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Russos vão às urnas: Reeleição de Putin é dada como certa e novo governo deve ser de continuidade

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Os russos vão às urnas a partir desta sexta-feira (15) para decidir quem será o próximo presidente do país. A aposta, já dada como certa, é a reeleição de Vladimir Putin para o seu quinto mandato consecutivo. Para o professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Numa Mazat, a própria configuração do sistema eleitoral russo, com o Kremlin decidindo quem pode se candidatar, faz com que o resultado já seja conhecido antecipadamente.

Os cidadãos russos terão até domingo (17) para votarem e em alguns lugares mais distantes do país, de mais de 143 milhões de habitantes, as votações já tiveram início. Segundo Mazat, a reeleição “pode ser vista como uma forma de Putin reforçar o poder que ele já exerce na Rússia e sua legitimidade interna, tanto em relação à própria população quanto a outros países, que sejam parceiros ou antagônicos”, destacou.

Em uma nação em que o voto não é obrigatório, a grande participação dos eleitores pode representar o suporte da população ao Kremlin, tanto que o próprio Vladimir Putin divulgou um vídeo no último dia 13 pedindo aos cidadãos para irem votar.

“É essencial sublinhar a nossa coesão e determinação de avançarmos juntos. Cada voto é importante e significativo", disse o presidente russo.

Para o professor Mazat, “hipoteticamente, essa seria a forma mais clara de falta de apoio ao governo, no sentido em que as candidaturas adversárias não representam uma alternativa ao sistema atual. Não comparecer à votação seria uma forma de protesto, como também seria um voto em branco ou um voto nulo”. Entretanto, ele aponta que a falta de observadores estrangeiros e neutros enviados por instituições internacionais ou ONGs faz com que esses números não sejam confiáveis e sempre vai colocar o resultado das eleições em xeque.

Adversários escolhidos

Um ponto marcante dessas eleições presidenciais é a escolha dos adversários que Putin enfrenta nas urnas. Estão inscritos como concorrentes Nikolay Kharitonov, que representa o Partido Comunista, Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrata e Vladislav Davankov, do Partido Novo Povo. Todos são considerados pró-Kremlin e favoráveis à invasão da Ucrânia.

“A evolução do sistema político russo fez com que os candidatos opositores sejam efetivamente candidaturas toleradas pelo governo atual e nesse sentido não são consideradas uma ameaça e nem colocam na campanha temas que seriam complicados para o candidato Putin. Com isso, a pauta da eleição foi inteiramente controlada, evitando questões problemáticas, como, por exemplo, o número de mortos e feridos no conflito, e os problemas sociais e econômicos que já existiam”, explica Mazat.

Ele reforça ainda que estes problemas sociais e econômicos vividos pelo país acabam não sendo discutidos propositalmente com este formato eleitoral. “A Rússia vem de mais de uma década de uma quase estagnação econômica e problemas como a desigualdade significativa na distribuição de renda e acesso cada vez mais difícil aos serviços públicos, como saúde e educação. E esses temas não foram debatidos e não foram vistos na campanha. A campanha foi vista mais por Putin como uma forma de referendo para apoiar a política externa, em particular a entrada na guerra e a sua continuação”, disse.

Continuidade

Perguntado sobre o que podemos esperar do próximo mandato de Putin, o professor Numa Mazat responde que será um governo marcado pela continuidade.

“Do ponto de vista econômico e social, a questão que se coloca é a da continuação de uma política de aproximação de aliados ou parceiros que já estão associados à Rússia, como a China e países como a Turquia e a Índia, e muitos países não ocidentais, que não aderiram às medidas e as sanções contra o país. As técnicas que foram desenvolvidas para contornar as restrições de importações vão continuar. Do ponto de vista da política interna, o autoritarismo que progressivamente ganhou o país com uma forte conotação conservadora, como o tratamento de minorias, vai continuar e do ponto de vista geopolítico, o conflito na Ucrânia vai continuar também. Não há sinal de uma inflexão. É difícil prever se haverá uma radicalização, até porque as condições atuais já são bem radicais, mas a continuação da guerra é uma necessidade para sustentar a narrativa diante da população e manter a própria estrutura de poder no país".

Em 2021, Vladimir Putin assinou uma lei que possibilitava sua candidatura a mais dois mandatos, estendendo o seu governo até 2036. Entretanto, ele está no poder no país desde 31 de dezembro de 1999, quando assumiu o cargo após a renúncia de Boris Yeltsin. Desde então, ele vem reescrevendo as regras do sistema político russo para expandir os seus poderes.

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Os cidadãos russos terão até domingo (17) para votarem e em alguns lugares mais distantes do país, de mais de 143 milhões de habitantes, as votações já tiveram início. Segundo Mazat, a reeleição “pode ser vista como uma forma de Putin reforçar o poder que ele já exerce na Rússia e sua legitimidade interna, tanto em relação à própria população quanto a outros países, que sejam parceiros ou antagônicos”, destacou.

Em uma nação em que o voto não é obrigatório, a grande participação dos eleitores pode representar o suporte da população ao Kremlin, tanto que o próprio Vladimir Putin divulgou um vídeo no último dia 13 pedindo aos cidadãos para irem votar.

“É essencial sublinhar a nossa coesão e determinação de avançarmos juntos. Cada voto é importante e significativo", disse o presidente russo.

Para o professor Mazat, “hipoteticamente, essa seria a forma mais clara de falta de apoio ao governo, no sentido em que as candidaturas adversárias não representam uma alternativa ao sistema atual. Não comparecer à votação seria uma forma de protesto, como também seria um voto em branco ou um voto nulo”. Entretanto, ele aponta que a falta de observadores estrangeiros e neutros enviados por instituições internacionais ou ONGs faz com que esses números não sejam confiáveis e sempre vai colocar o resultado das eleições em xeque.

Adversários escolhidos

Um ponto marcante dessas eleições presidenciais é a escolha dos adversários que Putin enfrenta nas urnas. Estão inscritos como concorrentes Nikolay Kharitonov, que representa o Partido Comunista, Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrata e Vladislav Davankov, do Partido Novo Povo. Todos são considerados pró-Kremlin e favoráveis à invasão da Ucrânia.

“A evolução do sistema político russo fez com que os candidatos opositores sejam efetivamente candidaturas toleradas pelo governo atual e nesse sentido não são consideradas uma ameaça e nem colocam na campanha temas que seriam complicados para o candidato Putin. Com isso, a pauta da eleição foi inteiramente controlada, evitando questões problemáticas, como, por exemplo, o número de mortos e feridos no conflito, e os problemas sociais e econômicos que já existiam”, explica Mazat.

Ele reforça ainda que estes problemas sociais e econômicos vividos pelo país acabam não sendo discutidos propositalmente com este formato eleitoral. “A Rússia vem de mais de uma década de uma quase estagnação econômica e problemas como a desigualdade significativa na distribuição de renda e acesso cada vez mais difícil aos serviços públicos, como saúde e educação. E esses temas não foram debatidos e não foram vistos na campanha. A campanha foi vista mais por Putin como uma forma de referendo para apoiar a política externa, em particular a entrada na guerra e a sua continuação”, disse.

Continuidade

Perguntado sobre o que podemos esperar do próximo mandato de Putin, o professor Numa Mazat responde que será um governo marcado pela continuidade.

“Do ponto de vista econômico e social, a questão que se coloca é a da continuação de uma política de aproximação de aliados ou parceiros que já estão associados à Rússia, como a China e países como a Turquia e a Índia, e muitos países não ocidentais, que não aderiram às medidas e as sanções contra o país. As técnicas que foram desenvolvidas para contornar as restrições de importações vão continuar. Do ponto de vista da política interna, o autoritarismo que progressivamente ganhou o país com uma forte conotação conservadora, como o tratamento de minorias, vai continuar e do ponto de vista geopolítico, o conflito na Ucrânia vai continuar também. Não há sinal de uma inflexão. É difícil prever se haverá uma radicalização, até porque as condições atuais já são bem radicais, mas a continuação da guerra é uma necessidade para sustentar a narrativa diante da população e manter a própria estrutura de poder no país".

Em 2021, Vladimir Putin assinou uma lei que possibilitava sua candidatura a mais dois mandatos, estendendo o seu governo até 2036. Entretanto, ele está no poder no país desde 31 de dezembro de 1999, quando assumiu o cargo após a renúncia de Boris Yeltsin. Desde então, ele vem reescrevendo as regras do sistema político russo para expandir os seus poderes.

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