos” necessários antes da instalação desses transtornos. Grosso modo, as diversas possibilidades terapêuticas se referem a um reajustamento dos focos da vida, que tocam questões complexas, abrangentes e fundamentais da vivência humana.

“Ansiedade: O mal nosso de cada dia”

Esse material foi produzido para uma palestra ministrada pelo psicoterapeuta Ettore Riter, em Goiânia/GO. O objetivo é compreender a Ansiedade em nosso dia a dia, seu domínio sobre nós e o que fazer para lidar com ela, na mente e no comportamento. Precisamos entender a contribuição da medicação no tratamento, reconhecendo seu lugar de apoio, não de solução da ansiedade. Juntamente a esse reposicionamento do remédio é preciso esclarecer o papel de outro protagonista importante, o apoio psicológico, que faz grande diferença no processo de reajustar os focos da vida para uma concretização positiva da vida.

ansiedade-300x256Como você está se sentido?

É comum na experiência da Ansiedade percebermos algumas manifestações incômodas. Entre os sinais dessa “anormalidade” são relatados: sentimento de apreensão, palpitações, falta de ar, dor de cabeça, nas costas, no estômago, cansaço constante, irritação fácil, concentração difícil etc. e etc.

Essa pessoa vai ao médico, faz exames e estranhamente os resultados dizem “Está tudo normal”. E a pessoa retruca: “Mas tem algo de errado, o que estou sentido não é bom, está me atrapalhando. O que estou sentido não está me fazendo bem”. Somente nessa breve descrição corriqueira teríamos muito elementos para discutirmos a questão da Ansiedade e como ela tem estado tão mais presente e mais poderosa em nossa vida.

Ansiedade é normal?

Ansiedade pode ser boa? Existe um nível de ansiedade saudável? Existe um limite para ficar ansioso e não ficar doente? Ansiedade pode ser produtiva? Ansiedade é um problemas atual ou questão ontológica da vida humana? Ansiedade pode causar outras doenças?

A sensação da ansiedade está tão presente em nossa vida que dizemos que é uma sensação normal. A regra/norma é sentir ansiedade. Importante buscarmos uma origem para entendermos melhor.

Algumas teorias, entre elas a Psicologia Evolutiva, coloca a questão da ansiedade desde nosso nascimento como humanidade. Ansiedade seria um tipo de antecipação ao perigo, uma versão do medo diante de uma ameaça à vida. Perigos imediatos e concretos, percebidos no espaço e no tempo seriam uma preocupação da sobrevivência da vida. Essa perspectiva coloca então a ansiedade como um elemento positivo no andamento da vida que precisa se manter viva. Podemos mesmo entender que o medo a ansiedade são a mesma coisa, ou vêm da mesma fonte, sendo apenas diferentes modos de sentir ou se expressar diante da vivência de uma ameaça à vida ou à integridade física.

Diante de uma ameaça à vida, a única decisão necessária seria “COMBATER ou não combater, eis a questão!”. Podemos dizer se tratar de uma decisão corriqueira, posto que ameaças estão a todo momento a nos rondar. Os comportamentos decorrentes da decisão são LUTAR ou FUGIR frente aos perigos reais e imediatos que nos assalta.

ansiedade_Ansiedade: o Mal do Século

Acontece que hoje não temos apenas perigos concretos, reais e/ou imediatos sobre os quais decidir. A história da humanidade aponta para uma progressiva complexidade que vai se instalando em cada passo da evolução social e cultural. Continuamos com os mesmos comportamentos de lutar ou fugir, mas agora os inimigos e ameaça não são tão evidentes e o que se ameaça não é apenas a vida ou a integridade física, mas há questão mais amplas e mais difusas com as quais precisamos lidar.

As ameaças abstratas, reais ou não, imediatas ou postergadas estão em nosso foco cotidiano e são postas no mesmo nível de importância de perigos concretos e imediatos que podem abreviar a vida ou prejudicá-la seriamente. Nossa sociedade complexificada, acelerada, imediatista, hedonista, estoicista, pragmática, positivista, consumista, obsessivamente produtivista, mistificada, massificada entre outras ideologias de controle e biopoder, não nos deixa claro contra o que devemos lutar e do que devemos fugir, então lutamos contra tudo e todos e fugimos de coisas e situação que nem conhecemos. Nessa atmosfera de mudanças constantes e incertezas em que vivemos atualmente, podemos até entender que a Ansiedade é um mal nosso de cada dia, e o/um mal do nosso século/tempo.

Exigências e Expectativas

Com tantas coisas para dividir a atenção, afirmadas como valiosas e necessárias, acabamos por ficar confusos, sem notar a confusão. Tantas ameaças concretas e abstratas contra as quais devemos lutar e proteger os nossos, lançadas para um futuro próximo ou hipotético, nos coloca um dever de agir para minimizar os danos e amenizar os medos. Infelizmente, muitas vezes, essa busca não apazígua a sensação incômoda e difusa de uma mal-estar que não podemos identificar de onde vem, mas permanece como um ruído de fundo, e nos sentimos pressionados a fazer alguma coisa: algo certo, algo bom, algo definitivo.

Começamos então a operacionalizar a vida, criando/forçando condições através das exigências, a fim de atender as expectativas de felicidades. As exigências nos levam a vivenciar mais ansiedade, porque, enquanto uma exigência não é atendida, a ameaça é presente, embora não seja sempre evidente. Exigências tem apenas um jeito de serem atendidas, geralmente em um tempo curto ou imediato, resolvendo a questão de um único ponto de vista. Expectativas alimentam exigências. Quanto maior um expectativa, maior a força que se faça como exigência, e tão maior é a frustração se não se realiza. Preferências, ao contrário, podem ser atendidas de diversos modos e algum tempo possível e permite lidar melhor com a frustração de algo que não ocorre. Para quem vive no ritmo da exigência, a preferência parece algo muito solto e sem noção.

Ansiedade patológica

Fig3A ansiedade a serviço da existência humana poderia favorecer a performance e a adaptação de um organismo ao seu mundo, em um modo de viver positivo. Mas sabemos que nem sempre a ansiedade consegue gerar a melhor eficiência adaptativa de indivíduo, tendo uma ansiedade dita patológica, experimentada como Sensação difusa de ameaça, Insegurança constante, Sentir-se mal sem motivo aparente etc. A longa duração dessa vivência ansiosa pode levar a diversos problemas de saúde física e emocional, assim como social, com alterações de rotina e comportamentos sociais.

No caso de cronicidade da Ansiedade, na qual diversos transtornos físicos, emocionais e sociais se instalam, é importante buscar ajuda de um profissional de saúde capacitado. Um tratamento medicamentoso alivia muitos sintomas físicos e psicológicos, um alívio rápido e necessário, mas não definitivo. A Psicoterapia também deve ser utilizada para ajudar a compreender o contexto e os comportamentos que permitiram a situação dos transtornos de ansiedade e para aprender a administrar melhor os ciclos e os problemas.

Medicação: Ansiolíticos (benzodiazepínicos)

Medicamentos não podem ser vistos como um “Elixir mágico”, a Solução sem esforço. Esse alívio não inofensivo, nem definitivo. Há efeitos colaterais como insônia ou sonolência, falhas de memória e até dependência. Não existem remédios sem efeitos colaterais e nem podemos fazer uso de medicamentos por prevenção. Sempre que recomendado o uso de medicamentos, um médico deve orientar o processo.

Não devemos nos valer da auto-medicação farmacológica baseados nos conselhos de amigos, sites especializados, achismo e nem mesmo de experiências anteriores. A interação medicamentosa é algo muito importante para ser considerado no tratamento farmacológico, mas é uma hipótese inexistente para quem faz automedicação. O uso indiscriminado de medicamentos podem causar tolerância, ou seja, o organismo passa a aguentar/tolerar as doses e o remédio passa a não fazer mais efeito, sendo preciso aumentar a dosagem para se obter o efeito químico necessário.Isso sobrecarrega o organismo e facilita a entrada na dependência. Por isso, remédios apenas com orientação de seu médico de confiança.

medo de falar em publicoLidando com a Ansiedade

Você já percebeu que é muito difícil — se não for impossível — controlar sua mente? O seu ambiente? O futuro? O outro? É nas tentativas de ter controle, ou de manter o controle que pensa que tem, que se alimenta a ansiedade com o doce mel do medo e do desespero. Ficamos hipersensíveis à frustração, super-exigentes com as pessoas e coisas e não percebemos que nada está resolvendo com nossa atitude. Embotamos nossa capacidade de discriminação de estímulos e passamos a perceber tudo em blocos: tudo está errado; nada nunca dá certo; isso vai ser sempre assim; aquilo não vai ter fim; tudo me traz cansaço, desgosto e frustração etc. Já ouviu um discurso assim? Já fez um discurso desse tipo?

Precisamos aprender desmontar esses blocos monolíticos e começar a perceber as coisas em suas partes. Isso ajuda a não nos enganarmos com um todo que na realidade é um conjunto de partes inter-relacionadas. Assim podemos ver cada parte da situação e do processo do comportamento ansioso, podemos modificar as partes e então compreender a situação de ameaça que gera a ansiedade.

Maus Hábitos

Importante lembrar que a ansiedade não começou ontem, mas seus elementos vêm acontecendo há um tempo, além do que percebemos. Podemos não conseguir identificar a origem, mas podemos saber que está presente no aqui e no agora. A repetição das situações e das nossas reações nos leva a constituir hábitos, saudáveis ou não, que vão nos conduzir no dia a dia, diante destas mesmas situações e outras similares. Desenvolvemos hábitos a partir das repetições de reações, sem notar quão prejudiciais são em longo prazo, cultivando então maus hábitos: pensamentos e comportamentos que alimentam a ansiedade.

O Tempo

A ansiedade nos faz perder o tempo presente. Nela vem uma enxurrada de sentimentos, tanto o medo que nos remete ao futuro, quanto a raiva que nos retorna ao passado. Mas é no tempo presente, nas experiência do Aqui-e-Agora é que podemos lidar com a ansiedade e seus elementos. A respiração talvez seja o modo de acesso mais contundente para voltarmos ao aqui-e-agora; praticar técnicas de respiração e prestar atenção na sua respiração no momento atual é excelente jeito de reduzir a agitação própria da ansiedade.

O corpo

Cuidar da saúde física é peça importante para lidar com a ansiedade e seus efeitos no organismo, no emocional e no social. Alimentação equilibrada, sono reparador, atividade física e tempo de relaxamento contribuem muito para o bem-estar geral e contra a ansiedade.

O ambiente

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Comunicação

Comunicar não é apenas falar, mas também escutar. Vale a pena ler um texto “Escutatória” de Rubem Alves muito bem apresentado no episódio 397 – Escutatória, produzido pelo Podcast Café Brasil. Outra habilidade/atitude essencial para se comunicar é: observar. Observe a si mesmo, seus pensamentos e ações; observe o outro, tente compreender suas intenções e referências particulares. Então você poderá ter muito mais chances de êxito em sua comunicação.

Uma conclusão parcial

Com que “lentes” você enxerga seu mundo? A partir do modo como você percebe o mundo a sua volta, as pessoas e suas intenções, as situações e seus desdobramentos é que você vai se experienciar o mundo, as pessoas e as situações. Agimos no mundo conforme percebemos e julgamos o mundo.

O que te incomoda nos outros? O que seu incomoda os outros? Tudo acontece nas relações; coisas e situações são peças e cenários, mas o que realmente importa são as relações humanas. Quando você fala sobre alguém, isso tem mais a dizer de você do que do outro. O que incomoda você as ações e omissões dos outros apontam para algo em você que tem valor para você; talvez seja algo que você valoriza em uma pessoa ou algo que você despreza; tudo isso fala de você, de suas expectativas e exigências, seus medos e necessidades. Então, observar a si e aos outros pode gerar muitas lições valiosas para lidar com a vida e a ansiedade nossa de cada dia.

Ansiedade é ter a mente dividida entre a raiva do passado e o medo do futuro, perdendo a serenidade da ação no presente.

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