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4ª edição do festival DjarFogo assinala centenário de Amílcar Cabral

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​A 4ª edição do DjarFogo International Film Festival está a decorrer esta semana em Cabo Verde. O evento destaca filmes tanto do continente africano quanto da diáspora, e tem como tema "Libertação através da Cultura". Esta edição presta uma homenagem ao centenário de nascimento de Amílcar Cabral, com uma selecção de filmes que abordam temas como "resistência, identidade e a luta pela liberdade", como explica o director do festival, Guenny Pires.

RFI: Como é que arrancou o festival?

Genny Pires: Arrancou muito bem. Não podia ter sido da melhor forma, uma vez que tivemos actividades na Universidade de Cabo Verde, actividades também no Centro Cultural Português com a exibição do filme Mário, sobre Mário Pinto de Andrade. Tivemos uma sala cheia com estudantes e professores e vários convidados. Foi uma coisa muito linda. O festival está a decorrer da melhor forma possível, tivemos uma excelente abertura com a apresentação de um grupo, as Batuquinhas PBS, que apresentaram três temas ligados à luta de libertação e músicas muito importantes no contexto da criação ou da reafirmação da identidade cabo-verdiana. Estamos muito felizes e esperançosos de que o projecto vai continuar e vai ter cada vez mais oportunidades de poder trazer mais cineastas aqui e contar com a contribuição, de forma humilde, da produção que se faz no país, mas sobretudo trazer o mundo para Cabo Verde e poder fazer com que o mundo possa filmar aqui em Cabo Verde e possa partilhá-lo com o resto do mundo.

Como sabemos, Cabo Verde é um país que tem uma diáspora muito grande. Este festival focaliza nos filmes do continente africano; temos 25 filmes do continente e os outros filmes da diáspora, que também são filmes daqui de Cabo Verde e estamos muito agradecidos e muito contentes com a abertura. O festival continua nos próximos dias na Ilha do Fogo. Vamos ter uma homenagem especial ao ex-Presidente de Cabo Verde, o comandante Pedro Pires que foi agraciado pelo DjarFogo International Film Festival com o prémio ícone cultural. Estamos satisfeitos e que temos muito, muito trabalho pela frente.

Na Ilha do Fogo vamos ter actividades nas escolas e vamos aos três concelhos da ilha. Também teremos a finalização do evento com a entrega de prémios. O festival decidiu entregar 20 a 25 prémios durante o encerramento do festival.

O festival tem como tema Libertação através da Cultura. O que é que este tema significa e como é que se reflecte nos filmes seleccionados?

É precisamente por causa da homenagem que estamos a fazer desde o início do ano em torno da personalidade de Amílcar Cabral. Este tema reflecte a luta de libertação de África, dos países que falam português. Mais do que isso, os filmes foram seleccionados com base nos temas dos filmes que vão de encontro com o tema principal do festival. Começando pelo filme de Samir Amin, que é franco-egípcio francês, um intelectual e político, este filme passou na Universidade de Cabo Verde. Temos um outro filme sobre música em Lisboa... Tudo a ver com africanidade que discute questões culturais e identitárias.

Que filmes ou eventos específicos estão alinhados ao centenário de nascimento de Amílcar Cabral?

Temos o filme Sonhos de uma Revolução, um filme de Moçambique. Temos um filme da Guiné-Bissau que Mon di Timba. Temos outro filme da Guiné-Bissau que é antigo e temos um filme também de São Tomé sobre aquela história de 1953 que morreram várias pessoas no massacre..

de Bafatá...

Sim. Há filmes desses países, outros da diáspora, por exemplo, temos um filme sobre Oakland, na Califórnia, que trata questões de afro-descendentes, que fala sobre a questão da brutalidade policial e discriminação. Depois temos filmes de animação, um filme da Austrália que também vai, neste sentido, de redescobrir a sua pessoa através do cinema. Todos os filmes que temos têm a ver com o tema principal do festival, que é sobre a liberação através da cultura. Nós escolhemos este tema para poder fazer um casamento agradável com o centenário de Amílcar Cabral.

Como referiu, o cinema permite-nos reflectir sobre o mundo e sobre as problemáticas actuais, nomeadamente sobre a questão da violência racial. É importante que a arte e, neste caso, o cinema, crie um espaço para o pensamento?

É verdade que se tivermos em conta que o cinema como uma das ferramentas mais poderosas para ensinar, até para conhecermos quem somos, os filmes e o cinema podem ajudar-nos a desbravar e conhecermo-nos. Mas, mais do que isso, dar-nos a possibilidades de, por exemplo, contarmos a nossa história a partir da nossa própria perspectiva e de uma perspectiva africanista, mas também numa perspectiva de mistura de culturas. Este festival é uma forma de também as pessoas poderem ver coisas que, muitas vezes, são invisíveis ou acessíveis de outra forma.

Esse é um dos principais desafios desta edição?

Sim, porque um país pequeno como Cabo Verde, com várias dificuldades, sobretudo num ano de eleição em que as dificuldades são muito maiores, há uma certa tendência a esperar até o último minuto para resolverem as coisas. Para nós, tudo isso é uma aprendizagem constante, uma aprendizagem agradável, embora com vários constrangimentos, sobretudo financeiros porque queremos trazer vários cineastas e queremos criar condições porque o cineasta vive de ir ao festival e é ali que, de facto, pode ser reconhecido e pode trocar experiências por criar co-produções. Nesse sentido, este ano propomos oito projectos de documentários, de filmes documentários, com o nosso parceiro da Colónia Pitch the Doc, que vai seleccionar oito projectos, entre os quais três destes projectos de Cabo Verde.

Cabo Verde ainda não tem uma indústria de cinema. Estamos numa fase muito incipiente, de modo que a nossa preocupação é sempre trazer algo que possa ajudar localmente, mas também que possa ir entrando e sinalizar o cinema cabo-verdiano. É poder contribuir para o desenvolvimento da sociedade cabo-verdiana e poder projectá-lo e criar uma marca de Cabo Verde. Estamos muito animados e muito determinado e confiante no resultado que terá que levar o seu tempo naturalmente, mas pouco a pouco estamos a dar um salto e estamos a internacionalizar cada vez mais este cinema.

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RFI: Como é que arrancou o festival?

Genny Pires: Arrancou muito bem. Não podia ter sido da melhor forma, uma vez que tivemos actividades na Universidade de Cabo Verde, actividades também no Centro Cultural Português com a exibição do filme Mário, sobre Mário Pinto de Andrade. Tivemos uma sala cheia com estudantes e professores e vários convidados. Foi uma coisa muito linda. O festival está a decorrer da melhor forma possível, tivemos uma excelente abertura com a apresentação de um grupo, as Batuquinhas PBS, que apresentaram três temas ligados à luta de libertação e músicas muito importantes no contexto da criação ou da reafirmação da identidade cabo-verdiana. Estamos muito felizes e esperançosos de que o projecto vai continuar e vai ter cada vez mais oportunidades de poder trazer mais cineastas aqui e contar com a contribuição, de forma humilde, da produção que se faz no país, mas sobretudo trazer o mundo para Cabo Verde e poder fazer com que o mundo possa filmar aqui em Cabo Verde e possa partilhá-lo com o resto do mundo.

Como sabemos, Cabo Verde é um país que tem uma diáspora muito grande. Este festival focaliza nos filmes do continente africano; temos 25 filmes do continente e os outros filmes da diáspora, que também são filmes daqui de Cabo Verde e estamos muito agradecidos e muito contentes com a abertura. O festival continua nos próximos dias na Ilha do Fogo. Vamos ter uma homenagem especial ao ex-Presidente de Cabo Verde, o comandante Pedro Pires que foi agraciado pelo DjarFogo International Film Festival com o prémio ícone cultural. Estamos satisfeitos e que temos muito, muito trabalho pela frente.

Na Ilha do Fogo vamos ter actividades nas escolas e vamos aos três concelhos da ilha. Também teremos a finalização do evento com a entrega de prémios. O festival decidiu entregar 20 a 25 prémios durante o encerramento do festival.

O festival tem como tema Libertação através da Cultura. O que é que este tema significa e como é que se reflecte nos filmes seleccionados?

É precisamente por causa da homenagem que estamos a fazer desde o início do ano em torno da personalidade de Amílcar Cabral. Este tema reflecte a luta de libertação de África, dos países que falam português. Mais do que isso, os filmes foram seleccionados com base nos temas dos filmes que vão de encontro com o tema principal do festival. Começando pelo filme de Samir Amin, que é franco-egípcio francês, um intelectual e político, este filme passou na Universidade de Cabo Verde. Temos um outro filme sobre música em Lisboa... Tudo a ver com africanidade que discute questões culturais e identitárias.

Que filmes ou eventos específicos estão alinhados ao centenário de nascimento de Amílcar Cabral?

Temos o filme Sonhos de uma Revolução, um filme de Moçambique. Temos um filme da Guiné-Bissau que Mon di Timba. Temos outro filme da Guiné-Bissau que é antigo e temos um filme também de São Tomé sobre aquela história de 1953 que morreram várias pessoas no massacre..

de Bafatá...

Sim. Há filmes desses países, outros da diáspora, por exemplo, temos um filme sobre Oakland, na Califórnia, que trata questões de afro-descendentes, que fala sobre a questão da brutalidade policial e discriminação. Depois temos filmes de animação, um filme da Austrália que também vai, neste sentido, de redescobrir a sua pessoa através do cinema. Todos os filmes que temos têm a ver com o tema principal do festival, que é sobre a liberação através da cultura. Nós escolhemos este tema para poder fazer um casamento agradável com o centenário de Amílcar Cabral.

Como referiu, o cinema permite-nos reflectir sobre o mundo e sobre as problemáticas actuais, nomeadamente sobre a questão da violência racial. É importante que a arte e, neste caso, o cinema, crie um espaço para o pensamento?

É verdade que se tivermos em conta que o cinema como uma das ferramentas mais poderosas para ensinar, até para conhecermos quem somos, os filmes e o cinema podem ajudar-nos a desbravar e conhecermo-nos. Mas, mais do que isso, dar-nos a possibilidades de, por exemplo, contarmos a nossa história a partir da nossa própria perspectiva e de uma perspectiva africanista, mas também numa perspectiva de mistura de culturas. Este festival é uma forma de também as pessoas poderem ver coisas que, muitas vezes, são invisíveis ou acessíveis de outra forma.

Esse é um dos principais desafios desta edição?

Sim, porque um país pequeno como Cabo Verde, com várias dificuldades, sobretudo num ano de eleição em que as dificuldades são muito maiores, há uma certa tendência a esperar até o último minuto para resolverem as coisas. Para nós, tudo isso é uma aprendizagem constante, uma aprendizagem agradável, embora com vários constrangimentos, sobretudo financeiros porque queremos trazer vários cineastas e queremos criar condições porque o cineasta vive de ir ao festival e é ali que, de facto, pode ser reconhecido e pode trocar experiências por criar co-produções. Nesse sentido, este ano propomos oito projectos de documentários, de filmes documentários, com o nosso parceiro da Colónia Pitch the Doc, que vai seleccionar oito projectos, entre os quais três destes projectos de Cabo Verde.

Cabo Verde ainda não tem uma indústria de cinema. Estamos numa fase muito incipiente, de modo que a nossa preocupação é sempre trazer algo que possa ajudar localmente, mas também que possa ir entrando e sinalizar o cinema cabo-verdiano. É poder contribuir para o desenvolvimento da sociedade cabo-verdiana e poder projectá-lo e criar uma marca de Cabo Verde. Estamos muito animados e muito determinado e confiante no resultado que terá que levar o seu tempo naturalmente, mas pouco a pouco estamos a dar um salto e estamos a internacionalizar cada vez mais este cinema.

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