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O cavaleiro pobre - Olavo Bilac

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O cavaleiro pobre de Olavo Bilac por Gus

Ninguém soube quem era o Cavaleiro Pobre,

Que viveu solitário, e morreu sem falar:

Era simples e sóbrio, era valente e nobre,

E pálido como o luar.

Antes de se entregar às fadigas da guerra,

Dizem que um dia viu qualquer cousa do céu:

E achou tudo vazio... e pareceu-lhe a terra

Um vasto e inútil mausoléu.

Desde então, uma atroz devoradora chama

Calcinou-lhe o desejo, e o reduziu a pó.

E nunca mais o Pobre olhou uma só dama,

Nem uma só! nem uma só!

Conservou, desde então, a viseira abaixada:

E, fiel à Visão, e ao seu amor fiel,

Trazia uma inscrição de três letras, gravada

A fogo e sangue no broquel.

Foi aos prélios da Fé. Na Palestina, quando,

No ardor do seu guerreiro e piedoso mister,

Cada filho da Cruz se batia, invocando

Um nome caro de mulher,

Ela rouco, brandindo o pique no ar, clamava:

“Lumen coeli Regina!” e, ao clamor dessa voz,

Nas hostes dos incréus como uma tromba entrava,

Irresistível e feroz.

Mil vezes sem morrer viu a morte de perto,

E negou-lhe o destino outra vida melhor:

Foi viver no deserto... E era imenso o deserto!

Mas o seu Sonho era maior!

E um dia, a se estorcer, aos saltos, desgrenhado,

Louco, velho, feroz, - naquela solidão

Morreu: - mudo, rilhando os dentes, devorado

Pelo seu próprio coração.

Ida

Para a porta do céu, pálida e bela,

Ida as asas levanta e as nuvens corta.

Correm os anjos: e a criança morta

Foge dos anjos namorados dela.

Longe do amor materno o céu que importa?

O pranto os olhos límpidos lhe estrela...

Sob as rosas de neve da capela,

Ida soluça, vendo abrir-se a porta.

Quem lhe dera outra vez o escuro canto

Da escura terra, onde, a sangrar, sozinho,

Um coração de mão desfaz-se em pranto!

Cerra-se a porta: os anjos todos voam...

Como fica distante aquele ninho,

Que as mães adoram... mas amaldiçoam!

Edição por Felipe Xavier

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85 episódios

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Ninguém soube quem era o Cavaleiro Pobre,

Que viveu solitário, e morreu sem falar:

Era simples e sóbrio, era valente e nobre,

E pálido como o luar.

Antes de se entregar às fadigas da guerra,

Dizem que um dia viu qualquer cousa do céu:

E achou tudo vazio... e pareceu-lhe a terra

Um vasto e inútil mausoléu.

Desde então, uma atroz devoradora chama

Calcinou-lhe o desejo, e o reduziu a pó.

E nunca mais o Pobre olhou uma só dama,

Nem uma só! nem uma só!

Conservou, desde então, a viseira abaixada:

E, fiel à Visão, e ao seu amor fiel,

Trazia uma inscrição de três letras, gravada

A fogo e sangue no broquel.

Foi aos prélios da Fé. Na Palestina, quando,

No ardor do seu guerreiro e piedoso mister,

Cada filho da Cruz se batia, invocando

Um nome caro de mulher,

Ela rouco, brandindo o pique no ar, clamava:

“Lumen coeli Regina!” e, ao clamor dessa voz,

Nas hostes dos incréus como uma tromba entrava,

Irresistível e feroz.

Mil vezes sem morrer viu a morte de perto,

E negou-lhe o destino outra vida melhor:

Foi viver no deserto... E era imenso o deserto!

Mas o seu Sonho era maior!

E um dia, a se estorcer, aos saltos, desgrenhado,

Louco, velho, feroz, - naquela solidão

Morreu: - mudo, rilhando os dentes, devorado

Pelo seu próprio coração.

Ida

Para a porta do céu, pálida e bela,

Ida as asas levanta e as nuvens corta.

Correm os anjos: e a criança morta

Foge dos anjos namorados dela.

Longe do amor materno o céu que importa?

O pranto os olhos límpidos lhe estrela...

Sob as rosas de neve da capela,

Ida soluça, vendo abrir-se a porta.

Quem lhe dera outra vez o escuro canto

Da escura terra, onde, a sangrar, sozinho,

Um coração de mão desfaz-se em pranto!

Cerra-se a porta: os anjos todos voam...

Como fica distante aquele ninho,

Que as mães adoram... mas amaldiçoam!

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