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Episódio 9. Iole - João Avelino de Camargo

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O violonista paulistano João Avelino de Camargo (1880-1936) e seu filho Américo Piratininga de Camargo (1903-1928) teriam sido dois dos melhores amigos e alunos de Barrios na cidade. Consta que o violonista paraguaio se hospedava na casa de Avelino quando estava em São Paulo. Em 1929, ao chegar para sua segunda turnê na cidade, foi surpreendido pela notícia da precoce morte de Américo, vitimado pela tuberculose, e teria composto o Choro da Saudade. Estas informações encontram-se na Coleção Ronoel Simões, anexadas a uma cópia manuscrita do citado choro, datada de 1935, que teria sido escrita por João Avelino de Camargo, segundo o documento. Ronoel Simões adquiriu, de um sobrinho de João Avelino de Camargo, diversas partituras manuscritas que pertenceram ao violonista paulista, entre elas a citada cópia do Choro da Saudade. Abaixo, a transcrição de um excerto do documento localizado na citada coleção:

Choro da Saudade. Composto em novembro de 1929, na casa de João Avelino de Camargo, na Rua Barão de Iguape, 58, no Bairro da Liberdade, em S. Paulo, Brasil. O Américo Piratininga de Camargo, filho de João Avelino de Camargo, nasceu em São Paulo, em 01/06/1902 e morreu em São José dos Campos, estado de São Paulo, em 20/10/1928, de tuberculose. João Avelino de Camargo nasceu em 27/05/1880 e faleceu, de câncer na próstata, em 26/02/1936, com 56 anos de idade. João Avelino de Camargo e Américo Piratininga de Camargo foram alunos de Barrios e quando Barrios estava em São Paulo, hospedava-se na casa de João Avelino de Camargo [1].

[1] Trecho do documento anexado à cópia manuscrita do Choro da Saudade, pertencente à Coleção Ronoel Simões.

A partitura exibe ainda a data de morte de Agustín Barrios como tendo sido em 1934, evidenciando que a inverídica notícia se espalhou entre os violonistas paulistanos, conforme já citado no episódio 7. João Avelino, que faleceu em 1936, provavelmente não soube que a notícia da morte do mestre e amigo era falsa.

Paulo Prata, autor de uma biografia de João Pernambuco, gentilmente cedeu uma cópia da carta citada no episódio 8 para que fosse possível comparar a letra de Avelino com a caligrafia de manuscritos constantes na Coleção Ronoel Simões. Pela semelhança da letra, o excerto abaixo é parte de um manuscrito autógrafo da gavota Iole (s.d.). As peças de João Avelino representam a síntese do repertório cultivado pelos violonistas naquele período: músicas de salão e choros, explorando os idiomatismos do instrumento e deixando transparecer, aqui e ali, o sotaque caipira que insistia em permanecer na música e nos costumes da metrópole em crescimento.

Outro exemplar de Iole, também localizado na Coleção Ronoel Simões, trouxe a dedicatória do compositor para o luthier paulistano Romeo Di Giorgio.

Esta gavota em ré maior, composta em três partes, na forma rondó, recebeu versão para trio e foi gravada em 1929, pelos Três Sustenidos, selo Brunswick e recebeu edição para violão solo pela Casa Manon e impressão dos Irmãos Vitale. O violonista e professor Antônio Rebello, avô dos irmãos Abreu, realizou duas cópias da Iole, uma em 1930 e outra em 1940, indicando que a obra circulou no ambiente violonistico da então capital federal, Rio de Janeiro. Foi bastante executada na radiofonia e nos palcos paulistanos, tanto na versão em trio como na versão para violão solo.

Voice-over: Biancamaria Binazzi
Dramatização dos trechos dos periódicos: Artur Mattar
Vinheta: Sabãozinho, João Avelino de Camargo, arranjo Edmar Fenício. Violão, Flavia Prando.
Música incidental: Maxixe de Agustin Barrios, execução Agustin Barrios, NAXOS of America Maxixe · Agustín Barrios Mangoré Segovia & Contemporaries, Vol. 11: Rio de la Plata Guitarists ℗ 2017 DOREMI.
Concepção, criação, pesquisa e narração: Flavia Prando

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O violonista paulistano João Avelino de Camargo (1880-1936) e seu filho Américo Piratininga de Camargo (1903-1928) teriam sido dois dos melhores amigos e alunos de Barrios na cidade. Consta que o violonista paraguaio se hospedava na casa de Avelino quando estava em São Paulo. Em 1929, ao chegar para sua segunda turnê na cidade, foi surpreendido pela notícia da precoce morte de Américo, vitimado pela tuberculose, e teria composto o Choro da Saudade. Estas informações encontram-se na Coleção Ronoel Simões, anexadas a uma cópia manuscrita do citado choro, datada de 1935, que teria sido escrita por João Avelino de Camargo, segundo o documento. Ronoel Simões adquiriu, de um sobrinho de João Avelino de Camargo, diversas partituras manuscritas que pertenceram ao violonista paulista, entre elas a citada cópia do Choro da Saudade. Abaixo, a transcrição de um excerto do documento localizado na citada coleção:

Choro da Saudade. Composto em novembro de 1929, na casa de João Avelino de Camargo, na Rua Barão de Iguape, 58, no Bairro da Liberdade, em S. Paulo, Brasil. O Américo Piratininga de Camargo, filho de João Avelino de Camargo, nasceu em São Paulo, em 01/06/1902 e morreu em São José dos Campos, estado de São Paulo, em 20/10/1928, de tuberculose. João Avelino de Camargo nasceu em 27/05/1880 e faleceu, de câncer na próstata, em 26/02/1936, com 56 anos de idade. João Avelino de Camargo e Américo Piratininga de Camargo foram alunos de Barrios e quando Barrios estava em São Paulo, hospedava-se na casa de João Avelino de Camargo [1].

[1] Trecho do documento anexado à cópia manuscrita do Choro da Saudade, pertencente à Coleção Ronoel Simões.

A partitura exibe ainda a data de morte de Agustín Barrios como tendo sido em 1934, evidenciando que a inverídica notícia se espalhou entre os violonistas paulistanos, conforme já citado no episódio 7. João Avelino, que faleceu em 1936, provavelmente não soube que a notícia da morte do mestre e amigo era falsa.

Paulo Prata, autor de uma biografia de João Pernambuco, gentilmente cedeu uma cópia da carta citada no episódio 8 para que fosse possível comparar a letra de Avelino com a caligrafia de manuscritos constantes na Coleção Ronoel Simões. Pela semelhança da letra, o excerto abaixo é parte de um manuscrito autógrafo da gavota Iole (s.d.). As peças de João Avelino representam a síntese do repertório cultivado pelos violonistas naquele período: músicas de salão e choros, explorando os idiomatismos do instrumento e deixando transparecer, aqui e ali, o sotaque caipira que insistia em permanecer na música e nos costumes da metrópole em crescimento.

Outro exemplar de Iole, também localizado na Coleção Ronoel Simões, trouxe a dedicatória do compositor para o luthier paulistano Romeo Di Giorgio.

Esta gavota em ré maior, composta em três partes, na forma rondó, recebeu versão para trio e foi gravada em 1929, pelos Três Sustenidos, selo Brunswick e recebeu edição para violão solo pela Casa Manon e impressão dos Irmãos Vitale. O violonista e professor Antônio Rebello, avô dos irmãos Abreu, realizou duas cópias da Iole, uma em 1930 e outra em 1940, indicando que a obra circulou no ambiente violonistico da então capital federal, Rio de Janeiro. Foi bastante executada na radiofonia e nos palcos paulistanos, tanto na versão em trio como na versão para violão solo.

Voice-over: Biancamaria Binazzi
Dramatização dos trechos dos periódicos: Artur Mattar
Vinheta: Sabãozinho, João Avelino de Camargo, arranjo Edmar Fenício. Violão, Flavia Prando.
Música incidental: Maxixe de Agustin Barrios, execução Agustin Barrios, NAXOS of America Maxixe · Agustín Barrios Mangoré Segovia & Contemporaries, Vol. 11: Rio de la Plata Guitarists ℗ 2017 DOREMI.
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