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Sobre Brasília: Sinfonia da Alvorada - Tom Jobim, Stalinismo e Positivismo

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Brasília: Sinfonia da Alvorada é um poema sinfônico composto por Antônio Carlos Jobim com letra de Vinícius de Moraes em 1959 celebrando a inauguração da nova capital do Brasil em 1960, Brasília.
A obra é dividida em 5 movimentos, nos quais são discorridos diferentes temas.
O primeiro movimento fala da paisagem virgem do planalto central anterior à construção.
O segundo movimento conta a chegada do homem branco e o ímpeto heróico de fundar uma cidade.
O terceiro movimento conta a chegada dos trabalhadores.
O quarto movimento fala do processo de construção da cidade (a parte mais bela do poema na minha opnião - pois aqui ele fala da dor e das saudades do homem comum).
O quinto movimento é um canto de exaltação à nova cidade (que, pra mim, é propaganda política pura).
É interessante notar que Vinicius de Moraes parece caminhar em entre uma visão critica e ao mesmo tempo bajulatória de todo esse processo.
O que pode parecer contraditório, mas é uma contradição metodológica.
Vinicius de Moraes parece entrar em conformidade com um certo ideal de sublimação histórica das contradições do passado e do presente pelo alcance de um bem-futuro (e Brasília representava isso) - que é uma coisa muito marcante tanto no movimento marxista-leninista (especialmente estalinista) quanto no ideal dos militares positivas do nosso Exército.
Na parte onde ele fala dos bandeirantes, por exemplo, Vinicius de Moraes exaltata-os como heróis ao mesmo tempo que reforça a ideia de que pelas mãos deles os índios foram massacrados.
É um duplo e complexo padrão de admiração-repúdio, de “duplipensar”, que torna a chave de interpretação histórica maleável - sujeita aos interesses de quem a controla. O engraçado é que esse vício estalinista é presente até mesmo em quem seria subordinado, caso vingasse uma revolução.
Em suma, Brasília: Sinfonia da Alvorada é arquitetura soviética e pensamento positivista em formato sinfônico. É muito bom, é horrivelmente bom.

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80 episódios

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A obra é dividida em 5 movimentos, nos quais são discorridos diferentes temas.
O primeiro movimento fala da paisagem virgem do planalto central anterior à construção.
O segundo movimento conta a chegada do homem branco e o ímpeto heróico de fundar uma cidade.
O terceiro movimento conta a chegada dos trabalhadores.
O quarto movimento fala do processo de construção da cidade (a parte mais bela do poema na minha opnião - pois aqui ele fala da dor e das saudades do homem comum).
O quinto movimento é um canto de exaltação à nova cidade (que, pra mim, é propaganda política pura).
É interessante notar que Vinicius de Moraes parece caminhar em entre uma visão critica e ao mesmo tempo bajulatória de todo esse processo.
O que pode parecer contraditório, mas é uma contradição metodológica.
Vinicius de Moraes parece entrar em conformidade com um certo ideal de sublimação histórica das contradições do passado e do presente pelo alcance de um bem-futuro (e Brasília representava isso) - que é uma coisa muito marcante tanto no movimento marxista-leninista (especialmente estalinista) quanto no ideal dos militares positivas do nosso Exército.
Na parte onde ele fala dos bandeirantes, por exemplo, Vinicius de Moraes exaltata-os como heróis ao mesmo tempo que reforça a ideia de que pelas mãos deles os índios foram massacrados.
É um duplo e complexo padrão de admiração-repúdio, de “duplipensar”, que torna a chave de interpretação histórica maleável - sujeita aos interesses de quem a controla. O engraçado é que esse vício estalinista é presente até mesmo em quem seria subordinado, caso vingasse uma revolução.
Em suma, Brasília: Sinfonia da Alvorada é arquitetura soviética e pensamento positivista em formato sinfônico. É muito bom, é horrivelmente bom.

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