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“Moçambicanos da diáspora pedem justiça, transparência e paz para Moçambique”

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“Os moçambicanos da diáspora pedem justiça, transparência e paz para Moçambique” - esta é a mensagem do recém-criado movimento Os Indignados que junta moçambicanos residentes em vários países europeus. O grupo tem denunciado, através de comunicados, a violência pós-eleitoral em Moçambique e promete uma manifestação em Bruxelas, junto à Comissão Europeia, em breve.

RFI: Como nasceu este movimento da diáspora e quais os objectivos?

Laura Chirrime, moçambicana residente em França há 20 anos: A diáspora criou um movimento que se chama Os Indignados, que é um grupo de moçambicanos que não estão afiliados a nenhum partido político. É um movimento que se criou no dia 15 de Outubro face à violência que aconteceu logo a seguir às eleições. Todos os moçambicanos na diáspora ainda não fazem parte do grupo porque alguns apoiam partidos políticos e têm outras convicções. Então, nós somos um grupo de moçambicanos que estamos a querer justiça e transparência nas eleições de Moçambique.

Quantos são até agora?

Até agora somos 70 moçambicanos da Itália, Alemanha, Croácia, Bélgica, Holanda, Portugal, Inglaterra e Espanha.

O que é que pedem os moçambicanos da diáspora?

Os moçambicanos da diáspora pedem justiça, transparência e paz para Moçambique.

E poderem manifestar?

E poder manifestar à vontade.

Até agora, o que têm feito e quais são as próximas acções previstas?

Até agora, nós estamos a agir em silêncio, como se diz. Temos estado a enviar cartas para as diversas instituições governamentais e internacionais a reportar o que está se a passar em Moçambique. Falámos com a Comissão Europeia, Amnistia Internacional, Liga dos Direitos Humanos, a ONU, e temos estado a informar a imprensa estrangeira sobre o que está a acontecer em Moçambique, enviando comunicados de imprensa para os jornalistas.

O que é que dizem nesses comunicados de imprensa?

Pedimos justiça e transparência nas eleições em Moçambique. Somos moçambicanos residentes em vários países da Europa e estamos indignados com o que está a acontecer em Moçambique depois das eleições. O que é que nós estamos a reivindicar? Nós estamos a reivindicar o direito à transparência. Estamos a reivindicar o direito à palavra dos moçambicanos, o direito à manifestação pacífica que os moçambicanos solicitam. Estamos a pedir, estamos a implorar que não se façam assassinatos por causa destas eleições porque depois das eleições foi assassinado um advogado, Elvino Dias, que era um advogado que trabalhava com um candidato presidencial da oposição, e foi assassinado um representante do partido da oposição, o mandatário do Podemos. Foi um crime muito violento, um crime que chocou o país inteiro. Ninguém estava à espera desse crime e não percebemos porque é que houve esse crime.

Além dos comunicados, fizeram outras acções?

Fizemos uma acção ao pé da Embaixada de Moçambique em Paris. Fomos pôr uma coroa de flores e fizemos uma oração em nome do advogado e do representante do Podemos que foram assassinados em Maputo.

Estão a preparar mais acções?

A nossa primeira fase foi uma manifestação silenciosa que foi enviar cartas para instituições. Sempre damos a saber a Moçambique o que estamos a fazer porque as cartas têm sempre em cópia o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Se é possível, as Embaixadas também recebem as cartas. Agora estamos a organizar uma acção concreta que é irmos à Comissão Europeia. Temos uma manifestação prevista para daqui a alguns dias na Comissão Europeia, onde estarão moçambicanos vindos de várias partes da Europa. Pedimos para sermos recebidos na Comissão Europeia para manifestarmos a nossa indignação perante os crimes que estão a acontecer em Moçambique.

E querem ser recebidos concretamente por quem? Vai haver uma manifestação às portas da Comissão?

Gostaríamos de ser recebidos pela presidente ou um mandatário da presidente da Comissão Europeia ou alguém que tenha disponibilidade para nos receber. Nós gostaríamos de entregar em mão as nossas manifestações para podermos pedir ajuda e podermos pedir que eles interfiram no que está a acontecer em Moçambique porque os observadores que estiveram em Moçambique durante as eleições foram observadores da União Europeia.

A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia já se manifestou e disse que houve “várias irregularidades durante a contagem” dos votos e “alteração injustificada de resultados eleitorais ao nível das mesas de voto e dos distritos”. A porta-voz da Comissão Europeia veio, depois, pedir a publicação dos resultados desagregados por mesa de voto na página oficial da Internet da CNE. Ou seja, já houve um posicionamento por parte da União Europeia. O que esperam agora e qual o impacto que esse posicionamento ou declaração pode ter?

O posicionamento da União Europeia é que a União Europeia pode ajudar-nos, por exemplo, a não validar esses resultados fraudulentos das eleições em caso de injustiça eleitoral, exigir ao governo moçambicano a convocação de novas eleições livres, transparentes e justas, considerando os resultados fraudulentos, as tensões sociais violentas e a violência eleitoral que está a afectar o país neste momento.

A Comissão Europeia também pode exigir o restabelecimento completo de serviços de internet porque a internet tem estado com cortes em todo o país e garantir os direitos fundamentais dos moçambicanos: a liberdade de expressão e informação, conforme reconhecido no artigo 48 da Constituição da República de Moçambique, sem qualquer tipo de restrições.

Depois, a todas as instituições internacionais e nacionais pedimos medidas concretas para garantir que as eleições sejam verdadeiramente livres e justas e respeitando a vontade do povo. Pedimos a transparência e responsabilização por parte das instituições eleitorais para reestruturar a confiança na democracia e uma condenação pública e decisiva das violações eleitorais e da intimidação contra os eleitores e a oposição, assim como contra o uso violento da força contra a população desarmada.

Houve o duplo homicídio de Elvino Dias e Paulo Guambe, tem havido manifestações, tem havido feridos, mortes… Não têm receio? O que é que os move?

O que é que nos move? É que durante o tempo todo depois da independência, nós vivemos num Moçambique em que éramos movidos pelo medo. Nós éramos movidos pelo medo porque somos oprimidos em Moçambique, somos um povo oprimido, não temos direito à palavra. Então, o que nos move é que queremos ver uma mudança, queremos ver um Moçambique melhor, um Moçambique realmente livre e um Moçambique realmente independente.

Daniel Chapo, o Presidente eleito segundo os resultados da CNE (que ainda não foram validados pelo Conselho Constitucional) disse que iria ser “o Presidente de todos os moçambicanos”, incluindo dos que estão a manifestar. Ele também disse que a Frelimo repudia as manifestações por ser “um partido de paz”. Que reacção tem perante estas declarações?

A única coisa que eu posso dizer é que nós temos essas declarações há 50 anos. Há 50 anos estamos à espera que Moçambique seja um país para todos os moçambicanos. Estamos à espera que Moçambique seja um país livre e não é o que verificamos, infelizmente.

Como é que vê os próximos tempos?

Como partiu, estamos mesmo a caminho de uma guerra civil. Para que não cheguemos a uma guerra civil, deve-se respeitar a vontade do povo. O povo está cansado, o povo precisa de ver mudança. Para não chegarmos a esse ponto, é preciso respeitar a vontade do povo.

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RFI: Como nasceu este movimento da diáspora e quais os objectivos?

Laura Chirrime, moçambicana residente em França há 20 anos: A diáspora criou um movimento que se chama Os Indignados, que é um grupo de moçambicanos que não estão afiliados a nenhum partido político. É um movimento que se criou no dia 15 de Outubro face à violência que aconteceu logo a seguir às eleições. Todos os moçambicanos na diáspora ainda não fazem parte do grupo porque alguns apoiam partidos políticos e têm outras convicções. Então, nós somos um grupo de moçambicanos que estamos a querer justiça e transparência nas eleições de Moçambique.

Quantos são até agora?

Até agora somos 70 moçambicanos da Itália, Alemanha, Croácia, Bélgica, Holanda, Portugal, Inglaterra e Espanha.

O que é que pedem os moçambicanos da diáspora?

Os moçambicanos da diáspora pedem justiça, transparência e paz para Moçambique.

E poderem manifestar?

E poder manifestar à vontade.

Até agora, o que têm feito e quais são as próximas acções previstas?

Até agora, nós estamos a agir em silêncio, como se diz. Temos estado a enviar cartas para as diversas instituições governamentais e internacionais a reportar o que está se a passar em Moçambique. Falámos com a Comissão Europeia, Amnistia Internacional, Liga dos Direitos Humanos, a ONU, e temos estado a informar a imprensa estrangeira sobre o que está a acontecer em Moçambique, enviando comunicados de imprensa para os jornalistas.

O que é que dizem nesses comunicados de imprensa?

Pedimos justiça e transparência nas eleições em Moçambique. Somos moçambicanos residentes em vários países da Europa e estamos indignados com o que está a acontecer em Moçambique depois das eleições. O que é que nós estamos a reivindicar? Nós estamos a reivindicar o direito à transparência. Estamos a reivindicar o direito à palavra dos moçambicanos, o direito à manifestação pacífica que os moçambicanos solicitam. Estamos a pedir, estamos a implorar que não se façam assassinatos por causa destas eleições porque depois das eleições foi assassinado um advogado, Elvino Dias, que era um advogado que trabalhava com um candidato presidencial da oposição, e foi assassinado um representante do partido da oposição, o mandatário do Podemos. Foi um crime muito violento, um crime que chocou o país inteiro. Ninguém estava à espera desse crime e não percebemos porque é que houve esse crime.

Além dos comunicados, fizeram outras acções?

Fizemos uma acção ao pé da Embaixada de Moçambique em Paris. Fomos pôr uma coroa de flores e fizemos uma oração em nome do advogado e do representante do Podemos que foram assassinados em Maputo.

Estão a preparar mais acções?

A nossa primeira fase foi uma manifestação silenciosa que foi enviar cartas para instituições. Sempre damos a saber a Moçambique o que estamos a fazer porque as cartas têm sempre em cópia o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Se é possível, as Embaixadas também recebem as cartas. Agora estamos a organizar uma acção concreta que é irmos à Comissão Europeia. Temos uma manifestação prevista para daqui a alguns dias na Comissão Europeia, onde estarão moçambicanos vindos de várias partes da Europa. Pedimos para sermos recebidos na Comissão Europeia para manifestarmos a nossa indignação perante os crimes que estão a acontecer em Moçambique.

E querem ser recebidos concretamente por quem? Vai haver uma manifestação às portas da Comissão?

Gostaríamos de ser recebidos pela presidente ou um mandatário da presidente da Comissão Europeia ou alguém que tenha disponibilidade para nos receber. Nós gostaríamos de entregar em mão as nossas manifestações para podermos pedir ajuda e podermos pedir que eles interfiram no que está a acontecer em Moçambique porque os observadores que estiveram em Moçambique durante as eleições foram observadores da União Europeia.

A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia já se manifestou e disse que houve “várias irregularidades durante a contagem” dos votos e “alteração injustificada de resultados eleitorais ao nível das mesas de voto e dos distritos”. A porta-voz da Comissão Europeia veio, depois, pedir a publicação dos resultados desagregados por mesa de voto na página oficial da Internet da CNE. Ou seja, já houve um posicionamento por parte da União Europeia. O que esperam agora e qual o impacto que esse posicionamento ou declaração pode ter?

O posicionamento da União Europeia é que a União Europeia pode ajudar-nos, por exemplo, a não validar esses resultados fraudulentos das eleições em caso de injustiça eleitoral, exigir ao governo moçambicano a convocação de novas eleições livres, transparentes e justas, considerando os resultados fraudulentos, as tensões sociais violentas e a violência eleitoral que está a afectar o país neste momento.

A Comissão Europeia também pode exigir o restabelecimento completo de serviços de internet porque a internet tem estado com cortes em todo o país e garantir os direitos fundamentais dos moçambicanos: a liberdade de expressão e informação, conforme reconhecido no artigo 48 da Constituição da República de Moçambique, sem qualquer tipo de restrições.

Depois, a todas as instituições internacionais e nacionais pedimos medidas concretas para garantir que as eleições sejam verdadeiramente livres e justas e respeitando a vontade do povo. Pedimos a transparência e responsabilização por parte das instituições eleitorais para reestruturar a confiança na democracia e uma condenação pública e decisiva das violações eleitorais e da intimidação contra os eleitores e a oposição, assim como contra o uso violento da força contra a população desarmada.

Houve o duplo homicídio de Elvino Dias e Paulo Guambe, tem havido manifestações, tem havido feridos, mortes… Não têm receio? O que é que os move?

O que é que nos move? É que durante o tempo todo depois da independência, nós vivemos num Moçambique em que éramos movidos pelo medo. Nós éramos movidos pelo medo porque somos oprimidos em Moçambique, somos um povo oprimido, não temos direito à palavra. Então, o que nos move é que queremos ver uma mudança, queremos ver um Moçambique melhor, um Moçambique realmente livre e um Moçambique realmente independente.

Daniel Chapo, o Presidente eleito segundo os resultados da CNE (que ainda não foram validados pelo Conselho Constitucional) disse que iria ser “o Presidente de todos os moçambicanos”, incluindo dos que estão a manifestar. Ele também disse que a Frelimo repudia as manifestações por ser “um partido de paz”. Que reacção tem perante estas declarações?

A única coisa que eu posso dizer é que nós temos essas declarações há 50 anos. Há 50 anos estamos à espera que Moçambique seja um país para todos os moçambicanos. Estamos à espera que Moçambique seja um país livre e não é o que verificamos, infelizmente.

Como é que vê os próximos tempos?

Como partiu, estamos mesmo a caminho de uma guerra civil. Para que não cheguemos a uma guerra civil, deve-se respeitar a vontade do povo. O povo está cansado, o povo precisa de ver mudança. Para não chegarmos a esse ponto, é preciso respeitar a vontade do povo.

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