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Geni Núñez: Amor e não monogamia

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Quem segue a psicóloga, ativista indígena Guarani e escritora Geni Nuñez no Instagram reconhece que ela é uma voz importante na defesa da não monogamia. Geni escreve de maneira simples e direta sobre o tema, apresentando a filosofia dessa forma de se relacionar. O que ela também fez em livros. Em “Descolonizando Afetos — Experimentações sobre outras formas de amar” (Paidos, 2023), faz uma vasta pesquisa histórica e política da monogamia e apresenta a não monogamia como alternativa.

Num passado pré-colonização, no Brasil, o comum era ser não monogâmico. Até que os portugueses chegaram e, com a catequização, instauraram a monogamia. A psicóloga, que tem doutorado no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, escreve que “ser monogâmico era parte de um projeto de civilização. Outras práticas que fugissem desse modelo eram vistas como atrasadas, selvagens, como animalescas, como algo da ordem de uma heresia”.

Trazendo a discussão pro século 21, Nuñez acha que a não monogamia entrou em debate mais acalorado por “uma certa crise dos paradigmas hegemônicos”. “A gente vê, por exemplo, debates sobre a questão ambiental, sobre as questões de gênero, sexualidade, a luta antirracista, a luta pelos direitos ao território. Tudo isso faz parte de um contexto político que, de alguma maneira, possibilita que alguns debates, que antes eram mais silenciados do que hoje, possam ter alguma reverberação.”

Para a pesquisadora, a monogamia tem relação direta com uma moral cristã herdada da colonização. “O que a monogamia traz, junto de todo esse moralismo cristão que permanece no nosso território, é uma obsessão com a sexualidade”, afirma. “É difícil pensar que é uma escolha pessoal você decidir o que outra pessoa vai fazer da sexualidade dela. (…) A ideia de traição é referendada por aquilo que o outro fez do próprio corpo.”

Em seu último lançamento, "Felizes por Enquanto: Escritos sobre outros mundos possíveis" (Planeta, 2024), Nuñez aborda o tema de forma ainda mais fácil, por meio de poemas.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

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Num passado pré-colonização, no Brasil, o comum era ser não monogâmico. Até que os portugueses chegaram e, com a catequização, instauraram a monogamia. A psicóloga, que tem doutorado no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, escreve que “ser monogâmico era parte de um projeto de civilização. Outras práticas que fugissem desse modelo eram vistas como atrasadas, selvagens, como animalescas, como algo da ordem de uma heresia”.

Trazendo a discussão pro século 21, Nuñez acha que a não monogamia entrou em debate mais acalorado por “uma certa crise dos paradigmas hegemônicos”. “A gente vê, por exemplo, debates sobre a questão ambiental, sobre as questões de gênero, sexualidade, a luta antirracista, a luta pelos direitos ao território. Tudo isso faz parte de um contexto político que, de alguma maneira, possibilita que alguns debates, que antes eram mais silenciados do que hoje, possam ter alguma reverberação.”

Para a pesquisadora, a monogamia tem relação direta com uma moral cristã herdada da colonização. “O que a monogamia traz, junto de todo esse moralismo cristão que permanece no nosso território, é uma obsessão com a sexualidade”, afirma. “É difícil pensar que é uma escolha pessoal você decidir o que outra pessoa vai fazer da sexualidade dela. (…) A ideia de traição é referendada por aquilo que o outro fez do próprio corpo.”

Em seu último lançamento, "Felizes por Enquanto: Escritos sobre outros mundos possíveis" (Planeta, 2024), Nuñez aborda o tema de forma ainda mais fácil, por meio de poemas.

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