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Tensão no Médio Oriente: O dilema do Irão

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No Médio Oriente aumenta a tensão com o Irão a afirmar que vai responder ao ataque israelita- que visou o consulado iraniano, em Damasco na Síria, a 1 de Abril- e os Estados Unidos a admitirem participar numa operação conjunta contra Teerão. Em entrevista à RFI, o antigo director do Instituto de Estudos e de Segurança da União Europeia, Álvaro Vasconcelos, reconhece que o Irão está face a um dilema.

RFI: O líder Ayatollah Ali Khamenei disse que Israel será punido pelo ataque ao consulado iraniano em Damasco, na Síria. O Irão vai cumprir com a ameaça?

Álvaro Vasconcelos, antigo director do Instituto de Estudos e de Segurança da União Europeia: O Irão tem um dilema enorme. Por um lado, não pode deixar de responder a um ataque contra o seu consulado, porque um ataque a uma representação diplomática é um ataque contra o próprio território do país. É um ataque contra todas as regras da diplomacia internacional, daquilo que é consensual em todos os Estados do mundo. O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, esteve muito bem ao condenar este ataque.

Outra questão-que não é menos importante- é que o Irão não quer que uma resposta a este ataque signifique uma escalada que ponha em causa a segurança do Irão, levando a um possível envolvimento dos Estados Unidos, ao lado de Israel, e que possa comprometer para sempre o desenvolvimento do programa nuclear iraniano.

As autoridades iranianas vieram dizer que seria um ataque “controlado, destinado a avisar Israel para não repetir ataques similares”. Há aqui também uma ponderação do Irão?

Sem dúvida que é uma ponderação do Irão. Se não responder, a credibilidade do Irão, internacional e sobretudo regional- que é uma questão fundamental para o Irão- a relação com as milícias que o apoiam nos diferentes países, seja no Líbano, no Iémen, na própria Palestina- fica altamente comprometida. Aliás, também no Iraque e na Síria.

Portanto, o Irão tem um conjunto de proxys, organizações que estão muito próximas do Irão, aquilo a que se chama o Eixo da resistência, que inclui este conjunto de milícias, que estão à espera que o Irão dê um sinal de que não aceita um ataque contra a sua representação diplomática, ou seja, contra o próprio território.Como calibrar essa resposta? Essa é a grande questão que se coloca ao Irão. Será que essa resposta será , por exemplo, através de um ataque das milícias Houthis aos navios que atravessam o Mar Vermelho.

Ataques que, de resto, já aconteceram….

Desde que Israel começou a bombardear e a destruir Gaza, o Hezbollah tem feito ataques na fronteira entre o Líbano e Israel. Mas estes ataques também são muito controlados. Cada gesto é calculado. Evidentemente que o que nós temos visto é que o Governo de Netanyahou quer manter esta tensão, quer manter uma situação de guerra, porque isso também tem a ver com a sua própria sobrevivência. Neste momento, o Governo Benyamin Netanyahou está extremamente isolado do ponto de vista internacional, houve inclusive uma resolução do Conselho de Segurança, condenando [Israel] e exigindo um cessar-fogo que não teve consequências em Gaza. A própria administração Biden foi obrigada a recuar no apoio que dava a Israel, abstendo-se nessa resolução. Joe Biden tem dito que é preciso que se alcance um cessar-fogo em Gaza.

Os Estados Unidos mostraram-se solidários com as autoridades israelitas. Neste momento, responsáveis norte-americanos estão em Israel para discutir um possível ataque iraniano contra Israel. Os Estados Unidos poderão participar numa operação conjunta contra Teerão?

Depende da natureza do ataque. Se tivermos um ataque, como se tem dito, em que comecem a chover sobre Israel mísseis em proveniência de vários territórios -não virão directamente do Irão- mas podem vir do Iêmen, da Síria, do Líbano e também do Iraque. Tudo isso pode criar uma situação de conflito regional em que os Estados Unidos considerem que devem intervir em defesa de Israel. Mas eu tenho a impressão que, neste momento, essas declarações americanas, afirmando que estarão ao lado de Israel, têm como objectivo dissuadir uma resposta iraniana dessa dimensão.

Vários países já apelaram à calma. A companhia aérea Lufthansa anulou os voos com destino a Teerão. Há o risco deste conflito se tornar global e global?

Não, não creio. Mas pode, sem dávidas, transformar-se num conflito regional de grandes proporções. Esse problema coloca- se desde que Israel iniciou a sua campanha em Gaza. Uma campanha destruidora, criando uma situação em que há um risco real de genocídio dos palestinianos. Isso, evidentemente, cria uma enorme tensão e pode levar a um conflito regional. E nós não temos a certeza se esse conflito regional não é o que procura o Governo de Netanyahu.

Cerca de 250 organizações de defesa dos direitos humanos apelam ao fim imediato da entrega de armas a Israel e aos grupos armados palestinianos. Esta pode ser uma solução para travar este conflito?

A suspensão da ajuda militar a Israel poderia travar a intervenção israelita em Gaza e o morticínio dos palestinianos. Mas [esta decisão] teria um impacto enorme em Israel e forçaria, eventualmente, o Governo de Netanyahou a não avançar com a ofensiva- como tem dito que fará- em direcção ao sul de Gaza, em Rafah, na fronteira com o Egipto. Se os Estados Unidos suspenderam a ajuda militar ou ameaçarem suspender a ajuda militar, ou seja, se fizessem uma espécie de ultimato: ou Israel termina com a sua ofensiva, ou nós suspendemos a ajuda militar, isso teria um enorme impacto em Israel.

E porque é que não o faz?

Aqui há considerações de várias naturezas. Por um lado, há considerações que são de natureza eleitoral americana. Qual é o impacto que terá nas eleições americanas, que já são em Novembro, uma atitude de uma firmeza tão grande em relação a Israel? É verdade que há uma parte da opinião pública americana que é muito crítica quanto à posição que Joe Biden tem tomado na Guerra de Gaza, podendo levar até à derrota do Presidente cessante. Sobretudo nas comunidades onde há uma influência dos movimentos pró-palestinianos, afro-descendentes e das comunidades descendentes de árabes nos Estados Unidos. Há ainda toda uma parte da esquerda progressista, que votou em Biden e que foi decisiva para a sua vitória contra Trump, neste momento, existe a ameaça de abstenção e isso podia levar à derrota de Joe Biden. Mas há, também, as correntes evangélicas, as correntes pró-israelitas, que também são extremamente fortes nos Estados Unidos. O cálculo político da consequência de uma atitude extremamente firme em relação a Israel não é claro.

Por outro lado, os Estados Unidos continuam a pensar que, no quadro regional do Médio Oriente, Israel é um aliado importante na relação dificílima que os Estados Unidos têm com o Irão. Portanto, os Estados Unidos estão num momento de retirada estratégica do Médio Oriente e o que resta como carta importante para os Estados Unidos no Médio Oriente- embora seja uma carta nociva até para os interesses americanos na região- é Israel.

O primeiro-ministro israelita ameaça com a operação em Rafah. Se por um lado, a comunidade internacional alerta para o desastre humanitário desta operação. Por outro, são muitos os israelitas que encorajam Benyamin Netanyahou a avançar para o sul de Gaza. Nas últimas horas, vários israelitas concentraram-se em frente à casa do primeiro-ministro para pedir que avance sobre Rafah. Esta operação vai avançar?

Também temos visto os israelitas concentrarem-se à frente da casa do primeiro-ministro, pedindo que ele ponha mais esforços nas negociações para a libertação dos reféns, descartando um acto de vingança em resposta ao que foi um acto terrível do Hamas, a 7 de Outubro, contra as comunidades judaicas, perto da fronteira de Gaza. A vingança nunca é um bom conselho para a acção. A razão é muito mais eficaz do que uma acção descontrolada de vingança.

Se hohe, uma grande parte da população olha para os palestinianos de uma forma ainda pior -do que já olhava- deve-se ao facto de sempre houve sentimentos que foram, digamos, alimentados pela extrema-direita israelita contra os palestinianos. Nunca se aceitou os palestinianos como cidadãos que deviam ter os mesmos direitos. Evidentemente, também há uma corrente em Israel que acha que Benyamin Netanyahou já não serve, que devia ser substituído como primeiro-ministro. Aliás, antes do início da guerra havia grandes manifestações contra Netanyahou.

As negociações para se alcançar um cessar-fogo ainda não chegaram a bom porto. O que é que está a falhar nesta mediação?

O que falha não é mediação. Penso que a mediação tem sido eficaz. Tem havido uma vontade real, da parte dos mediadores, para se encontrar uma solução. Mas, evidentemente, a posição de Netanyahou é a de se querer manter no poder a todo o custo, levando a bom termo a sua política de eliminação, não é só do Hamas, mas de qualquer viabilidade de um Estado palestiniano.

É aproveitar esta oportunidade, vamos pôr entre aspas, que lhe foi dada pelo acto de terror do Hamas para acabar, como eles dizem, com a questão palestiniana. A acabar com a questão palestiniana é acabar com o direito dos palestinianos à igualdade a um Estado, ou a direitos iguais, num Estado pluricultural e plurinacional. Tudo isso é o que trava, fundamentalmente, o encontrar uma solução. Não são os mediadores. O que trava uma solução é a posição irredutível de Netanyahou que não quer de forma alguma uma solução negociada. Quer uma guerra, quer manter-se no poder a todo o custo.

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RFI: O líder Ayatollah Ali Khamenei disse que Israel será punido pelo ataque ao consulado iraniano em Damasco, na Síria. O Irão vai cumprir com a ameaça?

Álvaro Vasconcelos, antigo director do Instituto de Estudos e de Segurança da União Europeia: O Irão tem um dilema enorme. Por um lado, não pode deixar de responder a um ataque contra o seu consulado, porque um ataque a uma representação diplomática é um ataque contra o próprio território do país. É um ataque contra todas as regras da diplomacia internacional, daquilo que é consensual em todos os Estados do mundo. O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, esteve muito bem ao condenar este ataque.

Outra questão-que não é menos importante- é que o Irão não quer que uma resposta a este ataque signifique uma escalada que ponha em causa a segurança do Irão, levando a um possível envolvimento dos Estados Unidos, ao lado de Israel, e que possa comprometer para sempre o desenvolvimento do programa nuclear iraniano.

As autoridades iranianas vieram dizer que seria um ataque “controlado, destinado a avisar Israel para não repetir ataques similares”. Há aqui também uma ponderação do Irão?

Sem dúvida que é uma ponderação do Irão. Se não responder, a credibilidade do Irão, internacional e sobretudo regional- que é uma questão fundamental para o Irão- a relação com as milícias que o apoiam nos diferentes países, seja no Líbano, no Iémen, na própria Palestina- fica altamente comprometida. Aliás, também no Iraque e na Síria.

Portanto, o Irão tem um conjunto de proxys, organizações que estão muito próximas do Irão, aquilo a que se chama o Eixo da resistência, que inclui este conjunto de milícias, que estão à espera que o Irão dê um sinal de que não aceita um ataque contra a sua representação diplomática, ou seja, contra o próprio território.Como calibrar essa resposta? Essa é a grande questão que se coloca ao Irão. Será que essa resposta será , por exemplo, através de um ataque das milícias Houthis aos navios que atravessam o Mar Vermelho.

Ataques que, de resto, já aconteceram….

Desde que Israel começou a bombardear e a destruir Gaza, o Hezbollah tem feito ataques na fronteira entre o Líbano e Israel. Mas estes ataques também são muito controlados. Cada gesto é calculado. Evidentemente que o que nós temos visto é que o Governo de Netanyahou quer manter esta tensão, quer manter uma situação de guerra, porque isso também tem a ver com a sua própria sobrevivência. Neste momento, o Governo Benyamin Netanyahou está extremamente isolado do ponto de vista internacional, houve inclusive uma resolução do Conselho de Segurança, condenando [Israel] e exigindo um cessar-fogo que não teve consequências em Gaza. A própria administração Biden foi obrigada a recuar no apoio que dava a Israel, abstendo-se nessa resolução. Joe Biden tem dito que é preciso que se alcance um cessar-fogo em Gaza.

Os Estados Unidos mostraram-se solidários com as autoridades israelitas. Neste momento, responsáveis norte-americanos estão em Israel para discutir um possível ataque iraniano contra Israel. Os Estados Unidos poderão participar numa operação conjunta contra Teerão?

Depende da natureza do ataque. Se tivermos um ataque, como se tem dito, em que comecem a chover sobre Israel mísseis em proveniência de vários territórios -não virão directamente do Irão- mas podem vir do Iêmen, da Síria, do Líbano e também do Iraque. Tudo isso pode criar uma situação de conflito regional em que os Estados Unidos considerem que devem intervir em defesa de Israel. Mas eu tenho a impressão que, neste momento, essas declarações americanas, afirmando que estarão ao lado de Israel, têm como objectivo dissuadir uma resposta iraniana dessa dimensão.

Vários países já apelaram à calma. A companhia aérea Lufthansa anulou os voos com destino a Teerão. Há o risco deste conflito se tornar global e global?

Não, não creio. Mas pode, sem dávidas, transformar-se num conflito regional de grandes proporções. Esse problema coloca- se desde que Israel iniciou a sua campanha em Gaza. Uma campanha destruidora, criando uma situação em que há um risco real de genocídio dos palestinianos. Isso, evidentemente, cria uma enorme tensão e pode levar a um conflito regional. E nós não temos a certeza se esse conflito regional não é o que procura o Governo de Netanyahu.

Cerca de 250 organizações de defesa dos direitos humanos apelam ao fim imediato da entrega de armas a Israel e aos grupos armados palestinianos. Esta pode ser uma solução para travar este conflito?

A suspensão da ajuda militar a Israel poderia travar a intervenção israelita em Gaza e o morticínio dos palestinianos. Mas [esta decisão] teria um impacto enorme em Israel e forçaria, eventualmente, o Governo de Netanyahou a não avançar com a ofensiva- como tem dito que fará- em direcção ao sul de Gaza, em Rafah, na fronteira com o Egipto. Se os Estados Unidos suspenderam a ajuda militar ou ameaçarem suspender a ajuda militar, ou seja, se fizessem uma espécie de ultimato: ou Israel termina com a sua ofensiva, ou nós suspendemos a ajuda militar, isso teria um enorme impacto em Israel.

E porque é que não o faz?

Aqui há considerações de várias naturezas. Por um lado, há considerações que são de natureza eleitoral americana. Qual é o impacto que terá nas eleições americanas, que já são em Novembro, uma atitude de uma firmeza tão grande em relação a Israel? É verdade que há uma parte da opinião pública americana que é muito crítica quanto à posição que Joe Biden tem tomado na Guerra de Gaza, podendo levar até à derrota do Presidente cessante. Sobretudo nas comunidades onde há uma influência dos movimentos pró-palestinianos, afro-descendentes e das comunidades descendentes de árabes nos Estados Unidos. Há ainda toda uma parte da esquerda progressista, que votou em Biden e que foi decisiva para a sua vitória contra Trump, neste momento, existe a ameaça de abstenção e isso podia levar à derrota de Joe Biden. Mas há, também, as correntes evangélicas, as correntes pró-israelitas, que também são extremamente fortes nos Estados Unidos. O cálculo político da consequência de uma atitude extremamente firme em relação a Israel não é claro.

Por outro lado, os Estados Unidos continuam a pensar que, no quadro regional do Médio Oriente, Israel é um aliado importante na relação dificílima que os Estados Unidos têm com o Irão. Portanto, os Estados Unidos estão num momento de retirada estratégica do Médio Oriente e o que resta como carta importante para os Estados Unidos no Médio Oriente- embora seja uma carta nociva até para os interesses americanos na região- é Israel.

O primeiro-ministro israelita ameaça com a operação em Rafah. Se por um lado, a comunidade internacional alerta para o desastre humanitário desta operação. Por outro, são muitos os israelitas que encorajam Benyamin Netanyahou a avançar para o sul de Gaza. Nas últimas horas, vários israelitas concentraram-se em frente à casa do primeiro-ministro para pedir que avance sobre Rafah. Esta operação vai avançar?

Também temos visto os israelitas concentrarem-se à frente da casa do primeiro-ministro, pedindo que ele ponha mais esforços nas negociações para a libertação dos reféns, descartando um acto de vingança em resposta ao que foi um acto terrível do Hamas, a 7 de Outubro, contra as comunidades judaicas, perto da fronteira de Gaza. A vingança nunca é um bom conselho para a acção. A razão é muito mais eficaz do que uma acção descontrolada de vingança.

Se hohe, uma grande parte da população olha para os palestinianos de uma forma ainda pior -do que já olhava- deve-se ao facto de sempre houve sentimentos que foram, digamos, alimentados pela extrema-direita israelita contra os palestinianos. Nunca se aceitou os palestinianos como cidadãos que deviam ter os mesmos direitos. Evidentemente, também há uma corrente em Israel que acha que Benyamin Netanyahou já não serve, que devia ser substituído como primeiro-ministro. Aliás, antes do início da guerra havia grandes manifestações contra Netanyahou.

As negociações para se alcançar um cessar-fogo ainda não chegaram a bom porto. O que é que está a falhar nesta mediação?

O que falha não é mediação. Penso que a mediação tem sido eficaz. Tem havido uma vontade real, da parte dos mediadores, para se encontrar uma solução. Mas, evidentemente, a posição de Netanyahou é a de se querer manter no poder a todo o custo, levando a bom termo a sua política de eliminação, não é só do Hamas, mas de qualquer viabilidade de um Estado palestiniano.

É aproveitar esta oportunidade, vamos pôr entre aspas, que lhe foi dada pelo acto de terror do Hamas para acabar, como eles dizem, com a questão palestiniana. A acabar com a questão palestiniana é acabar com o direito dos palestinianos à igualdade a um Estado, ou a direitos iguais, num Estado pluricultural e plurinacional. Tudo isso é o que trava, fundamentalmente, o encontrar uma solução. Não são os mediadores. O que trava uma solução é a posição irredutível de Netanyahou que não quer de forma alguma uma solução negociada. Quer uma guerra, quer manter-se no poder a todo o custo.

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