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Brasil busca em Cannes ampliar coproduções e internacionalização do cinema brasileiro
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A participação brasileira no 77° Festival de Cannes confirma a boa recuperação da produção cinematográfica nacional. Os seis filmes selecionados em várias mostras, mais um projeto em desenvolvimento, são apenas a ponta do iceberg dessa fase chamada de ressurgimento. Em Cannes, produtoras tentam ampliar coproduções e a internacionalização do cinema brasileiro.
Dezenas de produtores, distribuidores e cineastas participaram do Mercado do Filme, que acontece ao mesmo tempo que o Festival de Cannes, (e é tão importante quanto as mostras competitivas). Durante duas semanas, eles se encontraram com profissionais do mundo inteiro para fechar negócios e parcerias.
A participação brasileira nessa edição 2024 começou com uma fala da secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, Joelma Gonzaga, sobre “a política do governo para o setor, as perspectivas e o cenário do Brasil para a internacionalização”.
Ela também falou sobre os preparativos para a temporada cultural cruzada entre o Brasil e a França em 2025, um evento muito importante para o setor cinematográfico. Segundo Joelma, a “França é um dos principais parceiros de coprodução cinematográfica do Brasil. Então, celebrar essa temporada cruzada é mais um motivo de potencializar essa relação”, indicou.
A secretária do Audiovisual ressaltou que essa forte presença de filmes brasileiros em Cannes este ano é reflexo dos R$ 2 bilhões investidos pelo governo no último ano. “Todos esses projetos, todas essas obras (selecionadas), contaram com financiamento público no Brasil, em âmbito federal e estadual”, informa.
Coproduções com a África e projetos com a Ásia
A SPcine marcou presença no Mercado do Filme de Cannes pelo terceiro ano consecutivo. A empresa de cinema e audiovisual de São Paulo cofinanciou dois dos longas selecionados este ano: “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, e “Baby”, de Marcelo Caetano.
No evento, a presidente da SPcine, Lyara Oliveira, participou de dois eventos importantes para a internacionalização da produção e atração de filmagens para São Paulo; o Spotlight Asia e o AfroCannes.
Para Lyara Oliveira, reforçar as parcerias com a África é um dos eixos prioritários da empresa. “Nós entendemos os profissionais negros do audiovisual brasileiro como profissionais da diáspora africana. Para a gente é extremamente interessante e muito pertinente, promover essa articulação, promover essa aproximação”, declarou à RFI.
Nesse sentido, a SPcine assinou, em Cannes, com a África do Sul, um edital de desenvolvimento de projetos “para que essa articulação entre os dois países, essa coprodução seja fomentada. É um primeiro passo”, acredita.
Globo Filmes comemora 25 anos
Outra produtora de destaque que marca presença em Cannes e participou do “ressurgimento” do cinema nacional é a Globo Filmes. A empresa, uma das maiores do Brasil, completa 25 anos.
Em Cannes, a produtora, dirigida por Simone Oliveira, comemorou o aniversário com a seleção de “Motel Destino”, de Karim Ainoüz, na disputa pela Palma de Ouro e coproduzido por ela. O longa de Aïnouz foi apenas um dos filmes produzidos pela Globo Filmes selecionado em grandes festivais este ano.
Simone Oliveira indica que esse ressurgimento da produção nacional teve ainda um outro lado positivo. “A gente teve a volta do público para assistir filmes brasileiros no cinema, que até então estava mais difícil. Esse ano a gente teve três grandes sucessos comerciais nos cinemas brasileiros. Então, esse alívio de começo de ano foi duplo”, festeja, lembrando o contexto de concorrência com as plataformas de streaming.
Com campanhas que têm o apoio de outras empresas da Globo, ela garante que “a gente consegue dar uma visibilidade muito grande para o filme no Brasil”.
“A Menina e o Pote"
A cineasta pernambucana Valentina Homem pôde vir a Cannes graças ao financiamento público e apoio do Itamaraty. Ela foi selecionada para a mostra paralela Semana da Crítica com o curta de animação “A Menina e o Pote”, uma história distópica inspirada na mitologia indígena.
A cineasta afirma que é “uma resiliente” porque fez o curta e um longa, que também está lançando agora no Brasil, "num contexto de muita dificuldade, de muita oposição”. Por isso, fez questão de ressaltar em seu discurso antes da exibição do filme a importância da atual política do governo brasileiro para o setor.
“Historicamente, esse é um governo (do PT) que fomenta, que tem uma preocupação com a cultura. Isso tem um significado político muito importante. A gente não podia deixar de mencionar isso”, justifica.
Outra característica marcante dessa recuperação do cinema brasileiro é a diversidade. Os filmes selecionados em Cannes são uma prova disso. Eles mostram na tela temáticas queer, indígena, de discriminação racial, violência e erotismo. Sem falar na forte presença de mulheres, como as entrevistadas para esta matéria.
71 episódios
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A participação brasileira no 77° Festival de Cannes confirma a boa recuperação da produção cinematográfica nacional. Os seis filmes selecionados em várias mostras, mais um projeto em desenvolvimento, são apenas a ponta do iceberg dessa fase chamada de ressurgimento. Em Cannes, produtoras tentam ampliar coproduções e a internacionalização do cinema brasileiro.
Dezenas de produtores, distribuidores e cineastas participaram do Mercado do Filme, que acontece ao mesmo tempo que o Festival de Cannes, (e é tão importante quanto as mostras competitivas). Durante duas semanas, eles se encontraram com profissionais do mundo inteiro para fechar negócios e parcerias.
A participação brasileira nessa edição 2024 começou com uma fala da secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, Joelma Gonzaga, sobre “a política do governo para o setor, as perspectivas e o cenário do Brasil para a internacionalização”.
Ela também falou sobre os preparativos para a temporada cultural cruzada entre o Brasil e a França em 2025, um evento muito importante para o setor cinematográfico. Segundo Joelma, a “França é um dos principais parceiros de coprodução cinematográfica do Brasil. Então, celebrar essa temporada cruzada é mais um motivo de potencializar essa relação”, indicou.
A secretária do Audiovisual ressaltou que essa forte presença de filmes brasileiros em Cannes este ano é reflexo dos R$ 2 bilhões investidos pelo governo no último ano. “Todos esses projetos, todas essas obras (selecionadas), contaram com financiamento público no Brasil, em âmbito federal e estadual”, informa.
Coproduções com a África e projetos com a Ásia
A SPcine marcou presença no Mercado do Filme de Cannes pelo terceiro ano consecutivo. A empresa de cinema e audiovisual de São Paulo cofinanciou dois dos longas selecionados este ano: “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, e “Baby”, de Marcelo Caetano.
No evento, a presidente da SPcine, Lyara Oliveira, participou de dois eventos importantes para a internacionalização da produção e atração de filmagens para São Paulo; o Spotlight Asia e o AfroCannes.
Para Lyara Oliveira, reforçar as parcerias com a África é um dos eixos prioritários da empresa. “Nós entendemos os profissionais negros do audiovisual brasileiro como profissionais da diáspora africana. Para a gente é extremamente interessante e muito pertinente, promover essa articulação, promover essa aproximação”, declarou à RFI.
Nesse sentido, a SPcine assinou, em Cannes, com a África do Sul, um edital de desenvolvimento de projetos “para que essa articulação entre os dois países, essa coprodução seja fomentada. É um primeiro passo”, acredita.
Globo Filmes comemora 25 anos
Outra produtora de destaque que marca presença em Cannes e participou do “ressurgimento” do cinema nacional é a Globo Filmes. A empresa, uma das maiores do Brasil, completa 25 anos.
Em Cannes, a produtora, dirigida por Simone Oliveira, comemorou o aniversário com a seleção de “Motel Destino”, de Karim Ainoüz, na disputa pela Palma de Ouro e coproduzido por ela. O longa de Aïnouz foi apenas um dos filmes produzidos pela Globo Filmes selecionado em grandes festivais este ano.
Simone Oliveira indica que esse ressurgimento da produção nacional teve ainda um outro lado positivo. “A gente teve a volta do público para assistir filmes brasileiros no cinema, que até então estava mais difícil. Esse ano a gente teve três grandes sucessos comerciais nos cinemas brasileiros. Então, esse alívio de começo de ano foi duplo”, festeja, lembrando o contexto de concorrência com as plataformas de streaming.
Com campanhas que têm o apoio de outras empresas da Globo, ela garante que “a gente consegue dar uma visibilidade muito grande para o filme no Brasil”.
“A Menina e o Pote"
A cineasta pernambucana Valentina Homem pôde vir a Cannes graças ao financiamento público e apoio do Itamaraty. Ela foi selecionada para a mostra paralela Semana da Crítica com o curta de animação “A Menina e o Pote”, uma história distópica inspirada na mitologia indígena.
A cineasta afirma que é “uma resiliente” porque fez o curta e um longa, que também está lançando agora no Brasil, "num contexto de muita dificuldade, de muita oposição”. Por isso, fez questão de ressaltar em seu discurso antes da exibição do filme a importância da atual política do governo brasileiro para o setor.
“Historicamente, esse é um governo (do PT) que fomenta, que tem uma preocupação com a cultura. Isso tem um significado político muito importante. A gente não podia deixar de mencionar isso”, justifica.
Outra característica marcante dessa recuperação do cinema brasileiro é a diversidade. Os filmes selecionados em Cannes são uma prova disso. Eles mostram na tela temáticas queer, indígena, de discriminação racial, violência e erotismo. Sem falar na forte presença de mulheres, como as entrevistadas para esta matéria.
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