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Pudim Amarelo #15 – Mais Mistérios Marítimos

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O Pudim Amarelo, spin-off do PudimCast® apenas para tratar de mistérios e temas sobrenaturais, volta a se aventurar pelos sete mares para desvendar mais mistérios marítimos! Nesse episódio, Cintia Pudim e Ira Croft — diretamente do Mundo Freak —, partem em busca de ilhas assombradas, sons misteriosos e acontecimentos estranhos ao redor do globo.

Embarque na expedição!

Cintia Pudim e Ira Croft

Poveglia, Itália

A Poveglia é uma ilha localizada na Lago de Veneza que, apesar de estar num dos locais mais visitados do mundo, não é muito conhecida. A ilha tem cerca de 70 km² e 50% da composição do solo é de cinzas humanas. É considerada a ilha mais assombrada do mundo.

Ilha de Poveglia na Itália
Poveglia, Itália | Créditos: Wikipédia

Apesar de ser considerada uma ilha fantasma hoje em dia, a Poveglia começou a ser ocupada no ano 421 d.C., por conta do crescimento da população na região, mas, em 1793, a ilha começou a ser usada como local de isolamento provisório para servir de quarentena a navios com destino a Veneza. No ano de 1803, foi emitido um decreto obrigando que todos os navios que vinham de regiões infectadas pela febre amarela, estavam terminantemente proibidos de aportar em qualquer porto e deveriam ser direcionados para a ilha de Poveglia para que seus tripulantes pudessem cumprir quarentena.

Com o passar dos dias, os novos habitantes, eram infectados com as doenças de outros passageiros e, gradativamente, toda a população da ilha estava infectada, pela peste bubônica que foi trazida por tripulantes um tempo antes. De acordo com o The Telegraph, as autoridades italianas na época estimaram 16 mil mortos em decorrência da doença, visto que agentes oficiais foram até a ilha para enterrar os corpos em um sepultamento coletivo, sem a possibilidade de identificação individual. O reconhecimento dos cadáveres só foi possível graças às listas de passageiros que continham dados pessoais. Com poucos sobreviventes nesse período, a ilha só teve sua quarentena encerrada em 1814, quase 40 anos após seu início. Algumas das estruturas que foram construídas para abrigar os infectados ficaram completamente abandonadas até o século 20.

Uma nova tragédia

Em 1922, um hospital psiquiátrico — que recebia apenas pacientes idosos —, foi instalado pelo governo italiano nas estruturas da ilha que tinham sido usadas para abrigar o isolamento da peste bubônica. Os distúrbios de pacientes, no entanto, fizeram surgir a teoria de que o local estava sendo assombrado pelos fantasmas dos mortos que cumpriram a quarentena forçada.

Os relatos dos pacientes, que incluíam descaso e abandono, somaram-se aos experimentos violentos que foram realizados no local, e o hospital psiquiátrico foi considerado um fracasso pelas autoridades do país, sendo fechado em 1968. De lá para cá, a ilha permaneceu inacessível para visitantes, sendo possível — apenas — a entrada de pesquisadores e autoridades do governo.

>>> OBS.: As estimativas atuais do número de mortos no total são, aproximadamente, 10 vezes maior que o número oficial, aproximando-se de 160.000 pessoas que morreram na ilha ao longo dos anos.

North Brother Island

Situada em Nova York, a North Brother Island, assim como a sua ilha-irmã, a South Brother Island, é um pedaço de terra que faz parte do imaginário da cidade e tem uma história bem parecida com a Ilha Poveglia.

North Brother Island, Nova York | Créditos: Curbed NY

A história das duas ilhas começa em 1614, quando elas foram reivindicadas pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, mas, no final dos anos 1600, elas passaram para as mãos dos britânicos que, na época, estavam ocupando a área. Apesar de North Brother Island ter sido considerada propriedade privada por vários anos, ela ficou intocada até 1869, quando um farol solitário foi construído na ilha.

Em 1885, o Hospital Riverside mudou-se para lá vindo da Ilha Blackwell (North Brother Island continuava desabitada até então). O hospital havia sido fundado na década de 1850 como uma resposta à principal doença contagiosa da época, a varíola e, quando se mudou para North Brother Island, se tornou o lugar perfeito para isolar o número cada vez maior de doentes da cidade, incorporando aos seus serviços o isolamento para a febre tifoide, poliomielite e tuberculose.

O local também ficou conhecido por receber Mary Mallon, chamada pela mídia de ‘Typhoid Mary’, a primeira americana a ser identificada como portadora assintomática da bactéria patogênica Salmonella typhi. Acredita-se que ela infectou entre 51 a 122 pessoas com febre tifoide e foi mantida à força na ilha por duas décadas, até sua morte em novembro de 1938. Mary passou por diversos tratamentos experimentais durante o tempo em que ficou na ilha.

Mary Mallon durante internação obrigatória
Mary Mallon (em 1º plano) durante sua internação obrigatória| Créditos: Wikipédia

De acordo com a revista Smithsonian, a necessidade de um hospital de quarentena em um local remoto diminuiu na década de 1930, pois os avanços da saúde pública diminuíram a necessidade de colocar em quarentena um grande número de indivíduos. Sabem por quê? Vacina no braço e cuidados para impedir a transmissão de vírus. O hospital foi fechado em 1943.

Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, a ilha serviu de abrigo temporário para os veteranos e suas famílias. Esse fato foi causado pela crise habitacional vivida nos país pós-guerra mas, depois que a crise diminuiu, a ilha voltou a ficar abandonada até que, em 1952, foi inaugurada uma clínica para tratar adolescentes dependentes químicos.

A administração da clínica alegava que oferecia uma variedade de tratamentos aos seus pacientes, mas os relatos mostravam que os métodos utilizados eram “medievais e nada humanizados”, com os usuários de heroína sendo trancados em um quarto até que estivessem totalmente limpos. Muitos pacientes afirmaram que foram mantidos lá contra sua vontade, o que foi um dos motivos que levou ao fechamento da instalação em 1963. A história serviu de inspiração para a famosa peça da Broadway “Does a Tiger Wear a Necktie?”, que lançou a carreira de Al Pacino.

Cena de "Does a Tiger Wear a Necktie?" com Al Pacino
Cena de “Does a Tiger Wear a Necktie?” com Al Pacino | Reprodução

Desde então, prefeitos consecutivos da cidade de Nova York deliberaram sobre o que fazer com a ilha, desde vendê-la, acomodar os sem-teto ou usá-la como uma extensão da prisão de Rikers Island. Nenhuma decisão foi tomada, por isso permanece como uma grande cápsula do tempo, onde a natureza começou a reclamar o que é dela.

Ilha Sentinela do Norte, Índia

A ilha, situada na baía de Bengal, na Índia, é quase desconhecida do mundo. Além de estar coberta por um denso bosque, ela é habitada por um pequeno grupo de pessoas que evitam o contato com o mundo exterior, os sentineleses, o povo mais isolado do mundo.

Membros da tribo Sentinela na Ilha de Sentinela do Norte, foto da National Geographic de Julho de 1975
Membros da tribo Sentinela na Ilha de Sentinela do Norte | Créditos: National Geographic (edição de Julho de 1975)

Estimados entre 40 e 500 indivíduos, os Sentineleses são tidos como extremamente hostis, rejeitando qualquer contato com outras pessoas e considerados como os últimos seres humanos a permanecerem completamente intocados pela civilização moderna. Devido ao denso bosque presente na ilha, é impossível avistá-los do alto.

Ao longo dos anos, houveram várias tentativas de travar contato com eles, mas pedras e flechas são disparadas nos helicópteros e barcos que se aproximam da ilha. Em 2018, um missionário canadense foi atacado ao tentar se aproximar para converter os Sentineleses. O caso está parado pois a polícia não pode interrogar as pessoas que o atacaram e também não pode ir até a ilha para recuperar o corpo.

O governo indiano proíbe a ilha de ser visitada e a administração local de Andamão e Nicobar adotou uma política para garantir que caçadores não entrem ilegalmente no território. Embora esteja em um limbo curioso sob a lei internacional, Sentinela do Norte é vista como uma entidade soberana sob proteção indígena, sendo considerada uma das regiões autônomas da Índia.

Atol Palmyra

Localizado entre o Havaí e a Samoa Americana, o Atol Palmyra, também chamado de Ilha Palmyra, é um dos muitos locais desabitados do Oceano Pacífico. Segundo palavras de um velejador que passou por lá, o local é ameaçador e bastante hostil:

Palmyra sempre pertencerá a si mesma, nunca ao homem. É um lugar proibido.

Com aproximadamente 12 km², o atol não conta com uma população permanente e, atualmente, é administrado como um território “não organizado incorporado” pelos Estados Unidos, sendo o único desse tipo.

Atol Palmyra em 2019
Atol Palmyra em 2019| Créditos: Palmyra Atoll Research Consortium (PARC)b

O primeiro avistamento de Palmyra foi em 1798, mas o capitão não registrou o local oficialmente e, alguns anos depois, em 1802, o navio Palmyra, acabou colidindo com o recife e naufragando no local, o que lhe rendeu o nome como forma de homenagear a embarcação. O capitão Swale, do navio naufragado escreveu sobre Palmyra:

Não há habitantes na ilha, nem foi encontrada água doce; mas cocos de tamanho muito grande, estão em grande abundância; e peixes de várias espécies e em grandes cardumes cercam a terra.

O navio Palmyra foi apenas a primeira vítima do atol que, ao longo dos anos, foi palco de naufrágios, desaparecimentos, assassinatos e mistérios inexplicáveis. O local também foi alvo de uma série de batalhas legais, passando por várias mãos até que os Estados Unidos, enfim, recebessem sua propriedade. Um dos mistérios mais notáveis que aconteceram em Palmyra foi o caso “Sea Wind”.

Sea Wind

Em 1974, a viagem planejada pelo casal Malcolm “Mac” Graham e Eleanor “Muff” Graham ao atol Palmyra terminou de forma misteriosa. O que deveriam ser alguns alguns meses vivendo na ilha desabitada, mudou exatamente na hora em que eles desembarcaram e descobriram que a ilha/atol estava ocupada por pelo menos mais 4 pessoas: 2 cientistas e um casal chamado Duane “Buck” Walker e Stephanie Stearns. O casal desapareceu e o corpo de Eleanor foi encontrado seis anos depois por um outro casal que visitava a ilha.

Esse caso gerou muita especulação e acusações de todas as partes, levando Buck a cumprir 22 anos em uma penitenciária dos Estados Unidos pela morte de Eleanor Graham. Buck afirmou que ele e Eleanor tiveram relações sexuais, mas que seu marido, Malcolm, os pegou e atirou, matando-a inadvertidamente.

Outros casos

Naufrágio em Palmyra
Naufrágio em Palmyra | Créditos: U.S. Geological Survey

Palmyra também foi palco de outros casos estranhos e que permanecem sem explicação anos após terem acontecido. Em 1987, uma aeronave C-130 da Guarda Costeira, avistou um veleiro a sudeste de Palmyra e a inspeção aérea não revelou sinais de vida a bordo do veleiro à deriva. A Guarda Costeira notou que o mastro foi quebrado e que as velas foram rasgadas, o que deu início à investigação. Uma semana após o avistamento, o navio foi abordado por guardas costeiros que encontraram os restos mortais do proprietário, Manning Edward, a bordo. A causa da sua morte foi indeterminada, mas foi descoberto que, antes de partir para sua extensa viagem de três anos pelo Pacífico, Manning havia falado com entusiasmo sobre seu plano de visitar Palmyra.

Outro caso misterioso aconteceu apenas dois anos depois. Em 1989, um veleiro chamado Sea Dreamer, que ia de de San Diego para o Havaí, foi pego por uma tempestade que o desviou de sua rota e o empurrou para Palmyra. Após uma breve estadia na ilha, o veleiro partiu novamente para o Havaí, desaparecendo logo em seguida. Uma extensa busca foi feita pela Guarda Costeira, mas nenhum vestígio do Sea Dreamer e dos quatro membros da família que o ocupavam foi encontrado.

Ao menos 5 acidentes aéreos foram registrados na região de Palmyra entre 1942 e 1980, vitimando 28 pessoas no total. A maioria dos casos envolve condições climáticas adversas, mas um deles, ocorrido em 20 de outubro de 1943, simplesmente relata o desaparecimento da aeronave sem explicações. Buscas foram feitas e, embora a posição do avião fosse conhecida na hora do desaparecimento, nenhum vestígio da aeronave e nem dos 14 tripulantes foi encontrado.

SONS

Outra coisa que acontece no mar e de vez em quando captamos, são sons misteriosos. Já falamos desse assunto num episódio anterior, mas não custa nada relembrar. Ah, importante dizer aqui que, a maioria desses sons que vamos ouvir estão acelerados e são disponibilizados dessa forma na internet.

Bloop

Provavelmente esse é um dos sons marítimos mais misteriosos de todos!

O Bloop é um som submarino de frequência ultrabaixa captado no verão de 1997 pela NOAA, um órgão americano para assuntos ligados à meteorologia, oceanos, atmosfera e clima. Ele foi captado na costa sudoeste da América do Sul e foi tão poderoso que pôde ser ouvido a 5.000km de distância! Numa primeira análise, o perfil sonoro dele corresponde a um som emitido por um ser vivo… Dezenas de vezes maior que a baleia azul, o maior ser vivo do planeta, ou seja, apontando para a hipótese intrigante de que formas de vida ainda maiores se escondem na escuridão inexplorada dos oceanos profundos da Terra!

Julia

Parecido com o Bloop, temos o Julia, ou Ju-Julia .

O som de Julia foi gravado em 1º de março de 1999, também pela NOAA, durou aproximadamente 2 minutos e 43 segundos e foi alto o suficiente para ser ouvido por toda a gama de hidrofones do Oceano Pacífico Equatorial. Um iceberg antártico encalhado é o principal suspeito de ser a fonte.

OUTROS MISTÉRIOS

Para além dessas histórias envolvendo ilhas misteriosas, sons subaquáticos e navios fantasmas, os oceanos e seus entornos guardam outras histórias bizarras. Vamos dar uma olhada em algumas delas.

Os pés decepados

Mar Salish
Mar Salish| Créditos: KUOW org

Desde 2007, o noroeste do Pacífico, especificamente o Mar Salish, que banha Canadá e Estados Unidos, tem vivido um mistério que nem Stephen King poderia criar: pelo menos 20 pés humanos decepados foram encontrados por lá. O primeiro, um pé direito, foi encontrado na Ilha Jedediah, na Colúmbia Britânica, dentro de um tênis Adidas. A maioria desses pés usavam tênis, o que parece oferecer proteção suficiente contra a decomposição.

A quem pertencem esses pés? De onde eles vêm? Como eles se separaram de seus donos? Desde que os pés começaram a aparecer, várias teorias foram propostas. Elas envolvem acidentes, pessoas pulando de pontes e desaparecimentos misteriosos.

Através de análises de DNA, foi possível identificar algumas das pessoas a quem esses pés pertenciam, tornando suas mortes ainda mais difíceis de serem determinadas em alguns dos casos.

O desaparecimento de Sarah Joe

Em 1979, cinco homens foram pescar em um pequeno barco chamado Sarah Joe, próximo à ilha de Maui, no Havaí. Pouco tempo após zarpar, uma tempestade furiosa começou e todo o contato com o barco foi perdido. Apesar do trabalho árduo de uma equipe de busca por vários dias, nem o Sarah Joe nem seus passageiros foram encontrados.

Dez anos depois, em 1989, o casco do pequeno barco foi encontrado praticamente intacto. Ainda mais chocante foi a descoberta de um túmulo com uma cruz improvisada e uma mandíbula no topo que pertencia a um dos homens que havia partido naquele dia fatídico, Scott Moorman. Os outros quatro ocupantes do barco nunca foram encontrados.

Casco do Sarah Joe 10 anos depois
Casco do Sarah Joe 10 anos depois | Reprodução

Este estranho túmulo criou muitas perguntas e deu poucas respostas. Onde foi parar o resto dos homens? Por que apenas a mandíbula estava exposta? Quem realizou o enterro? E, não menos importante, onde estava o casco do Sarah Joe todo esse tempo, já que o pequeno atol já havia sido vasculhado?

Ruínas Submarinas Yonaguni

Por todo o globo, espalham-se ruínas de cidades que se tornaram submersas, seja pelo avanço do mar, pela construção de hidrelétricas, por terremotos ou por algum outro motivo misterioso. Em uma outra lista, existem estruturas que parecem ter sido feitas por humanos e que também encerram um passado misterioso. É nessa lista que encontramos as Ruínas Submarinas Yonaguni, uma formação rochosa submersa na costa de Yonaguni, a mais meridional (ao sul) das Ilhas Ryukyu, no Japão.

Yonaguni | Créditos: World Adventure Divers

O mar de Yonaguni é bastante procurado por mergulhadores devido à sua grande população de tubarões-martelo e, em 1986, enquanto procurava um bom local para observá-los — os tubarões, no caso—, Kihachiro Aratake, diretor da Associação de Turismo Yonaguni-Cho, notou algumas formações curiosas no fundo do mar que lembravam estruturas arquitetônicas como paredes e escadas. Pouco tempo depois, um grupo de cientistas da Universidade de Ryūkyūs visitou as formações para começar a estudá-las. Desde então, a formação tornou-se uma atração relativamente popular para mergulhadores, apesar das fortes correntes no local.

Masaaki Kimura, líder do primeiro estudo realizado sobre as ruínas, estimou que a formação deveria ter pelo menos 10 mil anos de idade mas, em uma revisão posterior, Kimura fez uma nova estimativa e datou a estrutura como tendo sido construída de 2.000 a 3.000 anos antes. Ele também sugeriu que, após a construção, a atividade tectônica fez com que ficasse abaixo do nível do mar. Kimura acredita ser possível identificar uma pirâmide, castelos, estradas, monumentos e um estádio.


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Edição do episódio: Cintia Pudim
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Embarque na expedição!

Cintia Pudim e Ira Croft

Poveglia, Itália

A Poveglia é uma ilha localizada na Lago de Veneza que, apesar de estar num dos locais mais visitados do mundo, não é muito conhecida. A ilha tem cerca de 70 km² e 50% da composição do solo é de cinzas humanas. É considerada a ilha mais assombrada do mundo.

Ilha de Poveglia na Itália
Poveglia, Itália | Créditos: Wikipédia

Apesar de ser considerada uma ilha fantasma hoje em dia, a Poveglia começou a ser ocupada no ano 421 d.C., por conta do crescimento da população na região, mas, em 1793, a ilha começou a ser usada como local de isolamento provisório para servir de quarentena a navios com destino a Veneza. No ano de 1803, foi emitido um decreto obrigando que todos os navios que vinham de regiões infectadas pela febre amarela, estavam terminantemente proibidos de aportar em qualquer porto e deveriam ser direcionados para a ilha de Poveglia para que seus tripulantes pudessem cumprir quarentena.

Com o passar dos dias, os novos habitantes, eram infectados com as doenças de outros passageiros e, gradativamente, toda a população da ilha estava infectada, pela peste bubônica que foi trazida por tripulantes um tempo antes. De acordo com o The Telegraph, as autoridades italianas na época estimaram 16 mil mortos em decorrência da doença, visto que agentes oficiais foram até a ilha para enterrar os corpos em um sepultamento coletivo, sem a possibilidade de identificação individual. O reconhecimento dos cadáveres só foi possível graças às listas de passageiros que continham dados pessoais. Com poucos sobreviventes nesse período, a ilha só teve sua quarentena encerrada em 1814, quase 40 anos após seu início. Algumas das estruturas que foram construídas para abrigar os infectados ficaram completamente abandonadas até o século 20.

Uma nova tragédia

Em 1922, um hospital psiquiátrico — que recebia apenas pacientes idosos —, foi instalado pelo governo italiano nas estruturas da ilha que tinham sido usadas para abrigar o isolamento da peste bubônica. Os distúrbios de pacientes, no entanto, fizeram surgir a teoria de que o local estava sendo assombrado pelos fantasmas dos mortos que cumpriram a quarentena forçada.

Os relatos dos pacientes, que incluíam descaso e abandono, somaram-se aos experimentos violentos que foram realizados no local, e o hospital psiquiátrico foi considerado um fracasso pelas autoridades do país, sendo fechado em 1968. De lá para cá, a ilha permaneceu inacessível para visitantes, sendo possível — apenas — a entrada de pesquisadores e autoridades do governo.

>>> OBS.: As estimativas atuais do número de mortos no total são, aproximadamente, 10 vezes maior que o número oficial, aproximando-se de 160.000 pessoas que morreram na ilha ao longo dos anos.

North Brother Island

Situada em Nova York, a North Brother Island, assim como a sua ilha-irmã, a South Brother Island, é um pedaço de terra que faz parte do imaginário da cidade e tem uma história bem parecida com a Ilha Poveglia.

North Brother Island, Nova York | Créditos: Curbed NY

A história das duas ilhas começa em 1614, quando elas foram reivindicadas pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, mas, no final dos anos 1600, elas passaram para as mãos dos britânicos que, na época, estavam ocupando a área. Apesar de North Brother Island ter sido considerada propriedade privada por vários anos, ela ficou intocada até 1869, quando um farol solitário foi construído na ilha.

Em 1885, o Hospital Riverside mudou-se para lá vindo da Ilha Blackwell (North Brother Island continuava desabitada até então). O hospital havia sido fundado na década de 1850 como uma resposta à principal doença contagiosa da época, a varíola e, quando se mudou para North Brother Island, se tornou o lugar perfeito para isolar o número cada vez maior de doentes da cidade, incorporando aos seus serviços o isolamento para a febre tifoide, poliomielite e tuberculose.

O local também ficou conhecido por receber Mary Mallon, chamada pela mídia de ‘Typhoid Mary’, a primeira americana a ser identificada como portadora assintomática da bactéria patogênica Salmonella typhi. Acredita-se que ela infectou entre 51 a 122 pessoas com febre tifoide e foi mantida à força na ilha por duas décadas, até sua morte em novembro de 1938. Mary passou por diversos tratamentos experimentais durante o tempo em que ficou na ilha.

Mary Mallon durante internação obrigatória
Mary Mallon (em 1º plano) durante sua internação obrigatória| Créditos: Wikipédia

De acordo com a revista Smithsonian, a necessidade de um hospital de quarentena em um local remoto diminuiu na década de 1930, pois os avanços da saúde pública diminuíram a necessidade de colocar em quarentena um grande número de indivíduos. Sabem por quê? Vacina no braço e cuidados para impedir a transmissão de vírus. O hospital foi fechado em 1943.

Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, a ilha serviu de abrigo temporário para os veteranos e suas famílias. Esse fato foi causado pela crise habitacional vivida nos país pós-guerra mas, depois que a crise diminuiu, a ilha voltou a ficar abandonada até que, em 1952, foi inaugurada uma clínica para tratar adolescentes dependentes químicos.

A administração da clínica alegava que oferecia uma variedade de tratamentos aos seus pacientes, mas os relatos mostravam que os métodos utilizados eram “medievais e nada humanizados”, com os usuários de heroína sendo trancados em um quarto até que estivessem totalmente limpos. Muitos pacientes afirmaram que foram mantidos lá contra sua vontade, o que foi um dos motivos que levou ao fechamento da instalação em 1963. A história serviu de inspiração para a famosa peça da Broadway “Does a Tiger Wear a Necktie?”, que lançou a carreira de Al Pacino.

Cena de "Does a Tiger Wear a Necktie?" com Al Pacino
Cena de “Does a Tiger Wear a Necktie?” com Al Pacino | Reprodução

Desde então, prefeitos consecutivos da cidade de Nova York deliberaram sobre o que fazer com a ilha, desde vendê-la, acomodar os sem-teto ou usá-la como uma extensão da prisão de Rikers Island. Nenhuma decisão foi tomada, por isso permanece como uma grande cápsula do tempo, onde a natureza começou a reclamar o que é dela.

Ilha Sentinela do Norte, Índia

A ilha, situada na baía de Bengal, na Índia, é quase desconhecida do mundo. Além de estar coberta por um denso bosque, ela é habitada por um pequeno grupo de pessoas que evitam o contato com o mundo exterior, os sentineleses, o povo mais isolado do mundo.

Membros da tribo Sentinela na Ilha de Sentinela do Norte, foto da National Geographic de Julho de 1975
Membros da tribo Sentinela na Ilha de Sentinela do Norte | Créditos: National Geographic (edição de Julho de 1975)

Estimados entre 40 e 500 indivíduos, os Sentineleses são tidos como extremamente hostis, rejeitando qualquer contato com outras pessoas e considerados como os últimos seres humanos a permanecerem completamente intocados pela civilização moderna. Devido ao denso bosque presente na ilha, é impossível avistá-los do alto.

Ao longo dos anos, houveram várias tentativas de travar contato com eles, mas pedras e flechas são disparadas nos helicópteros e barcos que se aproximam da ilha. Em 2018, um missionário canadense foi atacado ao tentar se aproximar para converter os Sentineleses. O caso está parado pois a polícia não pode interrogar as pessoas que o atacaram e também não pode ir até a ilha para recuperar o corpo.

O governo indiano proíbe a ilha de ser visitada e a administração local de Andamão e Nicobar adotou uma política para garantir que caçadores não entrem ilegalmente no território. Embora esteja em um limbo curioso sob a lei internacional, Sentinela do Norte é vista como uma entidade soberana sob proteção indígena, sendo considerada uma das regiões autônomas da Índia.

Atol Palmyra

Localizado entre o Havaí e a Samoa Americana, o Atol Palmyra, também chamado de Ilha Palmyra, é um dos muitos locais desabitados do Oceano Pacífico. Segundo palavras de um velejador que passou por lá, o local é ameaçador e bastante hostil:

Palmyra sempre pertencerá a si mesma, nunca ao homem. É um lugar proibido.

Com aproximadamente 12 km², o atol não conta com uma população permanente e, atualmente, é administrado como um território “não organizado incorporado” pelos Estados Unidos, sendo o único desse tipo.

Atol Palmyra em 2019
Atol Palmyra em 2019| Créditos: Palmyra Atoll Research Consortium (PARC)b

O primeiro avistamento de Palmyra foi em 1798, mas o capitão não registrou o local oficialmente e, alguns anos depois, em 1802, o navio Palmyra, acabou colidindo com o recife e naufragando no local, o que lhe rendeu o nome como forma de homenagear a embarcação. O capitão Swale, do navio naufragado escreveu sobre Palmyra:

Não há habitantes na ilha, nem foi encontrada água doce; mas cocos de tamanho muito grande, estão em grande abundância; e peixes de várias espécies e em grandes cardumes cercam a terra.

O navio Palmyra foi apenas a primeira vítima do atol que, ao longo dos anos, foi palco de naufrágios, desaparecimentos, assassinatos e mistérios inexplicáveis. O local também foi alvo de uma série de batalhas legais, passando por várias mãos até que os Estados Unidos, enfim, recebessem sua propriedade. Um dos mistérios mais notáveis que aconteceram em Palmyra foi o caso “Sea Wind”.

Sea Wind

Em 1974, a viagem planejada pelo casal Malcolm “Mac” Graham e Eleanor “Muff” Graham ao atol Palmyra terminou de forma misteriosa. O que deveriam ser alguns alguns meses vivendo na ilha desabitada, mudou exatamente na hora em que eles desembarcaram e descobriram que a ilha/atol estava ocupada por pelo menos mais 4 pessoas: 2 cientistas e um casal chamado Duane “Buck” Walker e Stephanie Stearns. O casal desapareceu e o corpo de Eleanor foi encontrado seis anos depois por um outro casal que visitava a ilha.

Esse caso gerou muita especulação e acusações de todas as partes, levando Buck a cumprir 22 anos em uma penitenciária dos Estados Unidos pela morte de Eleanor Graham. Buck afirmou que ele e Eleanor tiveram relações sexuais, mas que seu marido, Malcolm, os pegou e atirou, matando-a inadvertidamente.

Outros casos

Naufrágio em Palmyra
Naufrágio em Palmyra | Créditos: U.S. Geological Survey

Palmyra também foi palco de outros casos estranhos e que permanecem sem explicação anos após terem acontecido. Em 1987, uma aeronave C-130 da Guarda Costeira, avistou um veleiro a sudeste de Palmyra e a inspeção aérea não revelou sinais de vida a bordo do veleiro à deriva. A Guarda Costeira notou que o mastro foi quebrado e que as velas foram rasgadas, o que deu início à investigação. Uma semana após o avistamento, o navio foi abordado por guardas costeiros que encontraram os restos mortais do proprietário, Manning Edward, a bordo. A causa da sua morte foi indeterminada, mas foi descoberto que, antes de partir para sua extensa viagem de três anos pelo Pacífico, Manning havia falado com entusiasmo sobre seu plano de visitar Palmyra.

Outro caso misterioso aconteceu apenas dois anos depois. Em 1989, um veleiro chamado Sea Dreamer, que ia de de San Diego para o Havaí, foi pego por uma tempestade que o desviou de sua rota e o empurrou para Palmyra. Após uma breve estadia na ilha, o veleiro partiu novamente para o Havaí, desaparecendo logo em seguida. Uma extensa busca foi feita pela Guarda Costeira, mas nenhum vestígio do Sea Dreamer e dos quatro membros da família que o ocupavam foi encontrado.

Ao menos 5 acidentes aéreos foram registrados na região de Palmyra entre 1942 e 1980, vitimando 28 pessoas no total. A maioria dos casos envolve condições climáticas adversas, mas um deles, ocorrido em 20 de outubro de 1943, simplesmente relata o desaparecimento da aeronave sem explicações. Buscas foram feitas e, embora a posição do avião fosse conhecida na hora do desaparecimento, nenhum vestígio da aeronave e nem dos 14 tripulantes foi encontrado.

SONS

Outra coisa que acontece no mar e de vez em quando captamos, são sons misteriosos. Já falamos desse assunto num episódio anterior, mas não custa nada relembrar. Ah, importante dizer aqui que, a maioria desses sons que vamos ouvir estão acelerados e são disponibilizados dessa forma na internet.

Bloop

Provavelmente esse é um dos sons marítimos mais misteriosos de todos!

O Bloop é um som submarino de frequência ultrabaixa captado no verão de 1997 pela NOAA, um órgão americano para assuntos ligados à meteorologia, oceanos, atmosfera e clima. Ele foi captado na costa sudoeste da América do Sul e foi tão poderoso que pôde ser ouvido a 5.000km de distância! Numa primeira análise, o perfil sonoro dele corresponde a um som emitido por um ser vivo… Dezenas de vezes maior que a baleia azul, o maior ser vivo do planeta, ou seja, apontando para a hipótese intrigante de que formas de vida ainda maiores se escondem na escuridão inexplorada dos oceanos profundos da Terra!

Julia

Parecido com o Bloop, temos o Julia, ou Ju-Julia .

O som de Julia foi gravado em 1º de março de 1999, também pela NOAA, durou aproximadamente 2 minutos e 43 segundos e foi alto o suficiente para ser ouvido por toda a gama de hidrofones do Oceano Pacífico Equatorial. Um iceberg antártico encalhado é o principal suspeito de ser a fonte.

OUTROS MISTÉRIOS

Para além dessas histórias envolvendo ilhas misteriosas, sons subaquáticos e navios fantasmas, os oceanos e seus entornos guardam outras histórias bizarras. Vamos dar uma olhada em algumas delas.

Os pés decepados

Mar Salish
Mar Salish| Créditos: KUOW org

Desde 2007, o noroeste do Pacífico, especificamente o Mar Salish, que banha Canadá e Estados Unidos, tem vivido um mistério que nem Stephen King poderia criar: pelo menos 20 pés humanos decepados foram encontrados por lá. O primeiro, um pé direito, foi encontrado na Ilha Jedediah, na Colúmbia Britânica, dentro de um tênis Adidas. A maioria desses pés usavam tênis, o que parece oferecer proteção suficiente contra a decomposição.

A quem pertencem esses pés? De onde eles vêm? Como eles se separaram de seus donos? Desde que os pés começaram a aparecer, várias teorias foram propostas. Elas envolvem acidentes, pessoas pulando de pontes e desaparecimentos misteriosos.

Através de análises de DNA, foi possível identificar algumas das pessoas a quem esses pés pertenciam, tornando suas mortes ainda mais difíceis de serem determinadas em alguns dos casos.

O desaparecimento de Sarah Joe

Em 1979, cinco homens foram pescar em um pequeno barco chamado Sarah Joe, próximo à ilha de Maui, no Havaí. Pouco tempo após zarpar, uma tempestade furiosa começou e todo o contato com o barco foi perdido. Apesar do trabalho árduo de uma equipe de busca por vários dias, nem o Sarah Joe nem seus passageiros foram encontrados.

Dez anos depois, em 1989, o casco do pequeno barco foi encontrado praticamente intacto. Ainda mais chocante foi a descoberta de um túmulo com uma cruz improvisada e uma mandíbula no topo que pertencia a um dos homens que havia partido naquele dia fatídico, Scott Moorman. Os outros quatro ocupantes do barco nunca foram encontrados.

Casco do Sarah Joe 10 anos depois
Casco do Sarah Joe 10 anos depois | Reprodução

Este estranho túmulo criou muitas perguntas e deu poucas respostas. Onde foi parar o resto dos homens? Por que apenas a mandíbula estava exposta? Quem realizou o enterro? E, não menos importante, onde estava o casco do Sarah Joe todo esse tempo, já que o pequeno atol já havia sido vasculhado?

Ruínas Submarinas Yonaguni

Por todo o globo, espalham-se ruínas de cidades que se tornaram submersas, seja pelo avanço do mar, pela construção de hidrelétricas, por terremotos ou por algum outro motivo misterioso. Em uma outra lista, existem estruturas que parecem ter sido feitas por humanos e que também encerram um passado misterioso. É nessa lista que encontramos as Ruínas Submarinas Yonaguni, uma formação rochosa submersa na costa de Yonaguni, a mais meridional (ao sul) das Ilhas Ryukyu, no Japão.

Yonaguni | Créditos: World Adventure Divers

O mar de Yonaguni é bastante procurado por mergulhadores devido à sua grande população de tubarões-martelo e, em 1986, enquanto procurava um bom local para observá-los — os tubarões, no caso—, Kihachiro Aratake, diretor da Associação de Turismo Yonaguni-Cho, notou algumas formações curiosas no fundo do mar que lembravam estruturas arquitetônicas como paredes e escadas. Pouco tempo depois, um grupo de cientistas da Universidade de Ryūkyūs visitou as formações para começar a estudá-las. Desde então, a formação tornou-se uma atração relativamente popular para mergulhadores, apesar das fortes correntes no local.

Masaaki Kimura, líder do primeiro estudo realizado sobre as ruínas, estimou que a formação deveria ter pelo menos 10 mil anos de idade mas, em uma revisão posterior, Kimura fez uma nova estimativa e datou a estrutura como tendo sido construída de 2.000 a 3.000 anos antes. Ele também sugeriu que, após a construção, a atividade tectônica fez com que ficasse abaixo do nível do mar. Kimura acredita ser possível identificar uma pirâmide, castelos, estradas, monumentos e um estádio.


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Imagem do banner: Bing Image Creator
Edição do episódio: Cintia Pudim
Todas as músicas do episódio são livres para uso não comercial e estão disponíveis no Youtube.

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