A caravana

Agora, agora e mais agora

Esta é a primeira conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo. Por volta do ano 900, um homem viajava pelos caminhos da Ásia Central, certamente ao longo de uma das várias estradas a que coletivamente damos o nome de Rota da Seda. Viajava a pé, a cavalo ou de camelo. Provavelmente integrado num grupo, mas não sabemos se integrou esse grupo sozinho ou acompanhado. Vinha de oriente para ocidente, mas não sabemos exatamente de onde nem quando. Talvez tenha feito desvios, ou interrompido a sua viagem a meio do caminho, por alguns dias, meses ou até anos. Também não sabemos. O homem que ali vai legou-nos algumas das considerações mais importantes acerca da melhor maneira de vivermos em conjunto, como confiarmos uns nos outros, como organizarmos as cidades e salvarmos o mundo. De caminho, explicou também como se pode atingir a felicidade. Mas tudo isso pode esperar. Primeiro quero contar-vos um pouco sobre a sua vida e os seus tempos. Sabemos apenas para onde ele ia e como se chamava, ou lhe chamaram. O seu nome era Abu Nasr al-Farabi, ou melhor, Abū Naṣr Muḥammad ibn Muḥammad al Fārābī, embora talvez não tenha sido esse o nome que teve à nascença. Ficou conhecido por Farabi, Al Farabi, às vezes mais raramente por Abunazar ou Abunazer. E às vezes pelo seu cognome de *al-faylasuf*, ou seja, “o filósofo”. Vamos chamar-lhe Al Farabi. Descubra mais podcasts em www.publico.pt/podcasts