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Bônus 07: "Eva", de Nara Vidal

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“Eva”, de Nara Vidal, discute o peso do passado sobre o presente
Aline Reis
Eva carrega o peso do pecado original desde criança e o estigma do nome dá norte ao romance homônimo, de Nara Vidal, publicado pela Todavia.
Nas 112 páginas entramos na vida caótica de Eva, uma mulher solitária, que sofre pela ausência da mãe e que tenta se afastar do filho.
Vidal deixa bem marcados na narrativa em primeira pessoa os dois temas importantes para a trama: a relação de Eva com a mãe e o envolvimento afetivo com o namorado que abusa dela.
“Quando meu marido me tirou de casa, tinha razão”, diz a narradora, que desde a infância atrai para si todo tipo de maldade, mesmo após anos de benzimentos e rezas por causa do nome.
Depois de sair de casa, o sofrimento de Eva não remete ao afastamento da família, e sim ocorre pela falta da mãe, que morreu, mas vive assombrando as memórias da protagonista.
Vidal é feliz em desromantizar a relação materna. Mães não são perfeitas e as relações com as filhas podem ser conflituosas e cheias de manipulação travestida de amor.
O marrom da capa do livro, que não é exatamente uma cor muito atraente, dialoga com a cortina de tule da mesma tonalidade na sala da personagem, que, pela janela, assiste à vida passar e faz suas reflexões.
Eva, embora hipoteticamente possuída pelo demônio, é uma mulher vulnerável que vive com ajuda financeira do filho – com quem não tem nenhuma relação de afeto – e tenta dar aulas de língua portuguesa, apesar de não ter alunos.
O pouco dinheiro faz com que ela passe por privações e reflita sobre como chegou a esse ponto. A escritora usa bem passado e presente para demonstrar a angústia da personagem que tem uma vida bastante incerta até conhecer outra mulher que também perdeu a mãe.
Do meio para o fim, o livro traz algum mistério acerca da relação das personagens com suas mães e retoma os relacionamentos abusivos de Eva.
Dito assim, parece uma bagunça, mas Vidal é habilidosa em tecer esta colcha de retalhos para estruturar uma narrativa interessante.
O mergulho na vida de Eva é dividido em três partes: Superfície, Profundo e Fundo. Os títulos indicam nuances de um texto que brinca com a loucura e provoca sentimentos antagônicos em relação à personagem.
Outro mérito tremendo de Vidal é saber usar o delírio como um pedido de ajuda e, ao mesmo tempo, trazer lampejos de lucidez que fazem de Eva menos pecadora e mais humana.
Eva é um livro que usa perda, violência e liberdade para discutir de maneira muito sutil o peso que o passado tem sobre o presente.
“Eva”, de Nara Vidal. Editora Todavia, 112 páginas, R$ 54,90 e R$ 36,90 (e-book).
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Eva carrega o peso do pecado original desde criança e o estigma do nome dá norte ao romance homônimo, de Nara Vidal, publicado pela Todavia.
Nas 112 páginas entramos na vida caótica de Eva, uma mulher solitária, que sofre pela ausência da mãe e que tenta se afastar do filho.
Vidal deixa bem marcados na narrativa em primeira pessoa os dois temas importantes para a trama: a relação de Eva com a mãe e o envolvimento afetivo com o namorado que abusa dela.
“Quando meu marido me tirou de casa, tinha razão”, diz a narradora, que desde a infância atrai para si todo tipo de maldade, mesmo após anos de benzimentos e rezas por causa do nome.
Depois de sair de casa, o sofrimento de Eva não remete ao afastamento da família, e sim ocorre pela falta da mãe, que morreu, mas vive assombrando as memórias da protagonista.
Vidal é feliz em desromantizar a relação materna. Mães não são perfeitas e as relações com as filhas podem ser conflituosas e cheias de manipulação travestida de amor.
O marrom da capa do livro, que não é exatamente uma cor muito atraente, dialoga com a cortina de tule da mesma tonalidade na sala da personagem, que, pela janela, assiste à vida passar e faz suas reflexões.
Eva, embora hipoteticamente possuída pelo demônio, é uma mulher vulnerável que vive com ajuda financeira do filho – com quem não tem nenhuma relação de afeto – e tenta dar aulas de língua portuguesa, apesar de não ter alunos.
O pouco dinheiro faz com que ela passe por privações e reflita sobre como chegou a esse ponto. A escritora usa bem passado e presente para demonstrar a angústia da personagem que tem uma vida bastante incerta até conhecer outra mulher que também perdeu a mãe.
Do meio para o fim, o livro traz algum mistério acerca da relação das personagens com suas mães e retoma os relacionamentos abusivos de Eva.
Dito assim, parece uma bagunça, mas Vidal é habilidosa em tecer esta colcha de retalhos para estruturar uma narrativa interessante.
O mergulho na vida de Eva é dividido em três partes: Superfície, Profundo e Fundo. Os títulos indicam nuances de um texto que brinca com a loucura e provoca sentimentos antagônicos em relação à personagem.
Outro mérito tremendo de Vidal é saber usar o delírio como um pedido de ajuda e, ao mesmo tempo, trazer lampejos de lucidez que fazem de Eva menos pecadora e mais humana.
Eva é um livro que usa perda, violência e liberdade para discutir de maneira muito sutil o peso que o passado tem sobre o presente.
“Eva”, de Nara Vidal. Editora Todavia, 112 páginas, R$ 54,90 e R$ 36,90 (e-book).
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