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As Bodas de Satã é um filme cristão? O perfil cinematográfico de Terrence Fisher

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The Devil Rides Out, também conhecido como The Devil’s Bride nos Estados Unidos (pois, segundo a Hammer, The Devil Rides Out soava como um filme de faroeste) e traduzido para o português como As Bodas de Satã, é um filme de terror britânico de 1968, baseado num romance ocultista de 1934 de mesmo nome do autor Dennis Wheatley. Este filme foi roteirizado por Richard Matheson (autor do livro Eu sou a Lenda), dirigido por Terence Fisher e estrelado por ninguém menos que Christopher Lee. Terrence Fisher é uma figura extremamente importante na história do cinema de horror.

Ele foi o primeiro a dar vida ao horror gótico em cores e um dos primeiros a levar conotações sexuais e horror explícito para o grande público. Embora essas características possam parecer suaves para os padrões atuais, não há como negar que não havia precedentes dessa abordagem em sua época – especialmente na escala de filmes que produzia. O que é mais interessante em Terrence Fisher é que ele era reconhecidamente um conservador cristão e sua visão artística, além de beber da influência de Afred Hitchcock, era muito norteada pela fantasia de Charles Williams e C.S. Lewis. Em quase todos os seus filmes existe uma forte perspectiva cristã: muitas vezes há um herói que derrota os poderes das trevas por uma combinação de razão e fé em Deus, em contraste com outros personagens que são cegamente supersticiosos ou presos num racionalismo dogmático.

Terrence Fisher em The Devil Rides Out despeja sorrateiramente o velho contéudo moral cristão da prevelência do bem contra o mal, fantasiando tudo num divertimento bobo de filme B. O satanismo aqui é mostrado como estranhos rituais carnavalizados de uma elite aristocrática – algo que ele reproduz da obra original da qual o filme foi inspirado.

O embate entre o bem e o mal não toma a forma de um clássico exorcismo, mas uma espécie de guerra entre magos no melhor estilo Gandalf contra Saruman. O autor original da obra, Dennis Wheatley, chegou a conhecer pessoalmente Aleister Crowley, fez parte do London’s Ghost Club (sociedade discreta de estudos paranormais) e demonstrou interesse pelo “Caminho da Mão Esquerda”. No entanto, foi lúcido o suficiente para não levar a sério toda aquela bobagem e, depois de se converter ao cristianismo, tomou o “Caminho da Literatura” para denunciar a insalubridade destas seitas que, inclusive, eram frequentadas por poderosos e simpatizantes do nazismo.

Infelizmente seu amigo, Crowley, não fez o mesmo caminho – acreditando piamente, até o fim da vida, que era um bruxo e vocalizava a vontade de Harpócrates (digo infelizmente pois acredito que ele seria um ótimo autor de horror cósmico, talvez até melhor que Lovecraft). Para os fãs de Heavy Metal, Steve Harris diz que compõs o clássico The Number of the Beast baseado num pesadelo que teve depois de ter assistido esse filme. Inclusive, algumas cenas desse filme foi colocada no clipe.

Acesse: https://tavernadolugarnenhum.com.br/

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Ele foi o primeiro a dar vida ao horror gótico em cores e um dos primeiros a levar conotações sexuais e horror explícito para o grande público. Embora essas características possam parecer suaves para os padrões atuais, não há como negar que não havia precedentes dessa abordagem em sua época – especialmente na escala de filmes que produzia. O que é mais interessante em Terrence Fisher é que ele era reconhecidamente um conservador cristão e sua visão artística, além de beber da influência de Afred Hitchcock, era muito norteada pela fantasia de Charles Williams e C.S. Lewis. Em quase todos os seus filmes existe uma forte perspectiva cristã: muitas vezes há um herói que derrota os poderes das trevas por uma combinação de razão e fé em Deus, em contraste com outros personagens que são cegamente supersticiosos ou presos num racionalismo dogmático.

Terrence Fisher em The Devil Rides Out despeja sorrateiramente o velho contéudo moral cristão da prevelência do bem contra o mal, fantasiando tudo num divertimento bobo de filme B. O satanismo aqui é mostrado como estranhos rituais carnavalizados de uma elite aristocrática – algo que ele reproduz da obra original da qual o filme foi inspirado.

O embate entre o bem e o mal não toma a forma de um clássico exorcismo, mas uma espécie de guerra entre magos no melhor estilo Gandalf contra Saruman. O autor original da obra, Dennis Wheatley, chegou a conhecer pessoalmente Aleister Crowley, fez parte do London’s Ghost Club (sociedade discreta de estudos paranormais) e demonstrou interesse pelo “Caminho da Mão Esquerda”. No entanto, foi lúcido o suficiente para não levar a sério toda aquela bobagem e, depois de se converter ao cristianismo, tomou o “Caminho da Literatura” para denunciar a insalubridade destas seitas que, inclusive, eram frequentadas por poderosos e simpatizantes do nazismo.

Infelizmente seu amigo, Crowley, não fez o mesmo caminho – acreditando piamente, até o fim da vida, que era um bruxo e vocalizava a vontade de Harpócrates (digo infelizmente pois acredito que ele seria um ótimo autor de horror cósmico, talvez até melhor que Lovecraft). Para os fãs de Heavy Metal, Steve Harris diz que compõs o clássico The Number of the Beast baseado num pesadelo que teve depois de ter assistido esse filme. Inclusive, algumas cenas desse filme foi colocada no clipe.

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