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Akira Kurosawa (Parte 18): A Fortaleza Escondida é mais importante que Sete Samurais

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A Fortaleza Escondida é um filme de 1958 dirigido por Akira Kurosawa e estrelado por Toshiro Mifune e a belíssima Misa Uehara.

Este filme é o que melhor representa o termo “subestimado”.

Apesar de ser um filme pouco lembrado, trata-se de um mais importantes filmes da história do cinema e está marcado para sempre como a principal influência de uma das obras mais importantes da cultura pop: Star Wars.

Segundo George Lucas, A Fortaleza Escondida o influenciou em quase tudo criação do seu magnum opus, desde a narrativa da princesa perseguida (no caso, a princesa Leia) quanto pela técnica de contar o filme pela visão de dois personagens coadjuvantes com flertes cômicos (no caso, C-3PO e R2-D2).

A história do filme se passa em um Japão castigado por uma intensa guerra entre clãs.

Aqui, acompanhamos a saga dramática e cômica de dois camponeses: Tahei (interpretado por Minoru Chiaki) e Matashichi (interpretado por Kamatari Fujiwara).

Esses dois personagens possuem uma relação difícil e ambígua entre si, sempre oscilando entre a amizade e a trapaça, entre a briga e a camaradagem.

No filme, ambos estão fugindo da destruição causada por uma das batalhas dessa guerra de clãs.

Durante a fuga, eles encontram o general Rokurota Makabe (interpretado por Toshiro Mifune), que está escoltando a princesa Yuki (interpretada por Misa Uehara) junto com a sua corte e suas riquezas.

Rokurota Makabe é um guerreiro habilidoso e um servo dedicado de Yuki (e isso, em uma sociedade sã e ordenada, não tem conotações ruins), que vive integralmente sua missão, com lealdade devota ao seu clã.

A princesa Yuki é uma garota com um temperamento tempestuoso que muitas vezes pode ser confundido com impaciência, arrogância e altivez (o que seria natural de uma princesa). No entanto, ela possui impulsos muito fortes de bondade e empatia que são explícitos no filme.

Os camponeses passam a acompanhar o general e a princesa, pensando em roubar o ouro.

Rokurota, que já sabe dessas intenções, instrumentaliza essa ganância para que eles, sem saber, possam ajudar os nobres fugitivos com a carga.

O grupo então segue seu caminho em território inimigo, buscando um lugar onde a princesa e o general possam reconstruir um exército para retomar suas terras perdidas.

Se vocês perceberem, a história do filme se assemelha muito à de outro filme dirigido por Akira Kurosawa chamado “Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre“, que, por sua vez, é baseado numa peça de teatro Kabuki chamada “Kanjinchō“.

Tanto este filme quanto “Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre” mostram que personagens como Rokurota e Benkei possuem um aspecto heróico e idealista, mas isso não os torna cegos para as maldades do mundo. Eles não são caricaturas quixotescas de idealistas ou sonhadores que vagam por um mundo que não mais os compreende. Eles estão plenamente conscientes da decadência do mundo e reconhecem que a reverência ao sagrado muitas vezes não tem relevância para algumas pessoas.

Portanto, eles não se tornam manipuláveis e estão longe de ser ingênuos. Pelo contrário, eles utilizam a astúcia dos cínicos e manipuladores, que eles conhecem e mapeiam muito bem, para alcançar seus próprios objetivos.

Existe aqui um sinal de respeito com a figura do herói tradicional que é muito bem vinda, especialmente nos dias de hoje onde até mesmo a religião é tida como algo próprio da infância da humanidade. Na verdade é o contrário. O homem que não vive pelo sagrado ou pelo ideal é o verdadeiro ingênuo. O homem que vive para servir algo maior que ele, como é o caso de Rokurota, é muito menos manipulável do que o homem que vive apenas pelas suas paixões.

Eis aqui a moral Escondida na Fortaleza.

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Este filme é o que melhor representa o termo “subestimado”.

Apesar de ser um filme pouco lembrado, trata-se de um mais importantes filmes da história do cinema e está marcado para sempre como a principal influência de uma das obras mais importantes da cultura pop: Star Wars.

Segundo George Lucas, A Fortaleza Escondida o influenciou em quase tudo criação do seu magnum opus, desde a narrativa da princesa perseguida (no caso, a princesa Leia) quanto pela técnica de contar o filme pela visão de dois personagens coadjuvantes com flertes cômicos (no caso, C-3PO e R2-D2).

A história do filme se passa em um Japão castigado por uma intensa guerra entre clãs.

Aqui, acompanhamos a saga dramática e cômica de dois camponeses: Tahei (interpretado por Minoru Chiaki) e Matashichi (interpretado por Kamatari Fujiwara).

Esses dois personagens possuem uma relação difícil e ambígua entre si, sempre oscilando entre a amizade e a trapaça, entre a briga e a camaradagem.

No filme, ambos estão fugindo da destruição causada por uma das batalhas dessa guerra de clãs.

Durante a fuga, eles encontram o general Rokurota Makabe (interpretado por Toshiro Mifune), que está escoltando a princesa Yuki (interpretada por Misa Uehara) junto com a sua corte e suas riquezas.

Rokurota Makabe é um guerreiro habilidoso e um servo dedicado de Yuki (e isso, em uma sociedade sã e ordenada, não tem conotações ruins), que vive integralmente sua missão, com lealdade devota ao seu clã.

A princesa Yuki é uma garota com um temperamento tempestuoso que muitas vezes pode ser confundido com impaciência, arrogância e altivez (o que seria natural de uma princesa). No entanto, ela possui impulsos muito fortes de bondade e empatia que são explícitos no filme.

Os camponeses passam a acompanhar o general e a princesa, pensando em roubar o ouro.

Rokurota, que já sabe dessas intenções, instrumentaliza essa ganância para que eles, sem saber, possam ajudar os nobres fugitivos com a carga.

O grupo então segue seu caminho em território inimigo, buscando um lugar onde a princesa e o general possam reconstruir um exército para retomar suas terras perdidas.

Se vocês perceberem, a história do filme se assemelha muito à de outro filme dirigido por Akira Kurosawa chamado “Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre“, que, por sua vez, é baseado numa peça de teatro Kabuki chamada “Kanjinchō“.

Tanto este filme quanto “Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre” mostram que personagens como Rokurota e Benkei possuem um aspecto heróico e idealista, mas isso não os torna cegos para as maldades do mundo. Eles não são caricaturas quixotescas de idealistas ou sonhadores que vagam por um mundo que não mais os compreende. Eles estão plenamente conscientes da decadência do mundo e reconhecem que a reverência ao sagrado muitas vezes não tem relevância para algumas pessoas.

Portanto, eles não se tornam manipuláveis e estão longe de ser ingênuos. Pelo contrário, eles utilizam a astúcia dos cínicos e manipuladores, que eles conhecem e mapeiam muito bem, para alcançar seus próprios objetivos.

Existe aqui um sinal de respeito com a figura do herói tradicional que é muito bem vinda, especialmente nos dias de hoje onde até mesmo a religião é tida como algo próprio da infância da humanidade. Na verdade é o contrário. O homem que não vive pelo sagrado ou pelo ideal é o verdadeiro ingênuo. O homem que vive para servir algo maior que ele, como é o caso de Rokurota, é muito menos manipulável do que o homem que vive apenas pelas suas paixões.

Eis aqui a moral Escondida na Fortaleza.

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