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Com direitização, Macron busca agradar ao eleitorado conservador e combater extrema direita

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O presidente francês, Emmanuel Macron, fez nesta sexta-feira (12) a primeira reunião com a nova equipe de governo, um gabinete mais enxuto e "direitizado", pela presença de novos ministros conservadores. No início da reunião, no Palácio do Eliseu, as câmeras puderam filmá-lo dizendo "Ao trabalho", para os 15 ministros presentes, incluindo o recém-nomeado chefe de governo, Gabriel Attal. Macron prometeu explicar suas escolhas em um pronunciamento na semana que vem.

O maior problema deste segundo mandato de Macron é a falta de maioria no Parlamento, que paralisa a ação do presidente. Ele vive uma situação semelhante à do presidente Lula, que precisa compor com opositores na Câmara e no Senado para aprovar seus projetos.

Depois de passar um ano tentando convencer o partido de direita Os Republicanos (ex-UMP) a votar com o governo, e ser boicotado, Macron optou novamente por tentar rachar essa sigla, jogando para escanteio alguns caciques resistentes, e trouxe para o ministério políticos experientes desse partido, que já foram ministros dos ex-presidentes Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac. Macron tem uma relação de proximidade com Sarkozy.

O líder francês fez uma aposta no escuro. A expectativa é que os nomes da ala sarkozista e chiraquiana consigam convencer uma boa parte dos 58 deputados da bancada de direita a aprovar os projetos do governo. Pesquisas indicam que os franceses conservadores, que formam a maioria do eleitorado, aspiram por mais autoridade da parte do Estado, firmeza, liberdade e segurança. Fazer aliança com a esquerda e com os ecologistas acabou sendo descartado, na prática, devido à linha liberal do chefe de Estado.

Nova ministra enfrenta processo de corrupção

A ministra nomeada na pasta da Cultura, Rachida Dati, processada atualmente por crime de corrupção, é considerada combativa. Ela foi ministra da Justiça de Sarkozy e apesar de ter criticado Macron no passado, teria aceitado entrar no governo em troca do apoio do presidente à sua candidatura à prefeitura de Paris. Daqui para a frente, Dati vai bater boca com adversários de extrema direita.

Catherine Vautrin, ex-ministra de Chirac, assumiu o Ministério do Trabalho, da Saúde e da Solidariedade, num momento em que o sistema público de saúde enfrenta sua pior crise. Política experiente em negociações e conservadora, ela votou contra o casamento gay, mas já disse que vai defender a entrada do aborto na Constituição francesa, uma proposta de Macron com votação prevista em março.

Equipe de campanha

O segundo motivo que norteou as nomeações do presidente e do primeiro-ministro foi montar uma equipe para segurar o crescimento da extrema direita, que lidera as pesquisas de intenção de voto nas eleições de junho do Parlamento Europeu. O Palácio do Eliseu assume que montou um governo de campanha política. Será um desastre para a imagem do país, se a França engrossar a bancada de extrema direita no Parlamento Europeu.

Com apenas 34 anos, Gabriel Attal é considerado o político mais brilhante da geração que Macron revelou. Ele estudou ciências políticas, foi militante do Partido Socialista e, em dez anos de carreira, já foi vereador, deputado, duas vezes secretário de Estado – da Educação e porta-voz do governo – e duas vezes ministro – das Contas Públicas e da Educação.

Attal foge do perfil exclusivamente técnico que alimentou as escolhas de Macron em seu primeiro mandato. Ele se dá bem no contato direto com a população e é bom de debate. Agrada aos estudantes, uma categoria que, como Attal diz, "vota pouco não por ser despolitizada, mas por não se ver representada nas instituições francesas". Os eleitores de direita também admiram o brilhantismo do jovem ministro. Attal tem autoridade natural, o que tem sido valorizado pela opinião pública. É um colaborador que Macron admira, considera competente, mas poucos acreditam que o presidente vá deixá-lo atrair toda a luz. O caminho da sucessão foi aberto, e Attal começa o governo com 55% de aprovação popular.

Jovens ministros em cargos-chave

A nova ministra de Relações com o Parlamento, Marie Lebec, 33 anos, é a mais jovem da equipe e também a exercer esse cargo. Ela começou a fazer política na direita, durante o governo Sarkozy, depois aderiu ao movimento político criado por Macron. Ela mora fora de Paris e chegou de metrô, nesta sexta-feira, para a posse. Marcou um ponto de popularidade.

Marie Lebec vai ter a mesma missão do ministro Alexandre Padilha no governo Lula: ampliar a base de apoio aos projetos de Macron na Assembleia, que têm sido adotados sem votação dos parlamentares, criando um desgaste muito grande para o presidente.

Novo chanceler foi companheiro de Attal

O novo ministro da Europa e de Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, tem 38 anos e é também o mais novo chefe da diplomacia francesa na história. Ele é um assessor de confiança do presidente, estrategista de Macron desde quando ele foi ministro da Economia, durante a presidência do socialista François Hollande. Assim como Attal, Séjourné militou para os socialistas.

Antes de ser nomeado chefe da diplomacia francesa, Séjourné era secretário-geral do partido governista, Renascença. Ele tem mandato de deputado no Parlamento Europeu, onde liderava a bancada dos centristas e liberais, a terceira força política em Estrasburgo. É uma figura fundamental nessa campanha eleitoral.

Séjourné foi também companheiro do primeiro-ministro Gabriel Attal por pelo menos cinco anos, mas eles romperam dois anos atrás.

Mulheres preteridas

O quarto chefe de governo de Macron mal tomou posse, e as críticas já se manifestam. A nomeação da ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Castéra, para acumular o Ministério da Educação em ano de Olimpíada foi mal recebida pelos professores. De 14 ministros desse novo gabinete, apenas quatro são mulheres.

Macron acabou com o Ministério da Transição Enérgética, que cuida dos assuntos de energia e meio ambiente, para reduzi-lo a uma secretaria do Ministério da Economia e Finanças. ONGs e ambientalistas deploram essa decisão, que reforça a imagem de que Macron não tem ambição ecológica, ao contrário do que ele vende ao mundo.

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O presidente francês, Emmanuel Macron, fez nesta sexta-feira (12) a primeira reunião com a nova equipe de governo, um gabinete mais enxuto e "direitizado", pela presença de novos ministros conservadores. No início da reunião, no Palácio do Eliseu, as câmeras puderam filmá-lo dizendo "Ao trabalho", para os 15 ministros presentes, incluindo o recém-nomeado chefe de governo, Gabriel Attal. Macron prometeu explicar suas escolhas em um pronunciamento na semana que vem.

O maior problema deste segundo mandato de Macron é a falta de maioria no Parlamento, que paralisa a ação do presidente. Ele vive uma situação semelhante à do presidente Lula, que precisa compor com opositores na Câmara e no Senado para aprovar seus projetos.

Depois de passar um ano tentando convencer o partido de direita Os Republicanos (ex-UMP) a votar com o governo, e ser boicotado, Macron optou novamente por tentar rachar essa sigla, jogando para escanteio alguns caciques resistentes, e trouxe para o ministério políticos experientes desse partido, que já foram ministros dos ex-presidentes Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac. Macron tem uma relação de proximidade com Sarkozy.

O líder francês fez uma aposta no escuro. A expectativa é que os nomes da ala sarkozista e chiraquiana consigam convencer uma boa parte dos 58 deputados da bancada de direita a aprovar os projetos do governo. Pesquisas indicam que os franceses conservadores, que formam a maioria do eleitorado, aspiram por mais autoridade da parte do Estado, firmeza, liberdade e segurança. Fazer aliança com a esquerda e com os ecologistas acabou sendo descartado, na prática, devido à linha liberal do chefe de Estado.

Nova ministra enfrenta processo de corrupção

A ministra nomeada na pasta da Cultura, Rachida Dati, processada atualmente por crime de corrupção, é considerada combativa. Ela foi ministra da Justiça de Sarkozy e apesar de ter criticado Macron no passado, teria aceitado entrar no governo em troca do apoio do presidente à sua candidatura à prefeitura de Paris. Daqui para a frente, Dati vai bater boca com adversários de extrema direita.

Catherine Vautrin, ex-ministra de Chirac, assumiu o Ministério do Trabalho, da Saúde e da Solidariedade, num momento em que o sistema público de saúde enfrenta sua pior crise. Política experiente em negociações e conservadora, ela votou contra o casamento gay, mas já disse que vai defender a entrada do aborto na Constituição francesa, uma proposta de Macron com votação prevista em março.

Equipe de campanha

O segundo motivo que norteou as nomeações do presidente e do primeiro-ministro foi montar uma equipe para segurar o crescimento da extrema direita, que lidera as pesquisas de intenção de voto nas eleições de junho do Parlamento Europeu. O Palácio do Eliseu assume que montou um governo de campanha política. Será um desastre para a imagem do país, se a França engrossar a bancada de extrema direita no Parlamento Europeu.

Com apenas 34 anos, Gabriel Attal é considerado o político mais brilhante da geração que Macron revelou. Ele estudou ciências políticas, foi militante do Partido Socialista e, em dez anos de carreira, já foi vereador, deputado, duas vezes secretário de Estado – da Educação e porta-voz do governo – e duas vezes ministro – das Contas Públicas e da Educação.

Attal foge do perfil exclusivamente técnico que alimentou as escolhas de Macron em seu primeiro mandato. Ele se dá bem no contato direto com a população e é bom de debate. Agrada aos estudantes, uma categoria que, como Attal diz, "vota pouco não por ser despolitizada, mas por não se ver representada nas instituições francesas". Os eleitores de direita também admiram o brilhantismo do jovem ministro. Attal tem autoridade natural, o que tem sido valorizado pela opinião pública. É um colaborador que Macron admira, considera competente, mas poucos acreditam que o presidente vá deixá-lo atrair toda a luz. O caminho da sucessão foi aberto, e Attal começa o governo com 55% de aprovação popular.

Jovens ministros em cargos-chave

A nova ministra de Relações com o Parlamento, Marie Lebec, 33 anos, é a mais jovem da equipe e também a exercer esse cargo. Ela começou a fazer política na direita, durante o governo Sarkozy, depois aderiu ao movimento político criado por Macron. Ela mora fora de Paris e chegou de metrô, nesta sexta-feira, para a posse. Marcou um ponto de popularidade.

Marie Lebec vai ter a mesma missão do ministro Alexandre Padilha no governo Lula: ampliar a base de apoio aos projetos de Macron na Assembleia, que têm sido adotados sem votação dos parlamentares, criando um desgaste muito grande para o presidente.

Novo chanceler foi companheiro de Attal

O novo ministro da Europa e de Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, tem 38 anos e é também o mais novo chefe da diplomacia francesa na história. Ele é um assessor de confiança do presidente, estrategista de Macron desde quando ele foi ministro da Economia, durante a presidência do socialista François Hollande. Assim como Attal, Séjourné militou para os socialistas.

Antes de ser nomeado chefe da diplomacia francesa, Séjourné era secretário-geral do partido governista, Renascença. Ele tem mandato de deputado no Parlamento Europeu, onde liderava a bancada dos centristas e liberais, a terceira força política em Estrasburgo. É uma figura fundamental nessa campanha eleitoral.

Séjourné foi também companheiro do primeiro-ministro Gabriel Attal por pelo menos cinco anos, mas eles romperam dois anos atrás.

Mulheres preteridas

O quarto chefe de governo de Macron mal tomou posse, e as críticas já se manifestam. A nomeação da ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Castéra, para acumular o Ministério da Educação em ano de Olimpíada foi mal recebida pelos professores. De 14 ministros desse novo gabinete, apenas quatro são mulheres.

Macron acabou com o Ministério da Transição Enérgética, que cuida dos assuntos de energia e meio ambiente, para reduzi-lo a uma secretaria do Ministério da Economia e Finanças. ONGs e ambientalistas deploram essa decisão, que reforça a imagem de que Macron não tem ambição ecológica, ao contrário do que ele vende ao mundo.

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