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Como votar bem? José Adelino Maltez

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Nenhuma arte depende tanto da comunicação como a política.

Seduzir os eleitores, negociar com outros políticos, explicar decisões difíceis, são tudo tarefas onde a comunicação tem papel-chave.

Talvez seja por isso que quando algum decisor é percecionada de forma mais crítica. Dizemos que ele tem um problema de comunicação.

Esta edição é sobre a forma como os políticos comunicam.

Ou melhor, é sobre como recebemos e interpretámos a comunicação política.

Um guia de viagem para os tempos que vivemos.


Tópicos e Tempos

A importância da comunicação na política (00:00:12)
Discussão sobre o papel fundamental da comunicação na política e como ela influencia a perceção dos políticos pelo público.

O voto como emoção e paixão (00:01:35)
Exploração da emoção e paixão envolvidas na decisão de voto, comparando-a com a relação emocional dos pais com os filhos.

O método de votação dos politólogos (00:03:32)
Conversa sobre como os politólogos votam, baseado em convicções, intuições e vínculos emocionais com os candidatos.

Influência dos círculos distritais nas eleições (00:07:27)
Análise da influência dos círculos distritais nas eleições e a questão da representatividade política em círculos mais pequenos.

A evolução da qualidade dos políticos (00:10:05)
Reflexão sobre a evolução da qualidade dos políticos ao longo do tempo e a nostalgia em relação aos políticos do passado.

A arte da conversa na política (00:12:36)
Discussão sobre a importância da conversa na democracia portuguesa e como a comunicação é treinada e organizada pelos políticos.

A comunicação dos políticos portugueses (00:16:54)
Discussão sobre como os políticos atuais são percebidos como comunicadores.

A evolução da democracia em Portugal (00:21:28)
Análise da evolução da democracia em Portugal e a representação dos interesses portugueses na Europa.

Os líderes políticos da terceira geração (00:23:29)
Avaliação dos líderes políticos da terceira geração, sua formação e características.

O populismo e a desinformação (00:26:27)
Discussão sobre o populismo, desinformação e a influência nas opiniões políticas.

Os indecisos e hesitantes nas eleições (00:30:42)
Análise do comportamento dos eleitores indecisos e hesitantes e o seu impacto nas eleições.

Escolha entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro (00:32:06)
Discussão sobre a escolha entre políticos e a influência da comunicação na decisão do voto.

Movimento interno dos partidos (00:33:13)
Análise da importância da coerência e razoabilidade dos discursos políticos nos partidos.

Influência da opinião pública (00:36:17)
Exploração da influência da opinião pública e dos analistas financeiros na correção das ações políticas.

Arte da conversa na política (00:39:08)
Discussão sobre a habilidade dos políticos em perceber e moldar a opinião pública através da comunicação.

Combate à corrupção (00:44:22)
Análise da responsabilidade dos grandes partidos na luta contra a corrupção e a necessidade de aperfeiçoamento do sistema.

O desafio do Serviço Nacional de Saúde (00:46:44)
Discussão sobre os desafios de gestão e mobilização de recursos no Serviço Nacional de Saúde.

Reformismo na sociedade (00:47:30)
Reflexão sobre a necessidade de reformas e a mobilização dos agentes para uma missão com paixão e competência.

A importância da liderança política (00:49:22)
Análise sobre a necessidade de líderes políticos competentes e capazes de realizar mudanças eficazes.

Perspectivas sobre a paz na Europa (00:53:36)
Reflexão sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e a importância de uma postura de respeito e diálogo para alcançar a paz.

O papel da diplomacia na política (00:55:01)
Discussão sobre a importância da diplomacia e do diálogo na política, especialmente em busca da paz.


Os politólogos nasceram para nos ensinarem a arte da política.

São cientistas que se dedicam a estudar os movimentos, ideologias e atores políticos.

E como é bom de ver, funcionam como mediadores e explicadores da forma como políticos e cidadãos interagem.

Não só no momento do voto, mas imediatamente antes e depois.

Como nos seduzem, como geram confiança nos eleitores ou como estragam tudo.

A nossa relação com a política finge ser pragmática, mas é profunda e absolutamente passional.

Votamos porque nos apaixonamos. Zangamo-nos com os nossos políticos de eleição quando nos desiludiram ou não responderam às nossas expectativas.

Por isso esta edição com o politólogo José Adelino Maltez é muito sobre a decisão do Voto e a emoção.

A paixão e o vínculo emocional, segundo ele, são essenciais na decisão de voto, uma comparação interessante com a forma como os pais apoiam os seus filhos.

Falamos também sobre a qualidade dos políticos e a sua evolução ao longo do tempo. Aprendi, por exemplo, sobre a importância da comunicação e da capacidade de argumentação na política, defendendo Adelino Maltez que a democracia em Portugal é fundamentada no debate e na conversa política.

E não resisti a tentar saber como vota um politólogo. Que método segue para escolher os seus candidatos preferidos.

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA

JORGE CORREIA (00:00:00) – Viva Professor José Adelino Maltez. Politólogo Eu gosto da palavra. Gosto do som. Politólogo é um investigador da área da ciência política. Será uma forma mais correcta de colocar a coisa ao longo da.

ADELINO MALTEZ (00:00:14) – Designação da comunicação social?

JORGE CORREIA (00:00:16) – Então como é que se designa? Como é que, Como é que se sente?

ADELINO MALTEZ (00:00:19) – Sinto me bem. Quer dizer, gostava mais que fosse do português antigo, que era o republico, o republico publicado. Sim, utilizava se muito essa designação para mim, para quem falava publicamente sobre coisas política, era o republico. Mas isto é, na Renascença, a mesma coisa. O politólogo é uma francesa. Nada é melhor do que o cientista político. Tanto faz. Não somos nós que inventamos isso. É a qualificação que nos é dada. Assumimos, não assumimos. Ótimo.

JORGE CORREIA (00:00:58) – É assim que eu tenho uma curiosidade iniciática para esta nossa conversa, que é saber como é que votam os politólogos. Fazes uma grelha, Faz uma comparação entre propostas ou, como nós, comuns mortais, vota por convicções e por intuições por paixão.

ADELINO MALTEZ (00:01:17) – Por exemplo, agora, nestas eleições, faço parte dos indecisos. Até agora não é? E estou a ver como é que a coisa vai rebentar e como é.

JORGE CORREIA (00:01:27) – Que vê, como é que, que lentes é que usa para para observar a paixão.

ADELINO MALTEZ (00:01:31) – A paixão, a paixão? Gosto destes.

JORGE CORREIA (00:01:33) – Não gosto daqueles.

ADELINO MALTEZ (00:01:34) – Sim. Mais do que isso. Eu fui professor no activo, isto é, não, não jubilado ou não reformado durante quatro décadas e meia e tenho um grande orgulho. Tenho sempre um bom grupo parlamentar. Isto de alunos queridos não é alunos que foram alunos, alunos com quem conversamos. Portanto, tenho um bom grupo parlamentar. Agora vou ter um grupo parlamentar interessante. Eu, no dia em que for votar, se estiver muito hesitante, vou votar no meu aluno, mesmo que seja de uma ideologia diversa. Portanto.

JORGE CORREIA (00:02:09) – É uma vinculação emocional. Eu conheço este e.

ADELINO MALTEZ (00:02:12) – Eu conheço este. Eu quero que ele seja eleito e sou capaz de mudar de partido conforme os distritos, não é?

JORGE CORREIA (00:02:19) – É curioso porque isso acontece muito quando nós vamos votar nas nas eleições locais autárquicas, em que nós olhamos mais para o candidato do que propriamente para a cor do partido que ele representa.

JORGE CORREIA (00:02:30) – É ou não não concorda comigo?

ADELINO MALTEZ (00:02:33) – É um problema de filhos. Eu já sou velhinho, já sou avô de quatro netas e portanto olho muito os putos desta geração que agora manda que é a segunda geração. J Não. E depois? Passos Coelho Costa Apareceram agora os da geração seguinte. Quer dizer, já estamos em três gerações de jotas a ameaçar governar nos. Que são este?

JORGE CORREIA (00:02:58) – Estes são são os filhos do 25 Abril do pós 25 Abril do.

ADELINO MALTEZ (00:03:01) – Pós, porque o Costa e Passos e a geração 25 de Abril, estes já são da outra geração, da outra formação. E o que é que eles nos trazem? Esse é o meu problema. E como eu sou o passivo, olhe para os putos mais putos das pessoas crescidas e pais e diga se qual era o filho que eu gostava de ter tido e sou capaz de votar Epá, isto é rebelde! Este é um chato. Este está sempre com aquela cara a ler a cartilha. Eu voto como pai, avaliam os filhos com um bocadinho de amor.

ADELINO MALTEZ (00:03:38) – Apesar de tudo, não é ódio e acho graça, Acho graça. Este é assim, aquele e assado. E voto muito nesta intuição do pai ao professor relativamente ao seu aluno ou ao seu filho. E os pais e os professores não querem repetições. Não tem graça nenhuma. Se eu tivesse só um grupo parlamentar da minha área política porque não existia, estava tramado. Gosto muito mais disto do Bloco de Esquerda por aí fora. Por acaso não tenho. Agora ninguém nos chega nem nem no CDS, curiosamente. Mas nos outros as coisas estão repartidas. Sou capaz de ter o cuidado quando um se candidata, me mande um mail, mando lhe um sms. Parabéns! Votava em ti isto se fosse no tal distrito. Ele pensa que eu estou enganado, não é verdade? É verdade que.

JORGE CORREIA (00:04:33) – Esta questão da decisão do nosso voto estar ligado a um círculo distrital levanta nos um problema que é há distritos onde nós até podemos votar num outro candidato por convicção política, mas sabemos que ele não vai conseguir, que aquela força política não vai conseguir em círculos mais pequenos, não vai conseguir ser eleito e, portanto, o voto tende.

ADELINO MALTEZ (00:04:54) – Pois bem, mas isso é o que me aborrece na classe política, porque desde a década de 90, PS e PSD disseram que queriam em pleno, implementaram o modelo a Alemanha, estiveram de acordo? Como é que era isso?

JORGE CORREIA (00:05:06) – Como é que esse modelo.

ADELINO MALTEZ (00:05:07) – É a coisa mais simples do mundo? Os círculos pequenos mais de proximidade, sobretudo na área urbana. E depois, para não se perderem os votos, circulam restos de votos a nível nacional para traduzirem a eleição. Isto é facílimo. PS e PSD. Lembro me bem que quem me promoveu foi um ministro adjunto do primeiro ministro António Costa. Ainda tenho lá as disquetes, não era disquetes, ainda era do cartucho e estávamos todos de acordo. Só que os pequenos partidos e médios PSD CDS não queriam correr esse risco. E nós chegámos a um consenso para uma reforma do sistema eleitoral. Mas se falasse com qualquer um destes políticos que trata disso, eles dizem que este é o melhor. Portanto, permitiria misturar o uninominal, mas não a inglesa não. Tudo com um rastreio da representação a nível partidário.

JORGE CORREIA (00:06:08) – Então nós podemos ter, por exemplo, em Lisboa, no Porto, não apenas um círculo, mas vários círculos. E quem ganhasse teria o deputado que foi eleito e eu sabia em quem é que eu votei.

ADELINO MALTEZ (00:06:20) – Exactamente. E há.

JORGE CORREIA (00:06:21) – O risco de que esse deputado, eventualmente em Lisboa e Porto, é.

ADELINO MALTEZ (00:06:26) – Melhor.

JORGE CORREIA (00:06:26) – Mas eu estou a imaginar a minha terra e eu nasci em Viana do Castelo, mas a minha terra e caminha. Se eu imaginar que caminha, elege um deputado, um só, apenas e tal é o risco de depois esse deputado apenas defender as coisas da minha terra. Caminha É não ter uma visão ou estar menos interessado em defender outros temas que sejam de interesse nacional.

ADELINO MALTEZ (00:06:49) – Porque depois, se eu não tivesse votado nisso, o meu voto contava para o outro, não é? Ao menos ao menos isso. Ou em vez de termos agora em que os deputados dependem do equilíbrio do líder e do e do partido. Não fazia mal nenhum acentuar mos o localismo. Absolutamente nenhum. Mas eles estão de acordo.

ADELINO MALTEZ (00:07:12) – Não é preciso pregar a questão. E depois também não é preciso ser dramático. Eu já tenho uns anos disto, porém vi nascer esta coisa chamada democracia. Fez coisas interessantíssimas. E uma delas foi quase a provocação que me fez. E a qualidade dos políticos?

JORGE CORREIA (00:07:32) – Como é que ela está? Está boa? Está boa?

ADELINO MALTEZ (00:07:35) – Está. Eu sou professora. Sou responsável por ele. Estava agora a dizer a um pai a que não eduquei os meus filhos ou não. Se formos justos e formos analisar segmento por segmento, somos a dar notas assim a Marcelo. Não é mau. Quer dizer.

JORGE CORREIA (00:07:55) – Então onde é que vem essa nostalgia? O vislumbre de achar que no tempo antigo é que os políticos eram grandes, velhice e velhice e velhice.

ADELINO MALTEZ (00:08:07) – Porque ainda há pouco estava aqui a fazer um exercício com notas e que eu dava a cada um destes cabeças de lista. Neste momento, os candidatos a.

JORGE CORREIA (00:08:16) – Primeiros ministros não os conheço, as listas.

ADELINO MALTEZ (00:08:18) – Aos chefes de lista e a média era bastante razoável. Quer dizer, o problema é que nós não gostamos de dizer, por exemplo, nos principais partidos, que os candidatos não são tipo 18, são tipo de 14.

ADELINO MALTEZ (00:08:37) – Estes na minha classificação e eu estou habituado ao António Guterres, mas esse foi para secretário geral da ONU e já passou. Foi para secretário geral da ONU.

JORGE CORREIA (00:08:46) – Portanto, significa que.

ADELINO MALTEZ (00:08:48) – O Marcelo 18 Soares O Cunhal está bem, mas eu não posso comparar com esses. E tem que ser justo. Aumentou o nível de cada um deles, aperfeiçoaram.

JORGE CORREIA (00:09:00) – Melhorou a média no fundo.

ADELINO MALTEZ (00:09:02) – Por exemplo, dou um exemplo daqui da senhora do Pan. A senhora do Pan na última eleição era fraquinha. Agora cresceu, até fez dieta e está melhor do que estava. Quer dizer, eles podem melhorar o desempenho. Eles aprendem com. Com. Com. Com a prática. Outra provocação o Pedro Nuno Não. Aquilo era só comício. Não conseguia falar sem comer. Chegou ao Largo do Rato, apanhou dezenas de de consultores de comunicação a dizer O teu problema é a conversa.

JORGE CORREIA (00:09:40) – Treina, treina a.

ADELINO MALTEZ (00:09:41) – Conversa, treina a conversa. Eu, se fosse conselheiro também dizia vai para casa ver os vídeos do Almeida Santos, do Soares.

ADELINO MALTEZ (00:09:48) – Passa duas noites a ver isto e aquilo. Aprendeu.

JORGE CORREIA (00:09:52) – Portanto, novas ideias podem ser colocadas dentro de uma conversa que faça mais sentido para, de alguma maneira, também amadurecer. E isto é esta palavra.

ADELINO MALTEZ (00:10:03) – É mais do que isso. A democracia em Portugal é a arte da conversa.

JORGE CORREIA (00:10:07) – Então como é que é isso?

ADELINO MALTEZ (00:10:09) – Nós fomos fundados por catedráticos em conversa dura, quer dizer.

JORGE CORREIA (00:10:15) – Aqueles grandes debates.

ADELINO MALTEZ (00:10:16) – Os grandes debates.

JORGE CORREIA (00:10:17) – Olhe que não, olhe que não.

ADELINO MALTEZ (00:10:19) – Eu não sou esses, os normais. O Almeida Santos, por exemplo, fomos fundados para eu estar no sofá e ser convencido pela conversa de um de um político que dizia Eu sou como tu. Vem aqui a ciência da conversa, sobretudo a democracia também. De vez em quando, quando ficamos fartos dos conversadores e lhes chamamos aldrabões, então.

JORGE CORREIA (00:10:40) – Aí queremos os.

ADELINO MALTEZ (00:10:41) – Outros. Aí temos um intervalo psicanalítico do incisivo traz me alguém.

JORGE CORREIA (00:10:46) – O que faz?

ADELINO MALTEZ (00:10:47) – O tipo que aponta rumos. Mesmo incisivo, não lhe chamo, não lhe chamo carismático. Chamo lhe incisivo, que tem um ar de quem faz.

ADELINO MALTEZ (00:10:57) – Depende. São ciclos, são ciclos. O Cavaco já estamos fartos do Soares. O a seguir veio o Guterres porque estamos farto do Cavaco. A seguir veio este. Estamos fartos de também e acompanhado por mais e quase tudo, de perfis psicológicos e de tipologias. Não é perfis policiais, mas é quase e as pessoas votam no perfil. Agora o problema é ele saber para onde é que está o povo em cada momento. Eu não sou capaz de dizer que no dia 10 de março vamos ter o conversas ou incisivo, ou que ameaça ser ser fazedor. Nós até já tivemos políticos com êxito em Portugal e a malta olhava para ele e este vai cumprir aquilo que faz. Não diz muito e anos era a gestão do silêncio, mas a malta estava à espera de um cumpridor, de um tipo a quem eu podia ver vender o carro.

JORGE CORREIA (00:11:56) – Já agora que fala nisso, é para mim curioso, para não dizer assustador. Eu não me lembro, infelizmente, dos números exatos, mas de uma recente sondagem em que os dois principais candidatos a Primeiro-Ministro dos principais partidos, em que as pessoas expressavam alguma falta de confiança ou desconfiança nesse sentido.

JORGE CORREIA (00:12:19) – E eu fico a pensar assim Mas todos nós não conhecemos estes homens que conhecemos daquilo que vemos na televisão. Ia dar um salto a dizer eu não confio. Eu não vendia, não comprava o carro, não emprestava dinheiro ou outra coisa qualquer. É um salto muito, muito grande, mas.

ADELINO MALTEZ (00:12:36) – Eles é que provocam, não é? Eu ainda vi o Pedro Nuno falando nisso. De facto, estamos fartos de conversa, cremes e tipos que façam que era aquilo que o acusavam e ele entranhou se de tal maneira que vendeu isso acusando o adversário. Faz bem. Mas tudo isto hoje é treinado, É uma.

JORGE CORREIA (00:12:57) – Retórica.

ADELINO MALTEZ (00:12:58) – Não é ciência da comunicação. Então pergunto eles não vão para uma coisa destas sem ter um treino de argumento? Lógica de sugestão? Eles é que vão escolher. Mas tudo isto é super treinado e super organizado. Eles sabem perfeitamente qual é o defeito que neste momento corre sobre eles e mudam conforme o discurso. É, mas o problema aqui, sei lá. Eu podia falar todos. Por exemplo, temos agora dois de dois grandes professores universitários, cada um à sua maneira.

ADELINO MALTEZ (00:13:37) – Que é que é o Tavares? Mas isso não faz mal nenhum. Vai ficar até ao fim. A esquerda blá, blá blá ali e sempre sai tudo bem, é tudo impecável, portanto não tem que mudar. Mas, por exemplo, a chegada da Catarina, que muita gente vê como a tipa da manifs quer se cala e a professora doutora é que na comunicação aquilo eram slides e ela dá uma aula ou a fazer uma comunicação. Portanto, porquê? Fez bem, porque é onde ela se sente melhor e que vai disto tudo nesta área. Portanto, os conselheiros podem lhe dizer tudo faz isto, faz aquilo, mas eu vou para aqui, que aqui é seguro e.

JORGE CORREIA (00:14:14) – Onde eu estou mais confortável é.

ADELINO MALTEZ (00:14:15) – Onde eu sinto poder comunicar melhor. Cada um depois escolhe.

JORGE CORREIA (00:14:21) – Como é que comunicam os políticos portugueses os os da actualidade, os que nós vemos hoje na televisão. Como é que os vê como comunicadores?

ADELINO MALTEZ (00:14:30) – Eu vejo bem. Quer dizer. Portanto, podia dar vários exemplos. O homem do Partido Comunista, que tinha ali um problema de ter que ceder a um simpático mas Jerónimo, super empático, super empático.

ADELINO MALTEZ (00:14:43) – Ser neto do Álvaro Cunhal é o que é. Mas ele insiste sempre, nunca vai além daquilo que é. A tarefa que o coletivo delineou é tum, tum tum. Não é por causa dele que o partido vai ter maus resultados.

JORGE CORREIA (00:14:59) – Portanto, vai ganhando uma uma coerência, uma consistência.

ADELINO MALTEZ (00:15:02) – Mantendo, mantendo, mantendo, mantendo o tom de autenticidade de se votar em mim. Sabes que eu sou um tipo. Compro o que faço, escolhe o terreno e já está mais à vontade, portanto já lhe dava uma nota próxima do 14. Ainda achava com 13, mas não é mau. Vai crescendo e tudo depende. O Daniel, por exemplo, mete óculos, tira o óculos, deixa crescer a barba. Mas tem um argumentário. Bum, bum, bum, bum, bum. Diário de comunicação que significa que há um grande trabalho coletivo. Quase como no PC.

JORGE CORREIA (00:15:42) – Há um pensamento que depois o líder a seguir vai pegar e vai passar.

ADELINO MALTEZ (00:15:46) – Todos pensamos não há aqui um problema de dizer que há falta de crença ou falta de pensamento nestes políticos.

ADELINO MALTEZ (00:15:53) – Eles escolheram o campo e temos de escolher o que há aqui. É um trabalho de argumentário e de comunicação nova que ele fez e, portanto, tem que desenrolar em poucos minutos, em soundbytes todos estudados. Essa comunicação que é para.

JORGE CORREIA (00:16:12) – Não se perder no meio da mensagem, para.

ADELINO MALTEZ (00:16:13) – Não se perder. E ao contrário do que muita gente pensa, quem vai ganhar estas eleições são os visitantes. Os visitantes é que vão definir. Não é a abstenção que vai subir ou descer.

JORGE CORREIA (00:16:24) – Eu quero, eu quero falar dos visitantes, mas falta nos. Aí está na lista que falta. Falta Montenegro. Como é que.

ADELINO MALTEZ (00:16:32) – Montenegro?

JORGE CORREIA (00:16:33) – Que discurso tem Montenegro para um politólogo? O que é que politólogo?

ADELINO MALTEZ (00:16:37) – Não. Para mim só.

JORGE CORREIA (00:16:40) – Há uma diferença entre.

ADELINO MALTEZ (00:16:41) – Eu era mentira que eu tivesse a ciência para analisar isto. Não havia eleições. E nisso o conselho dos politólogos.

(00:16:49) – Não.

ADELINO MALTEZ (00:16:49) – O quer dizer. E o homem comum vai dizer eu acho que ele ou ele vai nu frente a frente com o Pedro, nós é que vamos ver como é que eles estão os dois.

JORGE CORREIA (00:17:01) – Calibrados no fundo.

ADELINO MALTEZ (00:17:04) – Vamos ver. E depois, meia hora depois diremos quem é que aguentou melhor, quem é que conseguiu fazer isso melhor. E como é nabo, nenhum deles e tem muita experiência, é uma incógnita o processo. Acho que o Montenegro ainda não treinou suficientemente para onde é cair o discurso. Às vezes ouvimo lo tipo três minutos. O que é que ele disse?

JORGE CORREIA (00:17:29) – O que falta.

ADELINO MALTEZ (00:17:29) – Aqui? Não o que ele disse. Entendemos perfeitamente o que ele diz. Fala bem, mas agora é preciso que uma chama.

JORGE CORREIA (00:17:37) – Precisamos de uma compreensão, de uma paixão. Disse me um bocadinho que se apaixona.

ADELINO MALTEZ (00:17:41) – Combate porque é do combate, porque nós vamos torcer pelo que joga melhor naquele dia.

JORGE CORREIA (00:17:48) – O meu contra o teu. É assim que não.

ADELINO MALTEZ (00:17:51) – Vamos ser enganados. Vamos ser apaixonados por isto. Vamos. Nós não estamos em drama. Portugal pode ter muitos problemas. Mas não está com sentido dramático, portanto, porque ninguém diz O essencial é que o Governo de Passos Coelho, mais o governo de Costa, foram bons e muito bons.

ADELINO MALTEZ (00:18:15) – Não nos deixaram uma pesada herança e ninguém diz isto.

JORGE CORREIA (00:18:19) – Portanto, o que me está a dizer.

ADELINO MALTEZ (00:18:20) – É que deram se espaço para liberdade. Não estou com uma espada na cabeça nem encostada à parede. Posso. Posso escolher aquilo que me apetece.

JORGE CORREIA (00:18:32) – Isto é muito curioso porque dois governos que foram aparentemente diametralmente opostos na sua interpretação do jogo de poder. O que me está a dizer é que, na prática, ambos seguiram o mesmo devir comum, que é criar condições para que estrumar, no fundo, o futuro, para que ele seja melhor.

ADELINO MALTEZ (00:18:54) – Conseguirão qualquer um deles ter apoio europeu? Ou para um partido ou por outro para Portugal, tem uma posição muito razoável na sua situação europeia em benefício de Portugal.

JORGE CORREIA (00:19:08) – Lá está, a conversa.

ADELINO MALTEZ (00:19:10) – Não é só conversa. Os tipos Primeiros-Ministros de Portugal não, não brincam em serviço. Tem que aturar. Conselhos europeus são testados pelos seus pares. Portanto, aqui, lá, exames melhores do que aquilo que podemos fazer e, portanto, e qualquer um deles representou bem o papel de defesa dos interesses portugueses neste domínio.

ADELINO MALTEZ (00:19:33) – E a Europa não serviu para nos tramar. Não há anti europeísmo nas ruas. A maior parte dos portugueses é claramente europeísta. Não temos uma manifestação de agricultores contra a Europa a dizer que Paris tem que obrigar Bruxelas a não cumprir.

JORGE CORREIA (00:19:51) – Portanto, eles tiveram sucesso, tiveram.

ADELINO MALTEZ (00:19:53) – Sucesso para aquilo que nos interessava, que era uma gestão da Europa que não fosse grega, que não fossemos gregos. Cumpriram.

JORGE CORREIA (00:20:01) – Já agora, uma curiosidade que é estava a dizer que que estes políticos da terceira geração, no fundo os primeiros políticos nascidos no pós 25 de Abril tiveram aqui uma fase de aprendizagem. Agora foram para a escola do partido e dos partidos e cresceram e aparecem como candidatos. Já estão em notas de 14, 15 e o que for eleito com 18, alguns. Quem é que tem 18?

ADELINO MALTEZ (00:20:29) – Isto na minha classificação tem um chega e tem o livre.

JORGE CORREIA (00:20:33) – Um e outro os dois extremos. Pelos líderes, pelas pessoas.

ADELINO MALTEZ (00:20:37) – Não são extremos.

JORGE CORREIA (00:20:38) – Não são extremos. Não.

ADELINO MALTEZ (00:20:39) – Não, não são partidos, não é. Antes pelo contrário, são claramente adversários e combatentes um pelo outro.

ADELINO MALTEZ (00:20:47) – Estou a falar da qualidade dos líderes. Portanto, temos líderes brilhantes. Quer dizer, são eles que que vão fazer os partidos que estão em causa. Pedi um exemplo dou dois dentro da melhor da melhor tradição, já dava 15. A senhora do pano Quer dizer e que.

JORGE CORREIA (00:21:06) – Características é que tem no fundo? Onde é que está a diferença entre um líder de 14h01 líder de 14?

ADELINO MALTEZ (00:21:13) – Está a começar e ainda não nos calhou bem. O tipo de discurso são muito recentes, as lideranças são novas.

JORGE CORREIA (00:21:22) – Todas elas praticamente são novas.

ADELINO MALTEZ (00:21:24) – Não, o livro não chega não. Portanto, as outras vão ter o custo de oportunidade.

JORGE CORREIA (00:21:32) – Vão e vão aprender. Lá está, nessa escola da Europa que passaram por por aí também.

ADELINO MALTEZ (00:21:36) – Vamos não só cuidar da terceira geração destes jotas e não só comícios. Luta pelo poder, vontade de conquistar o poder, ambição, mas também uma integração nos modelos europeus internacionais. Todos eles já conhecem o líder alemão, o líder francês. Já andaram lá naquelas coisas todas, portanto, têm uma preparação tão notável.

ADELINO MALTEZ (00:22:03) – Enquanto a geração do Costa e do Passos Coelho eram aqueles cursos que as fundações alemãs davam aí e para os sindicatos e para o não sei o quê, portanto, era ainda fragmentar. E agora não por. As escolas já são mais formais, muito mais amplas e já têm mais experiência, já não andam aqui na brincadeira. Por isso é que eu digo a malta quando diz mal da classe política é porque vai buscar exemplos de tipos com 18. Mas não reparou que tinha que aturar não sei quantos deputados, média de dez, alguns que nem eram capazes de falar. É o vício do.

JORGE CORREIA (00:22:41) – Populismo a tomar conta de.

ADELINO MALTEZ (00:22:43) – Nós, não isto. O populismo também é um jogo político. Todos os políticos podem ser populistas do PS e do PSD, Quer dizer, podem ser demagogos. O problema é isso dá votos. Porque se der votos são todos populistas. Portanto, isso é uma boa desculpa para não chamar fascista. Ou chega para dizer que há extremistas de esquerda? Não, não, não me parece que que que o problema seja desse.

JORGE CORREIA (00:23:13) – Então é esta conjugação entre o populismo algum grau maior ou menor de desinformação é uma coisa que eu posso chamar. Não sei se concorda comigo como teoria do caos, de haver franjas da população que estão zangadas seguramente por por alguma coisa que lhe está a acontecer e que podem advogar até de uma forma em termos mais vocal, de quanto pior melhor.

ADELINO MALTEZ (00:23:37) – As sondagens, apesar de poderem errar, asseguram sempre este campo. Há 50 a 60% de apoiantes PS, PSD, isto é, europeístas atlantistas que acreditam no mesmo conceito de democracia e a nossa dos últimos 50 anos é uma franja que não é franja. Tinha 20 a 25% de tipos que repartem o seu voto entre o Ventura e a E. E a Mortágua.

JORGE CORREIA (00:24:12) – Que percentagem é isto? 20%?

ADELINO MALTEZ (00:24:14) – 30% segundo as últimas 25%, portanto.

JORGE CORREIA (00:24:17) – E um em cada quatro portugueses, no fundo, a esquerda e a direita.

ADELINO MALTEZ (00:24:20) – Não vou dizer que um em cada quatro são extremistas. Não posso dizer.

JORGE CORREIA (00:24:26) – Como é que, como é que são. O que é que, como é que estão.

ADELINO MALTEZ (00:24:29) – A tirar uma fotografia exaltada para entrar no hemiciclo com a sua representação? O pessoal ganha. Se o senhor tiver uma representação no hemiciclo com tipos que acreditam profundamente nos cega e profundamente Na Mortágua, aquilo que eu chamo os nostálgicos da revolução perdida e os nostálgicos da contra revolução efectiva. O Parlamento fica melhor.

JORGE CORREIA (00:24:54) – Ganhamos com esse choque ideológico, claro.

ADELINO MALTEZ (00:24:57) – Ganhamos com essa libertação interior que é o poder votar num tipo das minhas convicções e ultrapassámos alguma fase do voto útil. O voto neste só chega. Tem um estúpido, mas teve uma estúpida decisão que foi inscrever se na extrema direita europeia e etc etc. Não precisava disso. Podia aparecer agora como radical de direita sem estar inscrito. Tinha mais vantagens. Mas o chega é uma coisa nova, é uma coisa nova e que está repartida por toda a Europa. Não há nada de antieuropeu e, portanto, a ideia.

JORGE CORREIA (00:25:34) – Da diabolização do movimento, neste caso do chega outro qualquer para si é mais uma questão de retórica política do que de substância.

ADELINO MALTEZ (00:25:42) – Não, as pessoas podem.

ADELINO MALTEZ (00:25:44) – Eu, quando vejo, portanto, um tipo de esquerda a falar no perigo fascista, no perigo da extrema direita, não estou a dizer que ele está a fazer uma farsa, está a fazer uma leitura. Agora só tenho pena. Agora é uma piada que eu dou. E esse até alguns politólogos, meus colegas que andaram durante dezenas de anos a vender relatórios para a Europa à procura de onde é que estavam os fascistas em Portugal? Enganaram se todos porque ninguém acertou que vinha aí o Ó ventura, Porque é que não viram? Não vêem? Eu vejo todos os dias para adormecer que fico ótimo. Comentários de futebol Os melhores jornalistas em Portugal a melhor opinião pública é o futurismo, as caixas de.

JORGE CORREIA (00:26:27) – Comentários dos jornais e.

ADELINO MALTEZ (00:26:28) – Não os comentários À noite. Há mesmo. Sim, eu li tudo.

JORGE CORREIA (00:26:32) – A vírgula vermelha com verde, com azul.

ADELINO MALTEZ (00:26:35) – Sim, os quatro, os quatro grandes, a pancadaria ou os três grandes, mas não sei quê. Eu acho a dialética fantástica. E os velhos jornalistas. Isto vem do Artur Agostinho e alguns que ainda estão.

JORGE CORREIA (00:26:47) – Portanto, nada de novo.

ADELINO MALTEZ (00:26:50) – Você aprendeu, aí foi a sua universidade. E, portanto, o que eu aconselhava a algumas pessoas é haver mais comentários futebolísticos para verem quantos diários desportivos há por dia. Não os considerar inferiores. Aprenderemos E com isso e com os excelentes jornalistas desportivos, foram quase sempre os melhores da nossa praça.

JORGE CORREIA (00:27:12) – Aprenderam que aprenderam a linguagem, aprenderam o tom, aprenderam o confronto. O veterano começa nos primeiros.

ADELINO MALTEZ (00:27:18) – Nessa dialética, habitua, dissimula esse tipo de dialética e levou a dialética do comentário futebolístico à política e trouxe para.

JORGE CORREIA (00:27:27) – A política. Há bocadinho estava me a dizer que as próximas eleições se decidem com base, não nos indecisos, mas não.

ADELINO MALTEZ (00:27:38) – Nos hesitantes.

JORGE CORREIA (00:27:39) – Nos hesitantes. Um indeciso e o hesitante. Não, não é o mesmo grupo.

ADELINO MALTEZ (00:27:44) – O problema é que o português médio é, por natureza, hesitante. A segunda feira é socialista, a terça é da direita, a quarta acha graça ou chega a quinta. Admira a Catarina, mas joga entre o PS e o PSD.

JORGE CORREIA (00:28:01) – Então isso significa que isso, num país de hesitantes, se a eleição for ao domingo, ou fosse na segunda ou na terça, poderíamos ter resultados diferentes.

ADELINO MALTEZ (00:28:13) – Sabe bem o que quer, mas não assume.

JORGE CORREIA (00:28:15) – Mas não diz não, não digo, não confessa isto.

ADELINO MALTEZ (00:28:17) – Porque não lhe perguntam. Quer dizer, para ele essa coisa de dizer o perigo do socialismo diz me que eles eram iguais aos outros. Deixa os cá estar. Ninguém tem medo do socialismo. Isso é uma invenção de uma narrativa de direita, porque eles eram iguais aos do PSD e do CDS que nos governavam. Então como é que é um perigo da direita para a direita? Mas qual o perigo da direita? Não é muito mais sábio este hesitante que está a ver qual dos dois é que interessa mais? É um céptico. Não, não está a ver se escolhe entre o Pedro Nuno e o Montenegro.

JORGE CORREIA (00:28:55) – Está sentadinho na sua cadeira, na sua televisão. E quer ouvir o quê? O quê? O que é que? O que é que quer ver?

ADELINO MALTEZ (00:29:01) – Qual é que tem mais graça? Por exemplo, a outra hipótese para ver qual é a mais inteligente, qual eu gostava, Qual é aquele que eu gostava de ser a mãe? Qual é o filho que gostava de ter a tia? Qual é a sobrinha favorita que eu tenho? Por simpatia humana, Por simpatia, por empatia? Sim, porque gosta daquela cara e, portanto, é.

ADELINO MALTEZ (00:29:24) – Não acha dramático ter que escolher um ou escolher outro. Aliás, é verdade que eles acabam por apresentar programas mais ou menos iguais. Um acaba com as SCUTs, outro acaba com não sei quê. Depois metem se nisto dos impostos, ninguém percebe e ninguém está muito claro para isso, porque nós sabemos que os dois são razoáveis e devem ter feito contas lá, sabem?

JORGE CORREIA (00:29:50) – E quando saem um bocadinho da pista, nós cidadãos, dizemos não estamos a gostar e eles.

ADELINO MALTEZ (00:29:55) – Corrigem dentro do partido. Não os deixem que isto não é entrar em loucuras deles. Não podem ter um discurso muito diferente daquele que vão ter quando forem governo.

JORGE CORREIA (00:30:06) – Isto é um movimento interno dos próprios partidos.

ADELINO MALTEZ (00:30:08) – Movimento interno, isto é, isto é uma arte de razoabilidade.

JORGE CORREIA (00:30:13) – Olha que ali aquele presidente da Câmara, que é da nossa cor, está me a dizer que.

ADELINO MALTEZ (00:30:16) – Eu estou a dizer aqui neste momento é mais o problema do gasta mais aqui, diminui o IRS, como é que se distribui o dinheiro? Quanto é que perdemos nas SCUTs? Quanto é que perdemos Não sei o quê é isto.

ADELINO MALTEZ (00:30:29) – Já estávamos na altura de termos uma coisa parecida com aquilo que, por exemplo, na Holanda tem havido um grande prestígio de agências independentes que dizem assim Partidos, mostrem cá o vosso programa financeiro, Nós vamos dar um parecer independente. Eles temem ser analisados por uma agência independente. E uma nota isto é impossível de realizar isto. Por exemplo, estávamos em condições de ter uma coisa dessas, um conjunto de analistas financeiros e programática que fizessem.

JORGE CORREIA (00:31:01) – As contas ao crivo.

ADELINO MALTEZ (00:31:02) – E não dissessem quem é melhor nem pior é realizável. Não é realizável. Fazer um.

JORGE CORREIA (00:31:07) – Aeroporto. Custa não sei quantos milhões, baixar os impostos e.

ADELINO MALTEZ (00:31:11) – Tal e tal, mas dentro dos partidos eles acabaram por fazer isso. Quer dizer, nós estamos, estes dois partidos Não, não, não brincam. O chega pode ir e brincar.

JORGE CORREIA (00:31:25) – Até porque está está fora da iminência de ter que assumir uma responsabilidade, uma liderança.

ADELINO MALTEZ (00:31:30) – Aquilo também não é. Não nasceu por acaso. Agora, o problema não é fazer contas, é opções, opções sem rutura, porque isto tem que ser governado, isto tem que estar na rotina.

ADELINO MALTEZ (00:31:42) – Portanto, PS-PSD está tudo certo. Não, não, não, não. Não tenho nenhum receio que eles são capazes de. Aplicar aquilo que prometeram.

JORGE CORREIA (00:31:51) – Nas coisas que contam mais para a nossa vida. Lá está o rendimento, o dinheiro que nós temos, o emprego que temos, a educação dos nossos filhos, a saúde, no fundo, a perspetiva da classe média e da necessidade da classe média. Os partidos estão organizados e os políticos estão organizados para ouvirem as ansiedades da sociedade e resolver coisas que são difíceis de resolver nestes grandes sistemas.

ADELINO MALTEZ (00:32:17) – Eu vou falar por pelo passado. O austeridade do Paço, aquela coisa toda.

JORGE CORREIA (00:32:25) – A troika ser mais, ser mais troikista que a troika.

ADELINO MALTEZ (00:32:28) – Ele foi punido por isso porque a certa altura tinha um discurso exagerado quando apareceu o Costa a dizer molha isto, Vamos acabar com isto, porque há dinheiro para isto e para aquilo. Vamos propor.

JORGE CORREIA (00:32:40) – Captou a atenção dos tais?

ADELINO MALTEZ (00:32:42) – Eu próprio disse assim Quero uma coisa que não antipatizar, porque era funcionário público e tinha sido maltratado. Olha como é que ele conseguiu.

ADELINO MALTEZ (00:32:52) – Eu estou a dizer, eles têm testes, já fizeram e nós podemos ter confiança vendo o que é que estes governos fizeram.

JORGE CORREIA (00:33:02) – Aliás, lembro me quando foi aquela célebre proposta de alteração da Segurança Social da TSU de que num dia, umas centenas de milhares, para não dizer linhas de passe, saíram à rua a dizer a gente não quer isso. E o que aconteceu é que houve a correção do tiro imediatamente.

ADELINO MALTEZ (00:33:19) – Nós já temos a opinião pública através de opinadores que sabem fazer contas.

JORGE CORREIA (00:33:23) – Então a opinião pública não é uma espécie de. Enfim, falam, falam, falam, mas não têm peso.

ADELINO MALTEZ (00:33:28) – Não, que não têm peso, têm peso claro. Como é que têm peso? Há determinados analistas a dizerem determinado número de coisas que já estão qualificados, nomeadamente na área económico financeira. E aquilo mete medo aos governos para aí que porque os patrões também os ouvem. Portanto, há aqui uma opinião qualificada que pode meter medo ao governo. É um jogo.

JORGE CORREIA (00:33:49) – De influência entre todos nós.

ADELINO MALTEZ (00:33:51) – Não é um jogo.

ADELINO MALTEZ (00:33:52) – Eu, por exemplo, sou um tipo solitário que me está aqui a mandar umas bocas.

JORGE CORREIA (00:33:57) – É um politólogo reputado, o que diz, seguramente ouvido pelos políticos. Ou acha que não? Sim, os meus alunos quando me mandam sms.

ADELINO MALTEZ (00:34:04) – Olha que não, Não, não, não, não, não, não, não, Não tenho aquela coisa Ninguém me ouviu. Sou um desgraçado.

JORGE CORREIA (00:34:15) – Claro que é. Ouvido, está a ser ouvido. Estamos a falar com pessoas aqui.

ADELINO MALTEZ (00:34:18) – Não, não porque são aqueles que falam com razoabilidade. Quer dizer, quando tenho aqui o microfone não venho para aqui contar as histórias da minha tia. Tenho de ter responsabilidade naquilo que eu digo. Tem de ter fins, tem que ter objectivos? Tenho. Tenho que ter vivido as circunstâncias. Mas não sou só eu. Quer dizer, grandes jornalistas e na boca a falarmos, nalguns casos já não se engana o. A comunicação de um dia para o outro. Quer dizer, eles tem que entrar no diálogo, eles têm que entrar no diálogo e entram e entram.

ADELINO MALTEZ (00:34:55) – E às vezes exageram. Por exemplo, o Costa porque Costa caiu tanta coisa? Porque o Costa enquanto foi governo, quando isto estava tremido e foi várias vezes desde o do mês zero, o Costa escolhia. Vou lá uma entrevista. É aquilo a arte da conversa. Virava tudo a favor dele. E desleixos? Porquê? Porque percebia perfeitamente a qualidade que tinha e que tinha a opinião pública com ele. E depois não matávamos, não o perseguimos e nunca o perseguiram. Ele nunca foi punido. Esse só percebeu que já não tinha o click que tinha perdido.

JORGE CORREIA (00:35:35) – Intuiu que já não tinha o apoio que precisava E é isso que os políticos fazem de uma forma maravilhosa que é, farejam o ar e dizem isto o caminho é para aqui ou para acolá.

ADELINO MALTEZ (00:35:44) – Sim, sim. A qualidade de um político superior é o político ganha eleições e aquilo, contra tudo e contra todos, nos interpreta aqui e.

JORGE CORREIA (00:35:52) – Percebe que ali é o caminho.

ADELINO MALTEZ (00:35:53) – Sim, mas isso só raros é que têm essa qualidade. É um dom e um dom dos grandes políticos o perceberem para onde é que isto vai.

ADELINO MALTEZ (00:36:03) – Nós podemos ver isso na cara do Marcelo que o Marcelo.

JORGE CORREIA (00:36:07) – E também também temos uma nota para o professor Marcelo.

ADELINO MALTEZ (00:36:13) – Mas depois, como líder do PSD, foi um tipo nove, porque às vezes há bons. Numa coisa é maus. Há cadeiras difíceis sim, e outros.

JORGE CORREIA (00:36:21) – Mas.

ADELINO MALTEZ (00:36:22) – Esse, como nós já o conhecemos, já vimos como é que é que está a cara dele quando ele está mesmo atrapalhado e não sabe para onde ir. Qualquer jornalista olha para aquela cara e se olha Foste apanhado aqui nisto.

JORGE CORREIA (00:36:34) – Mas depois tem uma magia. Tenho às.

ADELINO MALTEZ (00:36:36) – Vezes, às vezes, outras vezes a.

JORGE CORREIA (00:36:39) – Gente percebe que ele está.

ADELINO MALTEZ (00:36:41) – No caso das gémeas, que foi terrível de tratar com o filho.

JORGE CORREIA (00:36:46) – Porque a comunicação não é só verbal, é uma comunicação, comunicação total.

ADELINO MALTEZ (00:36:49) – E nós conhecemos. Vê se que o Marcelo estava a atrapalhar, disse me vê e de certeza que não teve nada a ver com con, com uma atitude de cunha nem coisa que o valha.

JORGE CORREIA (00:36:59) – Mas é aquela sensação de que há aqui qualquer coisa que não está explicada, que está aqui.

JORGE CORREIA (00:37:04) – Não estou à vontade com isto, não estou à vontade. Há duas palavras que estão neste momento no léxico da política, que são uma conjugação entre a justiça, aquilo que a justiça está a fazer neste, nesta, neste cruzamento entre a justiça e a política e as questões da ética. Não sei se concorda, não sei se concorda comigo. Estamos a resolver bem isso enquanto sociedade.

ADELINO MALTEZ (00:37:33) – Não sei dizer porque o nosso problema não é estar a resolver isso. E com os dados que temos, com a autonomia do Ministério Público, o princípio da legalidade numa denúncia que com isto, que a.

JORGE CORREIA (00:37:46) – Separação de poderes, no fundo, a.

ADELINO MALTEZ (00:37:48) – Separação de poderes e o papel do Ministério Público dentro da separação de poderes é um.

JORGE CORREIA (00:37:54) – Papel político também, de alguma maneira ou não.

ADELINO MALTEZ (00:37:56) – Mas, por exemplo, nós estamos sujeitos àquilo que é o princípio da legalidade. Tudo o que é queixa e que é considerado relevante, pumba, aquilo funciona. Não temos um sistema de administração da justiça, tipo pretor romano ou tipo holandês, lá isso em que eles dizem a nós não vamos funcionar por queixas.

ADELINO MALTEZ (00:38:14) – Temos aqui um programa acabar com o crime tal, acabar com isso.

JORGE CORREIA (00:38:18) – E a priori, no fundo, é o.

ADELINO MALTEZ (00:38:19) – Princípio da oportunidade. Nascido de uma política criminal, por exemplo.

JORGE CORREIA (00:38:24) – Não é típico de um achado, de um indício, de uma queixa, de uma possibilidade e de uma decisão política, uma decisão.

ADELINO MALTEZ (00:38:32) – Política anterior.

JORGE CORREIA (00:38:33) – Vou acabar com a corrupção, então vou fazer um conjunto de ações preventivas, ativas ou proativas, que permitam fazê lo.

ADELINO MALTEZ (00:38:41) – Sim, mas nós não temos isso na lei. Nós temos tudo, vale tudo vale desde a queixa do dono, da amante, do autarca ou não sei o que quer.

JORGE CORREIA (00:38:52) – Dizer isso não é não e não pode conduzir a prioridades.

ADELINO MALTEZ (00:38:56) – É um problema de opções de cada um. Eu não gosto muito deste e de peso.

JORGE CORREIA (00:39:01) – No fundo não é.

ADELINO MALTEZ (00:39:02) – Não gosto muito deste. Gosto mais de domínio, intervencionismo a porto romana ou a modelo anglo saxónico na tipo programático, até com negociações eu gosto mais disso, mas é um problema do meu gosto, não tem nada a ver, até porque podemos conseguimos escrutinar dentro das regras que temos no jogo e não podemos ser muito negativos.

ADELINO MALTEZ (00:39:28) – Há seis meses o Ministério Público estava pelas ruas da amargura porque em duas operações, por exemplo, recentes do Sócrates ao desembarque no Funchal, inverteram completamente a tendência e passaram a dizer convém valeu a pena dar nos poderes para fazer isto.

JORGE CORREIA (00:39:47) – E a opinião pública observa isto e vai validando também.

(00:39:50) – Eu.

ADELINO MALTEZ (00:39:51) – Caladinha mas mas vai validando e ainda não estamos numa fase onde a opinião pública não confia na justiça. Isso não é bem assim. O português confia no polícia com o confia no. Acho que era num jornalista, no professor e também no. O poder judicial, apesar de tudo, confia. Portanto, não temos tempo. Temos tempo para. Para alguns aperfeiçoamentos não pode ser muito radical. Eu não defendo que a minha posição deve vingar a curto prazo, nem coisa que o valha. Defendo aquilo que parece que estamos a fazer dar mais meios para lutar contra a corrupção. É preciso ter informáticos, analistas. É preciso ter um sistema de apoio técnico ao dispor dos tribunais que agora temos melhor do que tínhamos. Quer dizer, e acho que esta tendência não vai inverter.

ADELINO MALTEZ (00:40:44) – Portanto, cuidem. Cuidem se aqueles que pensam que são espertos porque são apanhados, são apanhados na curva porque hoje há uma aparelhagem técnica ao dispor da Polícia Judiciária, do Ministério Público e dos Tribunais, que não a via há uns anos, não é? Portanto, nós temos que perceber que isto está um bocadinho melhor na parte de aparelhagem técnica. O problema da corrupção, por exemplo, O grande problema foi a estupidez dos grandes partidos deixarem o chega a falar sozinho nisto porque o PS e o PSD e deviam ser aqueles que estão mais interessados no combate à corrupção, não.

JORGE CORREIA (00:41:22) – Ocuparam o tempo e o espaço comunicacional.

ADELINO MALTEZ (00:41:25) – Não foram capazes de ter um, porque isto é um problema técnico, isto é um problema técnico. Prometerem isto, isto e aquilo para melhorar a luta contra a corrupção. Não é que os dois partidos estejam invadidos pela corrupção. Não tem nada a ver com isso. Ficaram inibidos e deixaram este discurso. Porventura é um problema deles? Acordassem, porque tudo aquilo que por ventura cresce é culpa do PS e do PSD que o deixaram crescer quando deixaram de ter essa reivindicação.

ADELINO MALTEZ (00:41:58) – Aprendam. Eu acho que eles vão aprender, Ao contrário do que parece, acho que vão aprender. Mas não esperem por um título de um jornal sensacionalista.

JORGE CORREIA (00:42:09) – Vai acontecer sem se falar. No fundo.

ADELINO MALTEZ (00:42:12) – Quer dizer, mas isto não pode ser. Amanhã o jornal vai dizer que o deputado chega e tal.

JORGE CORREIA (00:42:18) – Não, não vai acontecer.

ADELINO MALTEZ (00:42:19) – Não, não pensei nisso. Tem que ser outra coisa. Tem que ser o tipo de combate que eles sabem e toda a gente sabe, porque há organizações não governamentais, como a Transparência Internacional, que têm dito há falhas no nosso sistema legislativo, a falta de regulamentação de determinado número de matérias, etc, etc, etc. Mas isto tudo se aperfeiçoou. Antigamente havia segredo bancário e acabou. Agora já não há. Portanto já não há zonas proibidas de acesso por isto e por aquilo. Quer dizer, tudo melhora e, portanto. E qual é a situação de Portugal mesmo no índice de perceção? Ainda há bocado estava a ver os números e nós estamos no 34.º país mundial.

ADELINO MALTEZ (00:43:10) – Não é mau, não é mau.

JORGE CORREIA (00:43:11) – O melhor é o número um.

ADELINO MALTEZ (00:43:12) – Ou melhor, o número não é mau. Podíamos ter um programa para dizer passámos do 34 para o 20 e vamos atingi lo em em cinco anos. E isso é fazível. E há instrumentos e técnicos para obter este resultado.

JORGE CORREIA (00:43:27) – E é muito curioso porque estamos a falar neste caso da corrupção. Mas eu estou a pensar em vários programas públicos, de várias, de várias, de várias coisas em que são enunciados objectivos, mas depois raramente têm lá um prazo, metas intermédias e quanto é que custa aquilo.

ADELINO MALTEZ (00:43:43) – Claro, e como é que se faz? Serviço Nacional de Saúde.

JORGE CORREIA (00:43:48) – O que é que queremos fazer nos próximos dez anos? Quanto é que vai.

ADELINO MALTEZ (00:43:50) – Ser Banco dos médicos fundadores daquele clube, assinala me dizia O grande problema é que nós, quando fomos para aquilo, no começo do SNS, médicos.

JORGE CORREIA (00:44:01) – Da periferia foram.

ADELINO MALTEZ (00:44:02) – Médicos de periferia, paixão, trabalhavam até à meia noite, acreditavam que nos estava a fazer e aos 11 anos inventaram o gestor do início e as fixas Excel.

JORGE CORREIA (00:44:13) – Lá foi a paixão.

ADELINO MALTEZ (00:44:15) – Foi a paixão. Portanto, isto é Serviço Nacional de Saúde ou serviço não sei quê de saúde. É um problema de saber mobilizar o agente da extremidade para uma crença, para uma missão. E o grande problema não é de hoje, não é deste governo nem do anterior. É o problema das reformas, a meu ver gestionária. As que fizeram e como na universidade também encheram aquilo de índices, bla bla bla bla bla bla. Quer dizer, é tudo treta porque depois subiram os semi burros que sumiram os semi burros, a catedráticos deixou de ter o apaixonado, o tipo que dá o exemplo. Portanto, os sistemas entram em decadência, na estabilidade da e da ditadura da incompetência. Este é o problema principal. Agora como é que vamos voltar a ter Serviço Nacional de Saúde? Podemos que ter muito melhor com os meios que temos em recursos, mas isto tem que ter fases e eles já sabem qual é a doença e não ter os médicos mobilizados.

JORGE CORREIA (00:45:24) – Portanto, não é um problema de diagnóstico, é um problema de encontrar as pessoas certas no sítio certo.

ADELINO MALTEZ (00:45:32) – É um problema de reformismo.

JORGE CORREIA (00:45:35) – Isso é um problema de vontade, de ambição sempre.

ADELINO MALTEZ (00:45:36) – Não é de vontade de planeamento.

JORGE CORREIA (00:45:41) – Algum cansaço geral na sociedade?

ADELINO MALTEZ (00:45:44) – Ou a malta funciona pelo chicote do estímulo. Quer dizer, eu sou da geração, a.

JORGE CORREIA (00:45:49) – Senhora não, que se integrou, só.

ADELINO MALTEZ (00:45:52) – Que se integrou na sede, na administração pública. Reuniões gloriosas em Bruxelas, a malta a demonstrar aos franceses que não era tão burro como eles pensavam e toda a gente abriu.

JORGE CORREIA (00:46:06) – E portanto, vamos fazer isto muito bem.

ADELINO MALTEZ (00:46:07) – Vamos fazer isso muito bem.

(00:46:08) – E fizemos.

ADELINO MALTEZ (00:46:11) – Eu estou a dizer problema da desgraça das finanças públicas. Baixámos a dívida, baixamos. Eu estou.

(00:46:18) – A dizer este.

JORGE CORREIA (00:46:19) – Problema da fuga aos impostos. Fez se.

ADELINO MALTEZ (00:46:21) – Fez. Precisamos de um chicote reformista, Quer dizer, e acreditar que é possível fazer porque já fizemos noutras ocasiões.

JORGE CORREIA (00:46:29) – Então onde é que está o click? Isto é, qual é a pedra de toque, se é que há uma pedra de toque mágica entre a apatia do deixa andar e a acção numa determinada.

ADELINO MALTEZ (00:46:44) – Um bom Primeiro-Ministro e bons ministros.

JORGE CORREIA (00:46:47) – Tão simples ou tão complicado, tão.

ADELINO MALTEZ (00:46:49) – Simples quanto isto nas.

JORGE CORREIA (00:46:51) – Pessoas.

ADELINO MALTEZ (00:46:52) – Na competência técnica e política dos ministros. E isso é que às vezes falha.

JORGE CORREIA (00:46:58) – Porque atrair, atrair alguém para a vida pública, que depois.

ADELINO MALTEZ (00:47:02) – Para os comandar, para os comandar, não é para a malta ouvir um discurso num colóquio. É um tipo com capacidade para fazer o futuro e dominar e chefiar dentro de uma democracia.

JORGE CORREIA (00:47:17) – É um sonhador ou é um realizador, como.

ADELINO MALTEZ (00:47:19) – Dizia o Jorge Dias, ou o sonhador activo. Quer dizer.

JORGE CORREIA (00:47:24) – Não é um especulador.

ADELINO MALTEZ (00:47:25) – Não é, sobretudo porque o português não é um tipo de capitalismo que sabe gerir com rotina. A malta funciona por rasgos, pelo sonhador activo e, portanto, tem que ser dentro do modo português de estar no mundo. Mas a AH é o que precisa eles saberem escolher. Os primeiros ministros terem uma ideia de sonho, de lutar contra coisas inevitáveis. Eu faço parte de uma geração onde a Europa toda dizia que a partir dos Pirinéus os povos latinos eram incapazes de ter democracia.

JORGE CORREIA (00:47:59) – No fundo, que disse Portugal e Espanha vão falhar? Era, era isto.

ADELINO MALTEZ (00:48:03) – Porque aquilo tinha uma tradição de não sei quê, não sei qual. Não falhámos, não falhámos ninguém. E não, não falhamos nem a Espanha com terrorismo e tudo não falhou. Portanto, eles já se convenceram que afinal aprenderam. Aquele tipo do holandês, protestante, da ética protestante tinha a mania que estávamos aqui dominados pela Europa, sem perceber nada que tínhamos feito o Brasil e que tínhamos feito a América do Sul e que tínhamos feito outra coisa no mundo. Começaram já a convencer se. Pronto, nós já somos europeus e de.

JORGE CORREIA (00:48:40) – Vez em quando lá aquele senhor holandês que disse eles gastam, mas é tudo em vinho.

ADELINO MALTEZ (00:48:46) – E mulheres e vinho. Então pensei criatura, e nós também dizemos os holandeses que eles são todos protestantes e que não sei o quê, mas a Europa é precisamente isso que nós dizemos dos gajos de Leste. Olha, olha ucranianos e russos é tudo a mesma cambada. Desconhecimento, preconceito que depois temos que trabalhar em conjunto para obter isso.

ADELINO MALTEZ (00:49:06) – E não é de um dia para o outro e com provas dadas.

JORGE CORREIA (00:49:09) – Já agora, olhando para um lado e olhando para o outro. Por um lado, a Ucrânia com uma guerra em curso dentro da Europa, por outro lado, a possibilidade de Trump no.

(00:49:20) – Eu para mim é o meu problema.

ADELINO MALTEZ (00:49:21) – Não, eu não entro nisso porque senão tinha que dizer porque é que eu gosto de ouvir que ganha a batalha de ontem e o meu coração torce por uns, não torce por outros. Tenho o dever de ter cuidado. O problema é que nós temos que respeitar os russos e respeitar os ucranianos. E é isso que está a falhar neste momento. Ter um olhar de respeito, de respeito por histórias, por coisas que não vão acontecer, não nos odiar muito. Passámos a odiar muito e assim não ajudaremos ao conflito. Nós não podemos fazer a paz contra a Rússia ou contra. E neste momento a Ucrânia conseguiu passar a ter direito a história e, portanto, a Europa tem que ter uma atitude como teve.

ADELINO MALTEZ (00:50:04) – Não fui às manifestações e estou por isso, mas agora para falar com os russos não é tratá los mal, não é tratá los mal, não é desrespeitá lo. Temos que que perceber o que é aquilo e, portanto, só a paz. E eu quero uma Europa com a Rússia. Não quero uma Europa contra a Rússia. E portanto tenho cá o sonho da Ilha do Corvo a Vladivostok.

JORGE CORREIA (00:50:32) – E como é que se faz isso agora? Quando? Quando? De alguma maneira, houve uma fratura nesta guerra e uma greve.

(00:50:38) – Não se.

ADELINO MALTEZ (00:50:38) – Faz agora? Um, dois, três, quatro, cinco.

JORGE CORREIA (00:50:41) – Como de vez em quando os Balcãs também ali a fervilhar, há sempre uma tensão.

ADELINO MALTEZ (00:50:47) – Se este ódio chega à Sérvia e já é mais complicado. Podemos estar à beira do desequilíbrio, mas sempre estivemos, em cada momento destes anos todos à beira do desequilíbrio. O problema é a resposta que damos a esse desequilíbrio. E eu sou um otimista. Acho que vamos ter paz. Portanto, entre a Rússia e Ucrânia, não sei como é que se deve mediar essa paz, mas acho que vamos ter.

ADELINO MALTEZ (00:51:16) – E acho que. Que a Europa pode ajudar muito. E que feliz eu ficaria de ver uma Europa com Ucrânia em plenitude, nesse que é sinal que tinha se passado duas décadas. E não estamos tão longe desse sonho quanto parece. Quer dizer, há sinais de que isto pode ser conseguido. Há sinais que isto pode ser conseguido. Se fizermos isso, o projecto europeu é o melhor projecto fazível que eu tive na minha vida, Quer dizer, e portanto e tenho fé.

JORGE CORREIA (00:51:50) – Professor José Adelino Maltez. Muito obrigado.

ADELINO MALTEZ (00:51:53) – Muito obrigado.

O que perguntar ao médico? António Vaz Carneiro
O que perguntar ao médico? António Vaz Carneiro

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O que perguntar ao médico? António Vaz Carneiro
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O cliente tem sempre razão? Gisele Paula
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Como fotografar o momento certo? João Porfírio
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Como votar bem? José Adelino Maltez
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Nenhuma arte depende tanto da comunicação como a política.

Seduzir os eleitores, negociar com outros políticos, explicar decisões difíceis, são tudo tarefas onde a comunicação tem papel-chave.

Talvez seja por isso que quando algum decisor é percecionada de forma mais crítica. Dizemos que ele tem um problema de comunicação.

Esta edição é sobre a forma como os políticos comunicam.

Ou melhor, é sobre como recebemos e interpretámos a comunicação política.

Um guia de viagem para os tempos que vivemos.


Tópicos e Tempos

A importância da comunicação na política (00:00:12)
Discussão sobre o papel fundamental da comunicação na política e como ela influencia a perceção dos políticos pelo público.

O voto como emoção e paixão (00:01:35)
Exploração da emoção e paixão envolvidas na decisão de voto, comparando-a com a relação emocional dos pais com os filhos.

O método de votação dos politólogos (00:03:32)
Conversa sobre como os politólogos votam, baseado em convicções, intuições e vínculos emocionais com os candidatos.

Influência dos círculos distritais nas eleições (00:07:27)
Análise da influência dos círculos distritais nas eleições e a questão da representatividade política em círculos mais pequenos.

A evolução da qualidade dos políticos (00:10:05)
Reflexão sobre a evolução da qualidade dos políticos ao longo do tempo e a nostalgia em relação aos políticos do passado.

A arte da conversa na política (00:12:36)
Discussão sobre a importância da conversa na democracia portuguesa e como a comunicação é treinada e organizada pelos políticos.

A comunicação dos políticos portugueses (00:16:54)
Discussão sobre como os políticos atuais são percebidos como comunicadores.

A evolução da democracia em Portugal (00:21:28)
Análise da evolução da democracia em Portugal e a representação dos interesses portugueses na Europa.

Os líderes políticos da terceira geração (00:23:29)
Avaliação dos líderes políticos da terceira geração, sua formação e características.

O populismo e a desinformação (00:26:27)
Discussão sobre o populismo, desinformação e a influência nas opiniões políticas.

Os indecisos e hesitantes nas eleições (00:30:42)
Análise do comportamento dos eleitores indecisos e hesitantes e o seu impacto nas eleições.

Escolha entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro (00:32:06)
Discussão sobre a escolha entre políticos e a influência da comunicação na decisão do voto.

Movimento interno dos partidos (00:33:13)
Análise da importância da coerência e razoabilidade dos discursos políticos nos partidos.

Influência da opinião pública (00:36:17)
Exploração da influência da opinião pública e dos analistas financeiros na correção das ações políticas.

Arte da conversa na política (00:39:08)
Discussão sobre a habilidade dos políticos em perceber e moldar a opinião pública através da comunicação.

Combate à corrupção (00:44:22)
Análise da responsabilidade dos grandes partidos na luta contra a corrupção e a necessidade de aperfeiçoamento do sistema.

O desafio do Serviço Nacional de Saúde (00:46:44)
Discussão sobre os desafios de gestão e mobilização de recursos no Serviço Nacional de Saúde.

Reformismo na sociedade (00:47:30)
Reflexão sobre a necessidade de reformas e a mobilização dos agentes para uma missão com paixão e competência.

A importância da liderança política (00:49:22)
Análise sobre a necessidade de líderes políticos competentes e capazes de realizar mudanças eficazes.

Perspectivas sobre a paz na Europa (00:53:36)
Reflexão sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e a importância de uma postura de respeito e diálogo para alcançar a paz.

O papel da diplomacia na política (00:55:01)
Discussão sobre a importância da diplomacia e do diálogo na política, especialmente em busca da paz.


Os politólogos nasceram para nos ensinarem a arte da política.

São cientistas que se dedicam a estudar os movimentos, ideologias e atores políticos.

E como é bom de ver, funcionam como mediadores e explicadores da forma como políticos e cidadãos interagem.

Não só no momento do voto, mas imediatamente antes e depois.

Como nos seduzem, como geram confiança nos eleitores ou como estragam tudo.

A nossa relação com a política finge ser pragmática, mas é profunda e absolutamente passional.

Votamos porque nos apaixonamos. Zangamo-nos com os nossos políticos de eleição quando nos desiludiram ou não responderam às nossas expectativas.

Por isso esta edição com o politólogo José Adelino Maltez é muito sobre a decisão do Voto e a emoção.

A paixão e o vínculo emocional, segundo ele, são essenciais na decisão de voto, uma comparação interessante com a forma como os pais apoiam os seus filhos.

Falamos também sobre a qualidade dos políticos e a sua evolução ao longo do tempo. Aprendi, por exemplo, sobre a importância da comunicação e da capacidade de argumentação na política, defendendo Adelino Maltez que a democracia em Portugal é fundamentada no debate e na conversa política.

E não resisti a tentar saber como vota um politólogo. Que método segue para escolher os seus candidatos preferidos.

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TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA

JORGE CORREIA (00:00:00) – Viva Professor José Adelino Maltez. Politólogo Eu gosto da palavra. Gosto do som. Politólogo é um investigador da área da ciência política. Será uma forma mais correcta de colocar a coisa ao longo da.

ADELINO MALTEZ (00:00:14) – Designação da comunicação social?

JORGE CORREIA (00:00:16) – Então como é que se designa? Como é que, Como é que se sente?

ADELINO MALTEZ (00:00:19) – Sinto me bem. Quer dizer, gostava mais que fosse do português antigo, que era o republico, o republico publicado. Sim, utilizava se muito essa designação para mim, para quem falava publicamente sobre coisas política, era o republico. Mas isto é, na Renascença, a mesma coisa. O politólogo é uma francesa. Nada é melhor do que o cientista político. Tanto faz. Não somos nós que inventamos isso. É a qualificação que nos é dada. Assumimos, não assumimos. Ótimo.

JORGE CORREIA (00:00:58) – É assim que eu tenho uma curiosidade iniciática para esta nossa conversa, que é saber como é que votam os politólogos. Fazes uma grelha, Faz uma comparação entre propostas ou, como nós, comuns mortais, vota por convicções e por intuições por paixão.

ADELINO MALTEZ (00:01:17) – Por exemplo, agora, nestas eleições, faço parte dos indecisos. Até agora não é? E estou a ver como é que a coisa vai rebentar e como é.

JORGE CORREIA (00:01:27) – Que vê, como é que, que lentes é que usa para para observar a paixão.

ADELINO MALTEZ (00:01:31) – A paixão, a paixão? Gosto destes.

JORGE CORREIA (00:01:33) – Não gosto daqueles.

ADELINO MALTEZ (00:01:34) – Sim. Mais do que isso. Eu fui professor no activo, isto é, não, não jubilado ou não reformado durante quatro décadas e meia e tenho um grande orgulho. Tenho sempre um bom grupo parlamentar. Isto de alunos queridos não é alunos que foram alunos, alunos com quem conversamos. Portanto, tenho um bom grupo parlamentar. Agora vou ter um grupo parlamentar interessante. Eu, no dia em que for votar, se estiver muito hesitante, vou votar no meu aluno, mesmo que seja de uma ideologia diversa. Portanto.

JORGE CORREIA (00:02:09) – É uma vinculação emocional. Eu conheço este e.

ADELINO MALTEZ (00:02:12) – Eu conheço este. Eu quero que ele seja eleito e sou capaz de mudar de partido conforme os distritos, não é?

JORGE CORREIA (00:02:19) – É curioso porque isso acontece muito quando nós vamos votar nas nas eleições locais autárquicas, em que nós olhamos mais para o candidato do que propriamente para a cor do partido que ele representa.

JORGE CORREIA (00:02:30) – É ou não não concorda comigo?

ADELINO MALTEZ (00:02:33) – É um problema de filhos. Eu já sou velhinho, já sou avô de quatro netas e portanto olho muito os putos desta geração que agora manda que é a segunda geração. J Não. E depois? Passos Coelho Costa Apareceram agora os da geração seguinte. Quer dizer, já estamos em três gerações de jotas a ameaçar governar nos. Que são este?

JORGE CORREIA (00:02:58) – Estes são são os filhos do 25 Abril do pós 25 Abril do.

ADELINO MALTEZ (00:03:01) – Pós, porque o Costa e Passos e a geração 25 de Abril, estes já são da outra geração, da outra formação. E o que é que eles nos trazem? Esse é o meu problema. E como eu sou o passivo, olhe para os putos mais putos das pessoas crescidas e pais e diga se qual era o filho que eu gostava de ter tido e sou capaz de votar Epá, isto é rebelde! Este é um chato. Este está sempre com aquela cara a ler a cartilha. Eu voto como pai, avaliam os filhos com um bocadinho de amor.

ADELINO MALTEZ (00:03:38) – Apesar de tudo, não é ódio e acho graça, Acho graça. Este é assim, aquele e assado. E voto muito nesta intuição do pai ao professor relativamente ao seu aluno ou ao seu filho. E os pais e os professores não querem repetições. Não tem graça nenhuma. Se eu tivesse só um grupo parlamentar da minha área política porque não existia, estava tramado. Gosto muito mais disto do Bloco de Esquerda por aí fora. Por acaso não tenho. Agora ninguém nos chega nem nem no CDS, curiosamente. Mas nos outros as coisas estão repartidas. Sou capaz de ter o cuidado quando um se candidata, me mande um mail, mando lhe um sms. Parabéns! Votava em ti isto se fosse no tal distrito. Ele pensa que eu estou enganado, não é verdade? É verdade que.

JORGE CORREIA (00:04:33) – Esta questão da decisão do nosso voto estar ligado a um círculo distrital levanta nos um problema que é há distritos onde nós até podemos votar num outro candidato por convicção política, mas sabemos que ele não vai conseguir, que aquela força política não vai conseguir em círculos mais pequenos, não vai conseguir ser eleito e, portanto, o voto tende.

ADELINO MALTEZ (00:04:54) – Pois bem, mas isso é o que me aborrece na classe política, porque desde a década de 90, PS e PSD disseram que queriam em pleno, implementaram o modelo a Alemanha, estiveram de acordo? Como é que era isso?

JORGE CORREIA (00:05:06) – Como é que esse modelo.

ADELINO MALTEZ (00:05:07) – É a coisa mais simples do mundo? Os círculos pequenos mais de proximidade, sobretudo na área urbana. E depois, para não se perderem os votos, circulam restos de votos a nível nacional para traduzirem a eleição. Isto é facílimo. PS e PSD. Lembro me bem que quem me promoveu foi um ministro adjunto do primeiro ministro António Costa. Ainda tenho lá as disquetes, não era disquetes, ainda era do cartucho e estávamos todos de acordo. Só que os pequenos partidos e médios PSD CDS não queriam correr esse risco. E nós chegámos a um consenso para uma reforma do sistema eleitoral. Mas se falasse com qualquer um destes políticos que trata disso, eles dizem que este é o melhor. Portanto, permitiria misturar o uninominal, mas não a inglesa não. Tudo com um rastreio da representação a nível partidário.

JORGE CORREIA (00:06:08) – Então nós podemos ter, por exemplo, em Lisboa, no Porto, não apenas um círculo, mas vários círculos. E quem ganhasse teria o deputado que foi eleito e eu sabia em quem é que eu votei.

ADELINO MALTEZ (00:06:20) – Exactamente. E há.

JORGE CORREIA (00:06:21) – O risco de que esse deputado, eventualmente em Lisboa e Porto, é.

ADELINO MALTEZ (00:06:26) – Melhor.

JORGE CORREIA (00:06:26) – Mas eu estou a imaginar a minha terra e eu nasci em Viana do Castelo, mas a minha terra e caminha. Se eu imaginar que caminha, elege um deputado, um só, apenas e tal é o risco de depois esse deputado apenas defender as coisas da minha terra. Caminha É não ter uma visão ou estar menos interessado em defender outros temas que sejam de interesse nacional.

ADELINO MALTEZ (00:06:49) – Porque depois, se eu não tivesse votado nisso, o meu voto contava para o outro, não é? Ao menos ao menos isso. Ou em vez de termos agora em que os deputados dependem do equilíbrio do líder e do e do partido. Não fazia mal nenhum acentuar mos o localismo. Absolutamente nenhum. Mas eles estão de acordo.

ADELINO MALTEZ (00:07:12) – Não é preciso pregar a questão. E depois também não é preciso ser dramático. Eu já tenho uns anos disto, porém vi nascer esta coisa chamada democracia. Fez coisas interessantíssimas. E uma delas foi quase a provocação que me fez. E a qualidade dos políticos?

JORGE CORREIA (00:07:32) – Como é que ela está? Está boa? Está boa?

ADELINO MALTEZ (00:07:35) – Está. Eu sou professora. Sou responsável por ele. Estava agora a dizer a um pai a que não eduquei os meus filhos ou não. Se formos justos e formos analisar segmento por segmento, somos a dar notas assim a Marcelo. Não é mau. Quer dizer.

JORGE CORREIA (00:07:55) – Então onde é que vem essa nostalgia? O vislumbre de achar que no tempo antigo é que os políticos eram grandes, velhice e velhice e velhice.

ADELINO MALTEZ (00:08:07) – Porque ainda há pouco estava aqui a fazer um exercício com notas e que eu dava a cada um destes cabeças de lista. Neste momento, os candidatos a.

JORGE CORREIA (00:08:16) – Primeiros ministros não os conheço, as listas.

ADELINO MALTEZ (00:08:18) – Aos chefes de lista e a média era bastante razoável. Quer dizer, o problema é que nós não gostamos de dizer, por exemplo, nos principais partidos, que os candidatos não são tipo 18, são tipo de 14.

ADELINO MALTEZ (00:08:37) – Estes na minha classificação e eu estou habituado ao António Guterres, mas esse foi para secretário geral da ONU e já passou. Foi para secretário geral da ONU.

JORGE CORREIA (00:08:46) – Portanto, significa que.

ADELINO MALTEZ (00:08:48) – O Marcelo 18 Soares O Cunhal está bem, mas eu não posso comparar com esses. E tem que ser justo. Aumentou o nível de cada um deles, aperfeiçoaram.

JORGE CORREIA (00:09:00) – Melhorou a média no fundo.

ADELINO MALTEZ (00:09:02) – Por exemplo, dou um exemplo daqui da senhora do Pan. A senhora do Pan na última eleição era fraquinha. Agora cresceu, até fez dieta e está melhor do que estava. Quer dizer, eles podem melhorar o desempenho. Eles aprendem com. Com. Com. Com a prática. Outra provocação o Pedro Nuno Não. Aquilo era só comício. Não conseguia falar sem comer. Chegou ao Largo do Rato, apanhou dezenas de de consultores de comunicação a dizer O teu problema é a conversa.

JORGE CORREIA (00:09:40) – Treina, treina a.

ADELINO MALTEZ (00:09:41) – Conversa, treina a conversa. Eu, se fosse conselheiro também dizia vai para casa ver os vídeos do Almeida Santos, do Soares.

ADELINO MALTEZ (00:09:48) – Passa duas noites a ver isto e aquilo. Aprendeu.

JORGE CORREIA (00:09:52) – Portanto, novas ideias podem ser colocadas dentro de uma conversa que faça mais sentido para, de alguma maneira, também amadurecer. E isto é esta palavra.

ADELINO MALTEZ (00:10:03) – É mais do que isso. A democracia em Portugal é a arte da conversa.

JORGE CORREIA (00:10:07) – Então como é que é isso?

ADELINO MALTEZ (00:10:09) – Nós fomos fundados por catedráticos em conversa dura, quer dizer.

JORGE CORREIA (00:10:15) – Aqueles grandes debates.

ADELINO MALTEZ (00:10:16) – Os grandes debates.

JORGE CORREIA (00:10:17) – Olhe que não, olhe que não.

ADELINO MALTEZ (00:10:19) – Eu não sou esses, os normais. O Almeida Santos, por exemplo, fomos fundados para eu estar no sofá e ser convencido pela conversa de um de um político que dizia Eu sou como tu. Vem aqui a ciência da conversa, sobretudo a democracia também. De vez em quando, quando ficamos fartos dos conversadores e lhes chamamos aldrabões, então.

JORGE CORREIA (00:10:40) – Aí queremos os.

ADELINO MALTEZ (00:10:41) – Outros. Aí temos um intervalo psicanalítico do incisivo traz me alguém.

JORGE CORREIA (00:10:46) – O que faz?

ADELINO MALTEZ (00:10:47) – O tipo que aponta rumos. Mesmo incisivo, não lhe chamo, não lhe chamo carismático. Chamo lhe incisivo, que tem um ar de quem faz.

ADELINO MALTEZ (00:10:57) – Depende. São ciclos, são ciclos. O Cavaco já estamos fartos do Soares. O a seguir veio o Guterres porque estamos farto do Cavaco. A seguir veio este. Estamos fartos de também e acompanhado por mais e quase tudo, de perfis psicológicos e de tipologias. Não é perfis policiais, mas é quase e as pessoas votam no perfil. Agora o problema é ele saber para onde é que está o povo em cada momento. Eu não sou capaz de dizer que no dia 10 de março vamos ter o conversas ou incisivo, ou que ameaça ser ser fazedor. Nós até já tivemos políticos com êxito em Portugal e a malta olhava para ele e este vai cumprir aquilo que faz. Não diz muito e anos era a gestão do silêncio, mas a malta estava à espera de um cumpridor, de um tipo a quem eu podia ver vender o carro.

JORGE CORREIA (00:11:56) – Já agora que fala nisso, é para mim curioso, para não dizer assustador. Eu não me lembro, infelizmente, dos números exatos, mas de uma recente sondagem em que os dois principais candidatos a Primeiro-Ministro dos principais partidos, em que as pessoas expressavam alguma falta de confiança ou desconfiança nesse sentido.

JORGE CORREIA (00:12:19) – E eu fico a pensar assim Mas todos nós não conhecemos estes homens que conhecemos daquilo que vemos na televisão. Ia dar um salto a dizer eu não confio. Eu não vendia, não comprava o carro, não emprestava dinheiro ou outra coisa qualquer. É um salto muito, muito grande, mas.

ADELINO MALTEZ (00:12:36) – Eles é que provocam, não é? Eu ainda vi o Pedro Nuno falando nisso. De facto, estamos fartos de conversa, cremes e tipos que façam que era aquilo que o acusavam e ele entranhou se de tal maneira que vendeu isso acusando o adversário. Faz bem. Mas tudo isto hoje é treinado, É uma.

JORGE CORREIA (00:12:57) – Retórica.

ADELINO MALTEZ (00:12:58) – Não é ciência da comunicação. Então pergunto eles não vão para uma coisa destas sem ter um treino de argumento? Lógica de sugestão? Eles é que vão escolher. Mas tudo isto é super treinado e super organizado. Eles sabem perfeitamente qual é o defeito que neste momento corre sobre eles e mudam conforme o discurso. É, mas o problema aqui, sei lá. Eu podia falar todos. Por exemplo, temos agora dois de dois grandes professores universitários, cada um à sua maneira.

ADELINO MALTEZ (00:13:37) – Que é que é o Tavares? Mas isso não faz mal nenhum. Vai ficar até ao fim. A esquerda blá, blá blá ali e sempre sai tudo bem, é tudo impecável, portanto não tem que mudar. Mas, por exemplo, a chegada da Catarina, que muita gente vê como a tipa da manifs quer se cala e a professora doutora é que na comunicação aquilo eram slides e ela dá uma aula ou a fazer uma comunicação. Portanto, porquê? Fez bem, porque é onde ela se sente melhor e que vai disto tudo nesta área. Portanto, os conselheiros podem lhe dizer tudo faz isto, faz aquilo, mas eu vou para aqui, que aqui é seguro e.

JORGE CORREIA (00:14:14) – Onde eu estou mais confortável é.

ADELINO MALTEZ (00:14:15) – Onde eu sinto poder comunicar melhor. Cada um depois escolhe.

JORGE CORREIA (00:14:21) – Como é que comunicam os políticos portugueses os os da actualidade, os que nós vemos hoje na televisão. Como é que os vê como comunicadores?

ADELINO MALTEZ (00:14:30) – Eu vejo bem. Quer dizer. Portanto, podia dar vários exemplos. O homem do Partido Comunista, que tinha ali um problema de ter que ceder a um simpático mas Jerónimo, super empático, super empático.

ADELINO MALTEZ (00:14:43) – Ser neto do Álvaro Cunhal é o que é. Mas ele insiste sempre, nunca vai além daquilo que é. A tarefa que o coletivo delineou é tum, tum tum. Não é por causa dele que o partido vai ter maus resultados.

JORGE CORREIA (00:14:59) – Portanto, vai ganhando uma uma coerência, uma consistência.

ADELINO MALTEZ (00:15:02) – Mantendo, mantendo, mantendo, mantendo o tom de autenticidade de se votar em mim. Sabes que eu sou um tipo. Compro o que faço, escolhe o terreno e já está mais à vontade, portanto já lhe dava uma nota próxima do 14. Ainda achava com 13, mas não é mau. Vai crescendo e tudo depende. O Daniel, por exemplo, mete óculos, tira o óculos, deixa crescer a barba. Mas tem um argumentário. Bum, bum, bum, bum, bum. Diário de comunicação que significa que há um grande trabalho coletivo. Quase como no PC.

JORGE CORREIA (00:15:42) – Há um pensamento que depois o líder a seguir vai pegar e vai passar.

ADELINO MALTEZ (00:15:46) – Todos pensamos não há aqui um problema de dizer que há falta de crença ou falta de pensamento nestes políticos.

ADELINO MALTEZ (00:15:53) – Eles escolheram o campo e temos de escolher o que há aqui. É um trabalho de argumentário e de comunicação nova que ele fez e, portanto, tem que desenrolar em poucos minutos, em soundbytes todos estudados. Essa comunicação que é para.

JORGE CORREIA (00:16:12) – Não se perder no meio da mensagem, para.

ADELINO MALTEZ (00:16:13) – Não se perder. E ao contrário do que muita gente pensa, quem vai ganhar estas eleições são os visitantes. Os visitantes é que vão definir. Não é a abstenção que vai subir ou descer.

JORGE CORREIA (00:16:24) – Eu quero, eu quero falar dos visitantes, mas falta nos. Aí está na lista que falta. Falta Montenegro. Como é que.

ADELINO MALTEZ (00:16:32) – Montenegro?

JORGE CORREIA (00:16:33) – Que discurso tem Montenegro para um politólogo? O que é que politólogo?

ADELINO MALTEZ (00:16:37) – Não. Para mim só.

JORGE CORREIA (00:16:40) – Há uma diferença entre.

ADELINO MALTEZ (00:16:41) – Eu era mentira que eu tivesse a ciência para analisar isto. Não havia eleições. E nisso o conselho dos politólogos.

(00:16:49) – Não.

ADELINO MALTEZ (00:16:49) – O quer dizer. E o homem comum vai dizer eu acho que ele ou ele vai nu frente a frente com o Pedro, nós é que vamos ver como é que eles estão os dois.

JORGE CORREIA (00:17:01) – Calibrados no fundo.

ADELINO MALTEZ (00:17:04) – Vamos ver. E depois, meia hora depois diremos quem é que aguentou melhor, quem é que conseguiu fazer isso melhor. E como é nabo, nenhum deles e tem muita experiência, é uma incógnita o processo. Acho que o Montenegro ainda não treinou suficientemente para onde é cair o discurso. Às vezes ouvimo lo tipo três minutos. O que é que ele disse?

JORGE CORREIA (00:17:29) – O que falta.

ADELINO MALTEZ (00:17:29) – Aqui? Não o que ele disse. Entendemos perfeitamente o que ele diz. Fala bem, mas agora é preciso que uma chama.

JORGE CORREIA (00:17:37) – Precisamos de uma compreensão, de uma paixão. Disse me um bocadinho que se apaixona.

ADELINO MALTEZ (00:17:41) – Combate porque é do combate, porque nós vamos torcer pelo que joga melhor naquele dia.

JORGE CORREIA (00:17:48) – O meu contra o teu. É assim que não.

ADELINO MALTEZ (00:17:51) – Vamos ser enganados. Vamos ser apaixonados por isto. Vamos. Nós não estamos em drama. Portugal pode ter muitos problemas. Mas não está com sentido dramático, portanto, porque ninguém diz O essencial é que o Governo de Passos Coelho, mais o governo de Costa, foram bons e muito bons.

ADELINO MALTEZ (00:18:15) – Não nos deixaram uma pesada herança e ninguém diz isto.

JORGE CORREIA (00:18:19) – Portanto, o que me está a dizer.

ADELINO MALTEZ (00:18:20) – É que deram se espaço para liberdade. Não estou com uma espada na cabeça nem encostada à parede. Posso. Posso escolher aquilo que me apetece.

JORGE CORREIA (00:18:32) – Isto é muito curioso porque dois governos que foram aparentemente diametralmente opostos na sua interpretação do jogo de poder. O que me está a dizer é que, na prática, ambos seguiram o mesmo devir comum, que é criar condições para que estrumar, no fundo, o futuro, para que ele seja melhor.

ADELINO MALTEZ (00:18:54) – Conseguirão qualquer um deles ter apoio europeu? Ou para um partido ou por outro para Portugal, tem uma posição muito razoável na sua situação europeia em benefício de Portugal.

JORGE CORREIA (00:19:08) – Lá está, a conversa.

ADELINO MALTEZ (00:19:10) – Não é só conversa. Os tipos Primeiros-Ministros de Portugal não, não brincam em serviço. Tem que aturar. Conselhos europeus são testados pelos seus pares. Portanto, aqui, lá, exames melhores do que aquilo que podemos fazer e, portanto, e qualquer um deles representou bem o papel de defesa dos interesses portugueses neste domínio.

ADELINO MALTEZ (00:19:33) – E a Europa não serviu para nos tramar. Não há anti europeísmo nas ruas. A maior parte dos portugueses é claramente europeísta. Não temos uma manifestação de agricultores contra a Europa a dizer que Paris tem que obrigar Bruxelas a não cumprir.

JORGE CORREIA (00:19:51) – Portanto, eles tiveram sucesso, tiveram.

ADELINO MALTEZ (00:19:53) – Sucesso para aquilo que nos interessava, que era uma gestão da Europa que não fosse grega, que não fossemos gregos. Cumpriram.

JORGE CORREIA (00:20:01) – Já agora, uma curiosidade que é estava a dizer que que estes políticos da terceira geração, no fundo os primeiros políticos nascidos no pós 25 de Abril tiveram aqui uma fase de aprendizagem. Agora foram para a escola do partido e dos partidos e cresceram e aparecem como candidatos. Já estão em notas de 14, 15 e o que for eleito com 18, alguns. Quem é que tem 18?

ADELINO MALTEZ (00:20:29) – Isto na minha classificação tem um chega e tem o livre.

JORGE CORREIA (00:20:33) – Um e outro os dois extremos. Pelos líderes, pelas pessoas.

ADELINO MALTEZ (00:20:37) – Não são extremos.

JORGE CORREIA (00:20:38) – Não são extremos. Não.

ADELINO MALTEZ (00:20:39) – Não, não são partidos, não é. Antes pelo contrário, são claramente adversários e combatentes um pelo outro.

ADELINO MALTEZ (00:20:47) – Estou a falar da qualidade dos líderes. Portanto, temos líderes brilhantes. Quer dizer, são eles que que vão fazer os partidos que estão em causa. Pedi um exemplo dou dois dentro da melhor da melhor tradição, já dava 15. A senhora do pano Quer dizer e que.

JORGE CORREIA (00:21:06) – Características é que tem no fundo? Onde é que está a diferença entre um líder de 14h01 líder de 14?

ADELINO MALTEZ (00:21:13) – Está a começar e ainda não nos calhou bem. O tipo de discurso são muito recentes, as lideranças são novas.

JORGE CORREIA (00:21:22) – Todas elas praticamente são novas.

ADELINO MALTEZ (00:21:24) – Não, o livro não chega não. Portanto, as outras vão ter o custo de oportunidade.

JORGE CORREIA (00:21:32) – Vão e vão aprender. Lá está, nessa escola da Europa que passaram por por aí também.

ADELINO MALTEZ (00:21:36) – Vamos não só cuidar da terceira geração destes jotas e não só comícios. Luta pelo poder, vontade de conquistar o poder, ambição, mas também uma integração nos modelos europeus internacionais. Todos eles já conhecem o líder alemão, o líder francês. Já andaram lá naquelas coisas todas, portanto, têm uma preparação tão notável.

ADELINO MALTEZ (00:22:03) – Enquanto a geração do Costa e do Passos Coelho eram aqueles cursos que as fundações alemãs davam aí e para os sindicatos e para o não sei o quê, portanto, era ainda fragmentar. E agora não por. As escolas já são mais formais, muito mais amplas e já têm mais experiência, já não andam aqui na brincadeira. Por isso é que eu digo a malta quando diz mal da classe política é porque vai buscar exemplos de tipos com 18. Mas não reparou que tinha que aturar não sei quantos deputados, média de dez, alguns que nem eram capazes de falar. É o vício do.

JORGE CORREIA (00:22:41) – Populismo a tomar conta de.

ADELINO MALTEZ (00:22:43) – Nós, não isto. O populismo também é um jogo político. Todos os políticos podem ser populistas do PS e do PSD, Quer dizer, podem ser demagogos. O problema é isso dá votos. Porque se der votos são todos populistas. Portanto, isso é uma boa desculpa para não chamar fascista. Ou chega para dizer que há extremistas de esquerda? Não, não, não me parece que que que o problema seja desse.

JORGE CORREIA (00:23:13) – Então é esta conjugação entre o populismo algum grau maior ou menor de desinformação é uma coisa que eu posso chamar. Não sei se concorda comigo como teoria do caos, de haver franjas da população que estão zangadas seguramente por por alguma coisa que lhe está a acontecer e que podem advogar até de uma forma em termos mais vocal, de quanto pior melhor.

ADELINO MALTEZ (00:23:37) – As sondagens, apesar de poderem errar, asseguram sempre este campo. Há 50 a 60% de apoiantes PS, PSD, isto é, europeístas atlantistas que acreditam no mesmo conceito de democracia e a nossa dos últimos 50 anos é uma franja que não é franja. Tinha 20 a 25% de tipos que repartem o seu voto entre o Ventura e a E. E a Mortágua.

JORGE CORREIA (00:24:12) – Que percentagem é isto? 20%?

ADELINO MALTEZ (00:24:14) – 30% segundo as últimas 25%, portanto.

JORGE CORREIA (00:24:17) – E um em cada quatro portugueses, no fundo, a esquerda e a direita.

ADELINO MALTEZ (00:24:20) – Não vou dizer que um em cada quatro são extremistas. Não posso dizer.

JORGE CORREIA (00:24:26) – Como é que, como é que são. O que é que, como é que estão.

ADELINO MALTEZ (00:24:29) – A tirar uma fotografia exaltada para entrar no hemiciclo com a sua representação? O pessoal ganha. Se o senhor tiver uma representação no hemiciclo com tipos que acreditam profundamente nos cega e profundamente Na Mortágua, aquilo que eu chamo os nostálgicos da revolução perdida e os nostálgicos da contra revolução efectiva. O Parlamento fica melhor.

JORGE CORREIA (00:24:54) – Ganhamos com esse choque ideológico, claro.

ADELINO MALTEZ (00:24:57) – Ganhamos com essa libertação interior que é o poder votar num tipo das minhas convicções e ultrapassámos alguma fase do voto útil. O voto neste só chega. Tem um estúpido, mas teve uma estúpida decisão que foi inscrever se na extrema direita europeia e etc etc. Não precisava disso. Podia aparecer agora como radical de direita sem estar inscrito. Tinha mais vantagens. Mas o chega é uma coisa nova, é uma coisa nova e que está repartida por toda a Europa. Não há nada de antieuropeu e, portanto, a ideia.

JORGE CORREIA (00:25:34) – Da diabolização do movimento, neste caso do chega outro qualquer para si é mais uma questão de retórica política do que de substância.

ADELINO MALTEZ (00:25:42) – Não, as pessoas podem.

ADELINO MALTEZ (00:25:44) – Eu, quando vejo, portanto, um tipo de esquerda a falar no perigo fascista, no perigo da extrema direita, não estou a dizer que ele está a fazer uma farsa, está a fazer uma leitura. Agora só tenho pena. Agora é uma piada que eu dou. E esse até alguns politólogos, meus colegas que andaram durante dezenas de anos a vender relatórios para a Europa à procura de onde é que estavam os fascistas em Portugal? Enganaram se todos porque ninguém acertou que vinha aí o Ó ventura, Porque é que não viram? Não vêem? Eu vejo todos os dias para adormecer que fico ótimo. Comentários de futebol Os melhores jornalistas em Portugal a melhor opinião pública é o futurismo, as caixas de.

JORGE CORREIA (00:26:27) – Comentários dos jornais e.

ADELINO MALTEZ (00:26:28) – Não os comentários À noite. Há mesmo. Sim, eu li tudo.

JORGE CORREIA (00:26:32) – A vírgula vermelha com verde, com azul.

ADELINO MALTEZ (00:26:35) – Sim, os quatro, os quatro grandes, a pancadaria ou os três grandes, mas não sei quê. Eu acho a dialética fantástica. E os velhos jornalistas. Isto vem do Artur Agostinho e alguns que ainda estão.

JORGE CORREIA (00:26:47) – Portanto, nada de novo.

ADELINO MALTEZ (00:26:50) – Você aprendeu, aí foi a sua universidade. E, portanto, o que eu aconselhava a algumas pessoas é haver mais comentários futebolísticos para verem quantos diários desportivos há por dia. Não os considerar inferiores. Aprenderemos E com isso e com os excelentes jornalistas desportivos, foram quase sempre os melhores da nossa praça.

JORGE CORREIA (00:27:12) – Aprenderam que aprenderam a linguagem, aprenderam o tom, aprenderam o confronto. O veterano começa nos primeiros.

ADELINO MALTEZ (00:27:18) – Nessa dialética, habitua, dissimula esse tipo de dialética e levou a dialética do comentário futebolístico à política e trouxe para.

JORGE CORREIA (00:27:27) – A política. Há bocadinho estava me a dizer que as próximas eleições se decidem com base, não nos indecisos, mas não.

ADELINO MALTEZ (00:27:38) – Nos hesitantes.

JORGE CORREIA (00:27:39) – Nos hesitantes. Um indeciso e o hesitante. Não, não é o mesmo grupo.

ADELINO MALTEZ (00:27:44) – O problema é que o português médio é, por natureza, hesitante. A segunda feira é socialista, a terça é da direita, a quarta acha graça ou chega a quinta. Admira a Catarina, mas joga entre o PS e o PSD.

JORGE CORREIA (00:28:01) – Então isso significa que isso, num país de hesitantes, se a eleição for ao domingo, ou fosse na segunda ou na terça, poderíamos ter resultados diferentes.

ADELINO MALTEZ (00:28:13) – Sabe bem o que quer, mas não assume.

JORGE CORREIA (00:28:15) – Mas não diz não, não digo, não confessa isto.

ADELINO MALTEZ (00:28:17) – Porque não lhe perguntam. Quer dizer, para ele essa coisa de dizer o perigo do socialismo diz me que eles eram iguais aos outros. Deixa os cá estar. Ninguém tem medo do socialismo. Isso é uma invenção de uma narrativa de direita, porque eles eram iguais aos do PSD e do CDS que nos governavam. Então como é que é um perigo da direita para a direita? Mas qual o perigo da direita? Não é muito mais sábio este hesitante que está a ver qual dos dois é que interessa mais? É um céptico. Não, não está a ver se escolhe entre o Pedro Nuno e o Montenegro.

JORGE CORREIA (00:28:55) – Está sentadinho na sua cadeira, na sua televisão. E quer ouvir o quê? O quê? O que é que? O que é que quer ver?

ADELINO MALTEZ (00:29:01) – Qual é que tem mais graça? Por exemplo, a outra hipótese para ver qual é a mais inteligente, qual eu gostava, Qual é aquele que eu gostava de ser a mãe? Qual é o filho que gostava de ter a tia? Qual é a sobrinha favorita que eu tenho? Por simpatia humana, Por simpatia, por empatia? Sim, porque gosta daquela cara e, portanto, é.

ADELINO MALTEZ (00:29:24) – Não acha dramático ter que escolher um ou escolher outro. Aliás, é verdade que eles acabam por apresentar programas mais ou menos iguais. Um acaba com as SCUTs, outro acaba com não sei quê. Depois metem se nisto dos impostos, ninguém percebe e ninguém está muito claro para isso, porque nós sabemos que os dois são razoáveis e devem ter feito contas lá, sabem?

JORGE CORREIA (00:29:50) – E quando saem um bocadinho da pista, nós cidadãos, dizemos não estamos a gostar e eles.

ADELINO MALTEZ (00:29:55) – Corrigem dentro do partido. Não os deixem que isto não é entrar em loucuras deles. Não podem ter um discurso muito diferente daquele que vão ter quando forem governo.

JORGE CORREIA (00:30:06) – Isto é um movimento interno dos próprios partidos.

ADELINO MALTEZ (00:30:08) – Movimento interno, isto é, isto é uma arte de razoabilidade.

JORGE CORREIA (00:30:13) – Olha que ali aquele presidente da Câmara, que é da nossa cor, está me a dizer que.

ADELINO MALTEZ (00:30:16) – Eu estou a dizer aqui neste momento é mais o problema do gasta mais aqui, diminui o IRS, como é que se distribui o dinheiro? Quanto é que perdemos nas SCUTs? Quanto é que perdemos Não sei o quê é isto.

ADELINO MALTEZ (00:30:29) – Já estávamos na altura de termos uma coisa parecida com aquilo que, por exemplo, na Holanda tem havido um grande prestígio de agências independentes que dizem assim Partidos, mostrem cá o vosso programa financeiro, Nós vamos dar um parecer independente. Eles temem ser analisados por uma agência independente. E uma nota isto é impossível de realizar isto. Por exemplo, estávamos em condições de ter uma coisa dessas, um conjunto de analistas financeiros e programática que fizessem.

JORGE CORREIA (00:31:01) – As contas ao crivo.

ADELINO MALTEZ (00:31:02) – E não dissessem quem é melhor nem pior é realizável. Não é realizável. Fazer um.

JORGE CORREIA (00:31:07) – Aeroporto. Custa não sei quantos milhões, baixar os impostos e.

ADELINO MALTEZ (00:31:11) – Tal e tal, mas dentro dos partidos eles acabaram por fazer isso. Quer dizer, nós estamos, estes dois partidos Não, não, não brincam. O chega pode ir e brincar.

JORGE CORREIA (00:31:25) – Até porque está está fora da iminência de ter que assumir uma responsabilidade, uma liderança.

ADELINO MALTEZ (00:31:30) – Aquilo também não é. Não nasceu por acaso. Agora, o problema não é fazer contas, é opções, opções sem rutura, porque isto tem que ser governado, isto tem que estar na rotina.

ADELINO MALTEZ (00:31:42) – Portanto, PS-PSD está tudo certo. Não, não, não, não. Não tenho nenhum receio que eles são capazes de. Aplicar aquilo que prometeram.

JORGE CORREIA (00:31:51) – Nas coisas que contam mais para a nossa vida. Lá está o rendimento, o dinheiro que nós temos, o emprego que temos, a educação dos nossos filhos, a saúde, no fundo, a perspetiva da classe média e da necessidade da classe média. Os partidos estão organizados e os políticos estão organizados para ouvirem as ansiedades da sociedade e resolver coisas que são difíceis de resolver nestes grandes sistemas.

ADELINO MALTEZ (00:32:17) – Eu vou falar por pelo passado. O austeridade do Paço, aquela coisa toda.

JORGE CORREIA (00:32:25) – A troika ser mais, ser mais troikista que a troika.

ADELINO MALTEZ (00:32:28) – Ele foi punido por isso porque a certa altura tinha um discurso exagerado quando apareceu o Costa a dizer molha isto, Vamos acabar com isto, porque há dinheiro para isto e para aquilo. Vamos propor.

JORGE CORREIA (00:32:40) – Captou a atenção dos tais?

ADELINO MALTEZ (00:32:42) – Eu próprio disse assim Quero uma coisa que não antipatizar, porque era funcionário público e tinha sido maltratado. Olha como é que ele conseguiu.

ADELINO MALTEZ (00:32:52) – Eu estou a dizer, eles têm testes, já fizeram e nós podemos ter confiança vendo o que é que estes governos fizeram.

JORGE CORREIA (00:33:02) – Aliás, lembro me quando foi aquela célebre proposta de alteração da Segurança Social da TSU de que num dia, umas centenas de milhares, para não dizer linhas de passe, saíram à rua a dizer a gente não quer isso. E o que aconteceu é que houve a correção do tiro imediatamente.

ADELINO MALTEZ (00:33:19) – Nós já temos a opinião pública através de opinadores que sabem fazer contas.

JORGE CORREIA (00:33:23) – Então a opinião pública não é uma espécie de. Enfim, falam, falam, falam, mas não têm peso.

ADELINO MALTEZ (00:33:28) – Não, que não têm peso, têm peso claro. Como é que têm peso? Há determinados analistas a dizerem determinado número de coisas que já estão qualificados, nomeadamente na área económico financeira. E aquilo mete medo aos governos para aí que porque os patrões também os ouvem. Portanto, há aqui uma opinião qualificada que pode meter medo ao governo. É um jogo.

JORGE CORREIA (00:33:49) – De influência entre todos nós.

ADELINO MALTEZ (00:33:51) – Não é um jogo.

ADELINO MALTEZ (00:33:52) – Eu, por exemplo, sou um tipo solitário que me está aqui a mandar umas bocas.

JORGE CORREIA (00:33:57) – É um politólogo reputado, o que diz, seguramente ouvido pelos políticos. Ou acha que não? Sim, os meus alunos quando me mandam sms.

ADELINO MALTEZ (00:34:04) – Olha que não, Não, não, não, não, não, não, não, Não tenho aquela coisa Ninguém me ouviu. Sou um desgraçado.

JORGE CORREIA (00:34:15) – Claro que é. Ouvido, está a ser ouvido. Estamos a falar com pessoas aqui.

ADELINO MALTEZ (00:34:18) – Não, não porque são aqueles que falam com razoabilidade. Quer dizer, quando tenho aqui o microfone não venho para aqui contar as histórias da minha tia. Tenho de ter responsabilidade naquilo que eu digo. Tem de ter fins, tem que ter objectivos? Tenho. Tenho que ter vivido as circunstâncias. Mas não sou só eu. Quer dizer, grandes jornalistas e na boca a falarmos, nalguns casos já não se engana o. A comunicação de um dia para o outro. Quer dizer, eles tem que entrar no diálogo, eles têm que entrar no diálogo e entram e entram.

ADELINO MALTEZ (00:34:55) – E às vezes exageram. Por exemplo, o Costa porque Costa caiu tanta coisa? Porque o Costa enquanto foi governo, quando isto estava tremido e foi várias vezes desde o do mês zero, o Costa escolhia. Vou lá uma entrevista. É aquilo a arte da conversa. Virava tudo a favor dele. E desleixos? Porquê? Porque percebia perfeitamente a qualidade que tinha e que tinha a opinião pública com ele. E depois não matávamos, não o perseguimos e nunca o perseguiram. Ele nunca foi punido. Esse só percebeu que já não tinha o click que tinha perdido.

JORGE CORREIA (00:35:35) – Intuiu que já não tinha o apoio que precisava E é isso que os políticos fazem de uma forma maravilhosa que é, farejam o ar e dizem isto o caminho é para aqui ou para acolá.

ADELINO MALTEZ (00:35:44) – Sim, sim. A qualidade de um político superior é o político ganha eleições e aquilo, contra tudo e contra todos, nos interpreta aqui e.

JORGE CORREIA (00:35:52) – Percebe que ali é o caminho.

ADELINO MALTEZ (00:35:53) – Sim, mas isso só raros é que têm essa qualidade. É um dom e um dom dos grandes políticos o perceberem para onde é que isto vai.

ADELINO MALTEZ (00:36:03) – Nós podemos ver isso na cara do Marcelo que o Marcelo.

JORGE CORREIA (00:36:07) – E também também temos uma nota para o professor Marcelo.

ADELINO MALTEZ (00:36:13) – Mas depois, como líder do PSD, foi um tipo nove, porque às vezes há bons. Numa coisa é maus. Há cadeiras difíceis sim, e outros.

JORGE CORREIA (00:36:21) – Mas.

ADELINO MALTEZ (00:36:22) – Esse, como nós já o conhecemos, já vimos como é que é que está a cara dele quando ele está mesmo atrapalhado e não sabe para onde ir. Qualquer jornalista olha para aquela cara e se olha Foste apanhado aqui nisto.

JORGE CORREIA (00:36:34) – Mas depois tem uma magia. Tenho às.

ADELINO MALTEZ (00:36:36) – Vezes, às vezes, outras vezes a.

JORGE CORREIA (00:36:39) – Gente percebe que ele está.

ADELINO MALTEZ (00:36:41) – No caso das gémeas, que foi terrível de tratar com o filho.

JORGE CORREIA (00:36:46) – Porque a comunicação não é só verbal, é uma comunicação, comunicação total.

ADELINO MALTEZ (00:36:49) – E nós conhecemos. Vê se que o Marcelo estava a atrapalhar, disse me vê e de certeza que não teve nada a ver com con, com uma atitude de cunha nem coisa que o valha.

JORGE CORREIA (00:36:59) – Mas é aquela sensação de que há aqui qualquer coisa que não está explicada, que está aqui.

JORGE CORREIA (00:37:04) – Não estou à vontade com isto, não estou à vontade. Há duas palavras que estão neste momento no léxico da política, que são uma conjugação entre a justiça, aquilo que a justiça está a fazer neste, nesta, neste cruzamento entre a justiça e a política e as questões da ética. Não sei se concorda, não sei se concorda comigo. Estamos a resolver bem isso enquanto sociedade.

ADELINO MALTEZ (00:37:33) – Não sei dizer porque o nosso problema não é estar a resolver isso. E com os dados que temos, com a autonomia do Ministério Público, o princípio da legalidade numa denúncia que com isto, que a.

JORGE CORREIA (00:37:46) – Separação de poderes, no fundo, a.

ADELINO MALTEZ (00:37:48) – Separação de poderes e o papel do Ministério Público dentro da separação de poderes é um.

JORGE CORREIA (00:37:54) – Papel político também, de alguma maneira ou não.

ADELINO MALTEZ (00:37:56) – Mas, por exemplo, nós estamos sujeitos àquilo que é o princípio da legalidade. Tudo o que é queixa e que é considerado relevante, pumba, aquilo funciona. Não temos um sistema de administração da justiça, tipo pretor romano ou tipo holandês, lá isso em que eles dizem a nós não vamos funcionar por queixas.

ADELINO MALTEZ (00:38:14) – Temos aqui um programa acabar com o crime tal, acabar com isso.

JORGE CORREIA (00:38:18) – E a priori, no fundo, é o.

ADELINO MALTEZ (00:38:19) – Princípio da oportunidade. Nascido de uma política criminal, por exemplo.

JORGE CORREIA (00:38:24) – Não é típico de um achado, de um indício, de uma queixa, de uma possibilidade e de uma decisão política, uma decisão.

ADELINO MALTEZ (00:38:32) – Política anterior.

JORGE CORREIA (00:38:33) – Vou acabar com a corrupção, então vou fazer um conjunto de ações preventivas, ativas ou proativas, que permitam fazê lo.

ADELINO MALTEZ (00:38:41) – Sim, mas nós não temos isso na lei. Nós temos tudo, vale tudo vale desde a queixa do dono, da amante, do autarca ou não sei o que quer.

JORGE CORREIA (00:38:52) – Dizer isso não é não e não pode conduzir a prioridades.

ADELINO MALTEZ (00:38:56) – É um problema de opções de cada um. Eu não gosto muito deste e de peso.

JORGE CORREIA (00:39:01) – No fundo não é.

ADELINO MALTEZ (00:39:02) – Não gosto muito deste. Gosto mais de domínio, intervencionismo a porto romana ou a modelo anglo saxónico na tipo programático, até com negociações eu gosto mais disso, mas é um problema do meu gosto, não tem nada a ver, até porque podemos conseguimos escrutinar dentro das regras que temos no jogo e não podemos ser muito negativos.

ADELINO MALTEZ (00:39:28) – Há seis meses o Ministério Público estava pelas ruas da amargura porque em duas operações, por exemplo, recentes do Sócrates ao desembarque no Funchal, inverteram completamente a tendência e passaram a dizer convém valeu a pena dar nos poderes para fazer isto.

JORGE CORREIA (00:39:47) – E a opinião pública observa isto e vai validando também.

(00:39:50) – Eu.

ADELINO MALTEZ (00:39:51) – Caladinha mas mas vai validando e ainda não estamos numa fase onde a opinião pública não confia na justiça. Isso não é bem assim. O português confia no polícia com o confia no. Acho que era num jornalista, no professor e também no. O poder judicial, apesar de tudo, confia. Portanto, não temos tempo. Temos tempo para. Para alguns aperfeiçoamentos não pode ser muito radical. Eu não defendo que a minha posição deve vingar a curto prazo, nem coisa que o valha. Defendo aquilo que parece que estamos a fazer dar mais meios para lutar contra a corrupção. É preciso ter informáticos, analistas. É preciso ter um sistema de apoio técnico ao dispor dos tribunais que agora temos melhor do que tínhamos. Quer dizer, e acho que esta tendência não vai inverter.

ADELINO MALTEZ (00:40:44) – Portanto, cuidem. Cuidem se aqueles que pensam que são espertos porque são apanhados, são apanhados na curva porque hoje há uma aparelhagem técnica ao dispor da Polícia Judiciária, do Ministério Público e dos Tribunais, que não a via há uns anos, não é? Portanto, nós temos que perceber que isto está um bocadinho melhor na parte de aparelhagem técnica. O problema da corrupção, por exemplo, O grande problema foi a estupidez dos grandes partidos deixarem o chega a falar sozinho nisto porque o PS e o PSD e deviam ser aqueles que estão mais interessados no combate à corrupção, não.

JORGE CORREIA (00:41:22) – Ocuparam o tempo e o espaço comunicacional.

ADELINO MALTEZ (00:41:25) – Não foram capazes de ter um, porque isto é um problema técnico, isto é um problema técnico. Prometerem isto, isto e aquilo para melhorar a luta contra a corrupção. Não é que os dois partidos estejam invadidos pela corrupção. Não tem nada a ver com isso. Ficaram inibidos e deixaram este discurso. Porventura é um problema deles? Acordassem, porque tudo aquilo que por ventura cresce é culpa do PS e do PSD que o deixaram crescer quando deixaram de ter essa reivindicação.

ADELINO MALTEZ (00:41:58) – Aprendam. Eu acho que eles vão aprender, Ao contrário do que parece, acho que vão aprender. Mas não esperem por um título de um jornal sensacionalista.

JORGE CORREIA (00:42:09) – Vai acontecer sem se falar. No fundo.

ADELINO MALTEZ (00:42:12) – Quer dizer, mas isto não pode ser. Amanhã o jornal vai dizer que o deputado chega e tal.

JORGE CORREIA (00:42:18) – Não, não vai acontecer.

ADELINO MALTEZ (00:42:19) – Não, não pensei nisso. Tem que ser outra coisa. Tem que ser o tipo de combate que eles sabem e toda a gente sabe, porque há organizações não governamentais, como a Transparência Internacional, que têm dito há falhas no nosso sistema legislativo, a falta de regulamentação de determinado número de matérias, etc, etc, etc. Mas isto tudo se aperfeiçoou. Antigamente havia segredo bancário e acabou. Agora já não há. Portanto já não há zonas proibidas de acesso por isto e por aquilo. Quer dizer, tudo melhora e, portanto. E qual é a situação de Portugal mesmo no índice de perceção? Ainda há bocado estava a ver os números e nós estamos no 34.º país mundial.

ADELINO MALTEZ (00:43:10) – Não é mau, não é mau.

JORGE CORREIA (00:43:11) – O melhor é o número um.

ADELINO MALTEZ (00:43:12) – Ou melhor, o número não é mau. Podíamos ter um programa para dizer passámos do 34 para o 20 e vamos atingi lo em em cinco anos. E isso é fazível. E há instrumentos e técnicos para obter este resultado.

JORGE CORREIA (00:43:27) – E é muito curioso porque estamos a falar neste caso da corrupção. Mas eu estou a pensar em vários programas públicos, de várias, de várias, de várias coisas em que são enunciados objectivos, mas depois raramente têm lá um prazo, metas intermédias e quanto é que custa aquilo.

ADELINO MALTEZ (00:43:43) – Claro, e como é que se faz? Serviço Nacional de Saúde.

JORGE CORREIA (00:43:48) – O que é que queremos fazer nos próximos dez anos? Quanto é que vai.

ADELINO MALTEZ (00:43:50) – Ser Banco dos médicos fundadores daquele clube, assinala me dizia O grande problema é que nós, quando fomos para aquilo, no começo do SNS, médicos.

JORGE CORREIA (00:44:01) – Da periferia foram.

ADELINO MALTEZ (00:44:02) – Médicos de periferia, paixão, trabalhavam até à meia noite, acreditavam que nos estava a fazer e aos 11 anos inventaram o gestor do início e as fixas Excel.

JORGE CORREIA (00:44:13) – Lá foi a paixão.

ADELINO MALTEZ (00:44:15) – Foi a paixão. Portanto, isto é Serviço Nacional de Saúde ou serviço não sei quê de saúde. É um problema de saber mobilizar o agente da extremidade para uma crença, para uma missão. E o grande problema não é de hoje, não é deste governo nem do anterior. É o problema das reformas, a meu ver gestionária. As que fizeram e como na universidade também encheram aquilo de índices, bla bla bla bla bla bla. Quer dizer, é tudo treta porque depois subiram os semi burros que sumiram os semi burros, a catedráticos deixou de ter o apaixonado, o tipo que dá o exemplo. Portanto, os sistemas entram em decadência, na estabilidade da e da ditadura da incompetência. Este é o problema principal. Agora como é que vamos voltar a ter Serviço Nacional de Saúde? Podemos que ter muito melhor com os meios que temos em recursos, mas isto tem que ter fases e eles já sabem qual é a doença e não ter os médicos mobilizados.

JORGE CORREIA (00:45:24) – Portanto, não é um problema de diagnóstico, é um problema de encontrar as pessoas certas no sítio certo.

ADELINO MALTEZ (00:45:32) – É um problema de reformismo.

JORGE CORREIA (00:45:35) – Isso é um problema de vontade, de ambição sempre.

ADELINO MALTEZ (00:45:36) – Não é de vontade de planeamento.

JORGE CORREIA (00:45:41) – Algum cansaço geral na sociedade?

ADELINO MALTEZ (00:45:44) – Ou a malta funciona pelo chicote do estímulo. Quer dizer, eu sou da geração, a.

JORGE CORREIA (00:45:49) – Senhora não, que se integrou, só.

ADELINO MALTEZ (00:45:52) – Que se integrou na sede, na administração pública. Reuniões gloriosas em Bruxelas, a malta a demonstrar aos franceses que não era tão burro como eles pensavam e toda a gente abriu.

JORGE CORREIA (00:46:06) – E portanto, vamos fazer isto muito bem.

ADELINO MALTEZ (00:46:07) – Vamos fazer isso muito bem.

(00:46:08) – E fizemos.

ADELINO MALTEZ (00:46:11) – Eu estou a dizer problema da desgraça das finanças públicas. Baixámos a dívida, baixamos. Eu estou.

(00:46:18) – A dizer este.

JORGE CORREIA (00:46:19) – Problema da fuga aos impostos. Fez se.

ADELINO MALTEZ (00:46:21) – Fez. Precisamos de um chicote reformista, Quer dizer, e acreditar que é possível fazer porque já fizemos noutras ocasiões.

JORGE CORREIA (00:46:29) – Então onde é que está o click? Isto é, qual é a pedra de toque, se é que há uma pedra de toque mágica entre a apatia do deixa andar e a acção numa determinada.

ADELINO MALTEZ (00:46:44) – Um bom Primeiro-Ministro e bons ministros.

JORGE CORREIA (00:46:47) – Tão simples ou tão complicado, tão.

ADELINO MALTEZ (00:46:49) – Simples quanto isto nas.

JORGE CORREIA (00:46:51) – Pessoas.

ADELINO MALTEZ (00:46:52) – Na competência técnica e política dos ministros. E isso é que às vezes falha.

JORGE CORREIA (00:46:58) – Porque atrair, atrair alguém para a vida pública, que depois.

ADELINO MALTEZ (00:47:02) – Para os comandar, para os comandar, não é para a malta ouvir um discurso num colóquio. É um tipo com capacidade para fazer o futuro e dominar e chefiar dentro de uma democracia.

JORGE CORREIA (00:47:17) – É um sonhador ou é um realizador, como.

ADELINO MALTEZ (00:47:19) – Dizia o Jorge Dias, ou o sonhador activo. Quer dizer.

JORGE CORREIA (00:47:24) – Não é um especulador.

ADELINO MALTEZ (00:47:25) – Não é, sobretudo porque o português não é um tipo de capitalismo que sabe gerir com rotina. A malta funciona por rasgos, pelo sonhador activo e, portanto, tem que ser dentro do modo português de estar no mundo. Mas a AH é o que precisa eles saberem escolher. Os primeiros ministros terem uma ideia de sonho, de lutar contra coisas inevitáveis. Eu faço parte de uma geração onde a Europa toda dizia que a partir dos Pirinéus os povos latinos eram incapazes de ter democracia.

JORGE CORREIA (00:47:59) – No fundo, que disse Portugal e Espanha vão falhar? Era, era isto.

ADELINO MALTEZ (00:48:03) – Porque aquilo tinha uma tradição de não sei quê, não sei qual. Não falhámos, não falhámos ninguém. E não, não falhamos nem a Espanha com terrorismo e tudo não falhou. Portanto, eles já se convenceram que afinal aprenderam. Aquele tipo do holandês, protestante, da ética protestante tinha a mania que estávamos aqui dominados pela Europa, sem perceber nada que tínhamos feito o Brasil e que tínhamos feito a América do Sul e que tínhamos feito outra coisa no mundo. Começaram já a convencer se. Pronto, nós já somos europeus e de.

JORGE CORREIA (00:48:40) – Vez em quando lá aquele senhor holandês que disse eles gastam, mas é tudo em vinho.

ADELINO MALTEZ (00:48:46) – E mulheres e vinho. Então pensei criatura, e nós também dizemos os holandeses que eles são todos protestantes e que não sei o quê, mas a Europa é precisamente isso que nós dizemos dos gajos de Leste. Olha, olha ucranianos e russos é tudo a mesma cambada. Desconhecimento, preconceito que depois temos que trabalhar em conjunto para obter isso.

ADELINO MALTEZ (00:49:06) – E não é de um dia para o outro e com provas dadas.

JORGE CORREIA (00:49:09) – Já agora, olhando para um lado e olhando para o outro. Por um lado, a Ucrânia com uma guerra em curso dentro da Europa, por outro lado, a possibilidade de Trump no.

(00:49:20) – Eu para mim é o meu problema.

ADELINO MALTEZ (00:49:21) – Não, eu não entro nisso porque senão tinha que dizer porque é que eu gosto de ouvir que ganha a batalha de ontem e o meu coração torce por uns, não torce por outros. Tenho o dever de ter cuidado. O problema é que nós temos que respeitar os russos e respeitar os ucranianos. E é isso que está a falhar neste momento. Ter um olhar de respeito, de respeito por histórias, por coisas que não vão acontecer, não nos odiar muito. Passámos a odiar muito e assim não ajudaremos ao conflito. Nós não podemos fazer a paz contra a Rússia ou contra. E neste momento a Ucrânia conseguiu passar a ter direito a história e, portanto, a Europa tem que ter uma atitude como teve.

ADELINO MALTEZ (00:50:04) – Não fui às manifestações e estou por isso, mas agora para falar com os russos não é tratá los mal, não é tratá los mal, não é desrespeitá lo. Temos que que perceber o que é aquilo e, portanto, só a paz. E eu quero uma Europa com a Rússia. Não quero uma Europa contra a Rússia. E portanto tenho cá o sonho da Ilha do Corvo a Vladivostok.

JORGE CORREIA (00:50:32) – E como é que se faz isso agora? Quando? Quando? De alguma maneira, houve uma fratura nesta guerra e uma greve.

(00:50:38) – Não se.

ADELINO MALTEZ (00:50:38) – Faz agora? Um, dois, três, quatro, cinco.

JORGE CORREIA (00:50:41) – Como de vez em quando os Balcãs também ali a fervilhar, há sempre uma tensão.

ADELINO MALTEZ (00:50:47) – Se este ódio chega à Sérvia e já é mais complicado. Podemos estar à beira do desequilíbrio, mas sempre estivemos, em cada momento destes anos todos à beira do desequilíbrio. O problema é a resposta que damos a esse desequilíbrio. E eu sou um otimista. Acho que vamos ter paz. Portanto, entre a Rússia e Ucrânia, não sei como é que se deve mediar essa paz, mas acho que vamos ter.

ADELINO MALTEZ (00:51:16) – E acho que. Que a Europa pode ajudar muito. E que feliz eu ficaria de ver uma Europa com Ucrânia em plenitude, nesse que é sinal que tinha se passado duas décadas. E não estamos tão longe desse sonho quanto parece. Quer dizer, há sinais de que isto pode ser conseguido. Há sinais que isto pode ser conseguido. Se fizermos isso, o projecto europeu é o melhor projecto fazível que eu tive na minha vida, Quer dizer, e portanto e tenho fé.

JORGE CORREIA (00:51:50) – Professor José Adelino Maltez. Muito obrigado.

ADELINO MALTEZ (00:51:53) – Muito obrigado.

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