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Colômbia manda dois aviões aos EUA para buscar ilegais e evitar guerra tarifária com Trump

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Dois voos enviados pelo governo de Gustavo Petro chegaram ao Textas na segunda-feira (27) para buscar mais de 100 colombianos deportados pelos Estados Unidos. Esta foi a maneira que Bogotá encontrou para evitar as medidas vexatórias de Washington, como as que aconteceram no último fim de semana com os brasileiros deportados algemados.

Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil na Venezuela

Apesar de os governos de Petro e Donald Trump reduzirem a rispidez, as consequências ainda repercutem entre ambos os países outrora grandes aliados. Em paralelo, Petro continua buscando solução para o conflito com a guerrilha do ELN na regiçao do Catatumbo.

Através das redes sociais, Gustavo Petro afirmou na segunda-feira (27) que “na madrugada (de hoje) chegarão nossos compatriotas em território colombiano”, disse o presidente da Colômbia em referência aos 110 deportados pelo governo dos Estados Unidos. Esta foi a maneira de Bogotá evitar constrangimento similar vivido no último fim de semana pelos brasileiros deportados em voo enviado por Washington, no qual foram tratados de forma vexatória e usando algemas. Porém, antes desta manobra, a Colômbia havia se negado a receber seus patriotas, o que gerou clima de estranhamento entre os governos Petro e Trump, ameaçando a então boa relação entre Estados Unidos e Colômbia, o principal aliado da Casa Branca na região sul-americana.

Apesar da crise iniciada neste domingo (26), os voos com deportados dos EUA à Colômbia não são recentes. Eles vêm acontecendo há anos. Segundo o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos, entre 2021 e 2024, durante a gestão de Joe Biden, mais de 28 mil colombianos foram deportados. Cerca de quatorze mil só no ano passado.

Para que um estrangeiro seja deportado dos Estados Unidos, ele precisa ter entrado de maneira ilegal naquele país, ou ter cometido algum crime, ou ter ameaçado a segurança pública. Vários imigrantes colombianos em processo de deportação alegam que o tratamento recebido é degradante e até mesmo desumano.

Após horas de negociações, Estados Unidos e Colômbia afirmam ter dissolvido o mal-estar. No entanto, as consequências ainda persistem.

Sem vistos, por enquanto

É o caso dos que nesta segunda-feira (27) foram ao consulado dos Estados Unidos em Bogotá para solicitar a permissão de entrada no país norte-americano. Washington suspendeu a emissão de vistos aos colombianos, o que gerou uma série de reclamações e incertezas. Como represália à decisão de Bogotá de recusar que aviões americanos transportassem os deportados colombianos, os Estados Unidos suspenderam a emissão de vistos até segunda ordem. Ainda não há informação sobre quando o setor de vistos do consulado será reaberto e as entrevistas, retomadas.

A Casa Branca impôs condições à volta da emissão dos vistos aos Estados Unidos. Em um comunicado, os EUA informaram que “as sanções de vistos emitidos pelo Departamento de Estado e as inspeções intensificadas do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteira continuarão vigentes até que seja retornado com sucesso o primeiro avião de deportados colombianos”.

Apesar de Donal Trump ter voltado atrás na decisão de aumentar as taxas de importação de produtos colombianos após o mal-estar bilateral sobre os deportados colombianos, a confiança da Colômbia em seu principal sócio comercial ficou abalada.

Alguns analistas colombianos reforçam a necessidade de a Colômbia se aproximar dos BRICS, grupo de países liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que acolheu novos sócios há poucos meses. Esta seria uma forma da Colômbia proteger sua economia e abrir frente com novos sócios.

Dólar em queda

Outra ênfase seria focar na China, país com o qual a Colômbia mantém relações há 45 anos. A rusga com Washington levou o embaixador chinês em Bogotá a afirmar que “não buscamos desafiar os Estados Unidos, nem substituir seu papel no mundo”.

A flutuação na cotação do dólar na Colômbia também vem refletindo a desconfiança do país após a posse de Donald Trump, que voltou à Casa Branca no último 20 de janeiro. Nesta segunda-feira (27) moeda norte-americana teve tendência a baixa, sendo cotada a 4.188 pesos. O valor foi inferior em comparação à cotação da semana passada, quando estava a 4.194 pesos.

Crise também na diplomacia

A crise iniciada com as deportações parece ter gerado um efeito dominó na Colômbia, gerando consequências também na diplomacia colombiana.

O chanceler colombiano Luis Gilberto Murillo antecipou sua saída do cargo após as rusgas entre Bogotá e Washington. Uma de suas últimas atividades como ministro de Relações Exteriores será visitar Washington para ajustar detalhes com a administração de Donald Trump.

Fontes afirmam que a boa relação entre o presidente Petro e o chanceler Murillo foi abalada com a rusga com Washington, apesar de esta já ter sido resolvida. Este seria o motivo pelo qual o atual ministro de Relações Exteriores antecipará a entrega do cargo.

Murillo será substituído por Laura Saraiba, que deve assumir o posto em 1° de fevereiro.

“Força estrangeira” no Catatumbo

Em paralelo à situação com Washington, Gustavo Petro continua enfrentando a situação na região do Catatumbo, onde há mais de uma semana a guerrilha do Exército de Libertação Nacional mais dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) vem gerando uma grave crise humanitária. Mais de oitenta pessoas foram assassinadas e pelo menos onze mil fugiram para a Venezuela, temendo as ações violentas dos grupos rebeldes.

Nesta segunda-feira (27) o presidente colombiano participou de um evento para anunciar medidas para acabar com a crise no Catatumbo. Sem dar nomes, Petro afirmou que os ataques dos últimos dias foram liderados por uma “força estrangeira”.

“O Catatumbo tem um dos atores da violência que mudaram com o tempo. Chegaram a defender a população, chegaram a fazer uma revolução para defender a população, chegaram a fazer uma revolução para melhorar a vida (da população), mas terminou no contrário. Porque é isso que vemos nestes dias: uma força estrangeira ocupando o território”, afirmou o presidente.

Testemunhas afirmam que a Venezuela é um ator principal na resolução do conflito entre a guerrilha do ELN e o governo colombiano.

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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil na Venezuela

Apesar de os governos de Petro e Donald Trump reduzirem a rispidez, as consequências ainda repercutem entre ambos os países outrora grandes aliados. Em paralelo, Petro continua buscando solução para o conflito com a guerrilha do ELN na regiçao do Catatumbo.

Através das redes sociais, Gustavo Petro afirmou na segunda-feira (27) que “na madrugada (de hoje) chegarão nossos compatriotas em território colombiano”, disse o presidente da Colômbia em referência aos 110 deportados pelo governo dos Estados Unidos. Esta foi a maneira de Bogotá evitar constrangimento similar vivido no último fim de semana pelos brasileiros deportados em voo enviado por Washington, no qual foram tratados de forma vexatória e usando algemas. Porém, antes desta manobra, a Colômbia havia se negado a receber seus patriotas, o que gerou clima de estranhamento entre os governos Petro e Trump, ameaçando a então boa relação entre Estados Unidos e Colômbia, o principal aliado da Casa Branca na região sul-americana.

Apesar da crise iniciada neste domingo (26), os voos com deportados dos EUA à Colômbia não são recentes. Eles vêm acontecendo há anos. Segundo o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos, entre 2021 e 2024, durante a gestão de Joe Biden, mais de 28 mil colombianos foram deportados. Cerca de quatorze mil só no ano passado.

Para que um estrangeiro seja deportado dos Estados Unidos, ele precisa ter entrado de maneira ilegal naquele país, ou ter cometido algum crime, ou ter ameaçado a segurança pública. Vários imigrantes colombianos em processo de deportação alegam que o tratamento recebido é degradante e até mesmo desumano.

Após horas de negociações, Estados Unidos e Colômbia afirmam ter dissolvido o mal-estar. No entanto, as consequências ainda persistem.

Sem vistos, por enquanto

É o caso dos que nesta segunda-feira (27) foram ao consulado dos Estados Unidos em Bogotá para solicitar a permissão de entrada no país norte-americano. Washington suspendeu a emissão de vistos aos colombianos, o que gerou uma série de reclamações e incertezas. Como represália à decisão de Bogotá de recusar que aviões americanos transportassem os deportados colombianos, os Estados Unidos suspenderam a emissão de vistos até segunda ordem. Ainda não há informação sobre quando o setor de vistos do consulado será reaberto e as entrevistas, retomadas.

A Casa Branca impôs condições à volta da emissão dos vistos aos Estados Unidos. Em um comunicado, os EUA informaram que “as sanções de vistos emitidos pelo Departamento de Estado e as inspeções intensificadas do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteira continuarão vigentes até que seja retornado com sucesso o primeiro avião de deportados colombianos”.

Apesar de Donal Trump ter voltado atrás na decisão de aumentar as taxas de importação de produtos colombianos após o mal-estar bilateral sobre os deportados colombianos, a confiança da Colômbia em seu principal sócio comercial ficou abalada.

Alguns analistas colombianos reforçam a necessidade de a Colômbia se aproximar dos BRICS, grupo de países liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que acolheu novos sócios há poucos meses. Esta seria uma forma da Colômbia proteger sua economia e abrir frente com novos sócios.

Dólar em queda

Outra ênfase seria focar na China, país com o qual a Colômbia mantém relações há 45 anos. A rusga com Washington levou o embaixador chinês em Bogotá a afirmar que “não buscamos desafiar os Estados Unidos, nem substituir seu papel no mundo”.

A flutuação na cotação do dólar na Colômbia também vem refletindo a desconfiança do país após a posse de Donald Trump, que voltou à Casa Branca no último 20 de janeiro. Nesta segunda-feira (27) moeda norte-americana teve tendência a baixa, sendo cotada a 4.188 pesos. O valor foi inferior em comparação à cotação da semana passada, quando estava a 4.194 pesos.

Crise também na diplomacia

A crise iniciada com as deportações parece ter gerado um efeito dominó na Colômbia, gerando consequências também na diplomacia colombiana.

O chanceler colombiano Luis Gilberto Murillo antecipou sua saída do cargo após as rusgas entre Bogotá e Washington. Uma de suas últimas atividades como ministro de Relações Exteriores será visitar Washington para ajustar detalhes com a administração de Donald Trump.

Fontes afirmam que a boa relação entre o presidente Petro e o chanceler Murillo foi abalada com a rusga com Washington, apesar de esta já ter sido resolvida. Este seria o motivo pelo qual o atual ministro de Relações Exteriores antecipará a entrega do cargo.

Murillo será substituído por Laura Saraiba, que deve assumir o posto em 1° de fevereiro.

“Força estrangeira” no Catatumbo

Em paralelo à situação com Washington, Gustavo Petro continua enfrentando a situação na região do Catatumbo, onde há mais de uma semana a guerrilha do Exército de Libertação Nacional mais dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) vem gerando uma grave crise humanitária. Mais de oitenta pessoas foram assassinadas e pelo menos onze mil fugiram para a Venezuela, temendo as ações violentas dos grupos rebeldes.

Nesta segunda-feira (27) o presidente colombiano participou de um evento para anunciar medidas para acabar com a crise no Catatumbo. Sem dar nomes, Petro afirmou que os ataques dos últimos dias foram liderados por uma “força estrangeira”.

“O Catatumbo tem um dos atores da violência que mudaram com o tempo. Chegaram a defender a população, chegaram a fazer uma revolução para defender a população, chegaram a fazer uma revolução para melhorar a vida (da população), mas terminou no contrário. Porque é isso que vemos nestes dias: uma força estrangeira ocupando o território”, afirmou o presidente.

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