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Crise na Venezuela aponta 'irrelevância de Lula' no cenário internacional, destaca revista francesa

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A revista L'Express que chegou às bancas na França na sexta-feira (20) analisa a crise na Venezuela e a "passividade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao seu vizinho", sugerindo que a posição do brasileiro "já não pesa tanto no cenário internacional".

Após a sua reeleição em 2022, Lula afirmou que o "Brasil estava de volta", lembra a reportagem. Pouco convincente nas tentativas de mediação entre Kiev e Moscou, contudo, a atuação do dirigente brasileiro que se autointitula "líder do Sul global" tem sido pífia no cenário internacional, de acordo com a publicação francesa. A L'Express destaca as críticas que recaíram sobre o petista, após ele ter comparado a ação israelense em Gaza ao Holocausto. O texto segue dizendo que "aquele que se define como líder da esquerda sul-americana, estranhamente não se mostra consternado com o drama que acontece nas suas fronteiras".

Trinta manifestantes mortos, 2.000 cidadãos presos, a repressão na Venezuela desde a eleição fraudulenta de Nicolás Maduro, em 28 de julho, não suscitou mais do que condenações superficiais do presidente brasileiro, aponta a revista semanal francesa. De acordo com o texto, Lula apostou em seu poder de convencimento sobre Maduro, afirmando que "somente com transparência no processo eleitoral seria possível lutar para a retirada das sanções econômicas ocidentais contra a Venezuela". Um conselho que Maduro não parece ter escutado, escreve a L'Express, uma vez que "a crise venezuelana prejudica tanto a aposta de Lula na convergência ideológica com o sucessor de Hugo Chávez quanto representa um desafio diplomático de peso" para o brasileiro.

Enquanto a Europa e os Estados Unidos apostavam na influência de Lula na Venezuela, a revista lembra que a América Latina mudou muito desde a primeira vez que Lula foi presidente. "Lula continua sendo uma voz importante no continente, mas sem o consenso regional", observa Denilde Holzhacker, professora de relações institucionais da ESPM de São Paulo. Ela comenta que muitos países, como a Argentina, passaram à direita e criticam a "ambiguidade de Lula em relação à Maduro". Mesmo a esquerda latina mudou de figura, com o chileno Gabriel Boric que "encarna uma nova liderança de esquerda e condenou a fraude eleitoral" na Venezuela, continua a acadêmica.

Para Hussein Kalout, pesquisador da universidade de Harvard ouvido pela reportagem, "o Brasil deveria se mostrar mais firme com Maduro, uma vez que as denúncias de fraude eleitoral existem há muito tempo". Para o professor, "ao receber Maduro em Brasília, em 29 de maio de 2023, Lula ainda acreditava que o venezuelano poderia vencer as eleições sem fraude, subestimando a capacidade de organização da oposição e o descontentamento popular".

A reportagem termina destacando que a Rússia e a China, dois grandes concorrentes do Brasil, já reconheceram a vitória de Maduro. Moscou entrega armamento à Venezuela e a China compra petróleo do país de Maduro. E ao lado disso, "o Brasil se torna irrelevante", conclui o texto, destacando que a "diplomacia bossa-nova", como é conhecida a brasileira, "não para de desafinar".

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Após a sua reeleição em 2022, Lula afirmou que o "Brasil estava de volta", lembra a reportagem. Pouco convincente nas tentativas de mediação entre Kiev e Moscou, contudo, a atuação do dirigente brasileiro que se autointitula "líder do Sul global" tem sido pífia no cenário internacional, de acordo com a publicação francesa. A L'Express destaca as críticas que recaíram sobre o petista, após ele ter comparado a ação israelense em Gaza ao Holocausto. O texto segue dizendo que "aquele que se define como líder da esquerda sul-americana, estranhamente não se mostra consternado com o drama que acontece nas suas fronteiras".

Trinta manifestantes mortos, 2.000 cidadãos presos, a repressão na Venezuela desde a eleição fraudulenta de Nicolás Maduro, em 28 de julho, não suscitou mais do que condenações superficiais do presidente brasileiro, aponta a revista semanal francesa. De acordo com o texto, Lula apostou em seu poder de convencimento sobre Maduro, afirmando que "somente com transparência no processo eleitoral seria possível lutar para a retirada das sanções econômicas ocidentais contra a Venezuela". Um conselho que Maduro não parece ter escutado, escreve a L'Express, uma vez que "a crise venezuelana prejudica tanto a aposta de Lula na convergência ideológica com o sucessor de Hugo Chávez quanto representa um desafio diplomático de peso" para o brasileiro.

Enquanto a Europa e os Estados Unidos apostavam na influência de Lula na Venezuela, a revista lembra que a América Latina mudou muito desde a primeira vez que Lula foi presidente. "Lula continua sendo uma voz importante no continente, mas sem o consenso regional", observa Denilde Holzhacker, professora de relações institucionais da ESPM de São Paulo. Ela comenta que muitos países, como a Argentina, passaram à direita e criticam a "ambiguidade de Lula em relação à Maduro". Mesmo a esquerda latina mudou de figura, com o chileno Gabriel Boric que "encarna uma nova liderança de esquerda e condenou a fraude eleitoral" na Venezuela, continua a acadêmica.

Para Hussein Kalout, pesquisador da universidade de Harvard ouvido pela reportagem, "o Brasil deveria se mostrar mais firme com Maduro, uma vez que as denúncias de fraude eleitoral existem há muito tempo". Para o professor, "ao receber Maduro em Brasília, em 29 de maio de 2023, Lula ainda acreditava que o venezuelano poderia vencer as eleições sem fraude, subestimando a capacidade de organização da oposição e o descontentamento popular".

A reportagem termina destacando que a Rússia e a China, dois grandes concorrentes do Brasil, já reconheceram a vitória de Maduro. Moscou entrega armamento à Venezuela e a China compra petróleo do país de Maduro. E ao lado disso, "o Brasil se torna irrelevante", conclui o texto, destacando que a "diplomacia bossa-nova", como é conhecida a brasileira, "não para de desafinar".

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