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Familiares farão vigília na Venezuela por libertação de manifestantes presos após eleição de Maduro

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Familiares dos presos em protestos após a eleição presidencial na Venezuela convocaram para a madrugada desta terça (17) para quarta-feira a “Vigília pela Justiça e Liberdade”. Além de rezarem, eles buscam chamar a atenção à delicada situação dos detentos, dos desaparecidos e em memória dos três presos políticos que morreram na prisão. As poucas informações sobre a situação dos presos vêm gerando uma série de denúncias dos familiares.

Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

Parentes das mais de duas mil pessoas presas nos protestos pós-eleitorais, por discordarem da vitória de Nicolás Maduro anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral, buscam chamar a atenção para a situação de seus familiares.

Eles já fizeram outras manifestações, mas desta vez optaram por uma vigília. O ato começa às seis horas da noite de terça-feira (17) e termina às sete horas da manhã da quarta-feira (18), na praça do Reitorado da Universidade Central da Venezuela, lugar de referência da juventude no país, além de ser considerado seguro, se comparado a praças públicas.

Organizada pelo Comitê de Familiares e Amigos pela Liberdade dos Presos Políticos, a vigília de doze horas foi convocada em memória dos “presos políticos mortos sob custódia do Estado, pelos desaparecidos, e em prol do fim da perseguição e repressão e pela liberdade plena de todas as pessoas detidas por razões políticas”.

Os participantes pedem “justiça, liberdade e um Natal sem presos políticos”. Há quatro meses, homens e mulheres de várias idades estão em prisões espalhadas pelo país. A maioria dos familiares denuncia que as visitas são muito rápidas e esporádicas. Além disso, há pouca informação sobre o estado de saúde dos detentos. Muitos afirmam que eles apresentam quadros de depressão ou estão com a saúde comprometida por causa das condições insalubres nas prisões.

O Ministério Público venezuelano afirma que até o momento foram liberadas 179 pessoas que haviam sido presas no contexto pós-eleitoral. Já ONGs do país garantem que até o momento apenas 48 foram soltas. Seis adolescentes continuam presos. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol) aponta que apenas dois jornalistas foram liberados e que onze continuam presos de “maneira ilegal e arbitrária”.

Há uma semana o ativista político e defensor dos direitos humanos Jesus Armas está desaparecido. Familiares afirmam que ele foi submetido a um desaparecimento forçado e pedem uma prova de vida. Não há informação sobre o paradeiro dele.

Mais mortes na prisão

Na manhã desta segunda-feira (16), a ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) denunciou a morte de mais um preso político. Osgual Alexander González Pérez, de 43 anos, estava em Tocuyito, no estado de Carabobo (oeste), após ser preso em agosto deste ano com o filho de 19 anos nos protestos pós-eleitorais.

González Pérez estava depressivo e no começo de dezembro foi internado após sentir dores abdominais. Um jornal local informou que ele apresentava pele amarelada, lábios roxos, abdome inflamado e fortes dores, quadro que apontava a uma hepatite e não problema renal conforme teria sido diagnosticado pelos médicos que o atenderam. Os familiares de González solicitaram que fosse feito uma ecografia abdominal, mas o pedido não foi considerado e ele faleceu.

Com a morte de González Pérez, sobe para três o número de manifestantes de protestos pós-eleições mortos sob custódia do Estado venezuelano. O primeiro foi Jesus Manuel Martínez, que sofria de diabete. O segundo foi Jesus Rafael Álvarez, cujo corpo foi entregue aos familiares em estado avançado de decomposição.

Na última sexta-feira (13), Volker Turk, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, declarou estar preocupado de que as prisões “tenham sido de forma arbitrária, incluindo adolescentes e jovens, membros da oposição, defensores de direitos humanos, jornalistas e advogados”.

ONGs denunciam

Pelas redes sociais, parentes dos presos em protestos afirmam que estão sendo ameaçados pelas autoridades para não denunciarem as irregularidades e as insalubres condições das prisões onde estão seus familiares.

O Comitê para a Liberdade dos Presos Políticos denunciou por meio das redes sociais que “o terrorismo de Estado continua na Venezuela”, em referência ao que, segundo eles, vem acontecendo na prisão de Tocorón (localizada no estado de Aragua, no centro-oeste venezuelano). Os detentos “têm sido maltratados, punidos e até comida foi negada a eles por denunciarem a situação de Carlos Valecillos”, um preso político que nos últimos dias tentou suicídio.

A mãe de um dos presos afirmou que “o diretor da prisão disse que protestando, a única coisa que eu conseguiria seria atrasar a liberação do meu filho”. Familiar de outro preso político disse que ele evita dar detalhes do que acontece dentro da prisão por medo de represálias. “Eles ficam intimidados para não nos contar o que está acontecendo, sob ameaça de ter suspendidas as visitas ou seus processos judiciais atrasados”.

Humberto Prado, diretor do Observatório Penitenciário da Venezuela (OVP), ressalta que “o medo imposto aos familiares não busca apenas impedir que as denúncias cheguem à comunidade internacional, mas também consolidar a narrativa oficial que apresenta o regime como vítima de uma conspiração. Este duplo propósito permite ao Estado justificar a repressão e manter o controle”. Para o Observatório Venezuelano de Prisões (OVP), “esta repressão responde a uma preocupante estratégia de intimidação por parte do regime”.

Colômbia oferece custódia a asilados

Nesta segunda-feira (16), o Ministério de Relações Exteriores da Colômbia reiterou sua disposição de assumir a custódia da Embaixada da Argentina em Caracas, até então sob responsabilidade do Brasil, e dos seis asilados que estão no local desde março deste ano.

A Colômbia pediu ao governo de Nicolás Maduro o cumprimento do direito internacional e reiterou a oferta, feita em março, para ajudar na crise política e diplomática. As autoridades colombianas destacaram que o país foi transformado em uma nação de trânsito e recepção de venezuelanos, ressaltando “nossa tradição histórica de fornecer refúgio e asilo a quem precisa”

Os seis asilados da equipe de Maria Corina Machado que desde março deste ano estão na Embaixada da Argentina em Caracas continuam aguardando a resolução do caso. Seja por meio de um salvo-conduto para sair do lugar ou que o governo venezuelano aceite a proposta feita por outro país para custodiar a residência diplomática. Até o momento, a gestão de Nicolás Maduro não respondeu se aceitará ou não a proposta feita pela Colômbia.

O grupo está há semanas sem eletricidade e sem o fornecimento adequado de água. No último fim de semana, houve denúncias de que franco-atiradores estavam posicionados nas imediações da residência, aumentando o medo das seis pessoas que se asilaram na embaixada após receberem ordem de prisão.

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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

Parentes das mais de duas mil pessoas presas nos protestos pós-eleitorais, por discordarem da vitória de Nicolás Maduro anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral, buscam chamar a atenção para a situação de seus familiares.

Eles já fizeram outras manifestações, mas desta vez optaram por uma vigília. O ato começa às seis horas da noite de terça-feira (17) e termina às sete horas da manhã da quarta-feira (18), na praça do Reitorado da Universidade Central da Venezuela, lugar de referência da juventude no país, além de ser considerado seguro, se comparado a praças públicas.

Organizada pelo Comitê de Familiares e Amigos pela Liberdade dos Presos Políticos, a vigília de doze horas foi convocada em memória dos “presos políticos mortos sob custódia do Estado, pelos desaparecidos, e em prol do fim da perseguição e repressão e pela liberdade plena de todas as pessoas detidas por razões políticas”.

Os participantes pedem “justiça, liberdade e um Natal sem presos políticos”. Há quatro meses, homens e mulheres de várias idades estão em prisões espalhadas pelo país. A maioria dos familiares denuncia que as visitas são muito rápidas e esporádicas. Além disso, há pouca informação sobre o estado de saúde dos detentos. Muitos afirmam que eles apresentam quadros de depressão ou estão com a saúde comprometida por causa das condições insalubres nas prisões.

O Ministério Público venezuelano afirma que até o momento foram liberadas 179 pessoas que haviam sido presas no contexto pós-eleitoral. Já ONGs do país garantem que até o momento apenas 48 foram soltas. Seis adolescentes continuam presos. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol) aponta que apenas dois jornalistas foram liberados e que onze continuam presos de “maneira ilegal e arbitrária”.

Há uma semana o ativista político e defensor dos direitos humanos Jesus Armas está desaparecido. Familiares afirmam que ele foi submetido a um desaparecimento forçado e pedem uma prova de vida. Não há informação sobre o paradeiro dele.

Mais mortes na prisão

Na manhã desta segunda-feira (16), a ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) denunciou a morte de mais um preso político. Osgual Alexander González Pérez, de 43 anos, estava em Tocuyito, no estado de Carabobo (oeste), após ser preso em agosto deste ano com o filho de 19 anos nos protestos pós-eleitorais.

González Pérez estava depressivo e no começo de dezembro foi internado após sentir dores abdominais. Um jornal local informou que ele apresentava pele amarelada, lábios roxos, abdome inflamado e fortes dores, quadro que apontava a uma hepatite e não problema renal conforme teria sido diagnosticado pelos médicos que o atenderam. Os familiares de González solicitaram que fosse feito uma ecografia abdominal, mas o pedido não foi considerado e ele faleceu.

Com a morte de González Pérez, sobe para três o número de manifestantes de protestos pós-eleições mortos sob custódia do Estado venezuelano. O primeiro foi Jesus Manuel Martínez, que sofria de diabete. O segundo foi Jesus Rafael Álvarez, cujo corpo foi entregue aos familiares em estado avançado de decomposição.

Na última sexta-feira (13), Volker Turk, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, declarou estar preocupado de que as prisões “tenham sido de forma arbitrária, incluindo adolescentes e jovens, membros da oposição, defensores de direitos humanos, jornalistas e advogados”.

ONGs denunciam

Pelas redes sociais, parentes dos presos em protestos afirmam que estão sendo ameaçados pelas autoridades para não denunciarem as irregularidades e as insalubres condições das prisões onde estão seus familiares.

O Comitê para a Liberdade dos Presos Políticos denunciou por meio das redes sociais que “o terrorismo de Estado continua na Venezuela”, em referência ao que, segundo eles, vem acontecendo na prisão de Tocorón (localizada no estado de Aragua, no centro-oeste venezuelano). Os detentos “têm sido maltratados, punidos e até comida foi negada a eles por denunciarem a situação de Carlos Valecillos”, um preso político que nos últimos dias tentou suicídio.

A mãe de um dos presos afirmou que “o diretor da prisão disse que protestando, a única coisa que eu conseguiria seria atrasar a liberação do meu filho”. Familiar de outro preso político disse que ele evita dar detalhes do que acontece dentro da prisão por medo de represálias. “Eles ficam intimidados para não nos contar o que está acontecendo, sob ameaça de ter suspendidas as visitas ou seus processos judiciais atrasados”.

Humberto Prado, diretor do Observatório Penitenciário da Venezuela (OVP), ressalta que “o medo imposto aos familiares não busca apenas impedir que as denúncias cheguem à comunidade internacional, mas também consolidar a narrativa oficial que apresenta o regime como vítima de uma conspiração. Este duplo propósito permite ao Estado justificar a repressão e manter o controle”. Para o Observatório Venezuelano de Prisões (OVP), “esta repressão responde a uma preocupante estratégia de intimidação por parte do regime”.

Colômbia oferece custódia a asilados

Nesta segunda-feira (16), o Ministério de Relações Exteriores da Colômbia reiterou sua disposição de assumir a custódia da Embaixada da Argentina em Caracas, até então sob responsabilidade do Brasil, e dos seis asilados que estão no local desde março deste ano.

A Colômbia pediu ao governo de Nicolás Maduro o cumprimento do direito internacional e reiterou a oferta, feita em março, para ajudar na crise política e diplomática. As autoridades colombianas destacaram que o país foi transformado em uma nação de trânsito e recepção de venezuelanos, ressaltando “nossa tradição histórica de fornecer refúgio e asilo a quem precisa”

Os seis asilados da equipe de Maria Corina Machado que desde março deste ano estão na Embaixada da Argentina em Caracas continuam aguardando a resolução do caso. Seja por meio de um salvo-conduto para sair do lugar ou que o governo venezuelano aceite a proposta feita por outro país para custodiar a residência diplomática. Até o momento, a gestão de Nicolás Maduro não respondeu se aceitará ou não a proposta feita pela Colômbia.

O grupo está há semanas sem eletricidade e sem o fornecimento adequado de água. No último fim de semana, houve denúncias de que franco-atiradores estavam posicionados nas imediações da residência, aumentando o medo das seis pessoas que se asilaram na embaixada após receberem ordem de prisão.

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