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Humoristas em França são "cada vez mais cuidadosos" após piada levar a demissão na rádio pública

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O humor em França tem uma longa história e tradição, mas nos últimos meses o afastamento de um conhecido humorista, Guillaume Meurice, das antenas da rádio pública devido a uma piada sobre o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu abalou o país. Em entrevista à RFI, o humorista franco-português, Mike de Sá, diz que actualmente os humoristas são "cada vez mais cuidadosos" quando estão em palco.

Berço da Declaração de Direitos do Homem de 1789, a França tem uma longa história de liberdade de expressão. Antes desta declaração, foram homens como Moliére ou Voltaire que desafiaram as convenções sociais vigentes para com ironia para chamar a atenção da sociedade para problemas importantes do seu tempo, mais tarde, já nos anos 80, humoristas como Coluche comentavam de forma simples e mordaz a vida francesa.

Uma tradição de humor que passa actualmente por comentários na rádios, onde vários humoristas fazem crónicas matinais onde esmiuçam a vida política e a actualidade. Guillaume Meurice, um humorista que intervinha na France Inter, a rádio mais ouvida em França, fazia regularmente programas onde entrevistava vários cidadãos anónimos brincando depois com as respostas sobre as preferências políticas ou posicionamento dos franceses em conflitos internacionais.

No final de Outubro de 2023, o humorista fez uma referência ao primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu que levou a duas queixas por referências anti-semitas. Esta queixa foi depois arquivada e Meurice ilibado, com o humorista a fazer a mesma referência no mês de maio. Nesse momento, a direcção da Radio France, grupo público que detém a France Inter, suspendeu-o das suas emissões, tendo-o em seguida demitido por "deslealdade repetida". Esta demissão foi contestada por vários humoristas, com muitos a baterem a saírem também da France Inter.

Mike de Sá, humorista franco-português e fundador do espectáculo Portugal Comedy Club, considera que os humoristas em França têm cada vez mais cuidado com as suas piadas e a sua repercurssão na internet.

"O trabalho que fazemos é suposto ser, sobretudo, baseado na liberdade de expressão. Mas, de um modo geral, somos cada vez mais cuidadosos. É esse o problema. Já não estamos na época de Coluche ou de Desproges, em que as pessoas tomavam a liberdade de dizer certas coisas que, na altura, também já as penalizavam. Hoje, o que fazemos, o que somos, no fundo, é desdramatizar o que se passa na sociedade. Simplesmente, para mim, se há uma piada de que não gostamos ou que nos magoa, então não é uma boa piada. Desproges até dizia isso, que não se pode rir de tudo e não se pode rir com qualquer um. Mas hoje em dia está tudo nas redes sociais. Fazemos uma piada de um minuto e só vai para as redes uma parte mais escandalosa. Isola-se só a parte que pode ter sido ofensiva. Portanto, hoje está a ficar um pouco complicado. No caso de Guillaume, a piada que deu origem a esta polémica não me fez rir, mas também não me chocou. Agora, ele está num campeonato diferente. Meurice é provocador, muito político. Por isso, não fiquei surpreendido com o que ele fez. Quanto aos outros comediantes que também se demitiram, eu consigo compreender a solidariedade e claro que se sentem ameaçados. Eles sentem quase que têm de se policiar a cada piada. Agora, as piadas é como tudo, não se pode agradar a toda a gente, por isso as pessoas ou gostam ou não gostam", disse o humorista.

Por ser uma rádio pública onde, apesar de alguns incidentes, a liberdade criativa parecia assegurada, a demissão de Guillaume Meurice levou a um movimento de solidariedade não só de colegas, mas também de ouvintes, com o comediante a ter feito mesmo uma festa de despedida aberta a todos no final da semana passada. Esta demissão chocou Mike de Sá.

"A situação com a France Inter chocou-me um pouco porque ele foi ilibado e o tribunal disse que não houve racismo. É isso é que é doloroso nesta história. A piada dele não foi considerada racista. O que se passou depois, é que houve algumas provocações entre o Guillaume Meurice e a France Inter e terá sido a continuação desta situação tensa, com piadas e ameaças e isso foi dado como razão para o despedimento dele. Foi como se assistíssemos a um casal que não parava de se picar", explicou.

Com um humor menos político do que Guillaume Meurice, Mike de Sá diz que os humoristas têm hoje medo de ser mal interpretados em todo os âmbitos da comédia, levando a uma auto-censura.

"Não se deve ter medo da liberdade de expressão, mas hoje é preciso ter cuidado. Uma piada pode ser cortada para um vídeo curto e vai ser mal interpretada. E, claro, quando subimos ao palco temos responsabilidade sobre o que vamos dizer, porque falamos para muita gente, tal como Coluche ou Desproges o fizeram. Portanto, há que ter cuidado com o que se diz. E hoje, vivemos numa sociedade em que reprovamos e julgamos à mínima coisa. O meu humor, por exemplo, é muito diferente do de Guillaume Meurice, é mais ligeiro, mais familiar e quero que as pessoas se riam e se sintam bem. Não tenho esse registo político. Eu encarno uma personagem divertida, cómica. Às vezes funciona, outras vezes não, e tento que haja contundência por detrás das minhas piadas, mas e alguém fica chateado? Pode ser mal interpretado. Tudo depende da personagem que encarnamos e hoje, entre nós humoristas, temos medo de ser mal interpretados e julgados severamente na praça pública por uma piada", indicou.

O projecto Portugal Comedy Club reúne humoristas lusófonos em França e fala das diferentes realidades da comunidade portuguesa, brasileira ou angolana. Mesmo tocando em temas polémicos como a imigração e o comunitarismo em França, Mike de Sá diz que até agora não houve piadas que levaram a um mal-estar na audiência.

"Nunca senti isso no nosso espectáculo Portugal Comedy Club. Quer vindo do público, quer fosse uma percepção minha. Eu pessoalmente, no meu espectáculo individual, já senti. O público do Portugal Comedy Club é um público novo que chega ao stand up e que veio para ouvir falar de Portugal, Brasil ou Angola. Este é um espectáculo que nos permite ainda essa tal liberdade de expressão e há simpatia pelos humoristas que estão no palco. Por enquanto, sinto muito boa vontade do público", disse.

Já no seu espectáculo individual, Mike de Sá já se viu confrontado com reclamações da sua audiência. Nada que não tivesse sido resolvido com uma conversa e explicação amigável.

"No meu espéctaculo eu falo de escravatura, algo que Portugal fez durante quase cinco séculos. E tento explicar essa situação através do humor e como foram os portugueses na origem da escravatura moderna e no tráfico de seres humanos. É uma linha ténue entre o humor e ofensa quando se fala de escravatura. Digo, por exemplo, que foi graças a nós que existe o Brasil e a sua diversidade. Se alguém leva a mal eu explico a piada, peço desculpa se se justificar. Eu acho que a minha personagem em cena permite estas piadas. Já tive duas ou três pessoas que me disseram que não gostaram dessa piada, mas tivemos uma conversa no final e correu muito bem e perceberam onde eu queria chegar. E isto foi no meu espectáculo. Claro que quando estás na rádio, quando fazes críticas sobretudo em política, é preciso ter cuidado, é um trabalho dos diabos. Cobrir a actualidade com humor é um trabalho dos diabos, não é para toda a gente. Não se pode agradar a toda a gente, porque umas pessoas são de direita, outras de esquerda. Portanto, não se pode agradar a toda a gente, isso é certo", contou.

A amplitude da interpretação das piadas dos humoristas também está ligada ao meio onde são difundidas e a rádio, especialmente a France Inter, leva a uma grande exposição dos humoristas que hoje, em vésperas de eleições, se sentem pressionados por um lado para distrair o público e por outro para se posicionar.

"Hoje em dia o humor serve para que as pessoas fiquem um pouco em modo avião face à actualidade política em França. Então sentimos desde logo esse peso de distrair as pessoas, e que somos uma espécie de penso rápido em relação a tudo que se passa no Mundo. Em França, especialmente, sentimos que estamos a chegar a um determinado limite. Do nosso lado tentamos combater isso com mais mulheres no palco, mais pessoas de origens diferentes, tentar que o palco seja uma verdadeira reflexão do país, com tipos de humor diferentes. E claro que sentimos também a responsabilidade já que vemos o Mbappé a ser questionado sobre em quem vai votar, portanto mesmo tendo em conta o nosso peso, há uma certa pressão sobre nós. Não somos os futebolistas, porque eles são mais visíveis do que nós, mas sentimos que há expectativas à nossa volta, isso é certo", concluiu.

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O humor em França tem uma longa história e tradição, mas nos últimos meses o afastamento de um conhecido humorista, Guillaume Meurice, das antenas da rádio pública devido a uma piada sobre o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu abalou o país. Em entrevista à RFI, o humorista franco-português, Mike de Sá, diz que actualmente os humoristas são "cada vez mais cuidadosos" quando estão em palco.

Berço da Declaração de Direitos do Homem de 1789, a França tem uma longa história de liberdade de expressão. Antes desta declaração, foram homens como Moliére ou Voltaire que desafiaram as convenções sociais vigentes para com ironia para chamar a atenção da sociedade para problemas importantes do seu tempo, mais tarde, já nos anos 80, humoristas como Coluche comentavam de forma simples e mordaz a vida francesa.

Uma tradição de humor que passa actualmente por comentários na rádios, onde vários humoristas fazem crónicas matinais onde esmiuçam a vida política e a actualidade. Guillaume Meurice, um humorista que intervinha na France Inter, a rádio mais ouvida em França, fazia regularmente programas onde entrevistava vários cidadãos anónimos brincando depois com as respostas sobre as preferências políticas ou posicionamento dos franceses em conflitos internacionais.

No final de Outubro de 2023, o humorista fez uma referência ao primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu que levou a duas queixas por referências anti-semitas. Esta queixa foi depois arquivada e Meurice ilibado, com o humorista a fazer a mesma referência no mês de maio. Nesse momento, a direcção da Radio France, grupo público que detém a France Inter, suspendeu-o das suas emissões, tendo-o em seguida demitido por "deslealdade repetida". Esta demissão foi contestada por vários humoristas, com muitos a baterem a saírem também da France Inter.

Mike de Sá, humorista franco-português e fundador do espectáculo Portugal Comedy Club, considera que os humoristas em França têm cada vez mais cuidado com as suas piadas e a sua repercurssão na internet.

"O trabalho que fazemos é suposto ser, sobretudo, baseado na liberdade de expressão. Mas, de um modo geral, somos cada vez mais cuidadosos. É esse o problema. Já não estamos na época de Coluche ou de Desproges, em que as pessoas tomavam a liberdade de dizer certas coisas que, na altura, também já as penalizavam. Hoje, o que fazemos, o que somos, no fundo, é desdramatizar o que se passa na sociedade. Simplesmente, para mim, se há uma piada de que não gostamos ou que nos magoa, então não é uma boa piada. Desproges até dizia isso, que não se pode rir de tudo e não se pode rir com qualquer um. Mas hoje em dia está tudo nas redes sociais. Fazemos uma piada de um minuto e só vai para as redes uma parte mais escandalosa. Isola-se só a parte que pode ter sido ofensiva. Portanto, hoje está a ficar um pouco complicado. No caso de Guillaume, a piada que deu origem a esta polémica não me fez rir, mas também não me chocou. Agora, ele está num campeonato diferente. Meurice é provocador, muito político. Por isso, não fiquei surpreendido com o que ele fez. Quanto aos outros comediantes que também se demitiram, eu consigo compreender a solidariedade e claro que se sentem ameaçados. Eles sentem quase que têm de se policiar a cada piada. Agora, as piadas é como tudo, não se pode agradar a toda a gente, por isso as pessoas ou gostam ou não gostam", disse o humorista.

Por ser uma rádio pública onde, apesar de alguns incidentes, a liberdade criativa parecia assegurada, a demissão de Guillaume Meurice levou a um movimento de solidariedade não só de colegas, mas também de ouvintes, com o comediante a ter feito mesmo uma festa de despedida aberta a todos no final da semana passada. Esta demissão chocou Mike de Sá.

"A situação com a France Inter chocou-me um pouco porque ele foi ilibado e o tribunal disse que não houve racismo. É isso é que é doloroso nesta história. A piada dele não foi considerada racista. O que se passou depois, é que houve algumas provocações entre o Guillaume Meurice e a France Inter e terá sido a continuação desta situação tensa, com piadas e ameaças e isso foi dado como razão para o despedimento dele. Foi como se assistíssemos a um casal que não parava de se picar", explicou.

Com um humor menos político do que Guillaume Meurice, Mike de Sá diz que os humoristas têm hoje medo de ser mal interpretados em todo os âmbitos da comédia, levando a uma auto-censura.

"Não se deve ter medo da liberdade de expressão, mas hoje é preciso ter cuidado. Uma piada pode ser cortada para um vídeo curto e vai ser mal interpretada. E, claro, quando subimos ao palco temos responsabilidade sobre o que vamos dizer, porque falamos para muita gente, tal como Coluche ou Desproges o fizeram. Portanto, há que ter cuidado com o que se diz. E hoje, vivemos numa sociedade em que reprovamos e julgamos à mínima coisa. O meu humor, por exemplo, é muito diferente do de Guillaume Meurice, é mais ligeiro, mais familiar e quero que as pessoas se riam e se sintam bem. Não tenho esse registo político. Eu encarno uma personagem divertida, cómica. Às vezes funciona, outras vezes não, e tento que haja contundência por detrás das minhas piadas, mas e alguém fica chateado? Pode ser mal interpretado. Tudo depende da personagem que encarnamos e hoje, entre nós humoristas, temos medo de ser mal interpretados e julgados severamente na praça pública por uma piada", indicou.

O projecto Portugal Comedy Club reúne humoristas lusófonos em França e fala das diferentes realidades da comunidade portuguesa, brasileira ou angolana. Mesmo tocando em temas polémicos como a imigração e o comunitarismo em França, Mike de Sá diz que até agora não houve piadas que levaram a um mal-estar na audiência.

"Nunca senti isso no nosso espectáculo Portugal Comedy Club. Quer vindo do público, quer fosse uma percepção minha. Eu pessoalmente, no meu espectáculo individual, já senti. O público do Portugal Comedy Club é um público novo que chega ao stand up e que veio para ouvir falar de Portugal, Brasil ou Angola. Este é um espectáculo que nos permite ainda essa tal liberdade de expressão e há simpatia pelos humoristas que estão no palco. Por enquanto, sinto muito boa vontade do público", disse.

Já no seu espectáculo individual, Mike de Sá já se viu confrontado com reclamações da sua audiência. Nada que não tivesse sido resolvido com uma conversa e explicação amigável.

"No meu espéctaculo eu falo de escravatura, algo que Portugal fez durante quase cinco séculos. E tento explicar essa situação através do humor e como foram os portugueses na origem da escravatura moderna e no tráfico de seres humanos. É uma linha ténue entre o humor e ofensa quando se fala de escravatura. Digo, por exemplo, que foi graças a nós que existe o Brasil e a sua diversidade. Se alguém leva a mal eu explico a piada, peço desculpa se se justificar. Eu acho que a minha personagem em cena permite estas piadas. Já tive duas ou três pessoas que me disseram que não gostaram dessa piada, mas tivemos uma conversa no final e correu muito bem e perceberam onde eu queria chegar. E isto foi no meu espectáculo. Claro que quando estás na rádio, quando fazes críticas sobretudo em política, é preciso ter cuidado, é um trabalho dos diabos. Cobrir a actualidade com humor é um trabalho dos diabos, não é para toda a gente. Não se pode agradar a toda a gente, porque umas pessoas são de direita, outras de esquerda. Portanto, não se pode agradar a toda a gente, isso é certo", contou.

A amplitude da interpretação das piadas dos humoristas também está ligada ao meio onde são difundidas e a rádio, especialmente a France Inter, leva a uma grande exposição dos humoristas que hoje, em vésperas de eleições, se sentem pressionados por um lado para distrair o público e por outro para se posicionar.

"Hoje em dia o humor serve para que as pessoas fiquem um pouco em modo avião face à actualidade política em França. Então sentimos desde logo esse peso de distrair as pessoas, e que somos uma espécie de penso rápido em relação a tudo que se passa no Mundo. Em França, especialmente, sentimos que estamos a chegar a um determinado limite. Do nosso lado tentamos combater isso com mais mulheres no palco, mais pessoas de origens diferentes, tentar que o palco seja uma verdadeira reflexão do país, com tipos de humor diferentes. E claro que sentimos também a responsabilidade já que vemos o Mbappé a ser questionado sobre em quem vai votar, portanto mesmo tendo em conta o nosso peso, há uma certa pressão sobre nós. Não somos os futebolistas, porque eles são mais visíveis do que nós, mas sentimos que há expectativas à nossa volta, isso é certo", concluiu.

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