Fique off-line com o app Player FM !
No mundo acadêmico, posições pró-Palestina flertam com antissemitismo, diz revista
Manage episode 408412946 series 2281764
Revistas francesas analisam, esta semana, as consequências dos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. No mundo acadêmico, as posições pró-Palestina se exacerbam, alimentando discursos em defesa do Sul Global e, algumas vezes, flertando com o antissemitismo.
“O importante choque geopolítico alimenta os discursos de todos os que sonham em opor um ‘Sul global’ a um ‘Norte colonialista e imperialista’”, com Israel identificado ao norte e a Palestina ao sul, diz Gilles Kepel, autor do livro Holocaustes (Holocaustos), em entrevista à revista L’Express.
Para ele, a fratura divide as sociedades ocidentais, começando pelas universidades mais prestigiosas como Harvard, nos Eestados Unidos, ou a francesa Sciences Po.
Ele traça pontos comuns entre a engrenagem de violência causada pelo ataque do 7 de outubro (em Tel Aviv) e o do 11 de setembro, em Nova York. Em ambos os casos, duas potências militares “orgulhosas” e “invencíveis” como Estados Unidos e Israel foram atingidas em seu território. George Bush, presidente estadunidense na época, declarou guerra contra o terrorismo invadindo o Iraque, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, envia tropas para a Faixa de Gaza.
Conflito universitário
Mas o conflito no Oriente Médio se instalou também no meio dos países ocidentais, principalmente no mundo universitário. A presidente da Universidade de Harvard, Claudine Gay, foi obrigada a pedir demissão após ser acusada de não proteger estudantes judeus.
Enquanto na França, cursos sobre o Oriente Médio foram cancelados na École Normale Supérieur (Escola Normal Superior).
Nos EUA, não apenas a juventude diplomada se posiciona ao lado da Palestina, mas, em estados como Michigan, um certo número de americanos muçulmanos ameaça a base eleitoral do presidente Joe Biden. Eles acusam o atual líder de Estado de ser muito favorável a Israel. “Isso cria novas linhas de fratura no interior dos países do Norte”, diz Kepel.
Fique mais perto da RFI Brasil fazendo parte do nosso canal no WhatsApp.
Contágio antissemita
A semanal Le Point fala de “contágio antissemita” nos meios acadêmicos e destaca o caso que aconteceu na Sciences Po, em Paris, no dia 12 de março, quando ativistas “pró-Gaza” invadiram um dos anfiteatros da faculdade, abriram grandes bandeiras palestinas e bloquearam a entrada de uma aluna, membro da União dos Estudantes Judeus da França (UEJF).
A UEJF apresentou denúncia por “incitação ao ódio e à discriminação”. Por sua vez, a Sciences Po abriu uma investigação administrativa, reconhecendo, à revista, que “várias linhas vermelhas foram ultrapassadas”.
De acordo com o texto, Le Point entrevistou vários estudantes e professores que dizem não reconhecerem mais a Sciences Po, que está passando por profundas mudanças. “Durante vários anos, a fábrica de criação de ‘elites’” na França, “foi infiltrada por uma minoria de esquerda radical, barulhenta, organizada e hiperativa”, diz a revista conservadora.
O clima tumultuado se reflete nas aulas. Cursos que abordam a história dos genocídios se transformam inevitavelmente em um debate sobre Gaza, lamenta a publicação.
103 episódios
Manage episode 408412946 series 2281764
Revistas francesas analisam, esta semana, as consequências dos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. No mundo acadêmico, as posições pró-Palestina se exacerbam, alimentando discursos em defesa do Sul Global e, algumas vezes, flertando com o antissemitismo.
“O importante choque geopolítico alimenta os discursos de todos os que sonham em opor um ‘Sul global’ a um ‘Norte colonialista e imperialista’”, com Israel identificado ao norte e a Palestina ao sul, diz Gilles Kepel, autor do livro Holocaustes (Holocaustos), em entrevista à revista L’Express.
Para ele, a fratura divide as sociedades ocidentais, começando pelas universidades mais prestigiosas como Harvard, nos Eestados Unidos, ou a francesa Sciences Po.
Ele traça pontos comuns entre a engrenagem de violência causada pelo ataque do 7 de outubro (em Tel Aviv) e o do 11 de setembro, em Nova York. Em ambos os casos, duas potências militares “orgulhosas” e “invencíveis” como Estados Unidos e Israel foram atingidas em seu território. George Bush, presidente estadunidense na época, declarou guerra contra o terrorismo invadindo o Iraque, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, envia tropas para a Faixa de Gaza.
Conflito universitário
Mas o conflito no Oriente Médio se instalou também no meio dos países ocidentais, principalmente no mundo universitário. A presidente da Universidade de Harvard, Claudine Gay, foi obrigada a pedir demissão após ser acusada de não proteger estudantes judeus.
Enquanto na França, cursos sobre o Oriente Médio foram cancelados na École Normale Supérieur (Escola Normal Superior).
Nos EUA, não apenas a juventude diplomada se posiciona ao lado da Palestina, mas, em estados como Michigan, um certo número de americanos muçulmanos ameaça a base eleitoral do presidente Joe Biden. Eles acusam o atual líder de Estado de ser muito favorável a Israel. “Isso cria novas linhas de fratura no interior dos países do Norte”, diz Kepel.
Fique mais perto da RFI Brasil fazendo parte do nosso canal no WhatsApp.
Contágio antissemita
A semanal Le Point fala de “contágio antissemita” nos meios acadêmicos e destaca o caso que aconteceu na Sciences Po, em Paris, no dia 12 de março, quando ativistas “pró-Gaza” invadiram um dos anfiteatros da faculdade, abriram grandes bandeiras palestinas e bloquearam a entrada de uma aluna, membro da União dos Estudantes Judeus da França (UEJF).
A UEJF apresentou denúncia por “incitação ao ódio e à discriminação”. Por sua vez, a Sciences Po abriu uma investigação administrativa, reconhecendo, à revista, que “várias linhas vermelhas foram ultrapassadas”.
De acordo com o texto, Le Point entrevistou vários estudantes e professores que dizem não reconhecerem mais a Sciences Po, que está passando por profundas mudanças. “Durante vários anos, a fábrica de criação de ‘elites’” na França, “foi infiltrada por uma minoria de esquerda radical, barulhenta, organizada e hiperativa”, diz a revista conservadora.
O clima tumultuado se reflete nas aulas. Cursos que abordam a história dos genocídios se transformam inevitavelmente em um debate sobre Gaza, lamenta a publicação.
103 episódios
Todos os episódios
×Bem vindo ao Player FM!
O Player FM procura na web por podcasts de alta qualidade para você curtir agora mesmo. É o melhor app de podcast e funciona no Android, iPhone e web. Inscreva-se para sincronizar as assinaturas entre os dispositivos.