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Como fotografar a emoção do futebol? – Miguel A Lopes

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Começou o Europeu de Futebol. O Euro 2024, jogado na Alemanha.

Uma boa oportunidade para seguir o percurso dos repórteres que seguem a competição.

Neste edição há grande fotografias.

Sim vamos saber tudo sobre o dia-a-dia de um fotojornalista num grande evento desportivo europeu.


TÓPICOS & TEMAS

Abertura – 00:00:00

O momento chave – 00:00:12 O apresentador introduz o contexto do episódio, destacando a importância das fotografias no futebol.

Experiências no Euro 2016 – 00:01:39 Miguel A. Lopes fala sobre sua experiência cobrindo o Euro 2016, incluindo a fotografia do golo de Éder.

Identidade e superstição – 00:03:06 Miguel A. Lopes explica a escolha de seu nome profissional e compartilha uma curiosidade sobre ser confundido com outro fotógrafo.

Preparativos e deslocamentos – 00:04:16 Miguel A. Lopes descreve os preparativos e deslocamentos necessários para cobrir os jogos do Euro 2024.

Motivação para cobrir o Euro – 00:05:32 Miguel A. Lopes explica por que escolheu cobrir o Euro 2024 e compartilha sua paixão pelo evento.

Fotografando o golo de Éder – 00:06:41 Miguel A. Lopes descreve o momento em que fotografou o golo de Éder na final do Euro 2016.

Contando a história do jogo – 00:10:01 Miguel A. Lopes discute a importância de contar a história do jogo através das fotografias.

Celebração após a final – 00:12:32 Miguel A. Lopes compartilha suas emoções e experiências após a vitória de Portugal na final do Euro 2016.

Fotografando a chegada da seleção – 00:14:32 Miguel A. Lopes descreve a energia e carga emocional ao fotografar a chegada da seleção portuguesa para o Euro 2024.

O fenômeno Ronaldo (00:14:41) A popularidade de Cristiano Ronaldo entre os imigrantes e o impacto nos jogos do Euro 2024.

A imagem de Cristiano Ronaldo (00:16:59) A representação de Cristiano Ronaldo como herói e a sua relação com a fotografia.

O trabalho do fotojornalista (00:18:12) Os desafios e limitações do trabalho de um fotojornalista durante os jogos e treinos do Euro 2024.

A busca pela foto perfeita (00:23:55) A importância de capturar momentos que contem a história do jogo e a preparação do fotojornalista para identificar os jogadores.

Preparação para fotografar (00:27:43) Discussão sobre a escolha de posição no estádio e estratégias para capturar as melhores imagens.

Posicionamento estratégico (00:28:24) Análise das vantagens e desvantagens de ficar em diferentes áreas do estádio para capturar os momentos importantes.

Planejamento do jogo (00:29:20) Decisões sobre o local ideal para fotografar e como evitar a duplicação de trabalho.

Fotografia remota (00:30:36) Explicação sobre o funcionamento das câmeras remotas e como são controladas durante o jogo.

Antecipação e preparação (00:31:47) Discussão sobre a importância da antecipação e sorte na captura de momentos únicos durante o jogo.

Fotografando os jogadores (00:35:05) Identificação dos jogadores mais interessantes de fotografar e suas características durante o jogo.

Expectativas para o Euro 2024 (00:36:14) Reflexões sobre a preparação e expectativas para a competição com base na experiência passada.

Interagindo com os treinadores (00:38:30) Comparação entre os treinadores e a interação fotográfica com eles durante a competição.

União da equipe (00:39:23) Observações sobre a coesão e espírito de equipe dos jogadores durante a competição.

Técnica fotográfica (00:40:11) Explicação sobre como focar e capturar imagens em meio a uma aglomeração de jogadores durante o jogo.

Fotografar jogos de futebol (00:41:07) Miguel A. Lopes fala sobre a técnica de fotografar jogos de futebol, destacando a importância de capturar os momentos mais emocionantes.

Desafios técnicos da fotografia esportiva (00:42:15) Discussão sobre os desafios técnicos de fotografar jogos à noite e durante o dia, com metade do campo na sombra.

Técnicas de foco e composição (00:43:09) Miguel A. Lopes explica as técnicas de foco e composição que utiliza para capturar diferentes tipos de fotografias durante os jogos.

Equilíbrio entre fato e emoção na fotografia esportiva (00:44:06) A importância de capturar emoção e ação nos jogos de futebol, equilibrando a narrativa visual com a notícia.

Expectativas para o campeonato (00:45:00) Miguel A. Lopes compartilha suas expectativas para o restante do campeonato e sua esperança de capturar momentos marcantes.

Variedade de experiências fotográficas (00:46:00) Miguel A. Lopes destaca a diversidade de experiências fotográficas que ele tem, incluindo eventos esportivos e políticos.

Bastidores da vida de um fotojornalista (00:47:04) Discussão sobre os bastidores da vida de um fotojornalista, incluindo a logística e os desafios enfrentados durante os eventos esportivos.

Desafios na obtenção de credenciais (00:48:00) Miguel A. Lopes compartilha experiências sobre os desafios na obtenção de credenciais para eventos esportivos, incluindo problemas enfrentados por colegas.

Esperança para a final e a importância da fotografia (00:48:59) A esperança de ver Portugal ganhar e a importância da fotografia como meio de capturar momentos históricos.


Éder tem o pé pronto a rematar.

À frente a bola. Os olhos na baliza.

Estamos o minuto 109, no prolongamento da final do campeonato da Europa de 2016 no Stade de France em Paris.

É esse momento que Miguel A Lopes tem no enquadramento da sua máquina fotográfica.

Click. É o momento -1 antes do remate que deu o titulo europeu a Portugal.

Nesse dia fotografou a celebração de Éder e dos outros. A desilusão de Grizman ou Mbapé.

As lágrimas de Cristiano Ronaldo. Primeiro de dor, depois de alegria.

Tal como plasmar para a história o momento em que Fernando Santos flutua no ar num momento de máxima emoção dessa final.

O mesmo Fernando Santos que, profético, anunciou que só voltava a Portugal depois do jogo da final, trazendo a taça.

Miguel A. Lopes está volta a um europeu.

Para o fotografar para a agencia Lusa.

Leva com ele cameras, experiência e até superstições.

Nesta conversa guia-nos pelo seu trabalho na cobertura da participação de Portugal neste Euro 2024.

Hoje está em Leipzig onde Portugal se estreia frente à Chéquia.

Mas mesmo antes do jogo há muito coisa a fazer: viajar, marcar o lugar junto do relvado, preparar cameras, objectivas e computador.

Sim durante o jogo um fotojornalista tira mais de 500 fotos, edita e envia-as quase em tempo real.

Essas mesmas fotos que todos podemos ver quase de imediato nas páginas e redes sociais dos principais jornais, rádios e televisões.

Aproveitem e vejam algumas nas páginas de Miguel A. Lopes. Vale bem a pena:

https://www.miguelalopes.com/fotojornalismo

https://www.instagram.com/migufu

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

JORGE CORREIA (00:00:12) – Ora viva! Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso Podcasts sobre Comunicação. Cá estamos em pleno o Europeu de Futebol Europeu de 2024, jogado na Alemanha. Uma boa oportunidade para seguir o percurso dos repórteres que seguem a competição, neste caso, os fotojornalistas. Nesta edição há grandes fotografias, Sim. Vamos saber tudo sobre o dia a dia de um fotojornalista num grande evento desportivo europeu. Venham daí, olho vivo e pé ligeiro. Vai começar o jogo. Em um momento chave. Éder tem o pé pronto, rematar à frente, a bola, os olhos na baliza e estamos no minuto 109, no prolongamento da final do Campeonato da Europa de 2016, no Estádio France, em Paris. É nesse momento que Miguel A. Lopes tem, no seu enquadramento, na sua máquina fotográfica Éder Click e o momento -1 antes do remate que deu o título europeu a Portugal. Nesse dia fotografou a celebração de Éder e dos outros, a desilusão de Griezmann ou de Mbappé, as lágrimas de Cristiano Ronaldo, primeiro de dor na lesão, depois de alegria na vitória, tal como o plasmar para a história no momento em que Fernando Santos quase que flutua no ar num momento de máxima emoção.

JORGE CORREIA (00:01:39) – Nessa final está tudo nas fotografias. O mesmo Fernando Santos que, profético, anunciou que só voltava a Portugal depois do jogo da final, trazendo a taça. E assim foi. Miguel da Ponte Lopes está de volta a um Europeu, desta vez na Alemanha. Ele vai fotografar para a agência Lusa e com ele leva câmara, experiência e até superstições. Nesta conversa, guia nos pelo seu trabalho na cobertura da participação de Portugal neste Euro 2024. Hoje está em Leipzig, onde Portugal se estreia frente à Checa. Mas mesmo antes do jogo, há muita coisa para fazer viajar, marcar o lugar junto do relvado, preparar câmaras objectivas e computador. Sim, Durante um jogo, o fotojornalista tira mais de 500 fotos, edita e envia as quase em tempo real. São essas mesmas fotos que todos podemos ver quase de imediato nas páginas e redes sociais dos principais jornais, rádios e televisões. Já agora, aproveitem para espreitar o Instagram do Miguel UFU. O link está na página de pergunta Simples. Estão lá momentos deliciosos dos bastidores da vida de um fotojornalista que mais parece um atleta de alta competição para nos retratar.

JORGE CORREIA (00:02:51) – Os golos de Ronaldo e companhia. Miguel A. Lopes, fotojornalista Miguel Lopes, da agência Lusa. Sim, há Lopes O quê? Porquê? Porque é que eu aqui, no meio disto tudo.

MIGUEL A. LOPES (00:03:06) – É assim quando quando eu fui tirar a carteira profissional já havia um Miguel Ângelo Lopes que é então a opção foi Eu também não, Eu também sou Ribeiro, mas não queria. Então a opção foi ficar. Eu também não queria o Ângelo, embora seja o Ângelo de família e não é nome próprio em nome de família da parte da minha mãe. E então aproveitei e ficou o Miguel. A Ponte Lopes então pronto, é o Miguel Lopes que é assim que me chamam. E mais tarde, só aqui uma curiosidade vim a saber porque começaram me a ligar, a dizer então vais ser o fotógrafo do do Marcelo e eu fotógrafo do Marcelo? Sim, Miguel Lopes vai ser o fotógrafo do Marcelo e eu não, não sou eu. E então descobri quem é que era o Miguel Lopes que já havia, que é o Miguel Figueiredo Lopes, que é um dos fotógrafos oficiais do Marcelo e, portanto.

JORGE CORREIA (00:04:01) – Na realidade, o nome de Miguel Lopes já percebi que é de celebridade. Miguel Lopes, tu estás. Vamos sintonizar as pessoas. Tu estás na Alemanha. Neste momento estás a acompanhar a seleção nacional de futebol. Onde é que tu estás? É exactamente por esta altura que estamos a gravar.

MIGUEL A. LOPES (00:04:16) – Neste momento estou em Leipzig porque viemos ontem à noite. Nós estamos, eu e mais dois colegas. Estamos numa cidadezinha perto de Marine Field, que é onde a seleção está, perto de Beaufort, e viemos de carro para lá porque amanhã joga Portugal com a Shakira e estamos a falar.

JORGE CORREIA (00:04:36) – De que distância? Na Alemanha é um país grande.

MIGUEL A. LOPES (00:04:38) – Foram 400 e poucos quilómetros.

JORGE CORREIA (00:04:41) – 400 e tal quilómetros, portanto, significa que será uma roda viva. Ao longo destas semanas andarás a saltar de ponto para ponto, sempre de carro, de avião, de comboio. Como é que? Como é que em princípio.

MIGUEL A. LOPES (00:04:52) – Será de carro? Aquelas mais perto? Para já, na fase de grupos, este é a distância maior, que são os 400 quilómetros.

MIGUEL A. LOPES (00:04:59) – Se houver distâncias tipo 800 900 quilómetros, a opção vai ser comboio. Até porque, tendo a acreditação para o Euro, as viagens de comboio ficam. Eu penso, se não me engano, 30 € cada viagem, o que é baratíssimo e em termos de conforto, é muito melhor do que um avião, porque temos não temos de estar a ir duas horas antes, etc. E acho que é muito melhor. Muito bem.

JORGE CORREIA (00:05:22) – Como é que te estás a sentir nestes primeiros dias de euro? Como é que, Como é que tu te preparas? Como é que tu te preparaste para esta, para esta campanha? Tenho sempre essa curiosidade.

MIGUEL A. LOPES (00:05:32) – Eu tinha, eu tinha este ano, quando foi mais ou menos a planificação de eventos que ia haver no ano aos Jogos Olímpicos, ao Euro e aos Paraolímpicos também. E eu já tinha feito os Paralímpicos em Tóquio e pensei olha, se calhar podia ir fazer os Paralímpicos a Paris. Mas depois surgiu a hipótese do. Ainda não estava ninguém delineado e eu como fiz o Euro 2016 e gostei bastante, até porque acabei ele entre aspas que eu digo sempre bem, acaba por ser nosso e sou português.

MIGUEL A. LOPES (00:06:06) – Acabei por levar a taça, digamos. E então? Também falei com outra malta que esteve cá e que estão cá agora outra vez neste Euro que estiveram também no Euro 2016. Então aconteceu vir vir poder perder, poder entrar para escolher e vir fazer o euro em vez dos Paraolímpicos de Paris. E pronto, é isso. Estou aqui e estou contente. Porque? Porque é 01h01. É uma competição que eu gosto. Trabalhei muito, Fiz. E gosto. E é um desafio porreiro.

JORGE CORREIA (00:06:41) – Em 2016 tu tens a sorte e o talento de nos ofereceres a fotografia. A melhor fotografia do golo do Éder. Tu tens a foto? Estás a fotografar, estás a fotografar do lado do campo no momento em que Éder alça a perna literalmente e vai e vai rematar para o golo de Portugal. Como e como é que foi esse momento?

MIGUEL A. LOPES (00:07:03) – Posso contar esse momento e assim? Afinal estava a ser. Estava a ser bastante disputada, Não havia. Havia algumas oportunidades de golo, obviamente. Mas não, não tinha havido golos ainda e e lembro me de de.

MIGUEL A. LOPES (00:07:20) – De ver o Renato Sanches fazer um remate uns um minuto antes de sair. É que a bola passa muito perto da trave da baliza, mas ele escorregou quando rematou. E depois eu vejo a placa do número 16 a ser levantada e vi que ia entrar o Éder. E eu pensei cá para mim Olha, estava um fotógrafo russo ao meu lado e eu disse Wendy’s! E ele ficou assim, a olhar para mim, muito desconfiado. E eu Ai ele porque é a minha, a minha. A minha intenção foi se ele está a por o Éder e por alguma razão não saiu dali, valia algo que não sei. Senti qualquer coisa que achei que o Éder podia marcar um golo.

JORGE CORREIA (00:08:05) – Tu não pensaste, ao contrário, que o Éder? Oh meu Deus! Mas. Mas se ele nunca conseguiu marcar um golo? Oh meu Deus, como é que sai um herói agora, não é?

MIGUEL A. LOPES (00:08:12) – Não é assim. Obviamente, ninguém esperava o que aconteceu. Não venham dizer que sim, porque não, porque não.

MIGUEL A. LOPES (00:08:19) – Mas o feeling foi esse. Foi se ele vai tirar, entre aspas. O Renato Sanches era um prodígio na altura e era a nova geração de futebolistas que estavam aí. E se ele vai tirar, e por alguma razão isto foi, foi e é numa altura em que estava o jogo tão, tão, tão embrulhado, não ter um avançado, ou seja, coisa que normalmente o Fernando Santos.

JORGE CORREIA (00:08:43) – Pedia mais três defesas e tentaria segurar o jogo, se calhar até aos penáltis.

MIGUEL A. LOPES (00:08:48) – Sim, qualquer coisa assim. Mas não meteu. Não sei se eu já sei se eu pensava que isso poderia acontecer ou se já estava a pensar que se formos a penáltis, tenho aqui um extremo para marcar. Pronto. E eu tive esse feeling e a partir daí, pronto, eu estava estava a fazer o jogo normal, já tinha feito muitas reacções, etc. O Ronaldo tinha sido lesionado, estava a ser um jogo com bastantes emoções e mas não havia golos. E pronto, eu estava a acompanhar a jogada, a companhia jogada e tem a sorte.

MIGUEL A. LOPES (00:09:20) – Tenho aqui foto, posso mostrar, tem aqui no iPad e tem a sorte de apanhar o momento em que ele remata mesmo, Ele remata. Sem qualquer oposição e é um golpe brutal e acho que é um dos gols mais importantes da história da equipa da seleção portuguesa. Não há dúvida para isso. Olha, e.

JORGE CORREIA (00:09:42) – Tu estás a fotografar? Como é que tu consegues separar? O que é que é tu, o profissional que tens que estar lá a disparar para fazer esses bonecos, para fazer essas fotografias e ao mesmo tempo teres a plena sensação de que aquele é um golo único numa final de um Europeu, de uma grande competição.

MIGUEL A. LOPES (00:10:01) – É como eu digo sempre, nós temos de contar a história do jogo, não é? Vou dar aqui um exemplo se eu estiver a fotografar. Um Sporting ou um Benfica ou um Porto com uma equipa mais pequena. A. Não vou aqui dizer nomes para não estarem com essas coisas clubísticas, mas é que eu digo e pronto. Sim, não interessa. Mas se o Sporting perder ou não, se o Sporting não.

MIGUEL A. LOPES (00:10:27) – Se a outra equipa ganhar ao Sporting ou ao Benfica ou ao Porto, a história será sempre a equipa grande que perdeu com a pequena e não a vitória. Porque? Porque os jornais no dia a seguir não vão pôr a equipa pequena a festejar malucos porque ganharam um zero ou três um ou vão por e a derrota da outra equipa. Portanto, nós temos que contar a história. Obviamente que sim, que fazemos as fotos, etc. Mas a história do jogo, por exemplo, aqui. Obviamente que para Portugal, se Portugal perdesse não era os franceses a festejar, era obviamente Portugal. Triste. Ao contrário, os franceses provavelmente não vão pôr o Éder a festejar, vão pôr os franceses tristes. Portanto, eu tenho de ter esse contexto. Do que é que estou a fazer?

JORGE CORREIA (00:11:11) – Portanto, tens que contar a história segundo o ponto de vista. No fundo das pessoas que estão a ver da tua audiência.

MIGUEL A. LOPES (00:11:17) – Obviamente, obviamente. Mas por exemplo, eu como trabalho para a European Press Agency e era provável que se a França ganhasse e eu tivesse boas fotos dos textos franceses, essas fotos não saíam em Portugal, obviamente, mas iam sair lá fora porque provavelmente o L’Equipe, o mundo ou até esses, os sites, etc, iam por, sei lá.

MIGUEL A. LOPES (00:11:40) – Agora, nestes jogos, imagino o um marca um golo para os franceses. É um ganhar, não é o outro qualquer a perder, mas isso é a história, porque é a mesma coisa. Ao contrário. Sei lá. Se a França perder um jogo muito importante, eles não vão querer a outra equipa a festejar. Vão querer, neste caso, bater o outro jogador. Triste. Isso é história. Pronto. Portanto, os dois lados da história tu vais à.

JORGE CORREIA (00:12:07) – Procura sempre de boa história. Conta me como é que na altura em que o árbitro apita para o fim do jogo da final 2016, em que ganhámos aos franceses por um zero. O que é que faz um fotojornalista depois de ter feito o seu trabalho e ter despachado as coisas? Tem que despachar e volta a ser o tuga no campo.

MIGUEL A. LOPES (00:12:32) – A primeira coisa que fiz foi foi. Fiz um vídeo para a família a dizer que tínhamos ganho e estava a chorar. E depois continuei a fazer o meu trabalho, mas não tinha festejado com ninguém.

MIGUEL A. LOPES (00:12:43) – E há uma foto que com um colega meu que é o Gerardo. Me tirou porque eu não tinha festejado com ninguém. Tínhamos ganho, toda a gente estava a festejar, eu tinha feito o meu trabalho, tinha enviado o trabalho, mas não tinha festejado com ninguém. Então eu tinha ido lá a um canto fotografar os jogadores que estavam ainda a festejar sem a taça. E quando venho para o computador, para. Para me enviar mais fotografias. Vejo o meu colega e ele vem me a mim e desatamos os dois a correr um para o outro e ele tirou me uma foto. E eu estou com um ar completamente louco de felicidade, cujo eu não me lembro. Não me lembrei de tirar uma fotografia, só queria abraçar porque eu só queria festejar. E então fui até ele a correr com braços abertos, com as máquinas na mão e depois abraçámos e tivemos ali aos saltos, aos saltos, aos saltos e ganhámos e ganhámos e ganhar. E foi bem. A festa foi brutal, foi espetacular. Eu infelizmente não lhe tirei uma fotografia porque ele também devia estar com esse ar.

MIGUEL A. LOPES (00:13:41) – Ele estava com estar só que ele vinha com a máquina na mão, esticou a máquina e fez uma fotografia, mesmo quando eu vinha a chegar ao pé dele. E ficou. Ficou espetacular.

JORGE CORREIA (00:13:49) – E tu ficaste com a fotografia dele na tua cabeça e não na tua máquina. Sim.

MIGUEL A. LOPES (00:13:53) – Sim, não. Mas festejámos. Foi Foi muito giro, muito giro, Foi um grupo muito giro e no fim foi. Foi brutal trazermos a taça também.

JORGE CORREIA (00:14:01) – Os tugas no relvado a celebrar o golo de Portugal. Olha, vamos até teletransportar nos para os tempos de de hoje. Fotografaste desde logo a chegada da selecção portuguesa a Marianne Feld. E eu vejo as imagens na televisão, vejo as fotografias que tu que tu tiraste e digo Wow, isto está aqui, muita gente ali, uma carga emocional. Como é que foi fotografar esse, esse, esse momento? Há ali uma onda, uma energia.

MIGUEL A. LOPES (00:14:32) – Temos andado a falar nisso porque em 2000 eu não tive cá, em 2006, mas estive no Euro 2016 e as comunidades obviamente são diferentes.

MIGUEL A. LOPES (00:14:41) – Mas há muitos emigrantes, quer em França, quer na Alemanha. Obviamente que na França há muitos mais e a sensação que que eu tenho é que os meus colegas têm. É que a parte da malta imigrante, que era quem aparecia lá na altura, em 2016, me marcou. Sim, era a comunidade portuguesa a querer ver a seleção e aqui na Alemanha é. Atrevo me a dizer que 80% da malta está só para ver o Ronaldo e os outros 20% estão para ver a seleção. E eu posso dar um exemplo no dia do treino aberto da seleção naquele campo.

JORGE CORREIA (00:15:22) – Quantas pessoas.

MIGUEL A. LOPES (00:15:24) – Estavam lá? Cerca de 8000 entraram, alguns entraram alguns jogadores em campo, ninguém deu por nada. Nem assobiaram nem batem palmas. Quando perceberam que o Ronaldo ia entrar. Ficou tudo histérico. Portanto, há uma. O fenómeno Ronaldo neste neste Europeu é uma coisa impressionante. É impressionante, não? Eu ainda não vi nenhuma camisola de outro jogador sem ser a do Ronaldo.

JORGE CORREIA (00:15:49) – Isso é um efeito marca, é um efeito do herói que ele está presente.

JORGE CORREIA (00:15:53) – É um efeito da estrela que que chegou. O que que é isto? Isto é outra coisa que não é só a Alemanha.

MIGUEL A. LOPES (00:16:00) – Tem muitos elementos que eu vi aqui. Tem muito, muita malta, sei lá, turcos, albaneses e eles são completamente loucos pelo Ronaldo, mas loucos quando eu digo loucos e loucos no final do jogo eu tenho algumas fotos disso. No final desse treino começou a haver invasão de campo. Eles pareciam. Saltavam daqui, outro dali, tudo coelhos. Eles não passavam. Passaram vários pelo João Félix, passaram vários por outros jogadores. Eles só queriam o Ronaldo. É um fenómeno? Completamente. Eu acho que nós em Portugal só vemos assim. Eu ao contrário, muita gente ai o Ronaldo, o Messi é melhor assim. Eu sou português, acho que não há. Não há ninguém no mundo, não há ninguém português que tenha levado o nome Portugal tão longe. Não me venham com histórias, porque em qualquer lado do mundo, se se eu disser que sou português, a primeira coisa que dizem Ronaldo é aqui.

MIGUEL A. LOPES (00:16:57) – É impressionante.

JORGE CORREIA (00:16:59) – É como é que é Ronaldo, como Cristiano Ronaldo como boneco para ser fotografado. Ele dá se à fotografia. Ele é um bom personagem de de de para para fotografar.

MIGUEL A. LOPES (00:17:12) – E eu acho que, ao contrário do que que possa parecer, eu acho obviamente que é uma pessoa preocupada com a imagem, etc. Mas eu sei que ele tem reações em campo, por exemplo, quando, quando falha, ou quando ou quando sofre uma falta ou quando é ele não está sequer a pensar nisso. Porque não acho que que ele age naturalmente quando está a jogar, não é quando, obviamente, quando marca ele aquilo que dá a ideia que é uma pessoa que que tem, tem orgulho no que faz, quando marca ou quando perde. Aquilo que eu acho, ao contrário do que possa parecer, nós não privamos com os jogadores, não.

JORGE CORREIA (00:17:55) – Houve um churrasco, não é? Já sei que não foi.

MIGUEL A. LOPES (00:17:59) – Em 2016 fizemos um jogo com o staff técnico da seleção, mas. Mas não há. Não há interação para além do trabalho.

MIGUEL A. LOPES (00:18:10) – Então como é que tu podes fazer?

JORGE CORREIA (00:18:12) – Consegues fazer o teu trabalho fora dos jogos para conseguires boas fotografias? Só consegues aqueles momentos dos treinos naquele período que é aberto aos jornalistas e às conferências de imprensa.

MIGUEL A. LOPES (00:18:23) – Sim, sim, sim. Primeiro, não faço paparazzi, portanto não ando a saltar muros para fazer fotos deles, a passear ao deus não sei quê. Isso não se faz. E depois, nas conferências de imprensa e nos jogos, obviamente que vai haver nos jogos e não é nos treinos. Mas há uma distância, há uma distância, há uma distância profissional entre entre nós, jornalistas todos e os jogadores. Obviamente que as flash interviews, etc. Mas não. Mas é tudo profissional, não é aquela coisa ó tu cá, tu lá, isso não existe.

JORGE CORREIA (00:18:57) – O que provavelmente até sonharia poder poder ter acesso ou não. Achas que achas que é? Achas que é mais uma forma de enfim, uma forma de estar? Nós estamos ali a trabalhar e portanto há momentos em que eu.

MIGUEL A. LOPES (00:19:11) – Não ligo nenhuma a isso.

MIGUEL A. LOPES (00:19:12) – Eu assisti ontem, não interessa quem, mas já alguém estava a manifestar se para o Ronaldo. Assim nós estamos ali para trabalhar, não estamos ali para brincar, nem pedir autógrafos, nem um, nem ninguém, nem mostrar se. Se eu conhecer, há jogadores que eu conheço e se eles passarem por mim, vêm cumprimentar. Mas. Mas não é. Não é uma coisa. Quer dizer, isso pode acontecer a fotógrafos que que trabalham para uma empresa X ou Y e conhecem agora essa interação, não essa coisa, que vão para lá e estão lá com a Seleção. Nós não estamos com a Seleção, a situação está, está no mundo deles. Nós estamos no nosso. Nós temos 15 minutos abertos à comunicação social. Fazemos os 15 minutos, eles passam lá, podem dizer adeus para nos cumprimentar, etc. Mas é tudo profissional.

JORGE CORREIA (00:20:00) – É isso que tu fazes. Olha tu quando vais, quando te preparas para isso, também fazes onzes hipotéticos. Vamos pensar aqui quem é que são os 11 para a construção de trabalho ou isso não é o.

MIGUEL A. LOPES (00:20:11) – Meu trabalho fotográfico? Nós temos um programa que eu tenho de legendar as fotografias normalmente eu posso mandar diretamente da máquina, mas eu prefiro sempre ter editar. Eu fazer uma pré edição, obviamente mando o meu editar e depois os meus editores escolhem, não escolhem, querem fazer mais um crop, faz e não querem pôr a foto. Não mete isso já não, já não me diz respeito a mim. Como é que é esse.

JORGE CORREIA (00:20:34) – Trabalho de editar? Como e como é que tu fazes tu num dia de jogo? Não dá para estares a fotografar, editar, imagino, não é? Como é que dá nada? Ou então como é que é isso?

MIGUEL A. LOPES (00:20:45) – Então é assim, eu tenho o meu computador em baixo, normalmente eu levo dois bancos, um para me sentar e outro para pôr o computador em cima.

JORGE CORREIA (00:20:53) – Mesmo que chova.

MIGUEL A. LOPES (00:20:55) – Mesmo que chova, nós temos equipamento para nos protegermos a nós, à máquina e ao material. Se tiver uma chuva torrencial, eu não o envio da máquina e está ordenado, posso enviar pela máquina e aí não edito nada.

JORGE CORREIA (00:21:09) – Portanto, ligas te no fundo a um wi fi, a um ponto de wi fi da máquina diretamente. Estás a disparar e ao mesmo tempo as fotografias estão a sair para um.

MIGUEL A. LOPES (00:21:18) – Pronto a ver as fotos. Vou escolhendo esta e boa envio e elas vão. Vão caindo lá no nosso desk e depois os meus editores são de pronto. Só que às vezes nos jogos, imagino eu, vou fazer amanhã o jogo com a Checa e se calhar às vezes é difícil identificar um jogador se não se conseguir ver o número. E então, o que eu faço? O normal de trabalho e eu tenho o computador aberto. Tenho um cartão na máquina e outro no computador. Quando tiro da máquina, ponho logo o outro para ter sempre a máquina. Tem sempre cartão, porque caso aconteça alguma coisa eu disparo. Normalmente trabalho com duas máquinas comigo, que é uma 400, que é aquelas lentes grandes e uma mais pequena 70, 200. E os cartões vão sempre rodando entre a máquina e o computador. E por exemplo, sempre que eu posso ou a uma falta ou A11 substituição, há uma paragem no jogo.

MIGUEL A. LOPES (00:22:12) – Eu aproveito, tiro um cartão, meto o cartão na máquina. Eu já sei mais eu estou a ver pela máquina. Já sei mais ou menos qual é a foto que eu quero enviar, portanto vou à procura dessa foto. Normalmente, em termos de edição, é só fazer um crop ou endireitar, porque às vezes eu estou a fotografar e o campo pode estar meio torto e depois meter esquerda direita. A legenda? Eu tenho um sistema que faço para isso que eu estava a dizer no nosso programa eu tenho. Antes do jogo eu recebo a lista dos jogadores Mora Portugal. Eu já tenho essa lista feita, mas das outras equipas normalmente é só no dia do jogo e eu só ponho, por exemplo, Portugal. Se for o Ronaldo. Eu só põe PCP e aparece Cristiano Ronaldo. E então.

JORGE CORREIA (00:22:53) – No caso dos portugueses é mais fácil, mas obviamente nos outros tu não os conhece e portanto implica que tu tentes perceber quem é que aquele.

MIGUEL A. LOPES (00:23:00) – Jogador faz. Faço essa lista antes e quando estou a fotografar, tenho o lance.

MIGUEL A. LOPES (00:23:05) – Se ele tiver de costas, eu vou à procura dele. Olha o 27, ponho. Imagina amanhã e amanhã e check. Ponho, faço uma lista C eu e o cinco da check c5 pronto e aparece me o nome dele que adicionamos. Complicados é estar a escrever à unha. É complicado. Aí é que estou a perder tempo. Esse tempo que eu estou a escrever o nome esquisito, sei lá. Check. Os turcos têm nomes assim complicados. Aí não vou estar a perder tempo a escrever Y na Gazeta.

JORGE CORREIA (00:23:33) – Já tens mnemónicas? Quantas fotografias é que tu tiras num jogo?

MIGUEL A. LOPES (00:23:37) – Tiro muitas, tiro muitas. Posso chegar a, sei lá, 500, 600? Depende. Depende. Mas não ando a mandar no máximo do máximo de um jogo. É para sair 50 fotos, 60 não sei. No máximo dos máximos.

JORGE CORREIA (00:23:52) – O que é uma boa foto.

MIGUEL A. LOPES (00:23:55) – Até que. Que tente contar a história do jogo numa foto. Eu acho que a foto do remate do Éder conta uma história do jogo que foi aquele remate que é aquilo.

MIGUEL A. LOPES (00:24:04) – Sim, essa, por exemplo.

JORGE CORREIA (00:24:06) – Já agora, tenho uma curiosidade que é que.

MIGUEL A. LOPES (00:24:09) – Nessa final também a lesão do Ronaldo também é uma foto que conta, não é ele. Ele na maca em sofrimento. É uma foto que também marca a final. Portanto, não é só. É muito difícil ser só uma foto. É muito difícil.

JORGE CORREIA (00:24:23) – E, portanto, tu vais à procura daquela foto que tu, olhando aquela foto que está na primeira página, imagino que seja sempre um sonho de um fotojornalista que é tu olhas para a foto e dizes é isto e isto marca o dia e eu daqui a dez anos posso voltar outra vez a olhar para esta fotografia e consigo identificá la. Saber aqui foi o momento em que o Éder chutou aqui. Foi o momento em que em que o Ronaldo se lesionou.

MIGUEL A. LOPES (00:24:44) – Eu costumo, Eu costumo dizer sempre que é preciso ter sorte, mas a sorte também se procura, não é? Ou seja, se tu tens uma situação a acontecer à tua frente, por sorte, sei lá, eu estou num canto a quatro cantos no estádio de futebol.

JORGE CORREIA (00:24:59) – Onde é que tu? Onde é que tu fotografa? Já agora, isso também também é uma minha curiosidade, porque existem dezenas, centenas de fotógrafos em cada jogo destes Internacional. Como é que vão marcar? Vão marcar? Vão marcar um lugar ou é uma coisa mais organizada?

MIGUEL A. LOPES (00:25:13) – Sim, Não. Já explico. O que eu estava a dizer? Eu se tiver num dos cantos eu estou num dos cantos há mais três cantos, não é? Se o jogador decidir fechar para o outro lado a foto, pronto, não tenho a sorte. Agora, se ele vier direito a mim é assim. Eu tenho que ter a sorte de ouvir direito a mim e depois tenho de saber agarrar essa sorte e fotografar, obviamente.

JORGE CORREIA (00:25:35) – Porque quando ele vem a correr para ti, obviamente tu consegues melhores fotografias. Tens os olhos, tens o sorriso, está a correr para ti. No fundo é mais a foto, não é?

MIGUEL A. LOPES (00:25:45) – Mas por exemplo, eu tenho uma foto do Euro que quando voltando a esse jogo, que é quando o Éder marcou o golo, ele desata a correr pelos jogadores.

MIGUEL A. LOPES (00:25:54) – Há uma data de jogadores que o tentam agarrar mas não conseguem e é a certa altura ele passa a correr pelo Griezmann. E ele está de costas, mas ele está de costas, com uma expressão de força. Não é a festejar E o Griezmann está com uma cara tipo fogo, Este gajo marcou o golo. Ou seja. Portanto, eu costumo dizer que só larga o osso até a bola começar a rolar. É golo até à bola, até a bola ser posta no meio do campo. Eu não larga o osso. Eu estou sempre a ver o que está a acontecer Quando? Quando eu acho que posso já. Tipo o jogador já festejou, já a bola vai, o meio campo, vamos recomeçar o jogo. Aí é quando eu aproveito para pensar ok, vou mandar esta foto, mandar aquela mandar.

JORGE CORREIA (00:26:32) – E agora sim, agora vou, vou lá. Já agora, quando tu te apercebes de um perigo iminente, de um golo iminente, de que alguma coisa vai acontecer, de uma jogada perigosa, de um canto, de um livre.

JORGE CORREIA (00:26:42) – Há a ideia de fazer que muitos disparos e fazer disparos sequenciais é o que não há uma regra numa bitola.

MIGUEL A. LOPES (00:26:50) – Não, não. Pois depende. Sei lá, o jogador pode vir a correr para nós ou longe e depois fica ali a festejar e o todo 400 e dá para tudo. E o jogador vem a correr, começa a chegar muito perto e dá de 70, 200. O jogador vem a correr, passa por nós, vai direto aos adeptos, sei lá, Auschwitz ou fica ali à nossa frente. Tem de ser uma grande angular. Portanto, isso não há. É o que acontecer. E, portanto, tu vais para.

JORGE CORREIA (00:27:13) – As várias, nas várias máquinas, nas malhas objectivas, e vais e vais fotografando. Já agora na tua mala, que material é que é que tu levas?

MIGUEL A. LOPES (00:27:21) – Agora deixa me só voltar, só voltar atrás à questão dos lugares, dos posicionamentos.

JORGE CORREIA (00:27:26) – Isto é interessante porque eu vi, vi um pequeno vídeo que tu fizeste, que era um vídeo Onde? Onde tu, Onde tu mostras um diagrama do campo onde existem as posições que lá estão, que significa que aquilo não dá para dar umas voltas ali no estádio e fazer os bonecos.

JORGE CORREIA (00:27:42) – Não tens um chassis?

MIGUEL A. LOPES (00:27:43) – Nós nós ao início podemos ir lá fazer equipa ao início e depois temos de voltar à nossa posição. Eu O normal em Portugal é nos jogos que não são. Sei lá, também já fiz outros jogos sem ser campeonatos da Europa ou Campeonatos do Mundo. E quem chegar primeiro escolhe primeiro. Pronto, há algumas posições que já estão designadas lá, normalmente para as agências que estão nos cantos, mas sei lá, não, sei lá, um Benfica-Porto e quem chegar primeiro fica lá. Fica. Eu não tenho. Tenho. Eu preciso ficar um bocadinho mais para dentro. A malta gosta de ficar mesmo aos cantos. Depende. Eu prefiro ficar um bocadinho mais para dentro. Normalmente nunca tenho chatices com com os lugares.

JORGE CORREIA (00:28:24) – Mas os lugares melhores são os lugares mais perto da bandeirola de canto.

MIGUEL A. LOPES (00:28:27) – Não há, não há bitola. Porque? Porque?

JORGE CORREIA (00:28:32) – Qual é a vantagem ou desvantagem de estar de um lado ou do outro?

MIGUEL A. LOPES (00:28:35) – Vou dar um exemplo quando quando havia as claques dos nomen boys, etc.

MIGUEL A. LOPES (00:28:38) – No Benfica eles estavam do lado direito, do lado oposto aos bancos do lado direito e muitos jogadores iam festejar para lá e. Mas quando depois houve aquelas polémicas, etc. E agora os jogadores estão por cima do lado esquerdo, nós sabemos que eles estão por cima daquele lado, portanto 90% dos festejos é para ali. Portanto, nós já sabemos mais ou menos que eles vêm para ali e portanto.

JORGE CORREIA (00:29:06) – Tu fazes uma leitura. No fundo, quando vais fazer um jogo, fazes logo uma leitura para perceber o que é que, o que é que é antecipar, o que é que vai acontecer, por exemplo, neste jogo, neste jogo do Portugal Cheque e tu já sabes onde é que vais fotografar?

MIGUEL A. LOPES (00:29:20) – Já eu Não, eu não é assim. Eu podia ficar nos cantos, mas iria ter um colega meu da European Agency que nós também somos parceiros. A fotografar lá, portanto ia estar um bocado a duplicar trabalho e então a minha opção foi como fiz no Euro. Foi Fico mais ou menos em frente de Portugal, então consigo ter as reações do banco e consigo fazer o jogo também.

MIGUEL A. LOPES (00:29:48) – Porque? Porque eu ali daquele sítio eu consigo ver os quatro cantos. Portanto qualquer canto que eles estejam, obviamente que não os tenha direito a mim a correr, quase de certeza. Mas é uma opção, É uma opção que eu vou, vou. Este jogo vai ser assim no próximo pode ser diferente, no próximo posso pensar não vou. Vou para um dos cantos e agora vou ver. Por exemplo, no Euro, os 2/1 jogos fiz nos cantos e não estava a publicar nada zero porque o meu trabalho estava a ser duplicado. Eu tinha colegas meus. Neste caso só as agências. São cinco agências ali nos cantos e a AFP AP é a Reuters, mas a EPA.

JORGE CORREIA (00:30:26) – E esses estão sempre lá, estão sempre nos cantos.

MIGUEL A. LOPES (00:30:29) – Sim, sim, sim, sim, sim. Então, além de terem remotos, terem câmaras no estádio que são disparadas remotamente. Já agora.

JORGE CORREIA (00:30:36) – Aquelas câmaras, linhas que eu vejo, câmaras, as câmaras, zonas, câmaras grandes que estão atrás das das das balizas são remotas.

JORGE CORREIA (00:30:44) – Quem é que dispara aquelas máquinas?

MIGUEL A. LOPES (00:30:46) – Quem está nos cantos normalmente.

JORGE CORREIA (00:30:48) – E, portanto, há um fotógrafo que está simplesmente à distância? Não está? Então, como é que isso funciona?

MIGUEL A. LOPES (00:30:54) – Sou eu, por exemplo, nas finais do euro, do euro, nas finais da UEFA, em Lisboa, quando foi do convite? Eu não podiam estar tantos fotógrafos por causa do convite e em cada canto estava um fotógrafo a trabalhar para as outras agências. E eu tinha uma câmara atrás da baliza e tinha três câmeras comigo. Qualquer uma dessas câmeras disparava aquela câmera. Ou seja, estou a fotografar uma coisa ali ao fundo e aquela e aquela máquina está a disparar também. E depois imagina se a um golo da primeira parte eu vou lá buscar o cartão e vejo mais ou menos. Sei que foi aos 40 minutos ou aos dez minutos e vou lá buscar no intervalo. Portanto, se houver um golo na segunda parte, eu, eu. Eu vou lá no fim do jogo e vou lá buscar.

JORGE CORREIA (00:31:47) – Portanto, se eu bem entendo, tu estás com uma máquina fotográfica e estás a fotografar num determinado ponto do estádio.

JORGE CORREIA (00:31:53) – Mas ao mesmo tempo que tu estás a clicar para fazer uma fotografia, tu tens este ângulo que é o da tua câmara e um outro ângulo de uma outra câmara que está plantada num outro lugar do estádio. Sim, sim, isso permite. Permite fazer isso naquelas fotografias de golo iminente. Lá está, no canto, no livre. Vais à procura de quê? Tens. Tens logo uma pré ideia de enquadramento, da maneira como como com uma fotografia. No fim pode aparecer.

MIGUEL A. LOPES (00:32:23) – Sei lá, num livro. Estou a ver quem é que vai marcar o livro e não num canto. Normalmente olho para a molhada e vejo onde é que estão os centrais, os mais altos. Normalmente é para lá que vai a bola e é ter sorte e ter sorte.

JORGE CORREIA (00:32:39) – É o momento e saber qual é, qual é o clique. Estive a ver umas um pequeno vídeo que tu publicaste nas tuas redes sociais no instagram que que que é um conjunto de frames de fotografias em que são os jogadores a cabecear a bola, em que tu vês a parte do movimento e depois o momento em que estão parados, lá está a fotografia e que se vê a bola a ficar mais curta, eles e eles a cabecear a cabeça e a bola.

JORGE CORREIA (00:33:07) – É essa estética que estou a procura.

MIGUEL A. LOPES (00:33:10) – Sim, pois depois sim, Se eu consegui ter, ter, ter, sei lá, o pontapé da bicicleta ou o Eu normalmente opto por estar um bocadinho com uma lente um bocadinho mais aberta, porque se houver um jogador que faça um pontapé de bicicleta ou um lance diferente, eu consigo apanhar o corpo e então consigo. Sou um bocadinho mais aberto porque a bola é muito eu. Normalmente o que eu faço é um dos olhos, está na máquina e o outro está a ver de onde é que a bola está a partir. Ou, por exemplo eu estou a ver a bola está a ir assim. Ok, eu estou a ver e é, estou a ir para lá e pronto. E é preciso ter sorte também.

JORGE CORREIA (00:33:49) – Como estás a dizer. É que para se tirar uma grande fotografia é preciso quase um momento de previsão para quase fotografar o momento imediatamente anterior.

MIGUEL A. LOPES (00:34:07) – Sim, assim, por muito que a gente, por muito que a gente tenha, esteja preparado, obviamente que é um e sempre e sempre um.

MIGUEL A. LOPES (00:34:16) – Não é bem loteria, mas nós não sabemos as reações que vão ter. Não é por isso é que, no caso do futebol, é tão apaixonante. Porque? Porque às vezes surgem coisas que nós nem sabemos de onde o jogador inventou uma coisa, inventou uma jogada, inventou um pontapé. E, obviamente, se eu tiver a minha preparação e nesse caso, não, nunca. Eu prefiro estar mais aberto, porque se houver uma coisa dessas, eu tenho mais hipóteses de ter. Isto tem a ver com as probabilidades também. As percentagens que eu posso ter ou não de ter.

JORGE CORREIA (00:34:46) – Olha, eu agora tenho uma curiosidade que é assim que jogadores é que tu antecipa? Além do fenômeno Ronaldo, é óbvio que que vais ter, que vais ter uma lente sobre ele, com com muita, com muita atenção. Que jogadores é que tu é que tu te está a apetecer fotografar mais ao longo da.

MIGUEL A. LOPES (00:35:05) – Nossa seleção da nossa seleção temos um jogador que está sempre a rir. Sempre, sempre, sempre, sempre, sempre é o Rafael Leão.

MIGUEL A. LOPES (00:35:12) – Qualquer jogada que ele faça, ele está se a.

JORGE CORREIA (00:35:14) – Rir, mesmo que ele vá a correr.

MIGUEL A. LOPES (00:35:17) – Um grande.

JORGE CORREIA (00:35:17) – Esforço. Ele está sempre com uma face.

MIGUEL A. LOPES (00:35:19) – Este sorriso sempre, sempre, sempre, sempre. E é um jogador um bocado imprevisível. Também tem assim umas jogadas assim imprevisíveis. O Bruno Fernandes também tem e é um jogador daqueles que tem uma hipótese de remate brutal. Então às vezes, por exemplo, em Alvalade, ele marcou um golo assim que recebeu a bola e tal e foi um tiro lá para dentro e basicamente, sei lá, a vários jogadores. O Bernardo Silva também é excelente a centrar. O Rúben Dias a cabecear também é ótimo, o António Silva também. E depois temos os dois, os dois miúdos, o Francisco Conceição e o João Neves também também são, são, jogam muito. Portanto, é essa frescura.

JORGE CORREIA (00:36:05) – Eu acho que é essa. Qual é o teu feeling agora que a prova vai começar? Qual é a tua? O que é que diz o teu coração?

MIGUEL A. LOPES (00:36:14) – Epá, eu tô eu.

MIGUEL A. LOPES (00:36:16) – Quando fui em 2016, eu estive na conferência de imprensa em que o Fernando Santos disse que levava a mala para 31 dias e eu quando fiz a minha mala fiz a minha mala para 31 dias.

JORGE CORREIA (00:36:27) – Tu acreditaste, tu acreditaste.

MIGUEL A. LOPES (00:36:29) – Que eu estou a falar a sério. Eu acreditei, embora, embora os primeiros jogos andámos ali com os empates, empates e e a malta já estava muito descrente. Mas jogo a jogo e eu tenho algumas substituições e é jogo e jogo.

JORGE CORREIA (00:36:45) – Então conta me tudo, Quero saber e agora quero saber.

MIGUEL A. LOPES (00:36:50) – Nós tivemos em 2016.

JORGE CORREIA (00:36:52) – Não tens a máquina ou como E como é que eu quero saber? Quero saber.

MIGUEL A. LOPES (00:36:56) – Não. Eu, por exemplo, em 2016 foi essa coisa de fazer a mala para os 31 dias, tal como fiz agora. O engraçado também é que muita gente que esteve em 2016 não foram ao Euro 2020 e estão agora neste. Portanto, eu tenho aqui pelo -3 colegas fotógrafos que estiveram no Euro 2016 e estão agora neste. E no Euro 2016, Sei lá.

MIGUEL A. LOPES (00:37:24) – Recebi. Fizemos um jogo com o staff da seleção, deram uma camisola do Rui Patrício e eu disse só vou usar esta camisola na final. E sempre que ia para um jogo eu olhava para a camisola assim não te vou levar, só vou levar na final. E na final Eu tinha a vestida e houve outras coisas, sei lá eu depois comecei a deixar, tinha só o bigode, Aí comecei a deixar crescer o bigode. Assim vou deixar crescer o bigode a tua vou ter a mesma altura, com aquele bigodão assim até que o palitinho nos dentes que é que é para parecer mesmo tuga e só vou cortar depois da final? Dito e feito. É isso.

JORGE CORREIA (00:37:58) – Portanto, nesta, nesta, nesta, nesta fase final, decidiste deixar crescer o cabelo que que comentaste está a.

MIGUEL A. LOPES (00:38:05) – Tentar deixar crescer o cabelo há muito tempo, mas depois acabei por cortar e então agora disse que queria aqui deixar porque eu já tive o cabelo muito comprido e agora está me a apetecer. Se me der na telha também corto o cabelo.

MIGUEL A. LOPES (00:38:16) – Mas pronto, para já não.

JORGE CORREIA (00:38:18) – Ainda não para já mandei isto. Olha. Por falar em pessoas que já agora que não têm cabelo. Roberto Martínez O nosso selecionador, como é que é? Parece me um boneco fotogénico. Parece me cinco estrelas. E como é que é o contacto? Como é que é e como é que é?

MIGUEL A. LOPES (00:38:30) – Super afável, é super afável ele quando Quando ele foi apresentado, ele cumprimentou os jornalistas todos no é sempre simpático se estivermos a fotografá lo. Ele Ele é super simpático para nós é mesmo impecável, impecável.

JORGE CORREIA (00:38:46) – Conseguimos fazer uma comparação entre entre Roberto Martínez e o anterior Fernando Santos. Fernando Santos Claramente não é, mas claramente mais fechado na sua maneira.

MIGUEL A. LOPES (00:38:57) – Muito também era impecável, histriónico.

JORGE CORREIA (00:39:00) – Qualquer um deles.

MIGUEL A. LOPES (00:39:01) – Ou não. Não, não, não, não é assim. Pelo aquilo que eu estou a ver nesta seleção é que é que também vi no 2016. E primeiro eu acho que o grupo está super unido, super unido.

JORGE CORREIA (00:39:17) – Tu consegues sentir isso, isso. Como é que tu vês isso Vezes sem quê nos comportamentos?

MIGUEL A. LOPES (00:39:23) – Basta ver algumas fotografias que eu tenho publicado em que eles estão todos na galhofa e é nas conferências de imprensa também se percebe que é o que eles dizem.

MIGUEL A. LOPES (00:39:32) – Eu tenho de acreditar no que eles dizem também. Mas percebe se isso. Percebe se isso nas imagens porque eles estão. Eles às vezes fazem peladinhas e escolhem equipas e eles fazem sempre umas brincadeiras e abraçam se todos. E é assim. Eu acho que o grupo está brutal, é aquilo que eu acho, aquilo que eu acho.

JORGE CORREIA (00:39:48) – Portanto aquilo funciona e aquilo parece um grupo de miúdos. Vamos tirar daqui o Pepe e o Cristiano Ronaldo, lá está que são os mais crescidos desta, deste deste grupo. Tenho uma curiosidade técnica em relação às fotografias, que é como é que se consegue fotografar, como é que se consegue focar uma fotografia quando há uma molhada de gente que está para lá saltar e.

MIGUEL A. LOPES (00:40:11) – Estas máquinas quase que fazem o trabalho sozinho? Eu costumo dizer que se calhar o foco fui eu que tive a culpa. Não é máquina.

JORGE CORREIA (00:40:17) – Estou a tentar controlar a máquina.

MIGUEL A. LOPES (00:40:20) – Porque a máquina tem dois sistemas. Eu uso dois sistemas de foco em dois botões diferentes na máquina para a técnica, um dos botões e no ponto em que eu tiver selecionado, ela vai logo lá.

MIGUEL A. LOPES (00:40:32) – Se eu focar lá ao fundo, para onde ela vai? Só que esse ponto implica se eu, em vez de ter o ponto no jogador, tiver na bancada e na bancada que ela vá buscar.

JORGE CORREIA (00:40:41) – O que significa que pode ser uma foto desfocada que quer a foto que tu queres.

MIGUEL A. LOPES (00:40:45) – Apanhar. Isto sou eu, sou eu que estou em falta, sou eu que estou. Ou seja, o erro meu não é da máquina, porque ela vai ficar onde eu puser. O ponto é o outro, o outro é o sistema que acompanha a cara da pessoa. Portanto, se eu ficar naquela pessoa, naquela cara, ela, ela vai acompanhar para onde ela vai, desde que esteja dentro do.

JORGE CORREIA (00:41:04) – Mas há muitas, muitas coisas que isto é.

MIGUEL A. LOPES (00:41:06) – O ecrã da máquina.

JORGE CORREIA (00:41:07) – Mas tu num canto, por exemplo, tu tens muitas caras, tens muitas pernas, tens muito eu.

MIGUEL A. LOPES (00:41:11) – Aí eu ia. E o que eu digo? Eu ponho o ponto. No meio mais ou menos. Eu vejo o bolo nela, vai e é mais ou menos.

MIGUEL A. LOPES (00:41:18) – Eu vou acompanhar. Nesse caso vou tentar acompanhar a bola, porque quando a bola tiver está lá, o jogador.

JORGE CORREIA (00:41:22) – Está lá focado e os avançados tem sempre melhores fotos que os guarda redes.

MIGUEL A. LOPES (00:41:29) – Os guarda redes têm. Eu lembro me que no no no Euro 2016 tivemos um jogo, fomos a penaltis e o Rui Patrício defendeu dois ou três penaltis. Já não me lembro. E há 1A1 das fotos que que foi? Saiu em todo o lado que é ele a defender e ele está de olhos abertos a defender. Ele está completamente esticado, olhar para a bola e tem a mão na bola e está todo esticado. Ele é. A foto ficou espetacular e aí sim, mas durante o jogo há jogos que nem se gravou o guarda redes Ele está lá sozinho. A não ser que ele tenha uma grande reação ou que seja o protagonista do jogo porque ou fez um ganda frango ou fez uma grande defesa. Não é isso? Pronto, é só eu tal coisa e só contando a história, só vendo o que está a acontecer, se vale a pena ou não.

JORGE CORREIA (00:42:15) – Já agora, um outro pormenor técnico uma coisa é fotografar um jogo a noite lá está, com luz artificial. Imagino que nos estádios a luz seja sempre boa, mas eu vejo agora nos jogos da tarde em que tens metade do campo que está a sombra, metade que está ao sol. Não é fácil e mais difícil não é.

MIGUEL A. LOPES (00:42:32) – E não é fácil porque as fotos ao sol ficam boas e as fotos na sombra. Se tiver sol atrás eu posso iluminar a eles ou arrebentar o fundo, então não fica tão bonito, Não ficam tão boas, mas isso não há nada a fazer.

JORGE CORREIA (00:42:47) – E já agora, também uma outra curiosidade técnica. Vejo algumas fotografias em que aparece um jogador claramente e atrás lá está o fundo mais desfocado. Esse efeito é quase, quase de um de um buquê e outras em que aparece o jogador e aparece tudo no fundo. Isso também é uma técnica, seguramente tu preferes, tu escolhes o tipo de fotografia que queres fazer.

MIGUEL A. LOPES (00:43:09) – Claro. Eu, por exemplo, se eu estiver numa zona em que eu consiga ter um treinador e o outro.

MIGUEL A. LOPES (00:43:16) – Se o fizer, imagina da técnica. Se eu fizer com uma abertura de dois oito eu vou ter só um focado e o outro desfocado lá no fundo. Mas se eu fizer com uma abertura de, sei lá, sete um para cima, já vai começar a apanhar um e o outro. E às vezes é giro ter uma foto em que se vê os dois se estiverem na área técnica e se estiverem perto. Às vezes há uma foto engraçada que se vê os dois, os dois. Pronto, consegue se ter, ter. Ou seja, fotograficamente, para quem não percebe tudo o que é a linha, quem tiver nesta linha, na mesma linha do outro, estão sempre focados, mas se tiverem assim, eu já tenho de começar a optar O que é que eu vou focar ou não, ou se vou ficar tudo. Mas isso é uma opção minha técnica na altura.

JORGE CORREIA (00:43:57) – E já agora, entre o facto e a emoção, quando tu vais fotografar, escolhes o quê?

MIGUEL A. LOPES (00:44:04) – É o dois em um possível.

JORGE CORREIA (00:44:06) – Tu queres apanhar sempre a foto?

MIGUEL A. LOPES (00:44:09) – Sim, sim, sim, nós nós não usa Por acaso o nosso editor sempre disse que tentar captar o máximo de emoções possíveis, obviamente sem descurar a notícia, não é tal e tal que é tal coisa que eu posso ter muita emoção de uma equipa pequena festejar um grande, uma grande jogada num jogo contra um grande. Mas se calhar a história do jogo não é aquela emoção e o resto não é. Não é tanto essa emoção, mas a emoção do de Portugal. Se calhar olhar para o chão, sei lá, não é toda a Portugal. Estou outra equipa, pronto, a equipa maior, digamos assim.

JORGE CORREIA (00:44:47) – Olha o que é que tu esperas fotografar até ao fim do campeonato? Trazer o caneco, fazer a foto? Falta o número dois. Não há um Éder, mas de um outro qualquer jogador português claro, do Cristiano a segurar a taça.

MIGUEL A. LOPES (00:45:00) – Espero que sim. Vai ser difícil. Temos visto alguns jogos a equipas muito fortes, mas isto ainda está tudo a começar.

MIGUEL A. LOPES (00:45:07) – Portanto acho que estes três jogos primeiros é um bocado para afinar a seleção, aquilo que eu acho, mas também pronto. Aquela coisa do prognóstico só no fim do jogo. Eu acho que tem de ser jogo a jogo e tem de ser uma leitura muito boa de quem? Da parte técnica. Não é da parte do selecionador em perceber se vale a pena tirar, se vale a pena pôr se. Não está a correr bem daqui por dali. Acho que isso é tudo um bocado também. Xadrez não é só e depois, obviamente, a classe técnica de cada um. Mas eu não gosto muito falar dessas partes, porque senão a mim não me interessa muito. Eu estou ali para fazer o que está a acontecer e espero que Portugal chegue à final. E quem é isso que eu espero?

JORGE CORREIA (00:45:45) – Qual é a tua melhor foto das que tiraste?

MIGUEL A. LOPES (00:45:48) – Não, não, não, Não sei. Acho que é sempre a próxima. Acho que é sempre isso. Acho que nós temos. Mas acho que se perguntar a qualquer fotógrafo, acho que quase todos dizem isso porque eu já tive.

MIGUEL A. LOPES (00:46:00) – Eu não fotografo só futebol, já tive. Também estive na Ucrânia quando foi o início da guerra. São 17 anos a fotografar a política em Portugal e tudo e mais alguma coisa de eventos e coisas. Portanto. Não, não é por isso é que eu gosto também da parte da fotografia da agência é que fazemos um bocadinho de tudo, fazemos um bocadinho de tudo, não é Todos os dias, obviamente. Há muitos. Dizem que passamos a tarde a fazer os dias, a fazer assembleia e parlamento e é jogos de futebol mais pequenos, etc. Mas mas depois temos estas oportunidades de vir fazer assim grandes torneios e é ótimo.

JORGE CORREIA (00:46:37) – Miguel Lopes muito obrigado e bom torneio e boas fotos. Cá estamos para para ti, para te ver atrás da câmara.

MIGUEL A. LOPES (00:46:43) – Sim e depois divulguei as minhas redes sociais.

JORGE CORREIA (00:46:47) – Vou partilhar com vocês. Tu tens, aliás, um Instagram, Tu depois trabalhas. Além das coisas que nós vemos, lá está isso também. Se calhar uma dor de alguém que trabalha para uma agência que e as suas fotografias depois são vendidas e aparecem na imprensa mundial, o que faz parte da vida.

JORGE CORREIA (00:47:04) – Mas tu fazes umas coisas curiosas e eu vou pôr na página de pergunta simples, nas tuas, nas tuas próprias redes sociais. Tu fazes algumas brincadeiras e algumas coisas. Contas lado da história também.

MIGUEL A. LOPES (00:47:17) – Eu gosto estar aqui a mostrar um bocadinho o que é que é, do que é que as pessoas às vezes acham que isso é só chegar e fotografar. E não é. Isto é muita coisa. Ainda ontem, como eu disse, fizemos 400 e tal quilómetros depois do treino. É muito.

JORGE CORREIA (00:47:27) – Cansativo.

MIGUEL A. LOPES (00:47:28) – É e pronto. Essa parte logística. E depois há pequenas coisas que não se vêem, mas que depois contam muito. Sei lá. Ontem tive de pedir alguém aqui no hotel para me imprimirem o parque, porque eles é tudo digital, mas depois pedem uma folha impressa com o parque e então tivemos de arranjar.

JORGE CORREIA (00:47:43) – Os alemães ainda estão? Por acaso tenho lido nas tuas redes sociais uma coisa muito curiosa que é quando tu foste levantar a tua, a tua credencial. Nestes torneios toda a gente tem uma credencial que é a tua credencial.

JORGE CORREIA (00:47:55) – Estava pronta e estava ok, mas havia credenciais com erros.

MIGUEL A. LOPES (00:48:00) – Quase ninguém tinha, então ninguém tinha.

JORGE CORREIA (00:48:01) – O que está acontecer aos alemães, meu Deus do céu?

MIGUEL A. LOPES (00:48:03) – E eles queriam, eles queriam. Eles queriam que fosse, tivesse os nomes todos. Então os portugueses têm Maria Joaquina da Silva, Penedos Silva e eles queriam todos. Eu por acaso tinha. Por tudo. Mas porque me lembrei assim eu no passaporte tenho assim a melhor por todos. Porque normalmente quando penso acreditações até digo Miguel Lopes se eu tivesse feito isso não tinha a acreditação. E eu tive colegas que foram duas vezes fazer 100 quilómetros para cada lado para encontrar o centro de imprensa e chegarem lá e não terem a acreditação ainda.

JORGE CORREIA (00:48:34) – Portanto, aquele, aquele mito alemão da super organização caiu. O que é que se está a passar? Não sei, não.

MIGUEL A. LOPES (00:48:39) – Sei, não sei.

MIGUEL A. LOPES (00:48:40) – Não sei.

JORGE CORREIA (00:48:41) – Muito bem, Miguel Lopes. Um abraço e boas fotografias.

MIGUEL A. LOPES (00:48:45) – E podemos falar depois da final.

JORGE CORREIA (00:48:47) – E depois falamos seguramente depois da final, que é para que? É para tu me contar como é que foi esta fotografia do golo solitário que representa a vitória de Portugal?

MIGUEL A. LOPES (00:48:58) – Espero que sim.

JORGE CORREIA (00:48:59) – A esperança de ver Portugal ganhar outra vez um grande campeonato está sempre de pé e de ver a fotografia que mostra essa alegria. As fotos funcionam sempre como espelhos. Convocam nos para uma ação que parou no tempo. Recuperam o que estávamos a sentir naquele exacto momento e tu, onde estavas a 10 de Julho de 2016? E já agora, onde é que vais estar? A 14 de Julho de 2024? Até para a semana.

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Começou o Europeu de Futebol. O Euro 2024, jogado na Alemanha.

Uma boa oportunidade para seguir o percurso dos repórteres que seguem a competição.

Neste edição há grande fotografias.

Sim vamos saber tudo sobre o dia-a-dia de um fotojornalista num grande evento desportivo europeu.


TÓPICOS & TEMAS

Abertura – 00:00:00

O momento chave – 00:00:12 O apresentador introduz o contexto do episódio, destacando a importância das fotografias no futebol.

Experiências no Euro 2016 – 00:01:39 Miguel A. Lopes fala sobre sua experiência cobrindo o Euro 2016, incluindo a fotografia do golo de Éder.

Identidade e superstição – 00:03:06 Miguel A. Lopes explica a escolha de seu nome profissional e compartilha uma curiosidade sobre ser confundido com outro fotógrafo.

Preparativos e deslocamentos – 00:04:16 Miguel A. Lopes descreve os preparativos e deslocamentos necessários para cobrir os jogos do Euro 2024.

Motivação para cobrir o Euro – 00:05:32 Miguel A. Lopes explica por que escolheu cobrir o Euro 2024 e compartilha sua paixão pelo evento.

Fotografando o golo de Éder – 00:06:41 Miguel A. Lopes descreve o momento em que fotografou o golo de Éder na final do Euro 2016.

Contando a história do jogo – 00:10:01 Miguel A. Lopes discute a importância de contar a história do jogo através das fotografias.

Celebração após a final – 00:12:32 Miguel A. Lopes compartilha suas emoções e experiências após a vitória de Portugal na final do Euro 2016.

Fotografando a chegada da seleção – 00:14:32 Miguel A. Lopes descreve a energia e carga emocional ao fotografar a chegada da seleção portuguesa para o Euro 2024.

O fenômeno Ronaldo (00:14:41) A popularidade de Cristiano Ronaldo entre os imigrantes e o impacto nos jogos do Euro 2024.

A imagem de Cristiano Ronaldo (00:16:59) A representação de Cristiano Ronaldo como herói e a sua relação com a fotografia.

O trabalho do fotojornalista (00:18:12) Os desafios e limitações do trabalho de um fotojornalista durante os jogos e treinos do Euro 2024.

A busca pela foto perfeita (00:23:55) A importância de capturar momentos que contem a história do jogo e a preparação do fotojornalista para identificar os jogadores.

Preparação para fotografar (00:27:43) Discussão sobre a escolha de posição no estádio e estratégias para capturar as melhores imagens.

Posicionamento estratégico (00:28:24) Análise das vantagens e desvantagens de ficar em diferentes áreas do estádio para capturar os momentos importantes.

Planejamento do jogo (00:29:20) Decisões sobre o local ideal para fotografar e como evitar a duplicação de trabalho.

Fotografia remota (00:30:36) Explicação sobre o funcionamento das câmeras remotas e como são controladas durante o jogo.

Antecipação e preparação (00:31:47) Discussão sobre a importância da antecipação e sorte na captura de momentos únicos durante o jogo.

Fotografando os jogadores (00:35:05) Identificação dos jogadores mais interessantes de fotografar e suas características durante o jogo.

Expectativas para o Euro 2024 (00:36:14) Reflexões sobre a preparação e expectativas para a competição com base na experiência passada.

Interagindo com os treinadores (00:38:30) Comparação entre os treinadores e a interação fotográfica com eles durante a competição.

União da equipe (00:39:23) Observações sobre a coesão e espírito de equipe dos jogadores durante a competição.

Técnica fotográfica (00:40:11) Explicação sobre como focar e capturar imagens em meio a uma aglomeração de jogadores durante o jogo.

Fotografar jogos de futebol (00:41:07) Miguel A. Lopes fala sobre a técnica de fotografar jogos de futebol, destacando a importância de capturar os momentos mais emocionantes.

Desafios técnicos da fotografia esportiva (00:42:15) Discussão sobre os desafios técnicos de fotografar jogos à noite e durante o dia, com metade do campo na sombra.

Técnicas de foco e composição (00:43:09) Miguel A. Lopes explica as técnicas de foco e composição que utiliza para capturar diferentes tipos de fotografias durante os jogos.

Equilíbrio entre fato e emoção na fotografia esportiva (00:44:06) A importância de capturar emoção e ação nos jogos de futebol, equilibrando a narrativa visual com a notícia.

Expectativas para o campeonato (00:45:00) Miguel A. Lopes compartilha suas expectativas para o restante do campeonato e sua esperança de capturar momentos marcantes.

Variedade de experiências fotográficas (00:46:00) Miguel A. Lopes destaca a diversidade de experiências fotográficas que ele tem, incluindo eventos esportivos e políticos.

Bastidores da vida de um fotojornalista (00:47:04) Discussão sobre os bastidores da vida de um fotojornalista, incluindo a logística e os desafios enfrentados durante os eventos esportivos.

Desafios na obtenção de credenciais (00:48:00) Miguel A. Lopes compartilha experiências sobre os desafios na obtenção de credenciais para eventos esportivos, incluindo problemas enfrentados por colegas.

Esperança para a final e a importância da fotografia (00:48:59) A esperança de ver Portugal ganhar e a importância da fotografia como meio de capturar momentos históricos.


Éder tem o pé pronto a rematar.

À frente a bola. Os olhos na baliza.

Estamos o minuto 109, no prolongamento da final do campeonato da Europa de 2016 no Stade de France em Paris.

É esse momento que Miguel A Lopes tem no enquadramento da sua máquina fotográfica.

Click. É o momento -1 antes do remate que deu o titulo europeu a Portugal.

Nesse dia fotografou a celebração de Éder e dos outros. A desilusão de Grizman ou Mbapé.

As lágrimas de Cristiano Ronaldo. Primeiro de dor, depois de alegria.

Tal como plasmar para a história o momento em que Fernando Santos flutua no ar num momento de máxima emoção dessa final.

O mesmo Fernando Santos que, profético, anunciou que só voltava a Portugal depois do jogo da final, trazendo a taça.

Miguel A. Lopes está volta a um europeu.

Para o fotografar para a agencia Lusa.

Leva com ele cameras, experiência e até superstições.

Nesta conversa guia-nos pelo seu trabalho na cobertura da participação de Portugal neste Euro 2024.

Hoje está em Leipzig onde Portugal se estreia frente à Chéquia.

Mas mesmo antes do jogo há muito coisa a fazer: viajar, marcar o lugar junto do relvado, preparar cameras, objectivas e computador.

Sim durante o jogo um fotojornalista tira mais de 500 fotos, edita e envia-as quase em tempo real.

Essas mesmas fotos que todos podemos ver quase de imediato nas páginas e redes sociais dos principais jornais, rádios e televisões.

Aproveitem e vejam algumas nas páginas de Miguel A. Lopes. Vale bem a pena:

https://www.miguelalopes.com/fotojornalismo

https://www.instagram.com/migufu

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

JORGE CORREIA (00:00:12) – Ora viva! Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso Podcasts sobre Comunicação. Cá estamos em pleno o Europeu de Futebol Europeu de 2024, jogado na Alemanha. Uma boa oportunidade para seguir o percurso dos repórteres que seguem a competição, neste caso, os fotojornalistas. Nesta edição há grandes fotografias, Sim. Vamos saber tudo sobre o dia a dia de um fotojornalista num grande evento desportivo europeu. Venham daí, olho vivo e pé ligeiro. Vai começar o jogo. Em um momento chave. Éder tem o pé pronto, rematar à frente, a bola, os olhos na baliza e estamos no minuto 109, no prolongamento da final do Campeonato da Europa de 2016, no Estádio France, em Paris. É nesse momento que Miguel A. Lopes tem, no seu enquadramento, na sua máquina fotográfica Éder Click e o momento -1 antes do remate que deu o título europeu a Portugal. Nesse dia fotografou a celebração de Éder e dos outros, a desilusão de Griezmann ou de Mbappé, as lágrimas de Cristiano Ronaldo, primeiro de dor na lesão, depois de alegria na vitória, tal como o plasmar para a história no momento em que Fernando Santos quase que flutua no ar num momento de máxima emoção.

JORGE CORREIA (00:01:39) – Nessa final está tudo nas fotografias. O mesmo Fernando Santos que, profético, anunciou que só voltava a Portugal depois do jogo da final, trazendo a taça. E assim foi. Miguel da Ponte Lopes está de volta a um Europeu, desta vez na Alemanha. Ele vai fotografar para a agência Lusa e com ele leva câmara, experiência e até superstições. Nesta conversa, guia nos pelo seu trabalho na cobertura da participação de Portugal neste Euro 2024. Hoje está em Leipzig, onde Portugal se estreia frente à Checa. Mas mesmo antes do jogo, há muita coisa para fazer viajar, marcar o lugar junto do relvado, preparar câmaras objectivas e computador. Sim, Durante um jogo, o fotojornalista tira mais de 500 fotos, edita e envia as quase em tempo real. São essas mesmas fotos que todos podemos ver quase de imediato nas páginas e redes sociais dos principais jornais, rádios e televisões. Já agora, aproveitem para espreitar o Instagram do Miguel UFU. O link está na página de pergunta Simples. Estão lá momentos deliciosos dos bastidores da vida de um fotojornalista que mais parece um atleta de alta competição para nos retratar.

JORGE CORREIA (00:02:51) – Os golos de Ronaldo e companhia. Miguel A. Lopes, fotojornalista Miguel Lopes, da agência Lusa. Sim, há Lopes O quê? Porquê? Porque é que eu aqui, no meio disto tudo.

MIGUEL A. LOPES (00:03:06) – É assim quando quando eu fui tirar a carteira profissional já havia um Miguel Ângelo Lopes que é então a opção foi Eu também não, Eu também sou Ribeiro, mas não queria. Então a opção foi ficar. Eu também não queria o Ângelo, embora seja o Ângelo de família e não é nome próprio em nome de família da parte da minha mãe. E então aproveitei e ficou o Miguel. A Ponte Lopes então pronto, é o Miguel Lopes que é assim que me chamam. E mais tarde, só aqui uma curiosidade vim a saber porque começaram me a ligar, a dizer então vais ser o fotógrafo do do Marcelo e eu fotógrafo do Marcelo? Sim, Miguel Lopes vai ser o fotógrafo do Marcelo e eu não, não sou eu. E então descobri quem é que era o Miguel Lopes que já havia, que é o Miguel Figueiredo Lopes, que é um dos fotógrafos oficiais do Marcelo e, portanto.

JORGE CORREIA (00:04:01) – Na realidade, o nome de Miguel Lopes já percebi que é de celebridade. Miguel Lopes, tu estás. Vamos sintonizar as pessoas. Tu estás na Alemanha. Neste momento estás a acompanhar a seleção nacional de futebol. Onde é que tu estás? É exactamente por esta altura que estamos a gravar.

MIGUEL A. LOPES (00:04:16) – Neste momento estou em Leipzig porque viemos ontem à noite. Nós estamos, eu e mais dois colegas. Estamos numa cidadezinha perto de Marine Field, que é onde a seleção está, perto de Beaufort, e viemos de carro para lá porque amanhã joga Portugal com a Shakira e estamos a falar.

JORGE CORREIA (00:04:36) – De que distância? Na Alemanha é um país grande.

MIGUEL A. LOPES (00:04:38) – Foram 400 e poucos quilómetros.

JORGE CORREIA (00:04:41) – 400 e tal quilómetros, portanto, significa que será uma roda viva. Ao longo destas semanas andarás a saltar de ponto para ponto, sempre de carro, de avião, de comboio. Como é que? Como é que em princípio.

MIGUEL A. LOPES (00:04:52) – Será de carro? Aquelas mais perto? Para já, na fase de grupos, este é a distância maior, que são os 400 quilómetros.

MIGUEL A. LOPES (00:04:59) – Se houver distâncias tipo 800 900 quilómetros, a opção vai ser comboio. Até porque, tendo a acreditação para o Euro, as viagens de comboio ficam. Eu penso, se não me engano, 30 € cada viagem, o que é baratíssimo e em termos de conforto, é muito melhor do que um avião, porque temos não temos de estar a ir duas horas antes, etc. E acho que é muito melhor. Muito bem.

JORGE CORREIA (00:05:22) – Como é que te estás a sentir nestes primeiros dias de euro? Como é que, Como é que tu te preparas? Como é que tu te preparaste para esta, para esta campanha? Tenho sempre essa curiosidade.

MIGUEL A. LOPES (00:05:32) – Eu tinha, eu tinha este ano, quando foi mais ou menos a planificação de eventos que ia haver no ano aos Jogos Olímpicos, ao Euro e aos Paraolímpicos também. E eu já tinha feito os Paralímpicos em Tóquio e pensei olha, se calhar podia ir fazer os Paralímpicos a Paris. Mas depois surgiu a hipótese do. Ainda não estava ninguém delineado e eu como fiz o Euro 2016 e gostei bastante, até porque acabei ele entre aspas que eu digo sempre bem, acaba por ser nosso e sou português.

MIGUEL A. LOPES (00:06:06) – Acabei por levar a taça, digamos. E então? Também falei com outra malta que esteve cá e que estão cá agora outra vez neste Euro que estiveram também no Euro 2016. Então aconteceu vir vir poder perder, poder entrar para escolher e vir fazer o euro em vez dos Paraolímpicos de Paris. E pronto, é isso. Estou aqui e estou contente. Porque? Porque é 01h01. É uma competição que eu gosto. Trabalhei muito, Fiz. E gosto. E é um desafio porreiro.

JORGE CORREIA (00:06:41) – Em 2016 tu tens a sorte e o talento de nos ofereceres a fotografia. A melhor fotografia do golo do Éder. Tu tens a foto? Estás a fotografar, estás a fotografar do lado do campo no momento em que Éder alça a perna literalmente e vai e vai rematar para o golo de Portugal. Como e como é que foi esse momento?

MIGUEL A. LOPES (00:07:03) – Posso contar esse momento e assim? Afinal estava a ser. Estava a ser bastante disputada, Não havia. Havia algumas oportunidades de golo, obviamente. Mas não, não tinha havido golos ainda e e lembro me de de.

MIGUEL A. LOPES (00:07:20) – De ver o Renato Sanches fazer um remate uns um minuto antes de sair. É que a bola passa muito perto da trave da baliza, mas ele escorregou quando rematou. E depois eu vejo a placa do número 16 a ser levantada e vi que ia entrar o Éder. E eu pensei cá para mim Olha, estava um fotógrafo russo ao meu lado e eu disse Wendy’s! E ele ficou assim, a olhar para mim, muito desconfiado. E eu Ai ele porque é a minha, a minha. A minha intenção foi se ele está a por o Éder e por alguma razão não saiu dali, valia algo que não sei. Senti qualquer coisa que achei que o Éder podia marcar um golo.

JORGE CORREIA (00:08:05) – Tu não pensaste, ao contrário, que o Éder? Oh meu Deus! Mas. Mas se ele nunca conseguiu marcar um golo? Oh meu Deus, como é que sai um herói agora, não é?

MIGUEL A. LOPES (00:08:12) – Não é assim. Obviamente, ninguém esperava o que aconteceu. Não venham dizer que sim, porque não, porque não.

MIGUEL A. LOPES (00:08:19) – Mas o feeling foi esse. Foi se ele vai tirar, entre aspas. O Renato Sanches era um prodígio na altura e era a nova geração de futebolistas que estavam aí. E se ele vai tirar, e por alguma razão isto foi, foi e é numa altura em que estava o jogo tão, tão, tão embrulhado, não ter um avançado, ou seja, coisa que normalmente o Fernando Santos.

JORGE CORREIA (00:08:43) – Pedia mais três defesas e tentaria segurar o jogo, se calhar até aos penáltis.

MIGUEL A. LOPES (00:08:48) – Sim, qualquer coisa assim. Mas não meteu. Não sei se eu já sei se eu pensava que isso poderia acontecer ou se já estava a pensar que se formos a penáltis, tenho aqui um extremo para marcar. Pronto. E eu tive esse feeling e a partir daí, pronto, eu estava estava a fazer o jogo normal, já tinha feito muitas reacções, etc. O Ronaldo tinha sido lesionado, estava a ser um jogo com bastantes emoções e mas não havia golos. E pronto, eu estava a acompanhar a jogada, a companhia jogada e tem a sorte.

MIGUEL A. LOPES (00:09:20) – Tenho aqui foto, posso mostrar, tem aqui no iPad e tem a sorte de apanhar o momento em que ele remata mesmo, Ele remata. Sem qualquer oposição e é um golpe brutal e acho que é um dos gols mais importantes da história da equipa da seleção portuguesa. Não há dúvida para isso. Olha, e.

JORGE CORREIA (00:09:42) – Tu estás a fotografar? Como é que tu consegues separar? O que é que é tu, o profissional que tens que estar lá a disparar para fazer esses bonecos, para fazer essas fotografias e ao mesmo tempo teres a plena sensação de que aquele é um golo único numa final de um Europeu, de uma grande competição.

MIGUEL A. LOPES (00:10:01) – É como eu digo sempre, nós temos de contar a história do jogo, não é? Vou dar aqui um exemplo se eu estiver a fotografar. Um Sporting ou um Benfica ou um Porto com uma equipa mais pequena. A. Não vou aqui dizer nomes para não estarem com essas coisas clubísticas, mas é que eu digo e pronto. Sim, não interessa. Mas se o Sporting perder ou não, se o Sporting não.

MIGUEL A. LOPES (00:10:27) – Se a outra equipa ganhar ao Sporting ou ao Benfica ou ao Porto, a história será sempre a equipa grande que perdeu com a pequena e não a vitória. Porque? Porque os jornais no dia a seguir não vão pôr a equipa pequena a festejar malucos porque ganharam um zero ou três um ou vão por e a derrota da outra equipa. Portanto, nós temos que contar a história. Obviamente que sim, que fazemos as fotos, etc. Mas a história do jogo, por exemplo, aqui. Obviamente que para Portugal, se Portugal perdesse não era os franceses a festejar, era obviamente Portugal. Triste. Ao contrário, os franceses provavelmente não vão pôr o Éder a festejar, vão pôr os franceses tristes. Portanto, eu tenho de ter esse contexto. Do que é que estou a fazer?

JORGE CORREIA (00:11:11) – Portanto, tens que contar a história segundo o ponto de vista. No fundo das pessoas que estão a ver da tua audiência.

MIGUEL A. LOPES (00:11:17) – Obviamente, obviamente. Mas por exemplo, eu como trabalho para a European Press Agency e era provável que se a França ganhasse e eu tivesse boas fotos dos textos franceses, essas fotos não saíam em Portugal, obviamente, mas iam sair lá fora porque provavelmente o L’Equipe, o mundo ou até esses, os sites, etc, iam por, sei lá.

MIGUEL A. LOPES (00:11:40) – Agora, nestes jogos, imagino o um marca um golo para os franceses. É um ganhar, não é o outro qualquer a perder, mas isso é a história, porque é a mesma coisa. Ao contrário. Sei lá. Se a França perder um jogo muito importante, eles não vão querer a outra equipa a festejar. Vão querer, neste caso, bater o outro jogador. Triste. Isso é história. Pronto. Portanto, os dois lados da história tu vais à.

JORGE CORREIA (00:12:07) – Procura sempre de boa história. Conta me como é que na altura em que o árbitro apita para o fim do jogo da final 2016, em que ganhámos aos franceses por um zero. O que é que faz um fotojornalista depois de ter feito o seu trabalho e ter despachado as coisas? Tem que despachar e volta a ser o tuga no campo.

MIGUEL A. LOPES (00:12:32) – A primeira coisa que fiz foi foi. Fiz um vídeo para a família a dizer que tínhamos ganho e estava a chorar. E depois continuei a fazer o meu trabalho, mas não tinha festejado com ninguém.

MIGUEL A. LOPES (00:12:43) – E há uma foto que com um colega meu que é o Gerardo. Me tirou porque eu não tinha festejado com ninguém. Tínhamos ganho, toda a gente estava a festejar, eu tinha feito o meu trabalho, tinha enviado o trabalho, mas não tinha festejado com ninguém. Então eu tinha ido lá a um canto fotografar os jogadores que estavam ainda a festejar sem a taça. E quando venho para o computador, para. Para me enviar mais fotografias. Vejo o meu colega e ele vem me a mim e desatamos os dois a correr um para o outro e ele tirou me uma foto. E eu estou com um ar completamente louco de felicidade, cujo eu não me lembro. Não me lembrei de tirar uma fotografia, só queria abraçar porque eu só queria festejar. E então fui até ele a correr com braços abertos, com as máquinas na mão e depois abraçámos e tivemos ali aos saltos, aos saltos, aos saltos e ganhámos e ganhámos e ganhar. E foi bem. A festa foi brutal, foi espetacular. Eu infelizmente não lhe tirei uma fotografia porque ele também devia estar com esse ar.

MIGUEL A. LOPES (00:13:41) – Ele estava com estar só que ele vinha com a máquina na mão, esticou a máquina e fez uma fotografia, mesmo quando eu vinha a chegar ao pé dele. E ficou. Ficou espetacular.

JORGE CORREIA (00:13:49) – E tu ficaste com a fotografia dele na tua cabeça e não na tua máquina. Sim.

MIGUEL A. LOPES (00:13:53) – Sim, não. Mas festejámos. Foi Foi muito giro, muito giro, Foi um grupo muito giro e no fim foi. Foi brutal trazermos a taça também.

JORGE CORREIA (00:14:01) – Os tugas no relvado a celebrar o golo de Portugal. Olha, vamos até teletransportar nos para os tempos de de hoje. Fotografaste desde logo a chegada da selecção portuguesa a Marianne Feld. E eu vejo as imagens na televisão, vejo as fotografias que tu que tu tiraste e digo Wow, isto está aqui, muita gente ali, uma carga emocional. Como é que foi fotografar esse, esse, esse momento? Há ali uma onda, uma energia.

MIGUEL A. LOPES (00:14:32) – Temos andado a falar nisso porque em 2000 eu não tive cá, em 2006, mas estive no Euro 2016 e as comunidades obviamente são diferentes.

MIGUEL A. LOPES (00:14:41) – Mas há muitos emigrantes, quer em França, quer na Alemanha. Obviamente que na França há muitos mais e a sensação que que eu tenho é que os meus colegas têm. É que a parte da malta imigrante, que era quem aparecia lá na altura, em 2016, me marcou. Sim, era a comunidade portuguesa a querer ver a seleção e aqui na Alemanha é. Atrevo me a dizer que 80% da malta está só para ver o Ronaldo e os outros 20% estão para ver a seleção. E eu posso dar um exemplo no dia do treino aberto da seleção naquele campo.

JORGE CORREIA (00:15:22) – Quantas pessoas.

MIGUEL A. LOPES (00:15:24) – Estavam lá? Cerca de 8000 entraram, alguns entraram alguns jogadores em campo, ninguém deu por nada. Nem assobiaram nem batem palmas. Quando perceberam que o Ronaldo ia entrar. Ficou tudo histérico. Portanto, há uma. O fenómeno Ronaldo neste neste Europeu é uma coisa impressionante. É impressionante, não? Eu ainda não vi nenhuma camisola de outro jogador sem ser a do Ronaldo.

JORGE CORREIA (00:15:49) – Isso é um efeito marca, é um efeito do herói que ele está presente.

JORGE CORREIA (00:15:53) – É um efeito da estrela que que chegou. O que que é isto? Isto é outra coisa que não é só a Alemanha.

MIGUEL A. LOPES (00:16:00) – Tem muitos elementos que eu vi aqui. Tem muito, muita malta, sei lá, turcos, albaneses e eles são completamente loucos pelo Ronaldo, mas loucos quando eu digo loucos e loucos no final do jogo eu tenho algumas fotos disso. No final desse treino começou a haver invasão de campo. Eles pareciam. Saltavam daqui, outro dali, tudo coelhos. Eles não passavam. Passaram vários pelo João Félix, passaram vários por outros jogadores. Eles só queriam o Ronaldo. É um fenómeno? Completamente. Eu acho que nós em Portugal só vemos assim. Eu ao contrário, muita gente ai o Ronaldo, o Messi é melhor assim. Eu sou português, acho que não há. Não há ninguém no mundo, não há ninguém português que tenha levado o nome Portugal tão longe. Não me venham com histórias, porque em qualquer lado do mundo, se se eu disser que sou português, a primeira coisa que dizem Ronaldo é aqui.

MIGUEL A. LOPES (00:16:57) – É impressionante.

JORGE CORREIA (00:16:59) – É como é que é Ronaldo, como Cristiano Ronaldo como boneco para ser fotografado. Ele dá se à fotografia. Ele é um bom personagem de de de para para fotografar.

MIGUEL A. LOPES (00:17:12) – E eu acho que, ao contrário do que que possa parecer, eu acho obviamente que é uma pessoa preocupada com a imagem, etc. Mas eu sei que ele tem reações em campo, por exemplo, quando, quando falha, ou quando ou quando sofre uma falta ou quando é ele não está sequer a pensar nisso. Porque não acho que que ele age naturalmente quando está a jogar, não é quando, obviamente, quando marca ele aquilo que dá a ideia que é uma pessoa que que tem, tem orgulho no que faz, quando marca ou quando perde. Aquilo que eu acho, ao contrário do que possa parecer, nós não privamos com os jogadores, não.

JORGE CORREIA (00:17:55) – Houve um churrasco, não é? Já sei que não foi.

MIGUEL A. LOPES (00:17:59) – Em 2016 fizemos um jogo com o staff técnico da seleção, mas. Mas não há. Não há interação para além do trabalho.

MIGUEL A. LOPES (00:18:10) – Então como é que tu podes fazer?

JORGE CORREIA (00:18:12) – Consegues fazer o teu trabalho fora dos jogos para conseguires boas fotografias? Só consegues aqueles momentos dos treinos naquele período que é aberto aos jornalistas e às conferências de imprensa.

MIGUEL A. LOPES (00:18:23) – Sim, sim, sim. Primeiro, não faço paparazzi, portanto não ando a saltar muros para fazer fotos deles, a passear ao deus não sei quê. Isso não se faz. E depois, nas conferências de imprensa e nos jogos, obviamente que vai haver nos jogos e não é nos treinos. Mas há uma distância, há uma distância, há uma distância profissional entre entre nós, jornalistas todos e os jogadores. Obviamente que as flash interviews, etc. Mas não. Mas é tudo profissional, não é aquela coisa ó tu cá, tu lá, isso não existe.

JORGE CORREIA (00:18:57) – O que provavelmente até sonharia poder poder ter acesso ou não. Achas que achas que é? Achas que é mais uma forma de enfim, uma forma de estar? Nós estamos ali a trabalhar e portanto há momentos em que eu.

MIGUEL A. LOPES (00:19:11) – Não ligo nenhuma a isso.

MIGUEL A. LOPES (00:19:12) – Eu assisti ontem, não interessa quem, mas já alguém estava a manifestar se para o Ronaldo. Assim nós estamos ali para trabalhar, não estamos ali para brincar, nem pedir autógrafos, nem um, nem ninguém, nem mostrar se. Se eu conhecer, há jogadores que eu conheço e se eles passarem por mim, vêm cumprimentar. Mas. Mas não é. Não é uma coisa. Quer dizer, isso pode acontecer a fotógrafos que que trabalham para uma empresa X ou Y e conhecem agora essa interação, não essa coisa, que vão para lá e estão lá com a Seleção. Nós não estamos com a Seleção, a situação está, está no mundo deles. Nós estamos no nosso. Nós temos 15 minutos abertos à comunicação social. Fazemos os 15 minutos, eles passam lá, podem dizer adeus para nos cumprimentar, etc. Mas é tudo profissional.

JORGE CORREIA (00:20:00) – É isso que tu fazes. Olha tu quando vais, quando te preparas para isso, também fazes onzes hipotéticos. Vamos pensar aqui quem é que são os 11 para a construção de trabalho ou isso não é o.

MIGUEL A. LOPES (00:20:11) – Meu trabalho fotográfico? Nós temos um programa que eu tenho de legendar as fotografias normalmente eu posso mandar diretamente da máquina, mas eu prefiro sempre ter editar. Eu fazer uma pré edição, obviamente mando o meu editar e depois os meus editores escolhem, não escolhem, querem fazer mais um crop, faz e não querem pôr a foto. Não mete isso já não, já não me diz respeito a mim. Como é que é esse.

JORGE CORREIA (00:20:34) – Trabalho de editar? Como e como é que tu fazes tu num dia de jogo? Não dá para estares a fotografar, editar, imagino, não é? Como é que dá nada? Ou então como é que é isso?

MIGUEL A. LOPES (00:20:45) – Então é assim, eu tenho o meu computador em baixo, normalmente eu levo dois bancos, um para me sentar e outro para pôr o computador em cima.

JORGE CORREIA (00:20:53) – Mesmo que chova.

MIGUEL A. LOPES (00:20:55) – Mesmo que chova, nós temos equipamento para nos protegermos a nós, à máquina e ao material. Se tiver uma chuva torrencial, eu não o envio da máquina e está ordenado, posso enviar pela máquina e aí não edito nada.

JORGE CORREIA (00:21:09) – Portanto, ligas te no fundo a um wi fi, a um ponto de wi fi da máquina diretamente. Estás a disparar e ao mesmo tempo as fotografias estão a sair para um.

MIGUEL A. LOPES (00:21:18) – Pronto a ver as fotos. Vou escolhendo esta e boa envio e elas vão. Vão caindo lá no nosso desk e depois os meus editores são de pronto. Só que às vezes nos jogos, imagino eu, vou fazer amanhã o jogo com a Checa e se calhar às vezes é difícil identificar um jogador se não se conseguir ver o número. E então, o que eu faço? O normal de trabalho e eu tenho o computador aberto. Tenho um cartão na máquina e outro no computador. Quando tiro da máquina, ponho logo o outro para ter sempre a máquina. Tem sempre cartão, porque caso aconteça alguma coisa eu disparo. Normalmente trabalho com duas máquinas comigo, que é uma 400, que é aquelas lentes grandes e uma mais pequena 70, 200. E os cartões vão sempre rodando entre a máquina e o computador. E por exemplo, sempre que eu posso ou a uma falta ou A11 substituição, há uma paragem no jogo.

MIGUEL A. LOPES (00:22:12) – Eu aproveito, tiro um cartão, meto o cartão na máquina. Eu já sei mais eu estou a ver pela máquina. Já sei mais ou menos qual é a foto que eu quero enviar, portanto vou à procura dessa foto. Normalmente, em termos de edição, é só fazer um crop ou endireitar, porque às vezes eu estou a fotografar e o campo pode estar meio torto e depois meter esquerda direita. A legenda? Eu tenho um sistema que faço para isso que eu estava a dizer no nosso programa eu tenho. Antes do jogo eu recebo a lista dos jogadores Mora Portugal. Eu já tenho essa lista feita, mas das outras equipas normalmente é só no dia do jogo e eu só ponho, por exemplo, Portugal. Se for o Ronaldo. Eu só põe PCP e aparece Cristiano Ronaldo. E então.

JORGE CORREIA (00:22:53) – No caso dos portugueses é mais fácil, mas obviamente nos outros tu não os conhece e portanto implica que tu tentes perceber quem é que aquele.

MIGUEL A. LOPES (00:23:00) – Jogador faz. Faço essa lista antes e quando estou a fotografar, tenho o lance.

MIGUEL A. LOPES (00:23:05) – Se ele tiver de costas, eu vou à procura dele. Olha o 27, ponho. Imagina amanhã e amanhã e check. Ponho, faço uma lista C eu e o cinco da check c5 pronto e aparece me o nome dele que adicionamos. Complicados é estar a escrever à unha. É complicado. Aí é que estou a perder tempo. Esse tempo que eu estou a escrever o nome esquisito, sei lá. Check. Os turcos têm nomes assim complicados. Aí não vou estar a perder tempo a escrever Y na Gazeta.

JORGE CORREIA (00:23:33) – Já tens mnemónicas? Quantas fotografias é que tu tiras num jogo?

MIGUEL A. LOPES (00:23:37) – Tiro muitas, tiro muitas. Posso chegar a, sei lá, 500, 600? Depende. Depende. Mas não ando a mandar no máximo do máximo de um jogo. É para sair 50 fotos, 60 não sei. No máximo dos máximos.

JORGE CORREIA (00:23:52) – O que é uma boa foto.

MIGUEL A. LOPES (00:23:55) – Até que. Que tente contar a história do jogo numa foto. Eu acho que a foto do remate do Éder conta uma história do jogo que foi aquele remate que é aquilo.

MIGUEL A. LOPES (00:24:04) – Sim, essa, por exemplo.

JORGE CORREIA (00:24:06) – Já agora, tenho uma curiosidade que é que.

MIGUEL A. LOPES (00:24:09) – Nessa final também a lesão do Ronaldo também é uma foto que conta, não é ele. Ele na maca em sofrimento. É uma foto que também marca a final. Portanto, não é só. É muito difícil ser só uma foto. É muito difícil.

JORGE CORREIA (00:24:23) – E, portanto, tu vais à procura daquela foto que tu, olhando aquela foto que está na primeira página, imagino que seja sempre um sonho de um fotojornalista que é tu olhas para a foto e dizes é isto e isto marca o dia e eu daqui a dez anos posso voltar outra vez a olhar para esta fotografia e consigo identificá la. Saber aqui foi o momento em que o Éder chutou aqui. Foi o momento em que em que o Ronaldo se lesionou.

MIGUEL A. LOPES (00:24:44) – Eu costumo, Eu costumo dizer sempre que é preciso ter sorte, mas a sorte também se procura, não é? Ou seja, se tu tens uma situação a acontecer à tua frente, por sorte, sei lá, eu estou num canto a quatro cantos no estádio de futebol.

JORGE CORREIA (00:24:59) – Onde é que tu? Onde é que tu fotografa? Já agora, isso também também é uma minha curiosidade, porque existem dezenas, centenas de fotógrafos em cada jogo destes Internacional. Como é que vão marcar? Vão marcar? Vão marcar um lugar ou é uma coisa mais organizada?

MIGUEL A. LOPES (00:25:13) – Sim, Não. Já explico. O que eu estava a dizer? Eu se tiver num dos cantos eu estou num dos cantos há mais três cantos, não é? Se o jogador decidir fechar para o outro lado a foto, pronto, não tenho a sorte. Agora, se ele vier direito a mim é assim. Eu tenho que ter a sorte de ouvir direito a mim e depois tenho de saber agarrar essa sorte e fotografar, obviamente.

JORGE CORREIA (00:25:35) – Porque quando ele vem a correr para ti, obviamente tu consegues melhores fotografias. Tens os olhos, tens o sorriso, está a correr para ti. No fundo é mais a foto, não é?

MIGUEL A. LOPES (00:25:45) – Mas por exemplo, eu tenho uma foto do Euro que quando voltando a esse jogo, que é quando o Éder marcou o golo, ele desata a correr pelos jogadores.

MIGUEL A. LOPES (00:25:54) – Há uma data de jogadores que o tentam agarrar mas não conseguem e é a certa altura ele passa a correr pelo Griezmann. E ele está de costas, mas ele está de costas, com uma expressão de força. Não é a festejar E o Griezmann está com uma cara tipo fogo, Este gajo marcou o golo. Ou seja. Portanto, eu costumo dizer que só larga o osso até a bola começar a rolar. É golo até à bola, até a bola ser posta no meio do campo. Eu não larga o osso. Eu estou sempre a ver o que está a acontecer Quando? Quando eu acho que posso já. Tipo o jogador já festejou, já a bola vai, o meio campo, vamos recomeçar o jogo. Aí é quando eu aproveito para pensar ok, vou mandar esta foto, mandar aquela mandar.

JORGE CORREIA (00:26:32) – E agora sim, agora vou, vou lá. Já agora, quando tu te apercebes de um perigo iminente, de um golo iminente, de que alguma coisa vai acontecer, de uma jogada perigosa, de um canto, de um livre.

JORGE CORREIA (00:26:42) – Há a ideia de fazer que muitos disparos e fazer disparos sequenciais é o que não há uma regra numa bitola.

MIGUEL A. LOPES (00:26:50) – Não, não. Pois depende. Sei lá, o jogador pode vir a correr para nós ou longe e depois fica ali a festejar e o todo 400 e dá para tudo. E o jogador vem a correr, começa a chegar muito perto e dá de 70, 200. O jogador vem a correr, passa por nós, vai direto aos adeptos, sei lá, Auschwitz ou fica ali à nossa frente. Tem de ser uma grande angular. Portanto, isso não há. É o que acontecer. E, portanto, tu vais para.

JORGE CORREIA (00:27:13) – As várias, nas várias máquinas, nas malhas objectivas, e vais e vais fotografando. Já agora na tua mala, que material é que é que tu levas?

MIGUEL A. LOPES (00:27:21) – Agora deixa me só voltar, só voltar atrás à questão dos lugares, dos posicionamentos.

JORGE CORREIA (00:27:26) – Isto é interessante porque eu vi, vi um pequeno vídeo que tu fizeste, que era um vídeo Onde? Onde tu, Onde tu mostras um diagrama do campo onde existem as posições que lá estão, que significa que aquilo não dá para dar umas voltas ali no estádio e fazer os bonecos.

JORGE CORREIA (00:27:42) – Não tens um chassis?

MIGUEL A. LOPES (00:27:43) – Nós nós ao início podemos ir lá fazer equipa ao início e depois temos de voltar à nossa posição. Eu O normal em Portugal é nos jogos que não são. Sei lá, também já fiz outros jogos sem ser campeonatos da Europa ou Campeonatos do Mundo. E quem chegar primeiro escolhe primeiro. Pronto, há algumas posições que já estão designadas lá, normalmente para as agências que estão nos cantos, mas sei lá, não, sei lá, um Benfica-Porto e quem chegar primeiro fica lá. Fica. Eu não tenho. Tenho. Eu preciso ficar um bocadinho mais para dentro. A malta gosta de ficar mesmo aos cantos. Depende. Eu prefiro ficar um bocadinho mais para dentro. Normalmente nunca tenho chatices com com os lugares.

JORGE CORREIA (00:28:24) – Mas os lugares melhores são os lugares mais perto da bandeirola de canto.

MIGUEL A. LOPES (00:28:27) – Não há, não há bitola. Porque? Porque?

JORGE CORREIA (00:28:32) – Qual é a vantagem ou desvantagem de estar de um lado ou do outro?

MIGUEL A. LOPES (00:28:35) – Vou dar um exemplo quando quando havia as claques dos nomen boys, etc.

MIGUEL A. LOPES (00:28:38) – No Benfica eles estavam do lado direito, do lado oposto aos bancos do lado direito e muitos jogadores iam festejar para lá e. Mas quando depois houve aquelas polémicas, etc. E agora os jogadores estão por cima do lado esquerdo, nós sabemos que eles estão por cima daquele lado, portanto 90% dos festejos é para ali. Portanto, nós já sabemos mais ou menos que eles vêm para ali e portanto.

JORGE CORREIA (00:29:06) – Tu fazes uma leitura. No fundo, quando vais fazer um jogo, fazes logo uma leitura para perceber o que é que, o que é que é antecipar, o que é que vai acontecer, por exemplo, neste jogo, neste jogo do Portugal Cheque e tu já sabes onde é que vais fotografar?

MIGUEL A. LOPES (00:29:20) – Já eu Não, eu não é assim. Eu podia ficar nos cantos, mas iria ter um colega meu da European Agency que nós também somos parceiros. A fotografar lá, portanto ia estar um bocado a duplicar trabalho e então a minha opção foi como fiz no Euro. Foi Fico mais ou menos em frente de Portugal, então consigo ter as reações do banco e consigo fazer o jogo também.

MIGUEL A. LOPES (00:29:48) – Porque? Porque eu ali daquele sítio eu consigo ver os quatro cantos. Portanto qualquer canto que eles estejam, obviamente que não os tenha direito a mim a correr, quase de certeza. Mas é uma opção, É uma opção que eu vou, vou. Este jogo vai ser assim no próximo pode ser diferente, no próximo posso pensar não vou. Vou para um dos cantos e agora vou ver. Por exemplo, no Euro, os 2/1 jogos fiz nos cantos e não estava a publicar nada zero porque o meu trabalho estava a ser duplicado. Eu tinha colegas meus. Neste caso só as agências. São cinco agências ali nos cantos e a AFP AP é a Reuters, mas a EPA.

JORGE CORREIA (00:30:26) – E esses estão sempre lá, estão sempre nos cantos.

MIGUEL A. LOPES (00:30:29) – Sim, sim, sim, sim, sim. Então, além de terem remotos, terem câmaras no estádio que são disparadas remotamente. Já agora.

JORGE CORREIA (00:30:36) – Aquelas câmaras, linhas que eu vejo, câmaras, as câmaras, zonas, câmaras grandes que estão atrás das das das balizas são remotas.

JORGE CORREIA (00:30:44) – Quem é que dispara aquelas máquinas?

MIGUEL A. LOPES (00:30:46) – Quem está nos cantos normalmente.

JORGE CORREIA (00:30:48) – E, portanto, há um fotógrafo que está simplesmente à distância? Não está? Então, como é que isso funciona?

MIGUEL A. LOPES (00:30:54) – Sou eu, por exemplo, nas finais do euro, do euro, nas finais da UEFA, em Lisboa, quando foi do convite? Eu não podiam estar tantos fotógrafos por causa do convite e em cada canto estava um fotógrafo a trabalhar para as outras agências. E eu tinha uma câmara atrás da baliza e tinha três câmeras comigo. Qualquer uma dessas câmeras disparava aquela câmera. Ou seja, estou a fotografar uma coisa ali ao fundo e aquela e aquela máquina está a disparar também. E depois imagina se a um golo da primeira parte eu vou lá buscar o cartão e vejo mais ou menos. Sei que foi aos 40 minutos ou aos dez minutos e vou lá buscar no intervalo. Portanto, se houver um golo na segunda parte, eu, eu. Eu vou lá no fim do jogo e vou lá buscar.

JORGE CORREIA (00:31:47) – Portanto, se eu bem entendo, tu estás com uma máquina fotográfica e estás a fotografar num determinado ponto do estádio.

JORGE CORREIA (00:31:53) – Mas ao mesmo tempo que tu estás a clicar para fazer uma fotografia, tu tens este ângulo que é o da tua câmara e um outro ângulo de uma outra câmara que está plantada num outro lugar do estádio. Sim, sim, isso permite. Permite fazer isso naquelas fotografias de golo iminente. Lá está, no canto, no livre. Vais à procura de quê? Tens. Tens logo uma pré ideia de enquadramento, da maneira como como com uma fotografia. No fim pode aparecer.

MIGUEL A. LOPES (00:32:23) – Sei lá, num livro. Estou a ver quem é que vai marcar o livro e não num canto. Normalmente olho para a molhada e vejo onde é que estão os centrais, os mais altos. Normalmente é para lá que vai a bola e é ter sorte e ter sorte.

JORGE CORREIA (00:32:39) – É o momento e saber qual é, qual é o clique. Estive a ver umas um pequeno vídeo que tu publicaste nas tuas redes sociais no instagram que que que é um conjunto de frames de fotografias em que são os jogadores a cabecear a bola, em que tu vês a parte do movimento e depois o momento em que estão parados, lá está a fotografia e que se vê a bola a ficar mais curta, eles e eles a cabecear a cabeça e a bola.

JORGE CORREIA (00:33:07) – É essa estética que estou a procura.

MIGUEL A. LOPES (00:33:10) – Sim, pois depois sim, Se eu consegui ter, ter, ter, sei lá, o pontapé da bicicleta ou o Eu normalmente opto por estar um bocadinho com uma lente um bocadinho mais aberta, porque se houver um jogador que faça um pontapé de bicicleta ou um lance diferente, eu consigo apanhar o corpo e então consigo. Sou um bocadinho mais aberto porque a bola é muito eu. Normalmente o que eu faço é um dos olhos, está na máquina e o outro está a ver de onde é que a bola está a partir. Ou, por exemplo eu estou a ver a bola está a ir assim. Ok, eu estou a ver e é, estou a ir para lá e pronto. E é preciso ter sorte também.

JORGE CORREIA (00:33:49) – Como estás a dizer. É que para se tirar uma grande fotografia é preciso quase um momento de previsão para quase fotografar o momento imediatamente anterior.

MIGUEL A. LOPES (00:34:07) – Sim, assim, por muito que a gente, por muito que a gente tenha, esteja preparado, obviamente que é um e sempre e sempre um.

MIGUEL A. LOPES (00:34:16) – Não é bem loteria, mas nós não sabemos as reações que vão ter. Não é por isso é que, no caso do futebol, é tão apaixonante. Porque? Porque às vezes surgem coisas que nós nem sabemos de onde o jogador inventou uma coisa, inventou uma jogada, inventou um pontapé. E, obviamente, se eu tiver a minha preparação e nesse caso, não, nunca. Eu prefiro estar mais aberto, porque se houver uma coisa dessas, eu tenho mais hipóteses de ter. Isto tem a ver com as probabilidades também. As percentagens que eu posso ter ou não de ter.

JORGE CORREIA (00:34:46) – Olha, eu agora tenho uma curiosidade que é assim que jogadores é que tu antecipa? Além do fenômeno Ronaldo, é óbvio que que vais ter, que vais ter uma lente sobre ele, com com muita, com muita atenção. Que jogadores é que tu é que tu te está a apetecer fotografar mais ao longo da.

MIGUEL A. LOPES (00:35:05) – Nossa seleção da nossa seleção temos um jogador que está sempre a rir. Sempre, sempre, sempre, sempre, sempre é o Rafael Leão.

MIGUEL A. LOPES (00:35:12) – Qualquer jogada que ele faça, ele está se a.

JORGE CORREIA (00:35:14) – Rir, mesmo que ele vá a correr.

MIGUEL A. LOPES (00:35:17) – Um grande.

JORGE CORREIA (00:35:17) – Esforço. Ele está sempre com uma face.

MIGUEL A. LOPES (00:35:19) – Este sorriso sempre, sempre, sempre, sempre. E é um jogador um bocado imprevisível. Também tem assim umas jogadas assim imprevisíveis. O Bruno Fernandes também tem e é um jogador daqueles que tem uma hipótese de remate brutal. Então às vezes, por exemplo, em Alvalade, ele marcou um golo assim que recebeu a bola e tal e foi um tiro lá para dentro e basicamente, sei lá, a vários jogadores. O Bernardo Silva também é excelente a centrar. O Rúben Dias a cabecear também é ótimo, o António Silva também. E depois temos os dois, os dois miúdos, o Francisco Conceição e o João Neves também também são, são, jogam muito. Portanto, é essa frescura.

JORGE CORREIA (00:36:05) – Eu acho que é essa. Qual é o teu feeling agora que a prova vai começar? Qual é a tua? O que é que diz o teu coração?

MIGUEL A. LOPES (00:36:14) – Epá, eu tô eu.

MIGUEL A. LOPES (00:36:16) – Quando fui em 2016, eu estive na conferência de imprensa em que o Fernando Santos disse que levava a mala para 31 dias e eu quando fiz a minha mala fiz a minha mala para 31 dias.

JORGE CORREIA (00:36:27) – Tu acreditaste, tu acreditaste.

MIGUEL A. LOPES (00:36:29) – Que eu estou a falar a sério. Eu acreditei, embora, embora os primeiros jogos andámos ali com os empates, empates e e a malta já estava muito descrente. Mas jogo a jogo e eu tenho algumas substituições e é jogo e jogo.

JORGE CORREIA (00:36:45) – Então conta me tudo, Quero saber e agora quero saber.

MIGUEL A. LOPES (00:36:50) – Nós tivemos em 2016.

JORGE CORREIA (00:36:52) – Não tens a máquina ou como E como é que eu quero saber? Quero saber.

MIGUEL A. LOPES (00:36:56) – Não. Eu, por exemplo, em 2016 foi essa coisa de fazer a mala para os 31 dias, tal como fiz agora. O engraçado também é que muita gente que esteve em 2016 não foram ao Euro 2020 e estão agora neste. Portanto, eu tenho aqui pelo -3 colegas fotógrafos que estiveram no Euro 2016 e estão agora neste. E no Euro 2016, Sei lá.

MIGUEL A. LOPES (00:37:24) – Recebi. Fizemos um jogo com o staff da seleção, deram uma camisola do Rui Patrício e eu disse só vou usar esta camisola na final. E sempre que ia para um jogo eu olhava para a camisola assim não te vou levar, só vou levar na final. E na final Eu tinha a vestida e houve outras coisas, sei lá eu depois comecei a deixar, tinha só o bigode, Aí comecei a deixar crescer o bigode. Assim vou deixar crescer o bigode a tua vou ter a mesma altura, com aquele bigodão assim até que o palitinho nos dentes que é que é para parecer mesmo tuga e só vou cortar depois da final? Dito e feito. É isso.

JORGE CORREIA (00:37:58) – Portanto, nesta, nesta, nesta, nesta fase final, decidiste deixar crescer o cabelo que que comentaste está a.

MIGUEL A. LOPES (00:38:05) – Tentar deixar crescer o cabelo há muito tempo, mas depois acabei por cortar e então agora disse que queria aqui deixar porque eu já tive o cabelo muito comprido e agora está me a apetecer. Se me der na telha também corto o cabelo.

MIGUEL A. LOPES (00:38:16) – Mas pronto, para já não.

JORGE CORREIA (00:38:18) – Ainda não para já mandei isto. Olha. Por falar em pessoas que já agora que não têm cabelo. Roberto Martínez O nosso selecionador, como é que é? Parece me um boneco fotogénico. Parece me cinco estrelas. E como é que é o contacto? Como é que é e como é que é?

MIGUEL A. LOPES (00:38:30) – Super afável, é super afável ele quando Quando ele foi apresentado, ele cumprimentou os jornalistas todos no é sempre simpático se estivermos a fotografá lo. Ele Ele é super simpático para nós é mesmo impecável, impecável.

JORGE CORREIA (00:38:46) – Conseguimos fazer uma comparação entre entre Roberto Martínez e o anterior Fernando Santos. Fernando Santos Claramente não é, mas claramente mais fechado na sua maneira.

MIGUEL A. LOPES (00:38:57) – Muito também era impecável, histriónico.

JORGE CORREIA (00:39:00) – Qualquer um deles.

MIGUEL A. LOPES (00:39:01) – Ou não. Não, não, não, não é assim. Pelo aquilo que eu estou a ver nesta seleção é que é que também vi no 2016. E primeiro eu acho que o grupo está super unido, super unido.

JORGE CORREIA (00:39:17) – Tu consegues sentir isso, isso. Como é que tu vês isso Vezes sem quê nos comportamentos?

MIGUEL A. LOPES (00:39:23) – Basta ver algumas fotografias que eu tenho publicado em que eles estão todos na galhofa e é nas conferências de imprensa também se percebe que é o que eles dizem.

MIGUEL A. LOPES (00:39:32) – Eu tenho de acreditar no que eles dizem também. Mas percebe se isso. Percebe se isso nas imagens porque eles estão. Eles às vezes fazem peladinhas e escolhem equipas e eles fazem sempre umas brincadeiras e abraçam se todos. E é assim. Eu acho que o grupo está brutal, é aquilo que eu acho, aquilo que eu acho.

JORGE CORREIA (00:39:48) – Portanto aquilo funciona e aquilo parece um grupo de miúdos. Vamos tirar daqui o Pepe e o Cristiano Ronaldo, lá está que são os mais crescidos desta, deste deste grupo. Tenho uma curiosidade técnica em relação às fotografias, que é como é que se consegue fotografar, como é que se consegue focar uma fotografia quando há uma molhada de gente que está para lá saltar e.

MIGUEL A. LOPES (00:40:11) – Estas máquinas quase que fazem o trabalho sozinho? Eu costumo dizer que se calhar o foco fui eu que tive a culpa. Não é máquina.

JORGE CORREIA (00:40:17) – Estou a tentar controlar a máquina.

MIGUEL A. LOPES (00:40:20) – Porque a máquina tem dois sistemas. Eu uso dois sistemas de foco em dois botões diferentes na máquina para a técnica, um dos botões e no ponto em que eu tiver selecionado, ela vai logo lá.

MIGUEL A. LOPES (00:40:32) – Se eu focar lá ao fundo, para onde ela vai? Só que esse ponto implica se eu, em vez de ter o ponto no jogador, tiver na bancada e na bancada que ela vá buscar.

JORGE CORREIA (00:40:41) – O que significa que pode ser uma foto desfocada que quer a foto que tu queres.

MIGUEL A. LOPES (00:40:45) – Apanhar. Isto sou eu, sou eu que estou em falta, sou eu que estou. Ou seja, o erro meu não é da máquina, porque ela vai ficar onde eu puser. O ponto é o outro, o outro é o sistema que acompanha a cara da pessoa. Portanto, se eu ficar naquela pessoa, naquela cara, ela, ela vai acompanhar para onde ela vai, desde que esteja dentro do.

JORGE CORREIA (00:41:04) – Mas há muitas, muitas coisas que isto é.

MIGUEL A. LOPES (00:41:06) – O ecrã da máquina.

JORGE CORREIA (00:41:07) – Mas tu num canto, por exemplo, tu tens muitas caras, tens muitas pernas, tens muito eu.

MIGUEL A. LOPES (00:41:11) – Aí eu ia. E o que eu digo? Eu ponho o ponto. No meio mais ou menos. Eu vejo o bolo nela, vai e é mais ou menos.

MIGUEL A. LOPES (00:41:18) – Eu vou acompanhar. Nesse caso vou tentar acompanhar a bola, porque quando a bola tiver está lá, o jogador.

JORGE CORREIA (00:41:22) – Está lá focado e os avançados tem sempre melhores fotos que os guarda redes.

MIGUEL A. LOPES (00:41:29) – Os guarda redes têm. Eu lembro me que no no no Euro 2016 tivemos um jogo, fomos a penaltis e o Rui Patrício defendeu dois ou três penaltis. Já não me lembro. E há 1A1 das fotos que que foi? Saiu em todo o lado que é ele a defender e ele está de olhos abertos a defender. Ele está completamente esticado, olhar para a bola e tem a mão na bola e está todo esticado. Ele é. A foto ficou espetacular e aí sim, mas durante o jogo há jogos que nem se gravou o guarda redes Ele está lá sozinho. A não ser que ele tenha uma grande reação ou que seja o protagonista do jogo porque ou fez um ganda frango ou fez uma grande defesa. Não é isso? Pronto, é só eu tal coisa e só contando a história, só vendo o que está a acontecer, se vale a pena ou não.

JORGE CORREIA (00:42:15) – Já agora, um outro pormenor técnico uma coisa é fotografar um jogo a noite lá está, com luz artificial. Imagino que nos estádios a luz seja sempre boa, mas eu vejo agora nos jogos da tarde em que tens metade do campo que está a sombra, metade que está ao sol. Não é fácil e mais difícil não é.

MIGUEL A. LOPES (00:42:32) – E não é fácil porque as fotos ao sol ficam boas e as fotos na sombra. Se tiver sol atrás eu posso iluminar a eles ou arrebentar o fundo, então não fica tão bonito, Não ficam tão boas, mas isso não há nada a fazer.

JORGE CORREIA (00:42:47) – E já agora, também uma outra curiosidade técnica. Vejo algumas fotografias em que aparece um jogador claramente e atrás lá está o fundo mais desfocado. Esse efeito é quase, quase de um de um buquê e outras em que aparece o jogador e aparece tudo no fundo. Isso também é uma técnica, seguramente tu preferes, tu escolhes o tipo de fotografia que queres fazer.

MIGUEL A. LOPES (00:43:09) – Claro. Eu, por exemplo, se eu estiver numa zona em que eu consiga ter um treinador e o outro.

MIGUEL A. LOPES (00:43:16) – Se o fizer, imagina da técnica. Se eu fizer com uma abertura de dois oito eu vou ter só um focado e o outro desfocado lá no fundo. Mas se eu fizer com uma abertura de, sei lá, sete um para cima, já vai começar a apanhar um e o outro. E às vezes é giro ter uma foto em que se vê os dois se estiverem na área técnica e se estiverem perto. Às vezes há uma foto engraçada que se vê os dois, os dois. Pronto, consegue se ter, ter. Ou seja, fotograficamente, para quem não percebe tudo o que é a linha, quem tiver nesta linha, na mesma linha do outro, estão sempre focados, mas se tiverem assim, eu já tenho de começar a optar O que é que eu vou focar ou não, ou se vou ficar tudo. Mas isso é uma opção minha técnica na altura.

JORGE CORREIA (00:43:57) – E já agora, entre o facto e a emoção, quando tu vais fotografar, escolhes o quê?

MIGUEL A. LOPES (00:44:04) – É o dois em um possível.

JORGE CORREIA (00:44:06) – Tu queres apanhar sempre a foto?

MIGUEL A. LOPES (00:44:09) – Sim, sim, sim, nós nós não usa Por acaso o nosso editor sempre disse que tentar captar o máximo de emoções possíveis, obviamente sem descurar a notícia, não é tal e tal que é tal coisa que eu posso ter muita emoção de uma equipa pequena festejar um grande, uma grande jogada num jogo contra um grande. Mas se calhar a história do jogo não é aquela emoção e o resto não é. Não é tanto essa emoção, mas a emoção do de Portugal. Se calhar olhar para o chão, sei lá, não é toda a Portugal. Estou outra equipa, pronto, a equipa maior, digamos assim.

JORGE CORREIA (00:44:47) – Olha o que é que tu esperas fotografar até ao fim do campeonato? Trazer o caneco, fazer a foto? Falta o número dois. Não há um Éder, mas de um outro qualquer jogador português claro, do Cristiano a segurar a taça.

MIGUEL A. LOPES (00:45:00) – Espero que sim. Vai ser difícil. Temos visto alguns jogos a equipas muito fortes, mas isto ainda está tudo a começar.

MIGUEL A. LOPES (00:45:07) – Portanto acho que estes três jogos primeiros é um bocado para afinar a seleção, aquilo que eu acho, mas também pronto. Aquela coisa do prognóstico só no fim do jogo. Eu acho que tem de ser jogo a jogo e tem de ser uma leitura muito boa de quem? Da parte técnica. Não é da parte do selecionador em perceber se vale a pena tirar, se vale a pena pôr se. Não está a correr bem daqui por dali. Acho que isso é tudo um bocado também. Xadrez não é só e depois, obviamente, a classe técnica de cada um. Mas eu não gosto muito falar dessas partes, porque senão a mim não me interessa muito. Eu estou ali para fazer o que está a acontecer e espero que Portugal chegue à final. E quem é isso que eu espero?

JORGE CORREIA (00:45:45) – Qual é a tua melhor foto das que tiraste?

MIGUEL A. LOPES (00:45:48) – Não, não, não, Não sei. Acho que é sempre a próxima. Acho que é sempre isso. Acho que nós temos. Mas acho que se perguntar a qualquer fotógrafo, acho que quase todos dizem isso porque eu já tive.

MIGUEL A. LOPES (00:46:00) – Eu não fotografo só futebol, já tive. Também estive na Ucrânia quando foi o início da guerra. São 17 anos a fotografar a política em Portugal e tudo e mais alguma coisa de eventos e coisas. Portanto. Não, não é por isso é que eu gosto também da parte da fotografia da agência é que fazemos um bocadinho de tudo, fazemos um bocadinho de tudo, não é Todos os dias, obviamente. Há muitos. Dizem que passamos a tarde a fazer os dias, a fazer assembleia e parlamento e é jogos de futebol mais pequenos, etc. Mas mas depois temos estas oportunidades de vir fazer assim grandes torneios e é ótimo.

JORGE CORREIA (00:46:37) – Miguel Lopes muito obrigado e bom torneio e boas fotos. Cá estamos para para ti, para te ver atrás da câmara.

MIGUEL A. LOPES (00:46:43) – Sim e depois divulguei as minhas redes sociais.

JORGE CORREIA (00:46:47) – Vou partilhar com vocês. Tu tens, aliás, um Instagram, Tu depois trabalhas. Além das coisas que nós vemos, lá está isso também. Se calhar uma dor de alguém que trabalha para uma agência que e as suas fotografias depois são vendidas e aparecem na imprensa mundial, o que faz parte da vida.

JORGE CORREIA (00:47:04) – Mas tu fazes umas coisas curiosas e eu vou pôr na página de pergunta simples, nas tuas, nas tuas próprias redes sociais. Tu fazes algumas brincadeiras e algumas coisas. Contas lado da história também.

MIGUEL A. LOPES (00:47:17) – Eu gosto estar aqui a mostrar um bocadinho o que é que é, do que é que as pessoas às vezes acham que isso é só chegar e fotografar. E não é. Isto é muita coisa. Ainda ontem, como eu disse, fizemos 400 e tal quilómetros depois do treino. É muito.

JORGE CORREIA (00:47:27) – Cansativo.

MIGUEL A. LOPES (00:47:28) – É e pronto. Essa parte logística. E depois há pequenas coisas que não se vêem, mas que depois contam muito. Sei lá. Ontem tive de pedir alguém aqui no hotel para me imprimirem o parque, porque eles é tudo digital, mas depois pedem uma folha impressa com o parque e então tivemos de arranjar.

JORGE CORREIA (00:47:43) – Os alemães ainda estão? Por acaso tenho lido nas tuas redes sociais uma coisa muito curiosa que é quando tu foste levantar a tua, a tua credencial. Nestes torneios toda a gente tem uma credencial que é a tua credencial.

JORGE CORREIA (00:47:55) – Estava pronta e estava ok, mas havia credenciais com erros.

MIGUEL A. LOPES (00:48:00) – Quase ninguém tinha, então ninguém tinha.

JORGE CORREIA (00:48:01) – O que está acontecer aos alemães, meu Deus do céu?

MIGUEL A. LOPES (00:48:03) – E eles queriam, eles queriam. Eles queriam que fosse, tivesse os nomes todos. Então os portugueses têm Maria Joaquina da Silva, Penedos Silva e eles queriam todos. Eu por acaso tinha. Por tudo. Mas porque me lembrei assim eu no passaporte tenho assim a melhor por todos. Porque normalmente quando penso acreditações até digo Miguel Lopes se eu tivesse feito isso não tinha a acreditação. E eu tive colegas que foram duas vezes fazer 100 quilómetros para cada lado para encontrar o centro de imprensa e chegarem lá e não terem a acreditação ainda.

JORGE CORREIA (00:48:34) – Portanto, aquele, aquele mito alemão da super organização caiu. O que é que se está a passar? Não sei, não.

MIGUEL A. LOPES (00:48:39) – Sei, não sei.

MIGUEL A. LOPES (00:48:40) – Não sei.

JORGE CORREIA (00:48:41) – Muito bem, Miguel Lopes. Um abraço e boas fotografias.

MIGUEL A. LOPES (00:48:45) – E podemos falar depois da final.

JORGE CORREIA (00:48:47) – E depois falamos seguramente depois da final, que é para que? É para tu me contar como é que foi esta fotografia do golo solitário que representa a vitória de Portugal?

MIGUEL A. LOPES (00:48:58) – Espero que sim.

JORGE CORREIA (00:48:59) – A esperança de ver Portugal ganhar outra vez um grande campeonato está sempre de pé e de ver a fotografia que mostra essa alegria. As fotos funcionam sempre como espelhos. Convocam nos para uma ação que parou no tempo. Recuperam o que estávamos a sentir naquele exacto momento e tu, onde estavas a 10 de Julho de 2016? E já agora, onde é que vais estar? A 14 de Julho de 2024? Até para a semana.

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