Artwork

Conteúdo fornecido por France Médias Monde and RFI Português. Todo o conteúdo do podcast, incluindo episódios, gráficos e descrições de podcast, é carregado e fornecido diretamente por France Médias Monde and RFI Português ou por seu parceiro de plataforma de podcast. Se você acredita que alguém está usando seu trabalho protegido por direitos autorais sem sua permissão, siga o processo descrito aqui https://pt.player.fm/legal.
Player FM - Aplicativo de podcast
Fique off-line com o app Player FM !

Paris acolhe em Novembro grande espectáculo internacional de magia

15:51
 
Compartilhar
 

Manage episode 407933969 series 1379214
Conteúdo fornecido por France Médias Monde and RFI Português. Todo o conteúdo do podcast, incluindo episódios, gráficos e descrições de podcast, é carregado e fornecido diretamente por France Médias Monde and RFI Português ou por seu parceiro de plataforma de podcast. Se você acredita que alguém está usando seu trabalho protegido por direitos autorais sem sua permissão, siga o processo descrito aqui https://pt.player.fm/legal.

Paris e o teatro Folies Bergère acolhem de 7 de Novembro a 1 de Dezembro o espectáculo "Luís de Matos IMPOSSIBLE Sur Scène".

Uma referência ao mágico português Luís de Matos que concebeu um grande programa de magia, na companhia de quatro outros mágicos de notoriedade mundial, oriundos da França, Bélgica, Coreia do Sul e Estados Unidos.

A apresentação à imprensa ocorreu na semana passada.

Luís de Matos levanta-nos o véu sobre como será o espectáculo, começando por se referir à relação que mantém com Moçambique, onde nasceu e onde viveu os primeiros anos de vida.

Eu vim para a metrópole de então, vim celebrar os meus quatro anos de idade. Eu acredito recordar-me de imensas coisas de Lourenço Marques, hoje Maputo. Acredito, porém, há uma incerteza. Porque eu não sei se me recordo realmente dessas coisas ou se algumas dessas coisas me foram avivadas pelo facto do meu pai fazer filmes comigo.

E, portanto, há todo um ambiente da nossa vida lá que se me reaviva na memória cada vez que esses filmes me passam pela frente. Em todo o caso, já voltei três ou quatro vezes a Moçambique, a Maputo, quer em viagens pessoais, quer para fazer espetáculos. E é sempre uma alegria imensa ! E é uma energia incrível eu regressar ao local que me viu nascer, visitar aquela incrível igreja da Polana, andar por aquelas ruas.

E depois, a somar a tudo isto que uma primeira vez que fui nem sequer caí em mim. Não esperava !

Mas como lá também se acompanha há muitos anos as emissões da RTP [Rádio e Televisão de Portugal], de repente eu tinha pessoas na rua que me conheciam e que sabiam exatamente isso, Sabiam quem eu era profissionalmente, mas também sabiam que eu tinha lá nascido e que estava lá.

E, portanto, tudo isso dá reações redobradas, carinho redobrado que tornaram todas as minhas viagens a Moçambique um prazer imenso e, portanto, na primeira oportunidade eu sou daqueles que dirá sempre: "Sim, ok, vamos então, amanhã !" Porque é uma cidade inacreditável, altamente inspiradora, onde eu gosto de quase tudo ! Só não gosto quando vejo nas notícias que há pessoas a sofrer e que às vezes, enfim, o dia-a-dia dos que lá vivem não é necessariamente o mais agradável. A minha relação com Maputo é de absoluta paixão, como é evidente.

Vi que já aos 16 anos tinha conseguido alcançar um prémio. Como é que de repente, a magia surgiu de forma tão precoce na sua vida?

Eu acho que a magia surge de forma precoce na vida de quase todos os miúdos. Ou seja, quando somos miúdos, há um dia em que queremos ser astronauta, noutro dia médico, depois bombeiro, depois jogador de futebol, depois mágico. Ora bem, alguma destas coisas há de ficar e fica. Há miúdos que sonham ser bombeiros e acabam a ser bombeiros e que sonham ser médicos e acabam ser médicos e astronautas e o que quer que seja. No meu caso, esse gosto foi ficando durante mais tempo. Converteu se num hobby, numa obsessão. Foi algo que eu fui mantendo, sempre em simultâneo com os meus estudos, e com a minha progressão académica. De repente, começou a ficar mais sério e há uma altura em que me obriga a fazer uma escolha. Mas nasceu pela paixão e nasceu pelo facto de ser um hobby muito presente na minha vida, de forma continuada e reiterada.

Para si, a magia era uma evasão da realidade ?

Não, Eu acho que a magia permite, como permitem todas as formas de arte, permite criar mundos paralelos onde a fantasia pode acontecer, onde o impossível acontece, onde nós podemos sonhar e conhecer mundos que nem sequer existem. Porém, a magia tem um lado absolutamente fascinante que torna mais facilmente consumível essa fantasia e esse transpor para tal realidade paralela do que qualquer outra forma de arte. Porquê? Porque vamos ver, por exemplo, a literatura. A literatura que nos transporta para outros mundos. Há uma barreira. O livro tem que estar escrito numa língua que eu entenda ou a música... depois eu tenho que perceber a letra ou a dança contemporânea. Se eu nunca tivesse sido exposto à dança contemporânea, provavelmente não vou conseguir apreender tudo aquilo que ela procura fazer me sentir esta peça ou aquela hora.

Na magia, a única coisa que se pede é a nossa condição humana e nós, a qualquer momento da nossa existência, seja quando temos 4 anos de idade, 40 ou 80 para nós é sempre claro qual é que é a linha que divide, que separa tudo o que é possível de tudo o que é impossível.

Ora, como nós, em cima de um palco ou na televisão, em qualquer circunstância, às vezes ao vivo, acontece sempre no domínio daquilo que é absolutamente impossível. Mas se acontecer bem, se for bem realizado, está de facto a acontecer perante os nossos olhos. E isso faz com que a magia e esta linguagem absolutamente transversal e universal possa instantaneamente catapultar as pessoas para um universo irreal.

De facto, a pessoa não voa. De facto, eu não sei o que o outro está a pensar. De facto, isto não desapareceu. Porém, naquele instante e debaixo do escrutínio absoluto de um espectador ou de 10.000 espectadores, a coisa desaparece. O incrível e o impossível acontece de facto, e, portanto, há uma grande imediatez entre a realização de algo extraordinário e a recompensa que se sente no olhar do espectador e que nos diz que acabou de presenciar algo inexplicável.

Muito rapidamente a sua carreira ultrapassa as fronteiras portuguesas. Começou a sua internacionalização com projectos, nomeadamente televisivos, por exemplo, em Espanha ou no Reino Unido. Qual foi assim o pontapé de saída para extravasar fronteiras?

A equipa que me acompanha , e que me acompanha de uma forma estabelecida e organizada desde 1995, sempre procurámos tudo aquilo que fomos fazendo, que tivesse um standard internacional, ou seja, que não nos contentássemos com o que é fácil, que fôssemos a nossa própria concorrência, que nos tentássemos superar e fazer sempre mais. E isso de alguma forma, foi, a dada altura, visto por alguém. E, portanto, é aí que surgem alguns prémios internacionais para os quais nós nem sequer sabíamos que estávamos a ser avaliados. É assim que surge o convite da BBC [British Broadcasting corporation, Rádio e Televisão briânica] para fazermos uma série para o sábado à noite da BBC. Mais tarde, dez anos consecutivos, estivemos na televisão espanhola TVG; programas que fizemos para outras televisões em Espanha e algumas séries. E no fundo, tem sido. Não é nada que nós procuremos.

Entrou no Guinness ! Foi mágico do ano !

É verdade. É verdade. Mas nós não vamos à procura dessas oportunidades. É um bocadinho aqui, além algum eco que a nossa forma de estar ou de criar ou de produzir aquilo que vamos criando no seio desta equipa que por qualquer circunstância, chega aos ouvidos ou aos olhos de alguém que tem determinado poder para fazer um convite. E é assim que surgem. Nomeadamente, por exemplo, quando surgiu a pandemia, em 2020 nós levávamos nessa altura nove anos seguidos de digressões internacionais em que passávamos anualmente 6, 7 meses fora de Portugal, 5, 6 meses em Portugal. E não foi nada que fosse estrategicamente conseguido. Foi muito orgânico. Foi acontecendo, foi acontecendo. E precisamente nesse ano de 2020 íamos ter mais seis meses e meio fora. Acabámos de fazer a primeira semana e voltar para casa e o resto das pessoas já sabem. Ou seja.

Talvez você seja cada vez menos o David Copperfield português, mas cada vez mais um Luís de Matos que inspira outros Luís de Matos algures no planeta.

Eu gostava de acreditar que sim. Eu acho que a primeira fase, essa primeira conotação, foi completamente circunstancial. Quando eu apareci ter programas no sábado à noite da RTP a fazer séries de 26 programas, a referência internacional que as pessoas tinham era a do David Copperfield e não tinham outra referência em Portugal.

Portanto, é praticamente que aparece qualquer pessoa nesta área com uma visibilidade acrescida. A tendência é imediatamente dizer isso quase como se o único cantor internacional fosse o Michael Jackson e a única cantora portuguesa fosse a Dulce Pontes. As pessoas talvez dissessem que a Dulce Pontes é o Michael Jackson português. Isso não aconteceu porque nós conhecemos muitos cantores internacionais e porque conhecemos muitos portugueses. E ainda mais porque a Dulce Pontes era tão singular que jamais poderia ser comparada.

Ora, essa singularidade em mim foi algo que foi sendo conquistada, como é evidente, e as pessoas foram tendo tempo de perceber que nós não éramos uma segunda versão do que quer que seja que acontecia no estrangeiro, mas estávamos de raíz a criar um percurso, a escrever a nossa própria matriz, à qual somos fiéis e continuamos a ser fiéis. Hoje em dia, que é fazer o que ainda não foi feito e superar-nos a nós próprios. É olharmos para cada coisa que fizemos no passado e tentar fazê-la melhor no futuro. Por exemplo, esta conferência de imprensa que fizemos foi melhor do que a última que pensámos fazer. É completamente fora da caixa. É isso que nos move e é isso que nos dá o entusiasmo necessário para fazer sempre aquele quilómetro extra.

Ora, precisamente um projecto arrojado em Novembro e Dezembro aqui, de 7 de Novembro a 1 de Dezembro de 2024, no Foyer de Paris, com um elenco também muito prestigioso, Como é que se chega a este resultado final? Deu para perceber bem que são pessoas que você conhece sobejamente !

Sim, somos muito amigos.

Eles são absolutamente incríveis. Para contextualizar, nós em Portugal, começámos em 2018 um bocadinho como spin off de uma série de televisão que fizemos em 2017 este formato de Luís de Matos impossível ao vivo ! Que,basicamente é eu a fazer o melhor que sou capaz, mas tendo ao lado mágicos que admiro muito e que são de uma qualidade incrível e que trazem uma diversidade que é muito importante e que confere esse peso e essa qualidade ao espetáculo propriamente dito.

Ora, quando decidimos que estava na hora de partilhar este produto, esta criação, e que ela estava suficientemente madura para poder concorrer com qualquer outra coisa que se faça em qualquer canto do mundo. Selecionei os meus quatro favoritos de todos aqueles que estiveram connosco até hoje. E, portanto, este cast: este elenco é incrivelmente poderoso !

Dan Sperry...

Dos Estados Unidos, Aaron Crow da Bélgica, Yu Hojin, da Coreia do Sul e Norbert Ferré, de França. Campeões do mundo. Campeões da internet, sobretudo incrivelmente originais, incrivelmente talentosos e os cinco juntos... Aquilo que fazemos é proporcionar ao público que nos dá o benefício da dúvida e que virá , assim o esperamos, ver-nos ao Folies Bergère, dar- lhes uma variedade e uma qualidade de tal ordem elevada que não esqueçam essa noite que vão passar connosco !

E que valha a pena, que valha muito a pena irem: as pessoas que gostam de magia, mas também aquelas que dizem "Ah não ! Eu detesto magia !" E muitas das pessoas, muitas vezes quando eu pergunto a pessoas que dizem não gostar de magia "Ah sim, mas quando é que viu um espetáculo ao vivo? As pessoas pensam, dizem "Bom, na verdade nunca vi !"

Bom, então se nunca viu e é normal que tenha essa ideia preconcebida de que não gosta, por favor, dê-nos o benefício da dúvida ! Porque seguramente nós vamos mudar essa opinião e essa perceção é vão passar a ser espectadores habituais daquilo que nós fazemos. Porque sendo um espectáculo para toda a família, é um espectáculo em que ninguém faz frete ! Ou seja, não é um espectáculo em que os adultos levem as crianças, em que as crianças gostem muito e os adultos apanham seca. Mas também não é o contrário. Não é um espectáculo que os adultos procuram arrastar as crianças e gostam muito, os adultos e as pobres das crianças apanham elas um frete imenso de estar ali ! Não. Todos se divertem, todos levam alguma coisa para casa, todos vão aplaudir, arregalar o olho, sorrir e, sobretudo, é uma explosão de emoções muito variadas, numa espécie de montanha russa ao longo de duas horas em que literalmente as pessoas vão ver o que de melhor se faz na magia actualmente à escala global. Tudo num sítio, tudo numa hora e num dia determinado. Neste caso, durante o mês de Novembro, no Folies Bergère, em Paris.

Porquê esta opção por Paris e pelo Folies Bergère?

Olhe: Porque em 2016, no âmbito de um outro espetáculo, eu tive a oportunidade de estar no Folies Bergère durante um mês. Fiquei completamente apaixonado pelo teatro. Apaixonado pela cidade e, portanto, se há um sítio ao qual eu gostaria de regressar, mas com um espectáculo em nome próprio, é de facto aquela sala que me recebeu noutro contexto durante um mês e na qual eu me senti completamente em casa.

Há coisas que nós não explicamos; há teatros que, de repente, geram em nós uma marca indelével e inesquecível dessa coexistência das paredes, das cadeiras, dos camarins, do palco, das cortinas. E eu fiquei absolutamente encantado com aquele mês de permanência naquela mítica sala de Paris !

E foi um bocadinho egoísta da minha parte escolher o Folies Bergère porque nós não somos máquinas que entramos em qualquer palco e damos o nosso melhor. Somos pessoas e estarmos felizes e satisfeitos e orgulhosos do palco que estamos a pisar seguramente que tem repercussão naquilo que transmitimos ao público.

Alguém que está super feliz de estar ali a partilhar o que gosta de fazer no sítio que o apaixona e a tentar merecer esse benefício da dúvida que, espero eu, os parisienses nos dêem quando estrearmos no Folies Bergère !

  continue reading

56 episódios

Artwork
iconCompartilhar
 
Manage episode 407933969 series 1379214
Conteúdo fornecido por France Médias Monde and RFI Português. Todo o conteúdo do podcast, incluindo episódios, gráficos e descrições de podcast, é carregado e fornecido diretamente por France Médias Monde and RFI Português ou por seu parceiro de plataforma de podcast. Se você acredita que alguém está usando seu trabalho protegido por direitos autorais sem sua permissão, siga o processo descrito aqui https://pt.player.fm/legal.

Paris e o teatro Folies Bergère acolhem de 7 de Novembro a 1 de Dezembro o espectáculo "Luís de Matos IMPOSSIBLE Sur Scène".

Uma referência ao mágico português Luís de Matos que concebeu um grande programa de magia, na companhia de quatro outros mágicos de notoriedade mundial, oriundos da França, Bélgica, Coreia do Sul e Estados Unidos.

A apresentação à imprensa ocorreu na semana passada.

Luís de Matos levanta-nos o véu sobre como será o espectáculo, começando por se referir à relação que mantém com Moçambique, onde nasceu e onde viveu os primeiros anos de vida.

Eu vim para a metrópole de então, vim celebrar os meus quatro anos de idade. Eu acredito recordar-me de imensas coisas de Lourenço Marques, hoje Maputo. Acredito, porém, há uma incerteza. Porque eu não sei se me recordo realmente dessas coisas ou se algumas dessas coisas me foram avivadas pelo facto do meu pai fazer filmes comigo.

E, portanto, há todo um ambiente da nossa vida lá que se me reaviva na memória cada vez que esses filmes me passam pela frente. Em todo o caso, já voltei três ou quatro vezes a Moçambique, a Maputo, quer em viagens pessoais, quer para fazer espetáculos. E é sempre uma alegria imensa ! E é uma energia incrível eu regressar ao local que me viu nascer, visitar aquela incrível igreja da Polana, andar por aquelas ruas.

E depois, a somar a tudo isto que uma primeira vez que fui nem sequer caí em mim. Não esperava !

Mas como lá também se acompanha há muitos anos as emissões da RTP [Rádio e Televisão de Portugal], de repente eu tinha pessoas na rua que me conheciam e que sabiam exatamente isso, Sabiam quem eu era profissionalmente, mas também sabiam que eu tinha lá nascido e que estava lá.

E, portanto, tudo isso dá reações redobradas, carinho redobrado que tornaram todas as minhas viagens a Moçambique um prazer imenso e, portanto, na primeira oportunidade eu sou daqueles que dirá sempre: "Sim, ok, vamos então, amanhã !" Porque é uma cidade inacreditável, altamente inspiradora, onde eu gosto de quase tudo ! Só não gosto quando vejo nas notícias que há pessoas a sofrer e que às vezes, enfim, o dia-a-dia dos que lá vivem não é necessariamente o mais agradável. A minha relação com Maputo é de absoluta paixão, como é evidente.

Vi que já aos 16 anos tinha conseguido alcançar um prémio. Como é que de repente, a magia surgiu de forma tão precoce na sua vida?

Eu acho que a magia surge de forma precoce na vida de quase todos os miúdos. Ou seja, quando somos miúdos, há um dia em que queremos ser astronauta, noutro dia médico, depois bombeiro, depois jogador de futebol, depois mágico. Ora bem, alguma destas coisas há de ficar e fica. Há miúdos que sonham ser bombeiros e acabam a ser bombeiros e que sonham ser médicos e acabam ser médicos e astronautas e o que quer que seja. No meu caso, esse gosto foi ficando durante mais tempo. Converteu se num hobby, numa obsessão. Foi algo que eu fui mantendo, sempre em simultâneo com os meus estudos, e com a minha progressão académica. De repente, começou a ficar mais sério e há uma altura em que me obriga a fazer uma escolha. Mas nasceu pela paixão e nasceu pelo facto de ser um hobby muito presente na minha vida, de forma continuada e reiterada.

Para si, a magia era uma evasão da realidade ?

Não, Eu acho que a magia permite, como permitem todas as formas de arte, permite criar mundos paralelos onde a fantasia pode acontecer, onde o impossível acontece, onde nós podemos sonhar e conhecer mundos que nem sequer existem. Porém, a magia tem um lado absolutamente fascinante que torna mais facilmente consumível essa fantasia e esse transpor para tal realidade paralela do que qualquer outra forma de arte. Porquê? Porque vamos ver, por exemplo, a literatura. A literatura que nos transporta para outros mundos. Há uma barreira. O livro tem que estar escrito numa língua que eu entenda ou a música... depois eu tenho que perceber a letra ou a dança contemporânea. Se eu nunca tivesse sido exposto à dança contemporânea, provavelmente não vou conseguir apreender tudo aquilo que ela procura fazer me sentir esta peça ou aquela hora.

Na magia, a única coisa que se pede é a nossa condição humana e nós, a qualquer momento da nossa existência, seja quando temos 4 anos de idade, 40 ou 80 para nós é sempre claro qual é que é a linha que divide, que separa tudo o que é possível de tudo o que é impossível.

Ora, como nós, em cima de um palco ou na televisão, em qualquer circunstância, às vezes ao vivo, acontece sempre no domínio daquilo que é absolutamente impossível. Mas se acontecer bem, se for bem realizado, está de facto a acontecer perante os nossos olhos. E isso faz com que a magia e esta linguagem absolutamente transversal e universal possa instantaneamente catapultar as pessoas para um universo irreal.

De facto, a pessoa não voa. De facto, eu não sei o que o outro está a pensar. De facto, isto não desapareceu. Porém, naquele instante e debaixo do escrutínio absoluto de um espectador ou de 10.000 espectadores, a coisa desaparece. O incrível e o impossível acontece de facto, e, portanto, há uma grande imediatez entre a realização de algo extraordinário e a recompensa que se sente no olhar do espectador e que nos diz que acabou de presenciar algo inexplicável.

Muito rapidamente a sua carreira ultrapassa as fronteiras portuguesas. Começou a sua internacionalização com projectos, nomeadamente televisivos, por exemplo, em Espanha ou no Reino Unido. Qual foi assim o pontapé de saída para extravasar fronteiras?

A equipa que me acompanha , e que me acompanha de uma forma estabelecida e organizada desde 1995, sempre procurámos tudo aquilo que fomos fazendo, que tivesse um standard internacional, ou seja, que não nos contentássemos com o que é fácil, que fôssemos a nossa própria concorrência, que nos tentássemos superar e fazer sempre mais. E isso de alguma forma, foi, a dada altura, visto por alguém. E, portanto, é aí que surgem alguns prémios internacionais para os quais nós nem sequer sabíamos que estávamos a ser avaliados. É assim que surge o convite da BBC [British Broadcasting corporation, Rádio e Televisão briânica] para fazermos uma série para o sábado à noite da BBC. Mais tarde, dez anos consecutivos, estivemos na televisão espanhola TVG; programas que fizemos para outras televisões em Espanha e algumas séries. E no fundo, tem sido. Não é nada que nós procuremos.

Entrou no Guinness ! Foi mágico do ano !

É verdade. É verdade. Mas nós não vamos à procura dessas oportunidades. É um bocadinho aqui, além algum eco que a nossa forma de estar ou de criar ou de produzir aquilo que vamos criando no seio desta equipa que por qualquer circunstância, chega aos ouvidos ou aos olhos de alguém que tem determinado poder para fazer um convite. E é assim que surgem. Nomeadamente, por exemplo, quando surgiu a pandemia, em 2020 nós levávamos nessa altura nove anos seguidos de digressões internacionais em que passávamos anualmente 6, 7 meses fora de Portugal, 5, 6 meses em Portugal. E não foi nada que fosse estrategicamente conseguido. Foi muito orgânico. Foi acontecendo, foi acontecendo. E precisamente nesse ano de 2020 íamos ter mais seis meses e meio fora. Acabámos de fazer a primeira semana e voltar para casa e o resto das pessoas já sabem. Ou seja.

Talvez você seja cada vez menos o David Copperfield português, mas cada vez mais um Luís de Matos que inspira outros Luís de Matos algures no planeta.

Eu gostava de acreditar que sim. Eu acho que a primeira fase, essa primeira conotação, foi completamente circunstancial. Quando eu apareci ter programas no sábado à noite da RTP a fazer séries de 26 programas, a referência internacional que as pessoas tinham era a do David Copperfield e não tinham outra referência em Portugal.

Portanto, é praticamente que aparece qualquer pessoa nesta área com uma visibilidade acrescida. A tendência é imediatamente dizer isso quase como se o único cantor internacional fosse o Michael Jackson e a única cantora portuguesa fosse a Dulce Pontes. As pessoas talvez dissessem que a Dulce Pontes é o Michael Jackson português. Isso não aconteceu porque nós conhecemos muitos cantores internacionais e porque conhecemos muitos portugueses. E ainda mais porque a Dulce Pontes era tão singular que jamais poderia ser comparada.

Ora, essa singularidade em mim foi algo que foi sendo conquistada, como é evidente, e as pessoas foram tendo tempo de perceber que nós não éramos uma segunda versão do que quer que seja que acontecia no estrangeiro, mas estávamos de raíz a criar um percurso, a escrever a nossa própria matriz, à qual somos fiéis e continuamos a ser fiéis. Hoje em dia, que é fazer o que ainda não foi feito e superar-nos a nós próprios. É olharmos para cada coisa que fizemos no passado e tentar fazê-la melhor no futuro. Por exemplo, esta conferência de imprensa que fizemos foi melhor do que a última que pensámos fazer. É completamente fora da caixa. É isso que nos move e é isso que nos dá o entusiasmo necessário para fazer sempre aquele quilómetro extra.

Ora, precisamente um projecto arrojado em Novembro e Dezembro aqui, de 7 de Novembro a 1 de Dezembro de 2024, no Foyer de Paris, com um elenco também muito prestigioso, Como é que se chega a este resultado final? Deu para perceber bem que são pessoas que você conhece sobejamente !

Sim, somos muito amigos.

Eles são absolutamente incríveis. Para contextualizar, nós em Portugal, começámos em 2018 um bocadinho como spin off de uma série de televisão que fizemos em 2017 este formato de Luís de Matos impossível ao vivo ! Que,basicamente é eu a fazer o melhor que sou capaz, mas tendo ao lado mágicos que admiro muito e que são de uma qualidade incrível e que trazem uma diversidade que é muito importante e que confere esse peso e essa qualidade ao espetáculo propriamente dito.

Ora, quando decidimos que estava na hora de partilhar este produto, esta criação, e que ela estava suficientemente madura para poder concorrer com qualquer outra coisa que se faça em qualquer canto do mundo. Selecionei os meus quatro favoritos de todos aqueles que estiveram connosco até hoje. E, portanto, este cast: este elenco é incrivelmente poderoso !

Dan Sperry...

Dos Estados Unidos, Aaron Crow da Bélgica, Yu Hojin, da Coreia do Sul e Norbert Ferré, de França. Campeões do mundo. Campeões da internet, sobretudo incrivelmente originais, incrivelmente talentosos e os cinco juntos... Aquilo que fazemos é proporcionar ao público que nos dá o benefício da dúvida e que virá , assim o esperamos, ver-nos ao Folies Bergère, dar- lhes uma variedade e uma qualidade de tal ordem elevada que não esqueçam essa noite que vão passar connosco !

E que valha a pena, que valha muito a pena irem: as pessoas que gostam de magia, mas também aquelas que dizem "Ah não ! Eu detesto magia !" E muitas das pessoas, muitas vezes quando eu pergunto a pessoas que dizem não gostar de magia "Ah sim, mas quando é que viu um espetáculo ao vivo? As pessoas pensam, dizem "Bom, na verdade nunca vi !"

Bom, então se nunca viu e é normal que tenha essa ideia preconcebida de que não gosta, por favor, dê-nos o benefício da dúvida ! Porque seguramente nós vamos mudar essa opinião e essa perceção é vão passar a ser espectadores habituais daquilo que nós fazemos. Porque sendo um espectáculo para toda a família, é um espectáculo em que ninguém faz frete ! Ou seja, não é um espectáculo em que os adultos levem as crianças, em que as crianças gostem muito e os adultos apanham seca. Mas também não é o contrário. Não é um espectáculo que os adultos procuram arrastar as crianças e gostam muito, os adultos e as pobres das crianças apanham elas um frete imenso de estar ali ! Não. Todos se divertem, todos levam alguma coisa para casa, todos vão aplaudir, arregalar o olho, sorrir e, sobretudo, é uma explosão de emoções muito variadas, numa espécie de montanha russa ao longo de duas horas em que literalmente as pessoas vão ver o que de melhor se faz na magia actualmente à escala global. Tudo num sítio, tudo numa hora e num dia determinado. Neste caso, durante o mês de Novembro, no Folies Bergère, em Paris.

Porquê esta opção por Paris e pelo Folies Bergère?

Olhe: Porque em 2016, no âmbito de um outro espetáculo, eu tive a oportunidade de estar no Folies Bergère durante um mês. Fiquei completamente apaixonado pelo teatro. Apaixonado pela cidade e, portanto, se há um sítio ao qual eu gostaria de regressar, mas com um espectáculo em nome próprio, é de facto aquela sala que me recebeu noutro contexto durante um mês e na qual eu me senti completamente em casa.

Há coisas que nós não explicamos; há teatros que, de repente, geram em nós uma marca indelével e inesquecível dessa coexistência das paredes, das cadeiras, dos camarins, do palco, das cortinas. E eu fiquei absolutamente encantado com aquele mês de permanência naquela mítica sala de Paris !

E foi um bocadinho egoísta da minha parte escolher o Folies Bergère porque nós não somos máquinas que entramos em qualquer palco e damos o nosso melhor. Somos pessoas e estarmos felizes e satisfeitos e orgulhosos do palco que estamos a pisar seguramente que tem repercussão naquilo que transmitimos ao público.

Alguém que está super feliz de estar ali a partilhar o que gosta de fazer no sítio que o apaixona e a tentar merecer esse benefício da dúvida que, espero eu, os parisienses nos dêem quando estrearmos no Folies Bergère !

  continue reading

56 episódios

Tüm bölümler

×
 
Loading …

Bem vindo ao Player FM!

O Player FM procura na web por podcasts de alta qualidade para você curtir agora mesmo. É o melhor app de podcast e funciona no Android, iPhone e web. Inscreva-se para sincronizar as assinaturas entre os dispositivos.

 

Guia rápido de referências