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EP#105: Por que o Brasil tem os maiores juros do mundo? Com Bruno Mader

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No episódio, Ana Frazão conversa com Bruno Mader, Doutorando em Economia na UFRJ, Mestre em Política Econômica pela Universidade de Genebra (2022) e colunista online da revista Le Monde Diplomatique Brasil.

A conversa gira em torno da explicação que Bruno Mader atribui para os juros altos no Brasil: a sua tese é a de que, em nosso país, existe uma coalizão financeira que usa o seu poder político e econômico para elevar juros e garantir receitas em dois importantes mercados: o obrigacionista, no qual se negociam títulos públicos, e o de crédito. Por meio da criação de canais rentistas, o que envolve corrupções institucionais e práticas monopolistas, a coalizão controla os mercados e expropria a renda dos empresários e trabalhadores para si, criando o maior esquema de transferência de renda da história do país. Daí a hipocrisia entre discurso e prática dos agentes financeiros, na medida em que defendem menos Estado, responsabilidade fiscal e concorrência, ao mesmo tempo em que são responsáveis pelo aumento da dívida pública em prol dos rentistas e se beneficiam de estruturas monopolistas.

Na conversa, Bruno mostra que, no contexto da financeirização, a verdadeira luta de classes não é entre capital e trabalho, mas sim entre capital financeiro, de um lado, e trabalhadores e capital produtivo de outro. O autor também aborda os principais canais rentistas: (i) influenciar a emissão de títulos pelo tesouro nacional, garantindo que emissões sejam feitas com o objetivo de proteger o setor financeiro de riscos econômicos, (ii) influenciar a definição da taxa Selic, mantendo-a elevada, tal como ocorre com o relatório Focus, que desvia o Banco Central do seu papel democrático, (iii) obstruir a condução da política monetária nacional por meio da indexação financeira, já que, diferentemente de outros países, a maior parte dos títulos emitidos pelo tesouro nacional são indexados ao invés de prefixados e (iv) utilizar o mercado de crédito para sustentar as receitas das instituições financeiras quando a Selic cai, ou seja, quando os três primeiros canais não funcionam.

Ao final da conversa, Bruno Mader trata também da autonomia do Banco Central, da insuficiência da redução da Selic para resolver o problema e de possibilidades de soluções estruturais que repensem as instituições monetárias a partir de uma lente democrática.

Apresentação: Ana Frazão

Produção: José Jance Marques

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No episódio, Ana Frazão conversa com Bruno Mader, Doutorando em Economia na UFRJ, Mestre em Política Econômica pela Universidade de Genebra (2022) e colunista online da revista Le Monde Diplomatique Brasil.

A conversa gira em torno da explicação que Bruno Mader atribui para os juros altos no Brasil: a sua tese é a de que, em nosso país, existe uma coalizão financeira que usa o seu poder político e econômico para elevar juros e garantir receitas em dois importantes mercados: o obrigacionista, no qual se negociam títulos públicos, e o de crédito. Por meio da criação de canais rentistas, o que envolve corrupções institucionais e práticas monopolistas, a coalizão controla os mercados e expropria a renda dos empresários e trabalhadores para si, criando o maior esquema de transferência de renda da história do país. Daí a hipocrisia entre discurso e prática dos agentes financeiros, na medida em que defendem menos Estado, responsabilidade fiscal e concorrência, ao mesmo tempo em que são responsáveis pelo aumento da dívida pública em prol dos rentistas e se beneficiam de estruturas monopolistas.

Na conversa, Bruno mostra que, no contexto da financeirização, a verdadeira luta de classes não é entre capital e trabalho, mas sim entre capital financeiro, de um lado, e trabalhadores e capital produtivo de outro. O autor também aborda os principais canais rentistas: (i) influenciar a emissão de títulos pelo tesouro nacional, garantindo que emissões sejam feitas com o objetivo de proteger o setor financeiro de riscos econômicos, (ii) influenciar a definição da taxa Selic, mantendo-a elevada, tal como ocorre com o relatório Focus, que desvia o Banco Central do seu papel democrático, (iii) obstruir a condução da política monetária nacional por meio da indexação financeira, já que, diferentemente de outros países, a maior parte dos títulos emitidos pelo tesouro nacional são indexados ao invés de prefixados e (iv) utilizar o mercado de crédito para sustentar as receitas das instituições financeiras quando a Selic cai, ou seja, quando os três primeiros canais não funcionam.

Ao final da conversa, Bruno Mader trata também da autonomia do Banco Central, da insuficiência da redução da Selic para resolver o problema e de possibilidades de soluções estruturais que repensem as instituições monetárias a partir de uma lente democrática.

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