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Armadilhas da ficção histórica – uma conversa com Isadora Martins

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#041 –Você se lembra d’O nome da rosa? Já leu o livro?

Neste romance, Umberto Eco conduz o leitor para dentro dos monastérios da Idade Média. O autor constrói ali uma trama de mistério, envolvendo enigmas e assassinatos que lhe são contumazes.

O romance levou o então professor de semiótica da Universidade de Bolonha a ser conhecido mundialmente na literatura contemporânea. A adaptação cinematográfica de 1986 traz um sisudo Sean Connery no papel de William de Baskerville, polindo o personagem com um verniz de virilidade necessário a Hollywood. A força do romance, no entanto, está justamente em rejeitar estereótipos do passado para construir personagens com questões pessoais verdadeiras.

Como Umberto Eco fez isso? Como escrever ficção histórica e soar genuíno, sem temer que na próxima página o leitor vá pescar discrepâncias?

Umberto Eco é um consagrado pesquisador. Foi às fontes primárias, vestígios do passado que o historiador torna acessível ao romancista. Olhou para além dos sonhos febris de um tempo frequentemente romantizado, e que às vezes reproduzimos inconscientemente. É nas fontes que conseguimos aferir que um viking, fantasia favorita de supremacistas brancos nos EUA, é uma palavra utilizada na Idade Média para descrever atos de pirataria, e não uma categoria étnico-racial.

O passado, este território político, está cheio de armadilhas. Na discussão de romances em formação no meu curso A preparação do romance, surgiu na turma o tema bastante recorrente e pertinente de como escrever um bom romance histórico.

Como escolher bons nomes para a minha ficção? Ambientar o meu livro num universo tão distante do meu, com inspiração europeia, pode produzir distorções? De que tipo? Qual a diferença entre romancista histórico e historiador, e que liberdades o romancista não apenas pode, mas deve cometer?

Afinal, um romance histórico pode oferecer ao leitor o seu quinhão de catarse e entretenimento. Mas não existe uma literatura “inocente”, imparcial, despojada de concepções de mundo.

No Prelo desta semana, Tiago convidou Isadora Martins para uma conversa. Além de colaboradora do canal, Isadora é historiadora e medievalista formada pela USP. Escrevendo a sua primeira ficção especulativa, Isadora apresentou um olhar singular sobre as possibilidades e perigos de ficcionalizar o passado.

Obras mencionadas no episódio:

Visão do Paraíso, Sérgio Buarque de Hollanda
A Letra e a Voz, Paul Zumthor
O Diabo e a Terra de Santa Cruz, Laura de Mello e Souza
O Queijo e os Vermes, Carlo Ginzburg
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E hoje quero fazer um convite: dia 6 de maio, às 19h, uma segunda-feira, vou coordenar uma formação online gratuita chamada Mínima Linha Infinita – O Caminho do Haikai para a Poesia, ministrada pelo aclamado poeta e editor Tarso de Melo.
Quer descobrir os mistérios da língua?
Então clique no link e garanta a sua vaga: https://bit.ly/poesia-prelo

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Neste romance, Umberto Eco conduz o leitor para dentro dos monastérios da Idade Média. O autor constrói ali uma trama de mistério, envolvendo enigmas e assassinatos que lhe são contumazes.

O romance levou o então professor de semiótica da Universidade de Bolonha a ser conhecido mundialmente na literatura contemporânea. A adaptação cinematográfica de 1986 traz um sisudo Sean Connery no papel de William de Baskerville, polindo o personagem com um verniz de virilidade necessário a Hollywood. A força do romance, no entanto, está justamente em rejeitar estereótipos do passado para construir personagens com questões pessoais verdadeiras.

Como Umberto Eco fez isso? Como escrever ficção histórica e soar genuíno, sem temer que na próxima página o leitor vá pescar discrepâncias?

Umberto Eco é um consagrado pesquisador. Foi às fontes primárias, vestígios do passado que o historiador torna acessível ao romancista. Olhou para além dos sonhos febris de um tempo frequentemente romantizado, e que às vezes reproduzimos inconscientemente. É nas fontes que conseguimos aferir que um viking, fantasia favorita de supremacistas brancos nos EUA, é uma palavra utilizada na Idade Média para descrever atos de pirataria, e não uma categoria étnico-racial.

O passado, este território político, está cheio de armadilhas. Na discussão de romances em formação no meu curso A preparação do romance, surgiu na turma o tema bastante recorrente e pertinente de como escrever um bom romance histórico.

Como escolher bons nomes para a minha ficção? Ambientar o meu livro num universo tão distante do meu, com inspiração europeia, pode produzir distorções? De que tipo? Qual a diferença entre romancista histórico e historiador, e que liberdades o romancista não apenas pode, mas deve cometer?

Afinal, um romance histórico pode oferecer ao leitor o seu quinhão de catarse e entretenimento. Mas não existe uma literatura “inocente”, imparcial, despojada de concepções de mundo.

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Obras mencionadas no episódio:

Visão do Paraíso, Sérgio Buarque de Hollanda
A Letra e a Voz, Paul Zumthor
O Diabo e a Terra de Santa Cruz, Laura de Mello e Souza
O Queijo e os Vermes, Carlo Ginzburg
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E hoje quero fazer um convite: dia 6 de maio, às 19h, uma segunda-feira, vou coordenar uma formação online gratuita chamada Mínima Linha Infinita – O Caminho do Haikai para a Poesia, ministrada pelo aclamado poeta e editor Tarso de Melo.
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