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Discurso e ações de ódio da extrema direita crescem na Alemanha às vésperas de eleições europeias

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Muito se fala sobre o “discurso do ódio” no Brasil, associado quase sempre a ações de militantes de extrema direita contra seus adversários políticos. Nestas manifestações, por vezes parece que esta violência pertence exclusivamente à sociedade brasileira. Não é verdade.

Flávio Aguiar, analista político

Dentro de um mês se realizarão as eleições para o Parlamento Europeu e nota-se um crescimento do “discurso e das ações de ódio” na Alemanha, também por parte de militantes de extrema direita, contra quem considerarem ser adversários políticos.

Recentemente houve alguns incidentes graves desta natureza nas cidades de Dresden e Berlim.

Em Dresden houve dois incidentes. No primeiro, a política Anne-Katrin Haubold, do Partido Verde, foi hostilizada por um grupo de jovens enquanto afixava cartazes de propaganda para a votação do Parlamento Europeu. A agressão foi filmada, e vê-se o grupo investir contra os cartazes que ela pregava, além de a agredirem verbalmente.

O segundo episódio foi mais grave. Aparentemente o mesmo grupo - de quatro jovens - atacou o político do Partido Social-Democrata Matthias Ecke, também enquanto este fazia campanha para a eleição de junho. Matthias Ecke ficou ferido com alguma gravidade, sofrendo fraturas no osso facial e numa de suas cavidades oculares.

A polícia identificou os quatro agressores, de idade entre 17 e 18 anos, e pelo menos um deles já era conhecido por suas ideias de extrema direita.

Em Berlim, na terça-feira (7), a atual secretária da Economia da Prefeitura (aqui chamada de “Senado”) e ex-prefeita da cidade Franciska Giffey, do Partido Social-Democrata, foi agredida dentro de uma biblioteca no bairro de Rudow. Um homem de 74 anos atacou-a pelas costas, e bateu em sua cabeça e em seu pescoço com uma sacola pesada. Giffey sofreu ferimentos leves e o agressor foi detido. A polícia declarou ainda desconhecer os motivos da agressão.

Max Reschke, porta-voz do Partido Verde no estado da Turíngia, na antiga Alemanha Oriental, declarou que ameaças e ataques contra militantes de seu partido e de outros de esquerda ou de centro-esquerda são constantes. Detalhou que durante manifestações dos agricultores da região, que, dentre outras reivindicações, pediam o afrouxamento das exigências ambientais, tornou-se comum encontrar estrume nas portas dos gabinetes de políticos do partido. Muitas vezes esses gabinetes tiveram suas janelas quebradas por pedradas e também suas caixas de correio foram destruídas.

O porta-voz declarou que agora é norma que políticos em campanha não andem nem viajem desacompanhados.

Aumento da violência

A pedido da Fundação Körber de Proteção à Democracia, a agência Forsa realizou uma pesquisa com 6.400 prefeitos ou presidentes de câmaras municipais na Alemanha sobre o tema da violência política. Duas mil e quinhentas delas ou deles afirmaram que ou já sofreram violência e ameaças ou sabem de casos que aconteceram na sua jurisdição.

Sven Tetzlaff, dirigente regional da Fundação Körber, ressaltou que este aumento da violência não se restringe à Alemanha, mas é observado em toda a Europa e nos Estados Unidos, motivado por ressentimentos e frustrações contra políticos e a política de um modo geral.

Quanto à Alemanha especificamente, há analistas que ressaltam a semelhança deste crescimento com o que aconteceu nas décadas de 1920 e 1930 do século passado, durante o período conhecido como República de Weimar, cidade onde se reuniu a Constituinte alemã depois do fim da Primeira Guerra Mundial e da queda da monarquia. Naquele momento, grupos paramilitares de extrema direita patrocinaram uma violência crescente contra seus adversários até a ascensão do governo e do regime nazistas no começo de 1933.

Apesar das analogias, notam-se algumas diferenças entre as duas situações, pelo menos de momento. Por exemplo, em maio de 1933 o subprefeito do bairro de Kreuzberg, em Berlim, o social-democrata Carl Herz, tio-avô do político brasileiro Tarso Genro, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio Grande do Sul, foi arrancado de seu gabinete por militantes dos SA (Sturmabteilung), ou Camisas Pardas, e espancado no meio da rua. A polícia acorreu e prendeu... a vítima (!), que acabou se exilando com parte da família na Inglaterra.

Hoje não é tal arbitrariedade policial que se observa nestes casos de violência na Alemanha. Mas há quem tema que a história se repita, e não como farsa, mas como nova tragédia.

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Flávio Aguiar, analista político

Dentro de um mês se realizarão as eleições para o Parlamento Europeu e nota-se um crescimento do “discurso e das ações de ódio” na Alemanha, também por parte de militantes de extrema direita, contra quem considerarem ser adversários políticos.

Recentemente houve alguns incidentes graves desta natureza nas cidades de Dresden e Berlim.

Em Dresden houve dois incidentes. No primeiro, a política Anne-Katrin Haubold, do Partido Verde, foi hostilizada por um grupo de jovens enquanto afixava cartazes de propaganda para a votação do Parlamento Europeu. A agressão foi filmada, e vê-se o grupo investir contra os cartazes que ela pregava, além de a agredirem verbalmente.

O segundo episódio foi mais grave. Aparentemente o mesmo grupo - de quatro jovens - atacou o político do Partido Social-Democrata Matthias Ecke, também enquanto este fazia campanha para a eleição de junho. Matthias Ecke ficou ferido com alguma gravidade, sofrendo fraturas no osso facial e numa de suas cavidades oculares.

A polícia identificou os quatro agressores, de idade entre 17 e 18 anos, e pelo menos um deles já era conhecido por suas ideias de extrema direita.

Em Berlim, na terça-feira (7), a atual secretária da Economia da Prefeitura (aqui chamada de “Senado”) e ex-prefeita da cidade Franciska Giffey, do Partido Social-Democrata, foi agredida dentro de uma biblioteca no bairro de Rudow. Um homem de 74 anos atacou-a pelas costas, e bateu em sua cabeça e em seu pescoço com uma sacola pesada. Giffey sofreu ferimentos leves e o agressor foi detido. A polícia declarou ainda desconhecer os motivos da agressão.

Max Reschke, porta-voz do Partido Verde no estado da Turíngia, na antiga Alemanha Oriental, declarou que ameaças e ataques contra militantes de seu partido e de outros de esquerda ou de centro-esquerda são constantes. Detalhou que durante manifestações dos agricultores da região, que, dentre outras reivindicações, pediam o afrouxamento das exigências ambientais, tornou-se comum encontrar estrume nas portas dos gabinetes de políticos do partido. Muitas vezes esses gabinetes tiveram suas janelas quebradas por pedradas e também suas caixas de correio foram destruídas.

O porta-voz declarou que agora é norma que políticos em campanha não andem nem viajem desacompanhados.

Aumento da violência

A pedido da Fundação Körber de Proteção à Democracia, a agência Forsa realizou uma pesquisa com 6.400 prefeitos ou presidentes de câmaras municipais na Alemanha sobre o tema da violência política. Duas mil e quinhentas delas ou deles afirmaram que ou já sofreram violência e ameaças ou sabem de casos que aconteceram na sua jurisdição.

Sven Tetzlaff, dirigente regional da Fundação Körber, ressaltou que este aumento da violência não se restringe à Alemanha, mas é observado em toda a Europa e nos Estados Unidos, motivado por ressentimentos e frustrações contra políticos e a política de um modo geral.

Quanto à Alemanha especificamente, há analistas que ressaltam a semelhança deste crescimento com o que aconteceu nas décadas de 1920 e 1930 do século passado, durante o período conhecido como República de Weimar, cidade onde se reuniu a Constituinte alemã depois do fim da Primeira Guerra Mundial e da queda da monarquia. Naquele momento, grupos paramilitares de extrema direita patrocinaram uma violência crescente contra seus adversários até a ascensão do governo e do regime nazistas no começo de 1933.

Apesar das analogias, notam-se algumas diferenças entre as duas situações, pelo menos de momento. Por exemplo, em maio de 1933 o subprefeito do bairro de Kreuzberg, em Berlim, o social-democrata Carl Herz, tio-avô do político brasileiro Tarso Genro, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio Grande do Sul, foi arrancado de seu gabinete por militantes dos SA (Sturmabteilung), ou Camisas Pardas, e espancado no meio da rua. A polícia acorreu e prendeu... a vítima (!), que acabou se exilando com parte da família na Inglaterra.

Hoje não é tal arbitrariedade policial que se observa nestes casos de violência na Alemanha. Mas há quem tema que a história se repita, e não como farsa, mas como nova tragédia.

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