Episode 274: CAT_ PROGRAMA VIVA VOZ SAÚDE - O Abandono do Tratamento da Tuberculose
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CAT_ PROGRAMA VIVA VOZ SAÚDE - O Abandono do Tratamento da Tuberculose
No Programa Viva Voz Saúde (Rádio NSC) de 21 de janeiro de 2023, uma iniciativa do Centro de Apoio ao Tabagista - CAT, entrevistamos Fabiana Assumpção, enfermeira, Professora Titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, mestrado em Enfermagem, por esta universidade (1999); doutorado em Ciências, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2006); pós-doutorado em HIV/Aids, pela Universidade Federal de Juíz de Fora - UFJF (2016); Líder do grupo de pesquisa CNPq Tuberculose, HIV/Aids e Doenças Negligenciadas; e coordenadora do Curso do Programa de Pós-Graduação em Infecção HIV/AIDS e Hepatites Virais (de dez/2016 até jan/2023).
O tema que propusemos à convidada é caro a ambos. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afeta a humanidade antes mesmo desta existir, já tendo sido identificados vestígios de sua presença na espécie anterior à nossa, na espécie Homo erectus.
A descoberta do agente causador da tísica foi anunciada na Alemanha, no final do Século XIX, e a primeira medicação a combatê-la surgiu pouco mais de meio século depois, nos EUA. Tanto o médico alemão Robert Koch, quanto o ucraniano naturalizado americano, Selman Waksman, foram respectivamente agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina, em 1910 e 1952.
Entretanto, de nada vale o avanço extraordinário da ciência no enfrentamento da antigamente denominada Peste Branca, se, de posse do diagnóstico da doença e de posse dos medicamentos ofertados pelo sistema único de saúde brasileiro, os atingidos pela bactéria não compreendam a necessidade do cumprimento da tomada de todas as doses preconizadas _ 180 doses nos tratamentos regulares.
No entanto, nós ativistas temos nos posicionado da forma seguinte: os pacientes de TB não abandonam o tratamento, eles são abandonados pela Unidade de Saúde, pelo sistema sanitário, que não dota as equipes de recursos que possibilitem que os abandonos sejam prevenidos e/ou evitados. Uma política pública desta magnitude precisa forçamente de uma racionalidade multissetorial e transdisciplinar.
O abandono do tratamento pode gerar o desenvolvimento de cepas de bactérias mutantes, bactérias estas que podem passar a não mais sucumbir aos fármacos indicados inicialmente. Daí, o surgimento de bacilos classificados como DR (drogarresistente), MDR (multidrogarresistente), XDR (resistente a várias drogas e de vários esquemas de antibióticos) e XXDR (extensivamente resistente). Uma destas mutações, ao ocorrer em KwaZulu-Natal (África), levou à morte dos pacientes em 28 dias, em 98% dos casos.
O esquema de tratamento padrão da Tuberculose no Brasil atualmente é composto por 4 antibióticos e a sua eficácia é muito impactante, de forma positiva. Portanto, é fundamental que esclareçamos a população, em geral, e os pacientes e seus familiares, em particular, de que somos todos partícipes deste esforço de controle da epidemia da TB em nosso país. A eficácia do tratamento está diretamente relacionada ao tratamento regular e completo da doença.
Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde brasileiro dão conta de que o abandono de tratamento da TB no país (2020) está, em média, em 12,6%, mas há capitais em que esta taxa ultrapassa 30%. Se temos mais de 70 mil casos novos de tuberculose diagnosticados anualmente, a taxa de abandono do tratamento nestes percentuais é absolutamente inadmissível!
No Programa Viva Voz Saúde (Rádio NSC) de 21 de janeiro de 2023, uma iniciativa do Centro de Apoio ao Tabagista - CAT, entrevistamos Fabiana Assumpção, enfermeira, Professora Titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, mestrado em Enfermagem, por esta universidade (1999); doutorado em Ciências, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2006); pós-doutorado em HIV/Aids, pela Universidade Federal de Juíz de Fora - UFJF (2016); Líder do grupo de pesquisa CNPq Tuberculose, HIV/Aids e Doenças Negligenciadas; e coordenadora do Curso do Programa de Pós-Graduação em Infecção HIV/AIDS e Hepatites Virais (de dez/2016 até jan/2023).
O tema que propusemos à convidada é caro a ambos. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que afeta a humanidade antes mesmo desta existir, já tendo sido identificados vestígios de sua presença na espécie anterior à nossa, na espécie Homo erectus.
A descoberta do agente causador da tísica foi anunciada na Alemanha, no final do Século XIX, e a primeira medicação a combatê-la surgiu pouco mais de meio século depois, nos EUA. Tanto o médico alemão Robert Koch, quanto o ucraniano naturalizado americano, Selman Waksman, foram respectivamente agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina, em 1910 e 1952.
Entretanto, de nada vale o avanço extraordinário da ciência no enfrentamento da antigamente denominada Peste Branca, se, de posse do diagnóstico da doença e de posse dos medicamentos ofertados pelo sistema único de saúde brasileiro, os atingidos pela bactéria não compreendam a necessidade do cumprimento da tomada de todas as doses preconizadas _ 180 doses nos tratamentos regulares.
No entanto, nós ativistas temos nos posicionado da forma seguinte: os pacientes de TB não abandonam o tratamento, eles são abandonados pela Unidade de Saúde, pelo sistema sanitário, que não dota as equipes de recursos que possibilitem que os abandonos sejam prevenidos e/ou evitados. Uma política pública desta magnitude precisa forçamente de uma racionalidade multissetorial e transdisciplinar.
O abandono do tratamento pode gerar o desenvolvimento de cepas de bactérias mutantes, bactérias estas que podem passar a não mais sucumbir aos fármacos indicados inicialmente. Daí, o surgimento de bacilos classificados como DR (drogarresistente), MDR (multidrogarresistente), XDR (resistente a várias drogas e de vários esquemas de antibióticos) e XXDR (extensivamente resistente). Uma destas mutações, ao ocorrer em KwaZulu-Natal (África), levou à morte dos pacientes em 28 dias, em 98% dos casos.
O esquema de tratamento padrão da Tuberculose no Brasil atualmente é composto por 4 antibióticos e a sua eficácia é muito impactante, de forma positiva. Portanto, é fundamental que esclareçamos a população, em geral, e os pacientes e seus familiares, em particular, de que somos todos partícipes deste esforço de controle da epidemia da TB em nosso país. A eficácia do tratamento está diretamente relacionada ao tratamento regular e completo da doença.
Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde brasileiro dão conta de que o abandono de tratamento da TB no país (2020) está, em média, em 12,6%, mas há capitais em que esta taxa ultrapassa 30%. Se temos mais de 70 mil casos novos de tuberculose diagnosticados anualmente, a taxa de abandono do tratamento nestes percentuais é absolutamente inadmissível!
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