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Para onde está a ir o meu dinheiro? Pedro Brinca

55:10
 
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Nunca tiveram a sensação de que o dinheiro se está a esvaziar na nossa carteira?

É a economia, estúpido, dizem-me vocês, cheios de razão.

Se há realidade que se altera por decisão das pessoas, essa realidade é a economia.

Talvez isso explique porque é tão difícil fazer previsões económicas ou comunicar estas coisas do dinheiro.

Se anunciamos a crise, as pessoas acautelam-se e compram menos.

Em princípio é inteligente. Cautelas e caldos de galinha não fazem mal a ninguém.

O será que fazem? Se todos ficarmos com medo, gastamos menos, compramos menos, logo vende-se menos e com isso produz-se menos. Daí à queda dos impostos cobrados e ao desemprego é um saltinho.

E basta um susto. E lá se vai a expectativa por aí abaixo.

Ou então o contrário: uma súbita euforia, um par de informações que nem conhecemos bem, e desata tudo a comprar este mundo e o outro como se o planeta tivesse acelerado.

E o ciclo torna-se magicamente otimista.

No fundo, isto da economia é uma espécie de montanha-russa: se acreditares vai, se não, agarra-te.

Esta primeira edição de ano novo é sobre o dinheiro. O que temos, o que desapareceu, o que devemos e o que esperamos ter.

Para onde está a ir o meu dinheiro?

O custo de vida, a inflação, os salários e as escolhas económicas que definem o nosso futuro.

Decidi meter-me num molho de binóculos e tentar descomplicar assuntos que, à primeira vista, parecem técnicos, mas que estão presentes no nosso dia a dia.

Mas não venho sozinho. Convidei Pedro Brinca, professor na Nova SBE e especialista em macroeconomia. A economia dos grandes. A que acaba por mandar nos nossos tostões.

Por que razão os preços dispararam?

Pense no supermercado: o tomate que costumava custar um euro agora está o dobro, e a conta final já não parece a mesma.

Durante a pandemia, muitas cadeias de produção pararam, e isso gerou um efeito dominó. Produtos essenciais começaram a escassear, e mesmo após o regresso à normalidade, a energia mais cara e os custos de transporte mantiveram os preços altos. Essa realidade chegou também à produção agrícola: os fertilizantes, dependentes de energia, tornaram-se mais caros, e isso reflete-se em alimentos básicos que consumimos diariamente.

Mas será que é só isso? Ou aproveitando a maré, alguém fez subir a conta mais do que o aumento do custo das coisas?

Outro exemplo prático vem do crédito à habitação.

Se tem um empréstimo, já sentiu o peso das prestações a subir. Agora parece finalmente aliviar um bocadinho. Mas subiu muito nos últimos anos.

Para muitas famílias, isso significa apertar o cinto, cortar viagens, refeições fora ou outras despesas que antes eram possíveis. É carestia da vida em todo o seu fulgor.

Este fenómeno não é apenas uma coincidência. As taxas de juro são ajustadas pelos bancos centrais para reduzir a inflação, retirando dinheiro do consumo.

Mas será justo que tantas famílias suportem esse fardo?

Há também uma reflexão sobre as características da economia portuguesa. Pense nos pequenos negócios, como salões de cabeleireiro ou cafés. Apesar de serem fundamentais para a comunidade, a dependência excessiva deste tipo de empresas dificulta o crescimento do país. Negócios pequenos têm menos capacidade de gerar empregos com bons salários ou de competir no mercado global. É por isso que as economias mais dinâmicas apostam em grandes empresas e em inovação, algo que Portugal continua a desenvolver.

E o que dizer dos salários? Ai que dor.

Muitas pessoas sentem que, mesmo ganhando mais, o dinheiro simplesmente desaparece. Isso é explicado pela “ilusão monetária”: se os preços sobem mais rápido que os salários, o poder de compra reduz-se. Parece que se está sempre a correr atrás do prejuízo, e isso é uma das maiores preocupações para quem tenta equilibrar o orçamento doméstico.

Mas há pontos positivos. A sério.

Por exemplo, em comparação com outros países, os salários reais em Portugal têm mostrado sinais de recuperação, e o poder de compra está a ser restabelecido em algumas áreas.

Portanto, toca a passar do pessimismo ao otimismo.

Diz que pessoas felizes são boas para a economia.

Além disso, há cada vez mais discussões sobre como melhorar as políticas públicas, atrair investimento e criar condições para um futuro mais sustentável e competitivo.

Porque a vida não é só economia, refletimos também sobre como o desporto e outras paixões podem equilibrar a racionalidade com a emoção. Porque, no fundo, comunicar bem é essencial, seja para entender os problemas, seja para inspirar soluções.

Sabiam que Pedro Brinca é um fervoroso benfiquista?

Portanto, um importante pensador económico tem dentro de si um fervoroso e pouco racional adepto.

Eu, que sou do FC Porto nem arrisquei contrariá-lo. Sabe deus o que poderia acontecer à dívida, inflação ou ao preço do dinheiro.

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

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Um dos desafios na Europa hoje tem uma marca de um construtor de telemóveis europeu. Mas eles entraram pela net e não gostaram de ouvir. Não querem? Pois eles não. A Europa não existe no mercado mundial de semicondutores e só de competitividade a Europa não existe. Esse é que é o ponto de vista industrial. Ficamos para trás, pois é do resto, na era das ideias, da inovação.

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Pois não é, não é. Não é nada bom, não, eu não estou a ouvir, não está. Isto está no máximo e eu não estou a ouvir nem quer dizer, ok, era estupidez do animal, o que é normal já está, já está aqui. Eu não tinha o zingarelho aqui metido. Supostamente apanhei um perfil da minha voz, mas. Mas eu estou a gostar.

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Não, não, não preciso. Não há nada. Queres ouvir o que queres ouvir? O convidado fala assim Um, dois, três, três, três, um, dois, três. Até podes afastar mais o microfone se quiseres, para além de só para dar mais confortável eu ficar aqui, os meus leitores do Draghi ficas falando quero falar do Draghi, quero o driver para lá que eu tenho.

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Por isto aqui, no silêncio. E isto aqui no silêncio, no modo de dormir. Tens que fazer uma entrevista quando eu vou anunciar a minha candidatura à Assembleia Municipal de Santa Comba Dão por vais candidatar para jantar em Santa Comba Dão? Acho que sim, em princípio. E ao Benfica também. A sério? Ah pois é. É pá, isso é uma, isso é tudo isso, é tudo um epifenómeno, tudo um epifenómeno, para que eu não compreenda o que é o desporto, o futebol, o futuro, o futebol profissional.

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Eu não entendo aqui o que é que não entendo, o que é que a malta foi com Ricardo Paes Mamede? O gajo está comigo. Ele veio pela primeira vez o Estado português. Nunca tive um estalo, só tive tipo um. Vi um jogo em Itália. Tem pela cara maionese. Assim que entra lá, gostaria de 20.000 pessoas que o acho que é maluco.

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Não, mas. Mas eu gosto de ir, mas eu gosto de ir ao estádio. É para. Eu gosto do ambiente, está ali, o ambiente está de bom, mas tu não gostas. Epá, da polarização daquela merda é de e de imagético. Muito, muita. Eu percebo. Mas o que eu não percebo é. Como é que aquilo não é cuidado como um espetáculo no sentido de melhorar o espetáculo entre os teus pais, a tua voz, assim como não piorou, acho que ter alterou preset, piorou, pirou.

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Fazer uma equalização então não manda não. Não gosto, não Tem tudo do sítio não. A minha voz estava francamente melhor. Agora está francamente melhor. Vamos fazer uma batota. Tu consegues gravar, equalizar na minha voz? Epá, tá ótimo. Esta equaliza a minha voz e põe sobre isso presente. Pode ser? Se puder ser livre. Assim os ouvintes connosco, O futuro Prémio Nobel da Economia, O homem que nos vai explicar como o vencer em três penadas e a inflação tá ótimo.

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Epa, é um bocadinho não, Eu gosto é que consegue passar por cima dessa por por estes teus valores em cima, em cima do presente. Queres que eu fale mais bem? Pedro brinca. É economista e professor da nova Business School Economics, em Lisboa. Precisamos ter macroeconomia, política, monetária, fiscal e desigualdade económica em paz. Isto é, a tradução de inglês para português, de fiscal orçamental, orçamental, fiscal e orçamental.

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Então eu vou pôr já aqui. Orçamental não quer dizer que também não seja a melhor estatização, mas está muito melhor. Olha essa coisa aí, esse computador é do teu lado esquerdo. Tenho uns vermelhinhos aí. Vermelho. De resto, tá assim com ar de. Deve estar reco reco reco reco e o botão de cima que diz aqui deve estar. Eu seguro para.

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Orçamental Exactamente. Essa ciência ao contrário.

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De agora, aqui e agora. Quer vocês, ouvintes de tudo isto por aqui e coiso. E põe isso quando quem quiser. Eu também vou por aqui. São. Um Mas adorei tanto as eleições, pá! Foi espetacular. Eu tinha pago para vir, por isso é que também não. Exato. Portanto tu ganhaste. Tiveste um valor acrescentado que nem sonhaste que existia e fiz a melhor previsão da noite.

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Fiz a melhor previsão da noite porque ainda as pessoas não estavam a sair. Eu avisei. Olha que as sondagens estão a dar resultados muito competitivos, muito próximos. Uma eleição muito renhida. Mas os erros têm uma correlação especial, pois com toda a gente porque quer que eles façam. E eu também não sei porque é que há uma correlação espacial desde o mapa dos Estados Unidos e se as sondagens subestimarem Trump, não estava a probabilidade que no estado ao lado, que parece que está renhido a votação do Trump também ter sido subestimada é enorme.

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Há um contágio. É o que a fotografia da realidade pode ser contagiada e conforme vão mudando, significa que passa de um lado para o outro. Não é necessariamente. Isso quer dizer que o enviesamento da sondagem é sistemático, seja aquilo que me levou a errar, por exemplo, no raio relativamente à proporção de voto no Trump, tipicamente, esses erros também são replicados noutros estados, o que significa que se o Trump começar a ganhar por uma margem grande num Estado, é provável começar a ganhar também por margens grandes nos outros.

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Porque se eu fiz um erro desse tamanho na escala de direção neste estado, também é provável que faça também um erro daquele tamanho e naquela direção noutro estado. Faz sentido todo o país urrar a vibrar na coisa que não eu ouvi e o meu está no bolso. Portanto, vê. Mas eu não recebi nenhuma mensagem. Ninguém me ligou. Então pronto, então fui eu que sonhei também.

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Pode ter acontecido. Eu tinha aberto só por causa de mas digitarmos por foi em modo vou para lá e fica e fica. Fica o nosso problema resolvido no desligar do planeta está resolvido. Ok, vamos lá. Não é necessariamente mau. Não, não é mau.

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Vamos lá. Pedro brinca Viva Economista, professor da Nova Business School. Recebe assim e que é especialista em macroeconomia, em política monetária e em orçamento, que é uma espécie de ciência oculta para mim, conseguir entender um orçamento e em desigualdade económica. E isso interessa muito, porque me pergunto todos os dias, agora, nos últimos anos, onde é que está ir o meu dinheiro?

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É que eu geralmente olhava para a minha equipa, a minha carteira. Agora virtual, para a conta bancária, tipo está a conta bancária. Também estava a pensar passar umas férias em Lisboa já para pensar o que é que eu vou comprar a seguir. E agora parece que é um saco roto. Parece que o dinheiro se esvai. O que é que está a ficar com o dinheiro?

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De facto, tem havido um fenómeno que parece que já nos tínhamos esquecido. Tem piada. Se nós formos A21019 houve duas capas, uma da economia escrita da Bloomberg, que anunciavam a morte da inflação e, talvez, como Mark Twain, a morte da inflação foi precocemente anunciada. De facto, passado apenas dois anos, estávamos como aqueles de inflação, como já não víamos há 20 ou 30 anos.

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E nesse sentido, esta ilusão do poder de compra que é aquilo, tu me parece que está a fazer passar, era algo que já não estávamos habituados. Quer dizer, quem se viveu na década de 80 lembra se taxas de inflação elevadas em Portugal. Mas depois vieram os anos 90, vieram os anos 2000, veio 2010, a década de 2010 e durante todo esse período a inflação foi desaparecendo e tinha andado muito próxima de zero.

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Mudaram as coisas, mas o que é que faz com que a inflação suba O desça Porque? Porque esse é aquilo que nos interessa, que não dá para regular administrativamente. Não podemos meter uma cunha ministro das Finanças e dizer olhe, veja lá, congelei os preços um bocadinho porque estou assim 90 Pronto, Então a inflação é taxa de crescimento de preços, Ok.

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E porque é que os preços mudam? Os preços mudam em relação a duas coisas oferta e procura apenas isso? Só aumentar muito a oferta. É óbvio que os preços baixam. Se aumentar muito a procura, os preços sobem. Agora o que acontece todos os dias é que varia oferta e varia a procura. E porquê? Então porque é que estas.

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Porque é que estas variações ocorrem? Ocorrem por muitas razões. Nós, na pandemia, tivemos flutuações do lado da oferta. A capacidade da economia de oferecer mais bens e serviços. Essa capacidade foi debilitada por causa de todas as disrupções que as medidas de controlo sanitário e, principalmente o comércio internacional introduziram. De repente, começaram a faltar bens nas prateleiras. E obviamente que isso faz com que, especialmente porque um preço muitas vezes também reflete escassez importante quando nós fazemos parar a produção de uma determinada fábrica ou vamos todos para casa, ou deixamos de fazer determinadas coisas.

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O impacto no aumento de bens e, portanto, nos bens. Quando eu quiser que a comprar aqui esta caneca e esta caneca. Afinal, em vez de haver 100 no mercado existem apenas 50, logo o preço vai subir. Se a quantidade de pessoas que querem comprar canecas não se alterar, havendo menos canecas o preço sobe. Mas em princípio, no momento imediatamente a seguir, em que há tanta vontade das pessoas comprar canecas como se não houvesse amanhã, tem princípios.

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Empresas a seguir que também querem vender canecas, vão ao mercado, oferecem muito mais canecas e o preço deveria baixar de estabilizar. A questão é que na altura do convite, aquilo que aconteceu foi precisamente que as empresas estavam impossibilitadas de produzir mais canecas uns para lá. Tu é que és um economista, mas eu aqui uma coisa que me está a moer aquele eu consigo perceber que a caneca que é feita lá longe na China e que não ao barco, que a fábrica tenha fechado, que as pessoas têm ficado doentes.

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Eu consigo perceber isso, mas os tomates, isso, bolas! E as batatas que são feitas ali pelo meu vizinho agricultor. A escala de preço 80% do preço de uma produção agrícola. Então energia energia que aconteceu na Ucrânia, a energia foi para cima, o gás deixou de ser barato, havendo menos gás. Nós na Europa temos um défice de produção de electricidade que temos que compensar com o gás natural.

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O gás natural aumentou, aumentando o gás natural, aumentou o preço de eletricidade, aumentando o pensar. A sociedade contagiasse os outros mercados da energia, inclusive na produção de bens, como por exemplo, os mais agrícolas fertilizantes, 80% daquilo. A energia que é preciso fazer para produzir esses fertilizantes e naturalmente que depois sobe o preço do resto. E então e desse pequeno aumento, o grande aumento da inflação corresponde, de facto, essa aumento real da energia e da disrupção.

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A pergunta de 1 milhão € e foi a grande pergunta polarizadora que alimentou muito o debate sobre o que é que deveria ser feito para combater este problema da inflação? Eu que sou espertalhaço e diga assim, vou aproveitar aqui o contexto público de aumento dos preços e afinal vou aproveitar aqui umas canecas que tinha em stock. Vou vendê las a mais de 30% do preço a que estão.

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A questão da manipulação no mercado é crime. Aliás, especulação é um crime. Atenção, mas os preços são livres, certo? Sim, sim. Os preços são livres, mas há práticas comerciais que não são livres. Eu não posso, por exemplo, vender abaixo do preço de custo, por exemplo. Chama se dumping, ou seja, é um conjunto de práticas comerciais que não são, que não são, que são proibidas e que são regulamentadas.

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E bem, na altura em que tivemos esta inflação houve uma grande pressão para perceber se está de facto especulação pura. O que é que estava a passar? Já nos a distribuição que andava a enganar as pessoas, etc. E a ASAE na altura meteu uma data de inspetores na rua, fizeram verificações, dizer e os casos de crime de especulação ou de estar a um preço na prateleira e outro depois atrás da caixa.

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Esse tipo de coisas eram residuais e não foi de certeza por aí que tivemos a crise, a inflação, mais uma vez, como disse, o princípio que de deflação vem da oferta, havendo procura que estamos do lado da oferta foi precisamente o aumento da questão da energia, foi a questão da dificuldade no abastecimento. Nos contentores, por exemplo, passaram de três ou quatro ou 5.000 $ para 25.000 $.

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Os tempos médios de entrega da China para os Estados Unidos ou da China para a Europa também multiplicaram se para mais do dobro. Tudo isso gerou entropia e tudo isso gerou a falta de produto, ou seja, a oferta. A oferta estava abaixo daquilo que era normal e havendo menos oferta de bens e serviços, aqueles bens e serviços que chegam às prateleiras, obviamente ficam mais caros.

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Mas não era só a oferta, também era procura. E aquilo que aconteceu e que nós vimos muito foi a Europa a entrada para a pandemia. Viver uma época de histórias em termos históricos, de uma enorme confiança nas instituições. Porque, de facto, aquilo que aconteceu na crise de 2008 e aquilo que aconteceu na crise da dívida soberana foram intervenções públicas que conseguiram resgatar a economia e conseguiram estabilizar e voltar a dar a níveis normais de emprego e de atividade económica.

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E, portanto, em princípio, eu confio no meu governo. Eu confio no Banco Central Europeu, eu confio na estrutura. Vou confiar a eles confiarem neles, na capacidade que eles têm, eles próprios, eles próprios. E o que é que aconteceu quando veio a pandemia? Nós tivemos, tivemos injeções monetárias e e políticas orçamentais expansionistas que foram historicamente elevadas, nunca tinham acontecido nesta ordem magnitude.

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Vamos lá ver. Para um leigo o que é que isto quer dizer, Porque nas notas e pusemos no helicóptero lá para cima e começamos a tirar notas para o povo poder dar um exemplo o governo se tiver as contas equilibradas, tem um défice plano. Os impostos são o poder de compra que o governo retira a empresas e famílias.

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Se isto correr bem ao cobrar impostos, estas pessoas já não têm dinheiro para gastar, vão comprar menos bens e serviços, a procura baixa e os preços baixam. A despesa do Estado é pressão sobre as fontes de serviços, porque é o Estado a ir ao mercado a querer comprar bens e serviços e a concorrer com o resto da economia e portanto sobe o preço, sobe o preço.

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O que é que aconteceu na altura da pandemia de défices historicamente elevadíssimos? Seja, era preciso reinvestir, era preciso comprar coisas e era preciso entregar prestações sociais. Era preciso tudo exigir. No fundo, a sociedade e o Estado decidiram investir e retornar à sociedade de valor. A questão não é se o deviam ter feito. É uma questão, Não é a questão do final, a questão da quantidade.

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E hoje existe a perceção que foram longe demais, gastamos demais, gastamos mais. Essa hoje é perceção. Portugal por acaso foi dos mais bem comportados. Nós gastamos cerca. Em 2020 voltou a ir. Foi cerca de 2,8% do PIB. Em ajudas diretas, por exemplo, a Alemanha gastou 10% e os Estados Unidos gastaram 20. Ok, estamos a falar de facto de uma tempestade perfeita, porque por um lado, de facto havia problemas do lado da oferta.

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As redes de distribuição e as cadeias globais de valor ainda muito fragilizadas, o que na Europa depois ainda foi exacerbado pela questão ucraniana o fornecimento de gás natural e da contaminação do preço da energia para depois para tudo o resto. Ou seja, temos esses problemas lá de oferta, sobem os preços e depois de lado a procura. Também tivemos ajudas que hoje se percebe que foram sobremaneira excessivas.

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As ajudas foram bem sucedidas num ponto nós conseguimos evitar a destruição de emprego e destruição de empresas. Parece me uma boa notícia e a questão é que se calhar fomos longe demais. Ou seja, não só evitamos a destruição de emprego e a destruição de empresas e isso foi bom. Mas se calhar não devíamos ter ido tão longe que se calhar havia ali um espaço em que conseguimos evitar essas, esses dois, esses dois problemas, sem criar uma crise de inflação desta ordem de magnitude.

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Isso é uma decisão dos políticos. Ou tu e os seus primos economistas são, afinal, os culpados de não saber como é que se regula este potenciómetro? Se põe mais dinheiro na fogueira ou menos dinheiro? Isso é verdade. A economia é uma ciência que tem de entender, errar muito. Se bem que é verdade que desta vez todos economistas previram que iria haver inflação.

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Em primeiro lugar, porque isto era uma crise sanitária. Não foi uma crise económica no verdadeiro sentido do termo, porque era mais fácil de calcular que isto ia acontecer. No entanto, a questão do cálculo era questão de perceber que em 2008 e em 2011 tivemos crises dos sistemas económicos. Tínhamos uma bolha imobiliária, uma bolha no sector financeiro. Rebentando essas bolhas, é preciso transferir recursos desses setores para outros setores.

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Falamos disso. O que que é uma bolha? Uma bolha é quando o preço de algo ou a valorização de algo se afasta do seu valor fundamental. É como o valor das casas. Agora, se eu soubesse, não estava aqui a falar contigo. Estava a investir em fundos imobiliários, estava rico a comprar ou vender. A questão é a resposta a essa pergunta.

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Já haveria já resolvido o problema. A questão é que as bolhas são muito difíceis de detectar antes. Não é porque se não estava que quem conseguisse fazer estava rico. Mas a dinâmica da bolha é muito simples de perceber e já muito antiga. Se nós formos até ao século XVIII, século XVII, vamos lembrar da crise das tulipas. Os bolbos tulipas na altura começaram a subir de preço e as pessoas começaram a olhar para aquilo.

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Era assim o que era ganhar dinheiro? O que é que não quer ganhar dinheiro? Claro, estávamos. Comprávamos tulipas porque amanhã vão valer mais do que hoje. E depois vale tudo. Comprava os tulipas, tudo, comprava os livros que aconteciam por essas e depois soube quem comprou. Depois ganhou imenso dinheiro. E como toda a gente gosta de ganhar dinheiro e se gabar que ganhar dinheiro diz a toda a gente e vai.

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Cada vez mais gente comprava tulipas. Portanto, criou se aqui uma grande crise aqui. O meu momento em finanças chama se momento, um momento. Portanto, o que está a dar é comprar bulbos de tulipas. Até que chega uma altura que há um que pergunta para que é que isto serve? Aposto que foi o economista que perguntou um economista que não conseguiu comprar bulbos de parasitas, visse?

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As rosas é que é que é o novo, o novo mercado e despeja os bolos tulipas no mercado. Isso faz baixar o preço, baixar o preço. A malta começa a perceber e agora está a perder dinheiro. Melhor vender já. Então começa tudo a vender, Já começa tudo à venda, já aumenta. Só cá para nós. Portanto estoura o mercado no fundo, Exactamente.

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E nós hoje, em 2007, 2007, nós vivemos uma fase, uma certa euforia do ponto de vista da desregulação financeira, etc. Porque vivemos um período ali desde o fim da década de 70, quem ficou conhecido como a grande moderação, em que de facto não houve grandes crises, não houve grandes flutuações que se você, que uma certa euforia, que os mercados resolvem tudo, não é preciso regulação, mas ferro onde é?

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E depois chegamos precisamente à conclusão que por vezes não é bem assim e as economias precisam de alguma supervisão para ter a certeza que fenómenos como esse não acontecem porque isso depois obviamente destrói emprego, destrói empresas, destrói a vida. Muitas pessoas. E este é o tal fenómeno das bolhas. Então a inflação subiu. Nós necessariamente empobrecemos, apesar de os Estados terem injetado uma quantidade gigantesca de dinheiro, também não é necessário que empobrecemos.

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Vamos lá ver, não ficamos mais pobres. A questão é que não podes ter crescimento real positivo, Ou seja, se o PIB passar o PIB em Portugal são perto de 280 mil milhões €. O Dr. Guterres também tentou fazer essa coisa queda de 3% e era mais difícil, era mais difícil 280 mil milhões € se passar de 280 mil milhões para 500 mil milhões, será que estamos melhor?

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Depende da inflação. Mas tu podes ter inflação que não é suficientemente alta para que a o crescimento do rendimento mais do que compense o efeito da inflação. Mas a inflação come o aumento de riqueza, Óbvio, Sim, para toda a gente. Imagina tu ganhas 1.000 € amanhã ganhas 2000. Estás melhor, Estás pior. Depende da inflação. Se a inflação for 100% na mesma, então está a ilusão monetária, Sem dúvida.

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Aliás, ela só monetária daquilo que é mais usado na gestão económica e política de tudo e mais alguma coisa. É uma batota sem homem. É uma batata assumida por todos. Dou o exemplo todo o exemplo. Em 2002 o Governo decidiu congelar os escalões de RF. O que é que significa não sair? Diz me. Eu digo te os escalões de arresto estão definidos em função de valores absolutos de euros, ou seja, quem ganha até para rendimentos entre 10.000 € e 15.000 € tens uma taxa.

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Depois o rendimento da parte do rendimento entre 15 e 20000 pessoas de baixa, etc, etc. Se tu congelar esses esses escalões nesses valores de euros e tiveres inflação de 10% ou o rendimento cresce 10%, mas depois a inflação também cresce 10% e ter poder de compra estás na mesma, mas vais pagar muito mais impostos. Porquê? Porque não atualizar tu com GR?

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Por acaso agora no âmbito deste orçamento não é exactamente no âmbito do Orçamento do Estado? Está refletido no Orçamento de Estado, mas foi no âmbito da Assembleia da República foi aprovada uma lei que obriga ao que estabelece que as atualizações do RS todos os anos agora é feito de acordo com a inflação e com o crescimento real da economia de forma automática, de forma automática.

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Parece me uma coisa francamente honesta. Pois, mas em 2022 nem tu sabes que isso aconteceu, pois não? Isso aqui está um bom exemplo de ilusão monetária. Portanto, a nossa, neste caso a minha, quer dizer, as pessoas que nos escutam Seguramente não, mas a nossa ignorância sobre a maneira como estas coisas se movimentam é real. Aliás, isto até foi objeto de mais um por agora, um momento que da tarde.

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Mas isto até foi objeto de estudo de um economista que ganhou o Prémio Nobel do Povo, Lucas, que realmente conjetura que estes fenómenos de ilusão monetária são mais fáceis de fazer em economias que a inflação tradicionalmente é baixa, como é o caso da nossa, porque a gente nem sequer está a olhar para nós. Estamos habituados a olhar para a inflação porque a inflação tende a ser muito baixa, então nós não ligamos a inflação.

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De resto, como os preços, quando nós vamos ao supermercado antes dos tempos de inflação, era uma coisa que nós pensávamos nos bens que tínhamos que comprar. E agora, quando a conta do supermercado já não é 100 € e passou a ser 250, nós vamos olhar ali o que é que está a acontecer, cada pinguinha de cada lado. Ora, eu quero falar do Orçamento de Estado, mas quando a inflação sobe acima desse número mágico, 2% sabe Deus e os economistas porque é que a 2% vem aí uma receita?

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E então é o que fica. É pesquisadores, todos os 2%. Então porque é que esses 2% percebem? Não têm razão nenhuma. E o que é que não é? Quatro Porque é que não é uma pergunta? É porque é que não é zero? Pois isso é. Sei que existem várias, várias teorias a tentar explicar porque é que é um valor acima de zero.

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É a ideia que os bancos centrais, tipicamente quando olham para economia, estão preocupados, por um lado, com estabilidade. Os preços, mas por outro também com a estabilidade económica, ou seja, com o nível de emprego. Querem que a economia não esteja em recessão? Ok. No caso da Europa, nós temos uma tradição de primeiro temos que olhar para a realidade, preços.

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Só em segundo lugar é que olhamos para os níveis de emprego Nos Estados Unidos, o mandato do banco de reserva Federal americano e o mandato do UAU! Eles é suposto darem tanto peso à inflação como a questão do emprego. A questão é quando a inflação está muito próxima de zero. Existe um incentivo do Banco Central Europeu, do Banco Central, de fazer emissões monetárias para estimular a economia.

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E isso gera inflação. Muito bem. Por isso, só quando a inflação já está a um nível que de alguma forma terá ido ao emprego, estabilidade de preços é posto em causa. É que o Banco Central Europeu ou os bancos centrais deixam de querer surpreender os países com emissões monetárias para estimular a economia. Então, os 2%, os 2%, são aquele bocadinho sweet spot, um pedaço de chocolate para animar a malta.

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Porque quero imaginar que se a inflação, em vez de 2%, 3% ou 4% fosse negativa deflação, um impacto disto era o que ficávamos à espera para deixa la ver se o preço baixa mais um bocadinho nos keynesianos. Se fôssemos keynesianos, essa essa dinâmica que tu estás a descrever, era exactamente isso que acontecia. Nós teríamos o consumo porque pensávamos que é melhor gastar o dinheiro amanhã, que as coisas vão ser mais baratas.

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Ao fazer isso, estamos a provocar ainda maior deflação, porque diminui a procura de bens e serviços, isto é, entra numa espiral em capacidade económica baixa. Ok, é a economia em versão, portanto, em princípio, a baixa sucessiva de preços é uma catástrofe anunciada. Generalizadas. O pensamento keynesiano isso ok. O que é que o senhor Keynes nos traz É esta dinâmica que acabei de descrever.

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Portanto, convém que os preços vão subindo sempre um bocadinho, de uma forma controlada, mas que se sirva de estímulo à economia. E isso já é outra interpretação do porque é que os 2% devem estar ali. Eu diria que uma das teorias ou uma das ideias que estão por trás da inflação, a não ser zero do objetivo dos bancos centrais não ser zero, foi aquela que te descrevi antes.

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É uma questão de espécie de jogo de gato e do rato entre agentes económicos e o Banco Central. A segunda pode ser essa ideia de que, de facto, que um objectivo de inflação zero faz com que não seja um objectivo de 2%, faz com que exista uma certa penalização para as pessoas não investirem o dinheiro ou não, porem ao tentarem criar algum tipo de investimento ok, Existe um custo oportunidade de não ter o dinheiro parado em casa.

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Então vamos lá ver agora a minha tese. Nós ficamos mais pobres, a inflação subiu, os salários não acompanharam essa inflação e o Banco Central Europeu acompanharam. Portugal foi um dos únicos poucos países que teve um crescimento real dos salários. Não digas isso porque isso é uma conversa para os patrões depois não aumentarem o salário das pessoas. É importante acompanhar, porque significa que a gente não perdeu as contas, as contas, não feitas, as contas, poucos países que que recuperou mais rápido em termos do poder aquisitivo dos salários, foi isso é uma boa notícia.

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Bom, então, mas não estrague a história. Eu partindo do pressuposto que nós uma desgraça, pelo menos na fase inicial, perdemos poder de compra que o Banco Central Europeu decidiu ajudar nos nesta conversa e subiu as taxas de juro. E com isso o meu empréstimo da casa foi para lá das estrelas. Duplicou, triplicou. Bela ajudinha do banco, mas esse é o objetivo.

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Desculpa, Dilbert, mas não sejamos. Não há aqui qualquer ambiguidade. Mas é que eu já tive a vida das taxas. Eu já devo. Aquele dinheiro não vai mudar nada, Vai porque tu agora, em vez de teres um rendimento disponível de 1.000 €, estejam rendimentos por nível de 800 ou 700 porque vai te pagar mais 300 de juros. Já não vou dizer isso, já não vais de férias, já não metes pressão sobre a procura de bens e serviços e os preços já não sobem tanto.

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Mas aí não há ambiguidade. Nenhuma das taxas de juro é para retirar poder de compra a governos, empresas e familiares. Parece um castigo e um castigo. É uma maneira de tirar. Vamos lá ver qual é o mandato central europeu, estabilidade de preços, se os preços vão subir é porque a procura é maior que a oferta, tendo muita dificuldade do Banco Central Europeu de controlar a oferta.

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O que é que eles conseguem fazer? O problema é que se tu, como disseste um bocadinho a questão da inflação foi causada genericamente por disrupção na cadeia da escala dos juros. É que eu te disse que era a pergunta de 1 milhão € e que estava toda a gente a discutir Porquê? Porque se a inflação for apenas pelo lado da oferta, ela vai aumentar as taxas de juro não resolve, Mas gás natural na Ucrânia isso.

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Ou seja. Por isso a justificação de uma política agressiva de subida das taxas de juro, na sua maioria, não é absoluto. Mas a justificação de uma subida agressiva das taxas de juro por parte do BCE e apenas faz sentido se o problema tiver problema entrar. Se estiver do lado da procura. Então eu agora tenho outra pergunta. Por saber, deixamos perceber quanto é que desta espiral inflacionista vem de procura excessiva e quanto é que vem de oferta demasiado baixa?

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Está aí a chave para dizer qual é a política óptima em termos de taxas de juro. E o que nós vimos foi um debate muito polarizado entre quem achava que estava quase tudo choques de procura e quem achava que isso era quase tudo choques de oferta. Hoje conseguimos olhar para trás e perceber que, como em quase tudo, no meio está a virtude.

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E então e ela foi. Problemas de oferta? Sim, mas também foram problemas de lado a procura. Se o meu empréstimo da casa subiu como se não houver amanhã exatamente para ajudar a controlar a inflação, vamos ter esta ideia benigna que eu como cidadão e quer dizer agora, a partir do momento, tu passaste a pagar mais pela tua prestação, compra menos coisas.

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Muito bem que não havia problema. Então é ali que eu é que o empréstimo passa a prazo. Li que nós temos ali na Caixa Geral de Depósitos um crédito. Continuavam a pagarmos agora para falar de Portugal, né? Então Portugal foi de facto um dos países onde a margem financeira mais aumentou? Ou seja, o que é que a margem financeira é a diferença entre os juros cobrados pelo dinheiro que empresta e os juros pagos pelos depósitos que nós metemos no banco?

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Isso é uma transferência de dinheiro dos que nós paga para o momento, para a financeira, seguramente isso. Claro que eles tiveram um aumento histórico dos seus lucros e eu precisa de pôr uma luz naquilo porque estava a tentar perceber isso. Sim, sim. Mas acho que não há dúvida nenhuma. Houve momentos históricos dos lucros dos bancos nos últimos dois, três anos.

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É preciso também ter cuidado de não ter um discurso populista, porque se nós fomos antes, tiveram prejuízos integrados desde 2011 ou 2012, só em 23 é que a Caixa, neste período dez anos acumulou, teve lucro acumulado positivo, os juros eram negativos e não ganhava. Aí tivemos uma crise da dívida soberana. A banca perdeu essa altura. Mas como é que a banca perde dinheiro numa crise da dívida soberana?

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Supostamente não é uma dívida que os Estados têm, com uma enorme valorização de ativos. Ou seja, nós tivemos os bancos não comprados, nós tivemos em primeiro aí um problema. Porquê? Porque o custo financiamento da banca aumenta. Ou seja, o que é que é uma crise de dívida soberana? No caso, no contexto português, foi os mercados deixarem de acreditar que o governo português ia conseguir pagar as suas dívidas.

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Tamos a falar do tempo da troika. Exatamente. Isso significa que a dívida portuguesa, que não é uma palavra sofisticada para descrever a promessa que o Estado vai pagar aquele primeiro Estado tinha cada vez mais risco. Você tem cada vez mais risco. Quem empresta pede uma compensação cada vez maior para assumir esse risco nos empréstimos futuros dos empréstimos. Os empréstimos que foram feitos a partir desse momento.

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E é bom lembrar que a dívida portuguesa andará perto dos 270 mil milhões € e aquilo é um bloco que todos os anos é preciso fazer emissões e é para pagar ao país. Como diria um político, ultimamente tem sido pra pagar. Nós, nós, desde o PEC até agora, nós baixámos de 136% de dívida em percentagem do PIB para cerca de 97 ou 98, o que significa que o dinheiro que o Estado tem disponível para o Orçamento de Estado, em grande parte, está sido também canalizado para pagar a dívida antiga e ativa essencialmente nos superavits que temos tido primários, não tanto com o dinheiro que sobra no fundo para pagar a dívida, o dinheiro que sobra para

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amortizar a dívida é claro. Nós não temos que emitir a dívida, não é para assegurar as necessidades brutas, financiamento do Estado. Nós temos aprovado o Orçamento de Estado para o para o próximo ano e é sempre uma discussão política. Seguramente alguém sem ser os economistas e os políticos entende verdadeiramente o que é que lá está escrito no Orçamento para nós termos um problema sistemático em Portugal que nós só discutimos porque é que no Orçamento está apenas que temos 15 dias ou um mês para o que O que em si é mau Porque quer dizer, há poucas coisas.

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O crescimento resolve muitas coisas, o crescimento económico resolve muitas coisas. Adotou o exemplo de 2013, nossa maldita em este meio ponto percentual por ano. Se nós tivéssemos crescido por ano nesta década, aquilo que crescemos em 2019 não teríamos entrado na década de 2010, quando teve que vir a troika com o rácio da dívida sobre o PIB de 66%, o que era extraordinário depois, já que era quase o dobro e o que aconteceu para três?

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A anemia. Não sei se existe alguma explicação para isso. Há três ordens de explicações para essa anemia que Portugal sofreu nessa altura. A primeira foi a entrada da China na Relação Mundial do Comércio, o que pôs em causa o nosso modelo de internacional. Porque estamos a falar dos têxteis. Estamos a falar de dois produtos no nosso modelo o nosso modelo industrial era produzir barato e com pouca qualidade e para quem não é, mas não consegue competir ao não conseguir.

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Agora a China mudou muito, mas na altura que é esse o paradigma chinês que tem um problema, porque tem outros países ali à volta que têm esse modelo mais barato. Exatamente. A segunda razão foi a entrada dos países de Leste no mercado, único país com qualificações com salários mais baixos e que pôs em causa também a nossa competitividade.

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E depois existe uma terceira que é um bocadinho mais complexa. Não sei se temos tempo para ver tudo, mas tem a ver com o facto é que nós entrámos no euro e ao entrarmos no euro tivemos acesso a crédito muito mais barato e as taxas de juro baixaram imenso. Essa baixa das taxas de juro, a taxa de juro, O preço do dinheiro é como qualquer preço.

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Quando baixa, as pessoas compram mais e nós duplicamos o nosso endividamento privado. Já levou ao endividamento público. Nós duplicamos o nosso endividamento privado ali no espaço de dez, 12 anos. Portanto, fomos todos comprar uma casa. Fomos todos investir nalguma coisa. Vamos todos comprar, ter uma vida. E o que é que acontece quando tu tens imensa liquidez? Vais meter pressão sobre o quê?

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Preços e que acontecem? Os preços sobem todos? Não. O preço do petróleo não muda porque ficam alguns, porque os portugueses têm mais dinheiro e o preço dos bens não transaccionáveis. O que é que não está transaccionável? Estamos a falar de pequenos serviços, restaurantes, cabeleireiros, cafés, coisas desse género. E o que é que aconteceu? Passou. Como esses preços subiram a receita começou a aumentar e a rentabilidade desses negócios começou a aumentar.

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E começamos a ver uma transformação estrutural da economia portuguesa em termos de investimento e em termos de pessoas a dirigirem se. Pensei boa ou má, porque é que isto é mau? É mau? Estamos a falar de negócios de baixa produtividade, baixa escala, sem grande pressão competitiva, para serem mais eficientes, mais organizados, mais produtivos, mais competitivos. Portugal tornou se num país de restaurantes, cabeleireiros e esteticistas.

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E eu não digo isto no gozo. Portugal é o segundo país da União Europeia com uma percentagem da população em que a mulher esteticista e faltam as fábricas. Faltam os grandes investimentos. Grandes empresas em Portugal que dique que exportem e que é um bocado para aquela história do gato gordo e do gato magro. Nos restantes grandes centros, os gatos não são o gato para mim.

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Tenho dois em casa que eu estava mas a minha não deixa. Mas os gatos que imaginam um gato de casa mais gordinho e com gato na rua para sempre, muita comida no gato de casa fica de lado, A comidinha não tem que se mexer, O gato da rua ocorre para comer ou morre. As empresas que competem nos mercados internacionais são competitivas, organizadas, produtivas e eficientes ou morrem e nós tornamo nos uma economia com muito pouco emprego e muito pouca atividade económica, precisamente nesse setor.

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Para teres uma ideia, as grandes empresas, aquelas que conseguem criar economias de escala e ser competitivas e exportar, etc. De grandes empresas em Portugal têm apenas 21% do emprego, mas geram quase 40% do valor acrescentado. Portanto, o resto são micro empresas. Lá está o que é o que? O que for. Hoje não há nenhum nos números mais elucidativos, mas mais gritantes do que isto.

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O famoso relatório criticou a Europa por ter um peso excessivo de emprego e de atividade económica em micro empresas face aos Estados Unidos. Portugal tem 50% mais do que a média europeia que Draghi indicou, 50% mais de emprego do que a média europeia e micro empresas. Porque é que estão o problema? Porque o valor acrescentado bruto de um trabalhador numa microempresa são 22.000 €.

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Não temos depois um efeito de multiplicação. Sabes qual é o valor Acrescentado bruto médio de um trabalhador numa grande empresa com 84.000 €? Só temos a 20% do emprego nas grandes empresas. E dou te aqui o número. Se nós tivéssemos a mesma distribuição de emprego, o tamanho da empresa que tem a União Europeia, isto era um aumento de 16% do PIB e ficávamos quase iguais a França e a Itália.

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E tudo o que é preciso fazer para que nós tenhamos um conjunto de estruturas que penalizam as empresas que têm a ambição de crescer. Por exemplo, a progressividade do IRS sobre as empresas. Quanto mais ganha, quanto mais rica é a empresa, mais tem que pagar, mais rica. Essa é que é o grande engano do investidor. Tu estás à procura de quê?

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Rentabilidade? Rentabilidade é o retorno por dinheiro investido. E quando olho para a imprensa, vês toda a gente escandalizada com os milhões da banca, por exemplo. E este ano, pronto, foram acima do normal. Também não precisas de me bater. Quer dizer, mas o ano passado, por exemplo, o Millennium bcp teve 200 milhões € de lucro. Já está na escala. O máximo paga uma taxa máxima possível.

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Mas a pergunta é quanto é que tu tens que investir para ir buscar de 200 anos 60 milhões €? Eu digo captação bolsista do Millennium BCP O ano passado andava por volta dos cinco 5 mil milhões, portanto dar te uma rentabilidade 4%. Portanto não estão investidos num quiosque de jornais com 10.000 €, porque os jornais conseguem abrir para 10.000 € e tiveram um lucro de 2000, rentabilidade de 20%.

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Quanto é que pagas? Deve ser o mínimo. Ou seja, o nosso sistema fiscal. E não é só você não fiscal, as leis laborais, etc, estão todas desenhadas a criar incentivos para a fragmentação do capital e propostas para pequenos negócios baixo escalão que não tenham grande dimensão. Portanto, tratamento quer da parte laboral, quer da parte fiscal, muito mais amigável.

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Isto significa o quê? Que significa que depois as pessoas vão trabalhar nessas estruturas, vão criar pouco valor acrescentado e depois têm salários baixos. Portanto, é uma espiral. Olhando para o orçamento deste ano, todavia, há uma descida do IRC de 1% e Deus sabe o que é que teve, o que é que foi, o que é que foi acontecer para que isso acontecesse.

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Vamos a ver o RC podia baixar para zero juros zero, então já foi feito, não só porque porque o mal está feito. As empresas quando se deslocam e investem igualmente na escala, etc. Eles não olham um ano, elas olham para cinco, dez anos. E qual foi? O que é que esta negociação de negociação do Orçamento mostrou? Toda esta que toda esta discussão teve ao torno de baixar apenas viessem 1% e que não existe um compromisso do principal arco de países do arco da governação de que a competitividade fiscal é prioritária para o para os principais partidos em Portugal, o que significa que podias baixar o IRS e P0.

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Se os agentes económicos acharem que cai este governo, vem para cá o PS e volta outra vez aos 31. Ninguém se mexe, ninguém se mexe. E será que isso é possível? E porque tu fizeste esse acordo em 2013? Entre Passos Coelho, então líder seguro, conhecido do RC e do seu António Costa, tomou conta do país e subiu para níveis nunca antes atingiu antes.

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Não é uma questão, é uma questão política. Porque se tu me estás a dizer que o efeito entre uma taxa grande de RC e uma taxa baixa, mas no limite não teriam impacto neste caso, nestas circunstâncias eu acho que não teria grande impacto. Eu dou te um exemplo toda a gente fala da questão da Irlanda e do crescimento.

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É o que se passa, porque Irlanda não precisa de tal, não tem taxa de 12% e pronto. Agora é bom lembrar que parte do segredo não foram 12% partidos, foram os partidos do do arco da governação nos anos 90 terem se juntado em Evita. Meus senhores, para mal, estas são as estruturas fiscais. Nos próximos 20 anos ninguém muda.

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Isto levou um colapso da incerteza brutal, não é? E não existe nada mais nocivo para o investimento, o risco, a incerteza sem receita funciona. Porque é que não nascem outras Irlandas ali à volta? Podem não ser. Convence lá tu o eleitorado em Portugal, mas baixaram e até as grandes empresas como a minha pergunta 260 milhões € de lucro e não pagam tem terem 5 mil milhões.

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Mas para a história, porque abrir uma cimenteira, uma semente com 10.000 €, com 10.000 €, abre um cabeleireiro, mas não abre uma cimenteira. Então deixa me fazer te sindicalista. Mas eu olho para a minha folha de salário e como tu olhas para a tua, seguramente e está um valor lá muito substantivo de impostos. Mas a pergunta é legítima. Não sei se essa é a pergunta do sindicalista, mas eu não sei se ele está assim tão preocupado com os impostos.

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Está mais preocupado, É patrão de paga, Assim é também e também é um facto. Olha o que? O que tem o Orçamento de Estado deste ano? O que é que falhou? Houve uma uma questão que esteve neste ano no orçamento que me deixou bastante entusiasmado e acho que revela a importância do documento para a condução da política nacional.

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Eu não sei se sabes, mas para uma lista que dá para perceber qual é a lógica grande de municípios portugueses, todos aquilo que é derivado de bebidas destiladas com base em medronho vão ter uma exceção do Imposto Especial de Consumo de 75%. Acho que foi uma das decisões do Orçamento de Estado Orçamento de Estado que estava estão e são uma hiper regulação absurda, não é?

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E por isso é que eu digo realmente nós temos este aspas mau hábito de discutir política económica para o país no Orçamento de Estado. E porque é que eu acho que isso é mau? Porque o Orçamento está primeiro o Estado a funcionar numa lógica de caixa. Imagina o Estado em investir a construir um prédio para depois arrendar. Isto entra como despesa, não como investimento, não como investimento.

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Porque há uma lógica de fluxo de caixa, porque tu vai ter um défice. Ou seja, tivemos pior. Como não é verdade, porque está a construir riqueza. É o meu futuro. Quando estou de rendimento já vem desde Napoleão. Para ter uma ideia, ainda usamos as técnicas de contabilistas napoleónicas. Isto é, Portugal não é para fracos.

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Ou seja, discutir política económica neste contexto, num documento que é mais para gestão de fluxo de caixa do do que para pensar quais são as grandes orientações estratégicas do país? Na minha opinião, é mau. Primeiro porque mete o foco no curto prazo, como fazem com qualquer lógica de gestão de tesouraria e de fluxo de caixa e é anual.

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Portanto torna tornaria logo muito mais difícil. Daria para fazer um orçamento a vários anos plurianual. Eu não sei sequer se regulamentar mente seria possível, mesmo no contexto da União, trazer, Terá sempre que haver um orçamento anual postado, acho eu, penso eu. Até porque quanto mais ele for prolongado no tempo, mais a incerteza relativamente à execução. Quer a realização das receitas previstas, quer da realização das despesas que também estavam, que estavam previstas.

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O meu ênfase é outro. Nós, por exemplo, temos um documento que é o de crescimento. Se calhar devíamos passar muito mais tempo a discutir o Plano de Estabilidade e Crescimento Anual, aquele papel que nós mandamos para Bruxelas para dizer o que é que vamos fazer. O último que saiu foi de 2024, de 2028 e por quatro anos faria muito mais sentido perdermos tempo a discutir esse documento que propriamente o Orçamento de Estado, em que vamos gastar mais 1000 milhões para a saúde do que gastamos o ano passado, que depois também é tudo treta, porque andamos todos aqui a discutir quanto é que foi para cada rubrica para termos uma coisa chamada cativações e tu não

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executas parte da verba que estava, que para mim é uma falta de respeito democrático, porque em cima da República foram aprovadas aquelas despesas para aquele setor e tu chegas ao fim do ano e tens duas áreas em que executar metade daquilo que foi aprovado em Assembleia da República. Deixa me ver se eu entendo. Tu podes alocar um determinado orçamento e colocar lá 100 milhões.

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Está lá escrito 100 milhões à Assembleia para gastar, por exemplo, em escolas e escolas, 100 milhões para as escolas o ano passado. Não executar como tal, não executar, não gastar, não gastar. Então quem é que tem que tem o dinheiro na mão? O Estado, as finanças, o GCP que decide se se faz ou se na disciplina? Que circuito das finanças?

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Ok, não é o da educação, não. Tradicionalmente, o ministro das Finanças tem liberta. Autoriza a libertação dos fundos para que os outros ministérios possam executar. Medina queria alterar isso. Medina Honra seja feita, uma das coisas que eu queria acabar com esta questão das cativações e dar mais autonomia orgânica para cada para cada ministério, poder estudar as verbas que estavam distribuídas.

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Mas quer dizer, eu acho que isso não avançou tanto que acho que cativações há uma boa razão para haver cativações e o controlo orçamental apenas para saber se a receita cai muito abaixo daquilo que era esperado. O Ministério das Finanças tem ali uma arma para diminuir a despesa e não deixar que o défice. E ao longo dos últimos anos, a minha percepção desde os tempos da troika, tu vais sucessivamente cativando e vais gastando em coisas que devia estar a gastar como investimento público.

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Há uma degradação das coisas, das estruturas. Quando se gosta do curso. Não há dúvida nenhuma que entre 2010 e 2020, o investimento público não foi suficiente para evitar a degradação daquilo que eram as infraestruturas nacionais ao nível de hospitais, de estradas, de escolas, etc. Agora que vai custar mais caro ou não havia dinheiro e portanto, eu acho que eu acho que a questão relevante aqui é que quando chegámos, após a estabilização das contas públicas e saindo daquela parte da troika, começou se a perceber que era preciso arranjar espaço no Orçamento de Estado para investimento.

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Por ora, arranjar espaço no Orçamento de Estado pra investimento público é uma bomba do ponto de vista do ponto de vista da gestão política, porque é o que é que é arranjar espaço e cortar noutras coisas. Vão aumentar impostos, como já agora, é discurso público. Neste momento, à luz da guerra na Ucrânia, de que os Estados precisam de gastar mais dinheiro em defesa de 2%.

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E eu ouvi na semana passada o senhor importante da NATO dizer Bom, se for preciso ir buscar dinheiro, a saúde ou a educação, ou as pensões, o que era assim, então é aí que vamos buscar o dinheiro para porque dos estádios da NATO? Pois ele não é propriamente uma expressão muito folk. Trata se de uma declaração muito popular.

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Eu não dei e que não tem quando mas. Mas a pergunta pode ser feita ao contrário, que se é preciso aumentar um investimento numa determinada área e agora estamos a falar nisso, o outro responderia exactamente à pergunta Tu queres? Nem é só por isso. Nessa questão da defesa, nós estamos na verdade, estamos a falar da questão da possibilidade de vir a ser tornar.

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Portugal é dos países com taxas nominais mais elevadas. Toda ceder agora não é honesto intelectualmente falar de cortes de impostos, por exemplo, para aumentar a economia portuguesa, sem dizer onde é que só fica o dinheiro porque a presidente que baixas impostos vai perder receita. Nós Este ano estava previsto no plano Orçamento o Estado termos 800 milhões de superavit, ou seja, 3% do PIB, ou seja, basicamente orçamento equilibrado.

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Por isso, onde é que eu vou buscar dinheiro para esta competitividade? Ora, crias um novo défice. Não me parece muito inteligente. Não sei se tens noção que até que tu pagaste pelo défice, pela dívida portuguesa em 2022. Quanto? Jorge? Eu, cidadão quanto per capita? Cerca de 400 €, 400 € do meu bolso para pagar isso? Exactamente como tu é que vais pagar a este ano?

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Quanto? 700 ou dois? E baixarmos a dívida 116 para 97? Vão haver. Ou seja, o aumento da dívida não me parece muito inteligente. Chega. Este ano está previsto gastar 7 mil milhões. Mas porque é que eu vou pagar mais este ano? Em teoria, ou na dívida Diminuiu em percentagem do PIB? Não diminuiu em valores absolutos? É a boa notícia que provavelmente nos 700 € valem um bocadinho menos do que exactamente e portanto, olha, eu preciso.

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Nós não temos muito mais tempo, mas eu preciso de falar contigo que a primeira é que eu queria responder à questão da escola. Então vamos lá buscar dinheiro o minuto no máximo. A dívida não parece inteligente, até porque temos, já vimos, já vimos antes com a troika que não há grande solução e os juros são enormes. 7 mil milhões € num ano, metade do orçamento da saúde para trazer um aeroporto de Alcochete.

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A segunda opção é cortes na despesa. Qual é a despesa? Aumento de impostos ou cortes na despesa? Aumentos de impostos? Um bocado parvo, porque é esse o objectivo que nós queremos é reduzi los. No entanto, lá vamos falar das gorduras outra vez e dos desperdícios e cortes da despesa. O que é que podes cortar? Transferências sociais, que é uma grande parte não me parece inteligente por uma razão não há viabilidade sequer política nem precisão normativa.

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Porque vamos a falar. Se não fosse o papel redistributivo do Estado, terias uma taxa de pobreza de 42,5. Neste momento há uma taxa de pobreza de 18%, seja quase metade da população portuguesa. Se não fosse o papel redistributivo do Estado, estaria em risco de pobreza ou exclusão social. Portanto, é uma coisa que tu não podes mexer por questões normativas.

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Já são mais subjetivas, mas por questões políticas também possível sobra daquilo. Estamos a falar do aumento da eficiência do Estado e não que não temos tempo para discutir como deve ser. Eu sou daquelas pessoas que acreditam que tirando dois ou três partes específicas do papel do Estado, se conseguir fazer o dobro com metade dos recursos, olha, isso liga me a um tópico que tem a ver com porque é que um economista se mete na política.

00:51:47:05 – 00:52:12:23
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O que é que tu te deu na cabeça para ser candidato? Cabeça de lista, não foi isso, não é? Não é só uma candidatura cabeça de lista, neste caso pela iniciativa Liberal no distrito de Coimbra. Sabes que eu comecei a vida como prefeita. Foi bem diferente. Se calhar que a maioria das pessoas que são académicos é. O primeiro dinheiro que eu ganhei foi a jogar futebol, Por isso durante uns anos achava que ia ser jogador de bola.

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Depois, quando a realidade bateu, não é que eu de facto muito jeito para a coisa. Também andei uns negócios de montar computadores e vender computadores e depois, mais uma vez a realidade bateu porque os computadores começaram a ser vendidos nos centros comerciais e já não havia mercado para pessoas como eu que montavam computadores, vendiam e de que é má academia?

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É. E foi um período grande e é com muita da investigação que eu faço. Tem relevância política. Estamos a falar de análise política, orçamental, política, fiscal, etc. Comecei a ter um pensamento político sobre quais eram as necessidades mais importantes do país em termos das políticas para resolver o problema dos portugueses. E, de facto, fui desafiado para isso. Achei que era uma experiência que gira.

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O que é que aprendeste que nunca mais quero fazer? Não gostaste do contacto com as pessoas, com os eleitores? O grande problema que eu acho é que marcou mais pela negativa. Foram os debates em que a maior parte das audiências não eram o cidadão comum com vontade de ser esclarecido, eram as claques de cada um. Cada um conseguia levar de cada partido para as audiências a tal polarização do tratamento.

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Segundo, imagina, tu estás num debate diferente. Então em dois minutos resolve o meu problema do crescimento económico em Portugal. É capaz ser difícil, mas eu acredito em ti, ou seja, tu a única coisa que tens espaço para fazer umas palavras que ficam, umas frases ficam giras. Numa T-shirt são duas. A substância não é pouca e eu habituado a um debate mais mais denso, se calhar para usar uma palavra mais neutra e não parecer um bocado fenómeno do ponto de vista académico.

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Habituado a fóruns de discussão mais densos e reflexão mais densas sobre as questões do país, saí muitas vezes destes debates um bocado frustrado e tive que ouvir coisas de que os impostos são um problema porque os jovens, quando emigram, emigram para países com impostos mais elevados que eu tinha que explicar a estas pessoas que é o cão que abanar a cauda e cauda, que o cão seja.

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Estes países ricos, produtivos, capitalizados, têm níveis de produtividade que lhes permita sustentar estados sociais fortes com impostos elevados. Portugal não é um desses países. Eles não são ricos, têm impostos elevados, têm posse elevados, são ricos. Mas quer dizer, a. Tive num debate em Coimbra em que um dos meus estava ter comigo. Era tive. Ele começou lá. Quatro Faltou cantar o hino e falar dos combatentes do Ultramar numa resposta a uma pergunta que não tinha nada a ver com aquilo.

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Mas é tudo forma e tinha pouca substância. Tinha uma cassete, era um bocado isso e aquilo aquilo. Por acaso não chega, Não podia ter partido qualquer. Não estou aqui a fazer nenhuma referência particular ao comportamento desviante do Chico nestes debates do que outros também tiveram. O ponto principal é que, de facto, o debate, o estilo de debate, aquele nível, pareceu me muito pouco profundo, muito pouco científico, muito mais interessado em ganhar a luta do soundbite do que propriamente em refletir e encontrar soluções para problemas do país.

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Apetece me provocar te Como é que alguém que é um hiper racional que gosta de pensar as coisas com con, com com pés e cabeça ao mesmo tempo, eu vejo a fazer, enfim, figuras numa bancada de um estádio de futebol. Convém apoiar o teu Benfica Benfica. Mas eu costumo dizer às vezes as pessoas veja, eu tenho a noção que tenho a perceção pública de ser uma pessoa de direita.

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Apesar de não ser português, não sou uma pessoa de esquerda, não sou desta esquerda louco. Acho que esta esquerda avariada foi uma das piores coisas que aconteceu a civilização humana e nos Estados Unidos estamos a ver isso, muita dessas consequências. Portanto, tu és um economista liberal, um liberal de esquerda, um liberal de esquerda. Nós somos quatro no país.

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Sou eu. Acho que eu correria. Eugénia Galvão Teles e Sérgio Sousa. Não há mal grupo não tem nada a ver. Um grupo de pessoas por quem tenho uma admiração profunda. Mas má. Mas pronto, existe essa perceção pública que me sou de direita. Mas eu costumo sempre dizer eu não sou de um partido, sou do outro, Eu sou do Benfica e a minha ligação ao Benfica é emocional, é tribal.

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E eu não quero saber se o Benfica joga bem ou mal. Eu quero que eles ganhem. Se ganharmos com um golo no último minuto em fora de jogo, não é maneira mais honrada de ganharmos. Que se lixe. Quanto à questão política, eu não sou assim. Eu, a minha família é um bocado do PS, como eu sou do Benfica.

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E eu confesso que até 2015, 2018 votei sem pés, quase sempre pés, mas. Mas de facto aquilo que aconteceu depois com a pandemia, minha vacina contra o PS e estou chateado com o PS porque também é de facto eu perceber que Portugal tem um potencial brutal e que do ponto de vista das políticas económicas, dá constantemente tiros nos pés.

00:57:10:03 – 00:57:34:20
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Custa me porque eu acho que nós queremos ter uma vida melhor que aquela que temos no futebol. E tudo é racionalidade e paixão a favor, apesar de eu também já ter tido contribuições mais da parte corporate, não é? Eu produzi um estudo em colaboração com movimentação de sócios sobre o processo de negociação centralizada dos vivos, que é um tópico bastante quente e que eu contribuo enquanto académico.

00:57:34:20 – 00:58:16:04
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Não foi enquanto adepto, tenho feito outras contribuições noutras áreas, tudo de alguma forma apaixonado pelo dirigismo desportivo. Mas um candidato. Aliás, nas últimas eleições do Benfica a vice presidente, é possível que volte, volte a estar envolvido num processo eleitoral para apoiar o Benfica no futuro, precisamente porque a vida é tão chata quando para a fazer uma coisa. E eu acho que cheguei a um ponto da minha vida em que acumulei um conjunto de competências e de conhecimentos e de mundo que acho que posso fazer uma melhor conjugação entre aquilo que me apaixona do ponto de vista intelectual e daquilo que me preenche do ponto de vista emocional.

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E eu acho que o Benfica, por exemplo, seria uma dessas opções, Pedro brinca. Muito obrigado, Obrigado.

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Nunca tiveram a sensação de que o dinheiro se está a esvaziar na nossa carteira?

É a economia, estúpido, dizem-me vocês, cheios de razão.

Se há realidade que se altera por decisão das pessoas, essa realidade é a economia.

Talvez isso explique porque é tão difícil fazer previsões económicas ou comunicar estas coisas do dinheiro.

Se anunciamos a crise, as pessoas acautelam-se e compram menos.

Em princípio é inteligente. Cautelas e caldos de galinha não fazem mal a ninguém.

O será que fazem? Se todos ficarmos com medo, gastamos menos, compramos menos, logo vende-se menos e com isso produz-se menos. Daí à queda dos impostos cobrados e ao desemprego é um saltinho.

E basta um susto. E lá se vai a expectativa por aí abaixo.

Ou então o contrário: uma súbita euforia, um par de informações que nem conhecemos bem, e desata tudo a comprar este mundo e o outro como se o planeta tivesse acelerado.

E o ciclo torna-se magicamente otimista.

No fundo, isto da economia é uma espécie de montanha-russa: se acreditares vai, se não, agarra-te.

Esta primeira edição de ano novo é sobre o dinheiro. O que temos, o que desapareceu, o que devemos e o que esperamos ter.

Para onde está a ir o meu dinheiro?

O custo de vida, a inflação, os salários e as escolhas económicas que definem o nosso futuro.

Decidi meter-me num molho de binóculos e tentar descomplicar assuntos que, à primeira vista, parecem técnicos, mas que estão presentes no nosso dia a dia.

Mas não venho sozinho. Convidei Pedro Brinca, professor na Nova SBE e especialista em macroeconomia. A economia dos grandes. A que acaba por mandar nos nossos tostões.

Por que razão os preços dispararam?

Pense no supermercado: o tomate que costumava custar um euro agora está o dobro, e a conta final já não parece a mesma.

Durante a pandemia, muitas cadeias de produção pararam, e isso gerou um efeito dominó. Produtos essenciais começaram a escassear, e mesmo após o regresso à normalidade, a energia mais cara e os custos de transporte mantiveram os preços altos. Essa realidade chegou também à produção agrícola: os fertilizantes, dependentes de energia, tornaram-se mais caros, e isso reflete-se em alimentos básicos que consumimos diariamente.

Mas será que é só isso? Ou aproveitando a maré, alguém fez subir a conta mais do que o aumento do custo das coisas?

Outro exemplo prático vem do crédito à habitação.

Se tem um empréstimo, já sentiu o peso das prestações a subir. Agora parece finalmente aliviar um bocadinho. Mas subiu muito nos últimos anos.

Para muitas famílias, isso significa apertar o cinto, cortar viagens, refeições fora ou outras despesas que antes eram possíveis. É carestia da vida em todo o seu fulgor.

Este fenómeno não é apenas uma coincidência. As taxas de juro são ajustadas pelos bancos centrais para reduzir a inflação, retirando dinheiro do consumo.

Mas será justo que tantas famílias suportem esse fardo?

Há também uma reflexão sobre as características da economia portuguesa. Pense nos pequenos negócios, como salões de cabeleireiro ou cafés. Apesar de serem fundamentais para a comunidade, a dependência excessiva deste tipo de empresas dificulta o crescimento do país. Negócios pequenos têm menos capacidade de gerar empregos com bons salários ou de competir no mercado global. É por isso que as economias mais dinâmicas apostam em grandes empresas e em inovação, algo que Portugal continua a desenvolver.

E o que dizer dos salários? Ai que dor.

Muitas pessoas sentem que, mesmo ganhando mais, o dinheiro simplesmente desaparece. Isso é explicado pela “ilusão monetária”: se os preços sobem mais rápido que os salários, o poder de compra reduz-se. Parece que se está sempre a correr atrás do prejuízo, e isso é uma das maiores preocupações para quem tenta equilibrar o orçamento doméstico.

Mas há pontos positivos. A sério.

Por exemplo, em comparação com outros países, os salários reais em Portugal têm mostrado sinais de recuperação, e o poder de compra está a ser restabelecido em algumas áreas.

Portanto, toca a passar do pessimismo ao otimismo.

Diz que pessoas felizes são boas para a economia.

Além disso, há cada vez mais discussões sobre como melhorar as políticas públicas, atrair investimento e criar condições para um futuro mais sustentável e competitivo.

Porque a vida não é só economia, refletimos também sobre como o desporto e outras paixões podem equilibrar a racionalidade com a emoção. Porque, no fundo, comunicar bem é essencial, seja para entender os problemas, seja para inspirar soluções.

Sabiam que Pedro Brinca é um fervoroso benfiquista?

Portanto, um importante pensador económico tem dentro de si um fervoroso e pouco racional adepto.

Eu, que sou do FC Porto nem arrisquei contrariá-lo. Sabe deus o que poderia acontecer à dívida, inflação ou ao preço do dinheiro.

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

00:02:07:17 – 00:02:32:14
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Um dos desafios na Europa hoje tem uma marca de um construtor de telemóveis europeu. Mas eles entraram pela net e não gostaram de ouvir. Não querem? Pois eles não. A Europa não existe no mercado mundial de semicondutores e só de competitividade a Europa não existe. Esse é que é o ponto de vista industrial. Ficamos para trás, pois é do resto, na era das ideias, da inovação.

00:02:32:16 – 00:02:51:24
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Pois não é, não é. Não é nada bom, não, eu não estou a ouvir, não está. Isto está no máximo e eu não estou a ouvir nem quer dizer, ok, era estupidez do animal, o que é normal já está, já está aqui. Eu não tinha o zingarelho aqui metido. Supostamente apanhei um perfil da minha voz, mas. Mas eu estou a gostar.

00:02:51:24 – 00:03:14:04
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Não, não, não preciso. Não há nada. Queres ouvir o que queres ouvir? O convidado fala assim Um, dois, três, três, três, um, dois, três. Até podes afastar mais o microfone se quiseres, para além de só para dar mais confortável eu ficar aqui, os meus leitores do Draghi ficas falando quero falar do Draghi, quero o driver para lá que eu tenho.

00:03:14:04 – 00:03:45:24
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Por isto aqui, no silêncio. E isto aqui no silêncio, no modo de dormir. Tens que fazer uma entrevista quando eu vou anunciar a minha candidatura à Assembleia Municipal de Santa Comba Dão por vais candidatar para jantar em Santa Comba Dão? Acho que sim, em princípio. E ao Benfica também. A sério? Ah pois é. É pá, isso é uma, isso é tudo isso, é tudo um epifenómeno, tudo um epifenómeno, para que eu não compreenda o que é o desporto, o futebol, o futuro, o futebol profissional.

00:03:45:24 – 00:04:06:01
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Eu não entendo aqui o que é que não entendo, o que é que a malta foi com Ricardo Paes Mamede? O gajo está comigo. Ele veio pela primeira vez o Estado português. Nunca tive um estalo, só tive tipo um. Vi um jogo em Itália. Tem pela cara maionese. Assim que entra lá, gostaria de 20.000 pessoas que o acho que é maluco.

00:04:06:03 – 00:04:43:12
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Não, mas. Mas eu gosto de ir, mas eu gosto de ir ao estádio. É para. Eu gosto do ambiente, está ali, o ambiente está de bom, mas tu não gostas. Epá, da polarização daquela merda é de e de imagético. Muito, muita. Eu percebo. Mas o que eu não percebo é. Como é que aquilo não é cuidado como um espetáculo no sentido de melhorar o espetáculo entre os teus pais, a tua voz, assim como não piorou, acho que ter alterou preset, piorou, pirou.

00:04:43:14 – 00:05:21:04
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Fazer uma equalização então não manda não. Não gosto, não Tem tudo do sítio não. A minha voz estava francamente melhor. Agora está francamente melhor. Vamos fazer uma batota. Tu consegues gravar, equalizar na minha voz? Epá, tá ótimo. Esta equaliza a minha voz e põe sobre isso presente. Pode ser? Se puder ser livre. Assim os ouvintes connosco, O futuro Prémio Nobel da Economia, O homem que nos vai explicar como o vencer em três penadas e a inflação tá ótimo.

00:05:21:09 – 00:05:49:24
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Epa, é um bocadinho não, Eu gosto é que consegue passar por cima dessa por por estes teus valores em cima, em cima do presente. Queres que eu fale mais bem? Pedro brinca. É economista e professor da nova Business School Economics, em Lisboa. Precisamos ter macroeconomia, política, monetária, fiscal e desigualdade económica em paz. Isto é, a tradução de inglês para português, de fiscal orçamental, orçamental, fiscal e orçamental.

00:05:50:00 – 00:06:11:11
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Então eu vou pôr já aqui. Orçamental não quer dizer que também não seja a melhor estatização, mas está muito melhor. Olha essa coisa aí, esse computador é do teu lado esquerdo. Tenho uns vermelhinhos aí. Vermelho. De resto, tá assim com ar de. Deve estar reco reco reco reco e o botão de cima que diz aqui deve estar. Eu seguro para.

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Orçamental Exactamente. Essa ciência ao contrário.

00:06:37:22 – 00:07:11:10
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De agora, aqui e agora. Quer vocês, ouvintes de tudo isto por aqui e coiso. E põe isso quando quem quiser. Eu também vou por aqui. São. Um Mas adorei tanto as eleições, pá! Foi espetacular. Eu tinha pago para vir, por isso é que também não. Exato. Portanto tu ganhaste. Tiveste um valor acrescentado que nem sonhaste que existia e fiz a melhor previsão da noite.

00:07:11:12 – 00:07:40:19
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Fiz a melhor previsão da noite porque ainda as pessoas não estavam a sair. Eu avisei. Olha que as sondagens estão a dar resultados muito competitivos, muito próximos. Uma eleição muito renhida. Mas os erros têm uma correlação especial, pois com toda a gente porque quer que eles façam. E eu também não sei porque é que há uma correlação espacial desde o mapa dos Estados Unidos e se as sondagens subestimarem Trump, não estava a probabilidade que no estado ao lado, que parece que está renhido a votação do Trump também ter sido subestimada é enorme.

00:07:40:21 – 00:08:11:22
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Há um contágio. É o que a fotografia da realidade pode ser contagiada e conforme vão mudando, significa que passa de um lado para o outro. Não é necessariamente. Isso quer dizer que o enviesamento da sondagem é sistemático, seja aquilo que me levou a errar, por exemplo, no raio relativamente à proporção de voto no Trump, tipicamente, esses erros também são replicados noutros estados, o que significa que se o Trump começar a ganhar por uma margem grande num Estado, é provável começar a ganhar também por margens grandes nos outros.

00:08:11:24 – 00:08:34:24
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Porque se eu fiz um erro desse tamanho na escala de direção neste estado, também é provável que faça também um erro daquele tamanho e naquela direção noutro estado. Faz sentido todo o país urrar a vibrar na coisa que não eu ouvi e o meu está no bolso. Portanto, vê. Mas eu não recebi nenhuma mensagem. Ninguém me ligou. Então pronto, então fui eu que sonhei também.

00:08:34:24 – 00:08:53:02
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Pode ter acontecido. Eu tinha aberto só por causa de mas digitarmos por foi em modo vou para lá e fica e fica. Fica o nosso problema resolvido no desligar do planeta está resolvido. Ok, vamos lá. Não é necessariamente mau. Não, não é mau.

00:08:53:03 – 00:09:21:04
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Vamos lá. Pedro brinca Viva Economista, professor da Nova Business School. Recebe assim e que é especialista em macroeconomia, em política monetária e em orçamento, que é uma espécie de ciência oculta para mim, conseguir entender um orçamento e em desigualdade económica. E isso interessa muito, porque me pergunto todos os dias, agora, nos últimos anos, onde é que está ir o meu dinheiro?

00:09:21:06 – 00:09:38:16
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É que eu geralmente olhava para a minha equipa, a minha carteira. Agora virtual, para a conta bancária, tipo está a conta bancária. Também estava a pensar passar umas férias em Lisboa já para pensar o que é que eu vou comprar a seguir. E agora parece que é um saco roto. Parece que o dinheiro se esvai. O que é que está a ficar com o dinheiro?

00:09:38:18 – 00:10:00:23
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De facto, tem havido um fenómeno que parece que já nos tínhamos esquecido. Tem piada. Se nós formos A21019 houve duas capas, uma da economia escrita da Bloomberg, que anunciavam a morte da inflação e, talvez, como Mark Twain, a morte da inflação foi precocemente anunciada. De facto, passado apenas dois anos, estávamos como aqueles de inflação, como já não víamos há 20 ou 30 anos.

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E nesse sentido, esta ilusão do poder de compra que é aquilo, tu me parece que está a fazer passar, era algo que já não estávamos habituados. Quer dizer, quem se viveu na década de 80 lembra se taxas de inflação elevadas em Portugal. Mas depois vieram os anos 90, vieram os anos 2000, veio 2010, a década de 2010 e durante todo esse período a inflação foi desaparecendo e tinha andado muito próxima de zero.

00:10:24:15 – 00:10:46:24
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Mudaram as coisas, mas o que é que faz com que a inflação suba O desça Porque? Porque esse é aquilo que nos interessa, que não dá para regular administrativamente. Não podemos meter uma cunha ministro das Finanças e dizer olhe, veja lá, congelei os preços um bocadinho porque estou assim 90 Pronto, Então a inflação é taxa de crescimento de preços, Ok.

00:10:47:01 – 00:11:05:22
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E porque é que os preços mudam? Os preços mudam em relação a duas coisas oferta e procura apenas isso? Só aumentar muito a oferta. É óbvio que os preços baixam. Se aumentar muito a procura, os preços sobem. Agora o que acontece todos os dias é que varia oferta e varia a procura. E porquê? Então porque é que estas.

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Porque é que estas variações ocorrem? Ocorrem por muitas razões. Nós, na pandemia, tivemos flutuações do lado da oferta. A capacidade da economia de oferecer mais bens e serviços. Essa capacidade foi debilitada por causa de todas as disrupções que as medidas de controlo sanitário e, principalmente o comércio internacional introduziram. De repente, começaram a faltar bens nas prateleiras. E obviamente que isso faz com que, especialmente porque um preço muitas vezes também reflete escassez importante quando nós fazemos parar a produção de uma determinada fábrica ou vamos todos para casa, ou deixamos de fazer determinadas coisas.

00:11:40:11 – 00:12:04:14
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O impacto no aumento de bens e, portanto, nos bens. Quando eu quiser que a comprar aqui esta caneca e esta caneca. Afinal, em vez de haver 100 no mercado existem apenas 50, logo o preço vai subir. Se a quantidade de pessoas que querem comprar canecas não se alterar, havendo menos canecas o preço sobe. Mas em princípio, no momento imediatamente a seguir, em que há tanta vontade das pessoas comprar canecas como se não houvesse amanhã, tem princípios.

00:12:04:14 – 00:12:36:14
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Empresas a seguir que também querem vender canecas, vão ao mercado, oferecem muito mais canecas e o preço deveria baixar de estabilizar. A questão é que na altura do convite, aquilo que aconteceu foi precisamente que as empresas estavam impossibilitadas de produzir mais canecas uns para lá. Tu é que és um economista, mas eu aqui uma coisa que me está a moer aquele eu consigo perceber que a caneca que é feita lá longe na China e que não ao barco, que a fábrica tenha fechado, que as pessoas têm ficado doentes.

00:12:36:16 – 00:13:03:04
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Eu consigo perceber isso, mas os tomates, isso, bolas! E as batatas que são feitas ali pelo meu vizinho agricultor. A escala de preço 80% do preço de uma produção agrícola. Então energia energia que aconteceu na Ucrânia, a energia foi para cima, o gás deixou de ser barato, havendo menos gás. Nós na Europa temos um défice de produção de electricidade que temos que compensar com o gás natural.

00:13:03:06 – 00:13:33:04
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O gás natural aumentou, aumentando o gás natural, aumentou o preço de eletricidade, aumentando o pensar. A sociedade contagiasse os outros mercados da energia, inclusive na produção de bens, como por exemplo, os mais agrícolas fertilizantes, 80% daquilo. A energia que é preciso fazer para produzir esses fertilizantes e naturalmente que depois sobe o preço do resto. E então e desse pequeno aumento, o grande aumento da inflação corresponde, de facto, essa aumento real da energia e da disrupção.

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A pergunta de 1 milhão € e foi a grande pergunta polarizadora que alimentou muito o debate sobre o que é que deveria ser feito para combater este problema da inflação? Eu que sou espertalhaço e diga assim, vou aproveitar aqui o contexto público de aumento dos preços e afinal vou aproveitar aqui umas canecas que tinha em stock. Vou vendê las a mais de 30% do preço a que estão.

00:13:54:03 – 00:14:14:24
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A questão da manipulação no mercado é crime. Aliás, especulação é um crime. Atenção, mas os preços são livres, certo? Sim, sim. Os preços são livres, mas há práticas comerciais que não são livres. Eu não posso, por exemplo, vender abaixo do preço de custo, por exemplo. Chama se dumping, ou seja, é um conjunto de práticas comerciais que não são, que não são, que são proibidas e que são regulamentadas.

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E bem, na altura em que tivemos esta inflação houve uma grande pressão para perceber se está de facto especulação pura. O que é que estava a passar? Já nos a distribuição que andava a enganar as pessoas, etc. E a ASAE na altura meteu uma data de inspetores na rua, fizeram verificações, dizer e os casos de crime de especulação ou de estar a um preço na prateleira e outro depois atrás da caixa.

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Esse tipo de coisas eram residuais e não foi de certeza por aí que tivemos a crise, a inflação, mais uma vez, como disse, o princípio que de deflação vem da oferta, havendo procura que estamos do lado da oferta foi precisamente o aumento da questão da energia, foi a questão da dificuldade no abastecimento. Nos contentores, por exemplo, passaram de três ou quatro ou 5.000 $ para 25.000 $.

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Os tempos médios de entrega da China para os Estados Unidos ou da China para a Europa também multiplicaram se para mais do dobro. Tudo isso gerou entropia e tudo isso gerou a falta de produto, ou seja, a oferta. A oferta estava abaixo daquilo que era normal e havendo menos oferta de bens e serviços, aqueles bens e serviços que chegam às prateleiras, obviamente ficam mais caros.

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Mas não era só a oferta, também era procura. E aquilo que aconteceu e que nós vimos muito foi a Europa a entrada para a pandemia. Viver uma época de histórias em termos históricos, de uma enorme confiança nas instituições. Porque, de facto, aquilo que aconteceu na crise de 2008 e aquilo que aconteceu na crise da dívida soberana foram intervenções públicas que conseguiram resgatar a economia e conseguiram estabilizar e voltar a dar a níveis normais de emprego e de atividade económica.

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E, portanto, em princípio, eu confio no meu governo. Eu confio no Banco Central Europeu, eu confio na estrutura. Vou confiar a eles confiarem neles, na capacidade que eles têm, eles próprios, eles próprios. E o que é que aconteceu quando veio a pandemia? Nós tivemos, tivemos injeções monetárias e e políticas orçamentais expansionistas que foram historicamente elevadas, nunca tinham acontecido nesta ordem magnitude.

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Vamos lá ver. Para um leigo o que é que isto quer dizer, Porque nas notas e pusemos no helicóptero lá para cima e começamos a tirar notas para o povo poder dar um exemplo o governo se tiver as contas equilibradas, tem um défice plano. Os impostos são o poder de compra que o governo retira a empresas e famílias.

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Se isto correr bem ao cobrar impostos, estas pessoas já não têm dinheiro para gastar, vão comprar menos bens e serviços, a procura baixa e os preços baixam. A despesa do Estado é pressão sobre as fontes de serviços, porque é o Estado a ir ao mercado a querer comprar bens e serviços e a concorrer com o resto da economia e portanto sobe o preço, sobe o preço.

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O que é que aconteceu na altura da pandemia de défices historicamente elevadíssimos? Seja, era preciso reinvestir, era preciso comprar coisas e era preciso entregar prestações sociais. Era preciso tudo exigir. No fundo, a sociedade e o Estado decidiram investir e retornar à sociedade de valor. A questão não é se o deviam ter feito. É uma questão, Não é a questão do final, a questão da quantidade.

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E hoje existe a perceção que foram longe demais, gastamos demais, gastamos mais. Essa hoje é perceção. Portugal por acaso foi dos mais bem comportados. Nós gastamos cerca. Em 2020 voltou a ir. Foi cerca de 2,8% do PIB. Em ajudas diretas, por exemplo, a Alemanha gastou 10% e os Estados Unidos gastaram 20. Ok, estamos a falar de facto de uma tempestade perfeita, porque por um lado, de facto havia problemas do lado da oferta.

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As redes de distribuição e as cadeias globais de valor ainda muito fragilizadas, o que na Europa depois ainda foi exacerbado pela questão ucraniana o fornecimento de gás natural e da contaminação do preço da energia para depois para tudo o resto. Ou seja, temos esses problemas lá de oferta, sobem os preços e depois de lado a procura. Também tivemos ajudas que hoje se percebe que foram sobremaneira excessivas.

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As ajudas foram bem sucedidas num ponto nós conseguimos evitar a destruição de emprego e destruição de empresas. Parece me uma boa notícia e a questão é que se calhar fomos longe demais. Ou seja, não só evitamos a destruição de emprego e a destruição de empresas e isso foi bom. Mas se calhar não devíamos ter ido tão longe que se calhar havia ali um espaço em que conseguimos evitar essas, esses dois, esses dois problemas, sem criar uma crise de inflação desta ordem de magnitude.

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Isso é uma decisão dos políticos. Ou tu e os seus primos economistas são, afinal, os culpados de não saber como é que se regula este potenciómetro? Se põe mais dinheiro na fogueira ou menos dinheiro? Isso é verdade. A economia é uma ciência que tem de entender, errar muito. Se bem que é verdade que desta vez todos economistas previram que iria haver inflação.

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Em primeiro lugar, porque isto era uma crise sanitária. Não foi uma crise económica no verdadeiro sentido do termo, porque era mais fácil de calcular que isto ia acontecer. No entanto, a questão do cálculo era questão de perceber que em 2008 e em 2011 tivemos crises dos sistemas económicos. Tínhamos uma bolha imobiliária, uma bolha no sector financeiro. Rebentando essas bolhas, é preciso transferir recursos desses setores para outros setores.

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Falamos disso. O que que é uma bolha? Uma bolha é quando o preço de algo ou a valorização de algo se afasta do seu valor fundamental. É como o valor das casas. Agora, se eu soubesse, não estava aqui a falar contigo. Estava a investir em fundos imobiliários, estava rico a comprar ou vender. A questão é a resposta a essa pergunta.

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Já haveria já resolvido o problema. A questão é que as bolhas são muito difíceis de detectar antes. Não é porque se não estava que quem conseguisse fazer estava rico. Mas a dinâmica da bolha é muito simples de perceber e já muito antiga. Se nós formos até ao século XVIII, século XVII, vamos lembrar da crise das tulipas. Os bolbos tulipas na altura começaram a subir de preço e as pessoas começaram a olhar para aquilo.

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Era assim o que era ganhar dinheiro? O que é que não quer ganhar dinheiro? Claro, estávamos. Comprávamos tulipas porque amanhã vão valer mais do que hoje. E depois vale tudo. Comprava os tulipas, tudo, comprava os livros que aconteciam por essas e depois soube quem comprou. Depois ganhou imenso dinheiro. E como toda a gente gosta de ganhar dinheiro e se gabar que ganhar dinheiro diz a toda a gente e vai.

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Cada vez mais gente comprava tulipas. Portanto, criou se aqui uma grande crise aqui. O meu momento em finanças chama se momento, um momento. Portanto, o que está a dar é comprar bulbos de tulipas. Até que chega uma altura que há um que pergunta para que é que isto serve? Aposto que foi o economista que perguntou um economista que não conseguiu comprar bulbos de parasitas, visse?

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As rosas é que é que é o novo, o novo mercado e despeja os bolos tulipas no mercado. Isso faz baixar o preço, baixar o preço. A malta começa a perceber e agora está a perder dinheiro. Melhor vender já. Então começa tudo a vender, Já começa tudo à venda, já aumenta. Só cá para nós. Portanto estoura o mercado no fundo, Exactamente.

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E nós hoje, em 2007, 2007, nós vivemos uma fase, uma certa euforia do ponto de vista da desregulação financeira, etc. Porque vivemos um período ali desde o fim da década de 70, quem ficou conhecido como a grande moderação, em que de facto não houve grandes crises, não houve grandes flutuações que se você, que uma certa euforia, que os mercados resolvem tudo, não é preciso regulação, mas ferro onde é?

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E depois chegamos precisamente à conclusão que por vezes não é bem assim e as economias precisam de alguma supervisão para ter a certeza que fenómenos como esse não acontecem porque isso depois obviamente destrói emprego, destrói empresas, destrói a vida. Muitas pessoas. E este é o tal fenómeno das bolhas. Então a inflação subiu. Nós necessariamente empobrecemos, apesar de os Estados terem injetado uma quantidade gigantesca de dinheiro, também não é necessário que empobrecemos.

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Vamos lá ver, não ficamos mais pobres. A questão é que não podes ter crescimento real positivo, Ou seja, se o PIB passar o PIB em Portugal são perto de 280 mil milhões €. O Dr. Guterres também tentou fazer essa coisa queda de 3% e era mais difícil, era mais difícil 280 mil milhões € se passar de 280 mil milhões para 500 mil milhões, será que estamos melhor?

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Depende da inflação. Mas tu podes ter inflação que não é suficientemente alta para que a o crescimento do rendimento mais do que compense o efeito da inflação. Mas a inflação come o aumento de riqueza, Óbvio, Sim, para toda a gente. Imagina tu ganhas 1.000 € amanhã ganhas 2000. Estás melhor, Estás pior. Depende da inflação. Se a inflação for 100% na mesma, então está a ilusão monetária, Sem dúvida.

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Aliás, ela só monetária daquilo que é mais usado na gestão económica e política de tudo e mais alguma coisa. É uma batota sem homem. É uma batata assumida por todos. Dou o exemplo todo o exemplo. Em 2002 o Governo decidiu congelar os escalões de RF. O que é que significa não sair? Diz me. Eu digo te os escalões de arresto estão definidos em função de valores absolutos de euros, ou seja, quem ganha até para rendimentos entre 10.000 € e 15.000 € tens uma taxa.

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Depois o rendimento da parte do rendimento entre 15 e 20000 pessoas de baixa, etc, etc. Se tu congelar esses esses escalões nesses valores de euros e tiveres inflação de 10% ou o rendimento cresce 10%, mas depois a inflação também cresce 10% e ter poder de compra estás na mesma, mas vais pagar muito mais impostos. Porquê? Porque não atualizar tu com GR?

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Por acaso agora no âmbito deste orçamento não é exactamente no âmbito do Orçamento do Estado? Está refletido no Orçamento de Estado, mas foi no âmbito da Assembleia da República foi aprovada uma lei que obriga ao que estabelece que as atualizações do RS todos os anos agora é feito de acordo com a inflação e com o crescimento real da economia de forma automática, de forma automática.

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Parece me uma coisa francamente honesta. Pois, mas em 2022 nem tu sabes que isso aconteceu, pois não? Isso aqui está um bom exemplo de ilusão monetária. Portanto, a nossa, neste caso a minha, quer dizer, as pessoas que nos escutam Seguramente não, mas a nossa ignorância sobre a maneira como estas coisas se movimentam é real. Aliás, isto até foi objeto de mais um por agora, um momento que da tarde.

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Mas isto até foi objeto de estudo de um economista que ganhou o Prémio Nobel do Povo, Lucas, que realmente conjetura que estes fenómenos de ilusão monetária são mais fáceis de fazer em economias que a inflação tradicionalmente é baixa, como é o caso da nossa, porque a gente nem sequer está a olhar para nós. Estamos habituados a olhar para a inflação porque a inflação tende a ser muito baixa, então nós não ligamos a inflação.

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De resto, como os preços, quando nós vamos ao supermercado antes dos tempos de inflação, era uma coisa que nós pensávamos nos bens que tínhamos que comprar. E agora, quando a conta do supermercado já não é 100 € e passou a ser 250, nós vamos olhar ali o que é que está a acontecer, cada pinguinha de cada lado. Ora, eu quero falar do Orçamento de Estado, mas quando a inflação sobe acima desse número mágico, 2% sabe Deus e os economistas porque é que a 2% vem aí uma receita?

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E então é o que fica. É pesquisadores, todos os 2%. Então porque é que esses 2% percebem? Não têm razão nenhuma. E o que é que não é? Quatro Porque é que não é uma pergunta? É porque é que não é zero? Pois isso é. Sei que existem várias, várias teorias a tentar explicar porque é que é um valor acima de zero.

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É a ideia que os bancos centrais, tipicamente quando olham para economia, estão preocupados, por um lado, com estabilidade. Os preços, mas por outro também com a estabilidade económica, ou seja, com o nível de emprego. Querem que a economia não esteja em recessão? Ok. No caso da Europa, nós temos uma tradição de primeiro temos que olhar para a realidade, preços.

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Só em segundo lugar é que olhamos para os níveis de emprego Nos Estados Unidos, o mandato do banco de reserva Federal americano e o mandato do UAU! Eles é suposto darem tanto peso à inflação como a questão do emprego. A questão é quando a inflação está muito próxima de zero. Existe um incentivo do Banco Central Europeu, do Banco Central, de fazer emissões monetárias para estimular a economia.

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E isso gera inflação. Muito bem. Por isso, só quando a inflação já está a um nível que de alguma forma terá ido ao emprego, estabilidade de preços é posto em causa. É que o Banco Central Europeu ou os bancos centrais deixam de querer surpreender os países com emissões monetárias para estimular a economia. Então, os 2%, os 2%, são aquele bocadinho sweet spot, um pedaço de chocolate para animar a malta.

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Porque quero imaginar que se a inflação, em vez de 2%, 3% ou 4% fosse negativa deflação, um impacto disto era o que ficávamos à espera para deixa la ver se o preço baixa mais um bocadinho nos keynesianos. Se fôssemos keynesianos, essa essa dinâmica que tu estás a descrever, era exactamente isso que acontecia. Nós teríamos o consumo porque pensávamos que é melhor gastar o dinheiro amanhã, que as coisas vão ser mais baratas.

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Ao fazer isso, estamos a provocar ainda maior deflação, porque diminui a procura de bens e serviços, isto é, entra numa espiral em capacidade económica baixa. Ok, é a economia em versão, portanto, em princípio, a baixa sucessiva de preços é uma catástrofe anunciada. Generalizadas. O pensamento keynesiano isso ok. O que é que o senhor Keynes nos traz É esta dinâmica que acabei de descrever.

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Portanto, convém que os preços vão subindo sempre um bocadinho, de uma forma controlada, mas que se sirva de estímulo à economia. E isso já é outra interpretação do porque é que os 2% devem estar ali. Eu diria que uma das teorias ou uma das ideias que estão por trás da inflação, a não ser zero do objetivo dos bancos centrais não ser zero, foi aquela que te descrevi antes.

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É uma questão de espécie de jogo de gato e do rato entre agentes económicos e o Banco Central. A segunda pode ser essa ideia de que, de facto, que um objectivo de inflação zero faz com que não seja um objectivo de 2%, faz com que exista uma certa penalização para as pessoas não investirem o dinheiro ou não, porem ao tentarem criar algum tipo de investimento ok, Existe um custo oportunidade de não ter o dinheiro parado em casa.

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Então vamos lá ver agora a minha tese. Nós ficamos mais pobres, a inflação subiu, os salários não acompanharam essa inflação e o Banco Central Europeu acompanharam. Portugal foi um dos únicos poucos países que teve um crescimento real dos salários. Não digas isso porque isso é uma conversa para os patrões depois não aumentarem o salário das pessoas. É importante acompanhar, porque significa que a gente não perdeu as contas, as contas, não feitas, as contas, poucos países que que recuperou mais rápido em termos do poder aquisitivo dos salários, foi isso é uma boa notícia.

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Bom, então, mas não estrague a história. Eu partindo do pressuposto que nós uma desgraça, pelo menos na fase inicial, perdemos poder de compra que o Banco Central Europeu decidiu ajudar nos nesta conversa e subiu as taxas de juro. E com isso o meu empréstimo da casa foi para lá das estrelas. Duplicou, triplicou. Bela ajudinha do banco, mas esse é o objetivo.

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Desculpa, Dilbert, mas não sejamos. Não há aqui qualquer ambiguidade. Mas é que eu já tive a vida das taxas. Eu já devo. Aquele dinheiro não vai mudar nada, Vai porque tu agora, em vez de teres um rendimento disponível de 1.000 €, estejam rendimentos por nível de 800 ou 700 porque vai te pagar mais 300 de juros. Já não vou dizer isso, já não vais de férias, já não metes pressão sobre a procura de bens e serviços e os preços já não sobem tanto.

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Mas aí não há ambiguidade. Nenhuma das taxas de juro é para retirar poder de compra a governos, empresas e familiares. Parece um castigo e um castigo. É uma maneira de tirar. Vamos lá ver qual é o mandato central europeu, estabilidade de preços, se os preços vão subir é porque a procura é maior que a oferta, tendo muita dificuldade do Banco Central Europeu de controlar a oferta.

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O que é que eles conseguem fazer? O problema é que se tu, como disseste um bocadinho a questão da inflação foi causada genericamente por disrupção na cadeia da escala dos juros. É que eu te disse que era a pergunta de 1 milhão € e que estava toda a gente a discutir Porquê? Porque se a inflação for apenas pelo lado da oferta, ela vai aumentar as taxas de juro não resolve, Mas gás natural na Ucrânia isso.

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Ou seja. Por isso a justificação de uma política agressiva de subida das taxas de juro, na sua maioria, não é absoluto. Mas a justificação de uma subida agressiva das taxas de juro por parte do BCE e apenas faz sentido se o problema tiver problema entrar. Se estiver do lado da procura. Então eu agora tenho outra pergunta. Por saber, deixamos perceber quanto é que desta espiral inflacionista vem de procura excessiva e quanto é que vem de oferta demasiado baixa?

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Está aí a chave para dizer qual é a política óptima em termos de taxas de juro. E o que nós vimos foi um debate muito polarizado entre quem achava que estava quase tudo choques de procura e quem achava que isso era quase tudo choques de oferta. Hoje conseguimos olhar para trás e perceber que, como em quase tudo, no meio está a virtude.

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E então e ela foi. Problemas de oferta? Sim, mas também foram problemas de lado a procura. Se o meu empréstimo da casa subiu como se não houver amanhã exatamente para ajudar a controlar a inflação, vamos ter esta ideia benigna que eu como cidadão e quer dizer agora, a partir do momento, tu passaste a pagar mais pela tua prestação, compra menos coisas.

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Muito bem que não havia problema. Então é ali que eu é que o empréstimo passa a prazo. Li que nós temos ali na Caixa Geral de Depósitos um crédito. Continuavam a pagarmos agora para falar de Portugal, né? Então Portugal foi de facto um dos países onde a margem financeira mais aumentou? Ou seja, o que é que a margem financeira é a diferença entre os juros cobrados pelo dinheiro que empresta e os juros pagos pelos depósitos que nós metemos no banco?

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Isso é uma transferência de dinheiro dos que nós paga para o momento, para a financeira, seguramente isso. Claro que eles tiveram um aumento histórico dos seus lucros e eu precisa de pôr uma luz naquilo porque estava a tentar perceber isso. Sim, sim. Mas acho que não há dúvida nenhuma. Houve momentos históricos dos lucros dos bancos nos últimos dois, três anos.

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É preciso também ter cuidado de não ter um discurso populista, porque se nós fomos antes, tiveram prejuízos integrados desde 2011 ou 2012, só em 23 é que a Caixa, neste período dez anos acumulou, teve lucro acumulado positivo, os juros eram negativos e não ganhava. Aí tivemos uma crise da dívida soberana. A banca perdeu essa altura. Mas como é que a banca perde dinheiro numa crise da dívida soberana?

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Supostamente não é uma dívida que os Estados têm, com uma enorme valorização de ativos. Ou seja, nós tivemos os bancos não comprados, nós tivemos em primeiro aí um problema. Porquê? Porque o custo financiamento da banca aumenta. Ou seja, o que é que é uma crise de dívida soberana? No caso, no contexto português, foi os mercados deixarem de acreditar que o governo português ia conseguir pagar as suas dívidas.

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Tamos a falar do tempo da troika. Exatamente. Isso significa que a dívida portuguesa, que não é uma palavra sofisticada para descrever a promessa que o Estado vai pagar aquele primeiro Estado tinha cada vez mais risco. Você tem cada vez mais risco. Quem empresta pede uma compensação cada vez maior para assumir esse risco nos empréstimos futuros dos empréstimos. Os empréstimos que foram feitos a partir desse momento.

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E é bom lembrar que a dívida portuguesa andará perto dos 270 mil milhões € e aquilo é um bloco que todos os anos é preciso fazer emissões e é para pagar ao país. Como diria um político, ultimamente tem sido pra pagar. Nós, nós, desde o PEC até agora, nós baixámos de 136% de dívida em percentagem do PIB para cerca de 97 ou 98, o que significa que o dinheiro que o Estado tem disponível para o Orçamento de Estado, em grande parte, está sido também canalizado para pagar a dívida antiga e ativa essencialmente nos superavits que temos tido primários, não tanto com o dinheiro que sobra no fundo para pagar a dívida, o dinheiro que sobra para

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amortizar a dívida é claro. Nós não temos que emitir a dívida, não é para assegurar as necessidades brutas, financiamento do Estado. Nós temos aprovado o Orçamento de Estado para o para o próximo ano e é sempre uma discussão política. Seguramente alguém sem ser os economistas e os políticos entende verdadeiramente o que é que lá está escrito no Orçamento para nós termos um problema sistemático em Portugal que nós só discutimos porque é que no Orçamento está apenas que temos 15 dias ou um mês para o que O que em si é mau Porque quer dizer, há poucas coisas.

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O crescimento resolve muitas coisas, o crescimento económico resolve muitas coisas. Adotou o exemplo de 2013, nossa maldita em este meio ponto percentual por ano. Se nós tivéssemos crescido por ano nesta década, aquilo que crescemos em 2019 não teríamos entrado na década de 2010, quando teve que vir a troika com o rácio da dívida sobre o PIB de 66%, o que era extraordinário depois, já que era quase o dobro e o que aconteceu para três?

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A anemia. Não sei se existe alguma explicação para isso. Há três ordens de explicações para essa anemia que Portugal sofreu nessa altura. A primeira foi a entrada da China na Relação Mundial do Comércio, o que pôs em causa o nosso modelo de internacional. Porque estamos a falar dos têxteis. Estamos a falar de dois produtos no nosso modelo o nosso modelo industrial era produzir barato e com pouca qualidade e para quem não é, mas não consegue competir ao não conseguir.

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Agora a China mudou muito, mas na altura que é esse o paradigma chinês que tem um problema, porque tem outros países ali à volta que têm esse modelo mais barato. Exatamente. A segunda razão foi a entrada dos países de Leste no mercado, único país com qualificações com salários mais baixos e que pôs em causa também a nossa competitividade.

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E depois existe uma terceira que é um bocadinho mais complexa. Não sei se temos tempo para ver tudo, mas tem a ver com o facto é que nós entrámos no euro e ao entrarmos no euro tivemos acesso a crédito muito mais barato e as taxas de juro baixaram imenso. Essa baixa das taxas de juro, a taxa de juro, O preço do dinheiro é como qualquer preço.

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Quando baixa, as pessoas compram mais e nós duplicamos o nosso endividamento privado. Já levou ao endividamento público. Nós duplicamos o nosso endividamento privado ali no espaço de dez, 12 anos. Portanto, fomos todos comprar uma casa. Fomos todos investir nalguma coisa. Vamos todos comprar, ter uma vida. E o que é que acontece quando tu tens imensa liquidez? Vais meter pressão sobre o quê?

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Preços e que acontecem? Os preços sobem todos? Não. O preço do petróleo não muda porque ficam alguns, porque os portugueses têm mais dinheiro e o preço dos bens não transaccionáveis. O que é que não está transaccionável? Estamos a falar de pequenos serviços, restaurantes, cabeleireiros, cafés, coisas desse género. E o que é que aconteceu? Passou. Como esses preços subiram a receita começou a aumentar e a rentabilidade desses negócios começou a aumentar.

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E começamos a ver uma transformação estrutural da economia portuguesa em termos de investimento e em termos de pessoas a dirigirem se. Pensei boa ou má, porque é que isto é mau? É mau? Estamos a falar de negócios de baixa produtividade, baixa escala, sem grande pressão competitiva, para serem mais eficientes, mais organizados, mais produtivos, mais competitivos. Portugal tornou se num país de restaurantes, cabeleireiros e esteticistas.

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E eu não digo isto no gozo. Portugal é o segundo país da União Europeia com uma percentagem da população em que a mulher esteticista e faltam as fábricas. Faltam os grandes investimentos. Grandes empresas em Portugal que dique que exportem e que é um bocado para aquela história do gato gordo e do gato magro. Nos restantes grandes centros, os gatos não são o gato para mim.

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Tenho dois em casa que eu estava mas a minha não deixa. Mas os gatos que imaginam um gato de casa mais gordinho e com gato na rua para sempre, muita comida no gato de casa fica de lado, A comidinha não tem que se mexer, O gato da rua ocorre para comer ou morre. As empresas que competem nos mercados internacionais são competitivas, organizadas, produtivas e eficientes ou morrem e nós tornamo nos uma economia com muito pouco emprego e muito pouca atividade económica, precisamente nesse setor.

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Para teres uma ideia, as grandes empresas, aquelas que conseguem criar economias de escala e ser competitivas e exportar, etc. De grandes empresas em Portugal têm apenas 21% do emprego, mas geram quase 40% do valor acrescentado. Portanto, o resto são micro empresas. Lá está o que é o que? O que for. Hoje não há nenhum nos números mais elucidativos, mas mais gritantes do que isto.

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O famoso relatório criticou a Europa por ter um peso excessivo de emprego e de atividade económica em micro empresas face aos Estados Unidos. Portugal tem 50% mais do que a média europeia que Draghi indicou, 50% mais de emprego do que a média europeia e micro empresas. Porque é que estão o problema? Porque o valor acrescentado bruto de um trabalhador numa microempresa são 22.000 €.

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Não temos depois um efeito de multiplicação. Sabes qual é o valor Acrescentado bruto médio de um trabalhador numa grande empresa com 84.000 €? Só temos a 20% do emprego nas grandes empresas. E dou te aqui o número. Se nós tivéssemos a mesma distribuição de emprego, o tamanho da empresa que tem a União Europeia, isto era um aumento de 16% do PIB e ficávamos quase iguais a França e a Itália.

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E tudo o que é preciso fazer para que nós tenhamos um conjunto de estruturas que penalizam as empresas que têm a ambição de crescer. Por exemplo, a progressividade do IRS sobre as empresas. Quanto mais ganha, quanto mais rica é a empresa, mais tem que pagar, mais rica. Essa é que é o grande engano do investidor. Tu estás à procura de quê?

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Rentabilidade? Rentabilidade é o retorno por dinheiro investido. E quando olho para a imprensa, vês toda a gente escandalizada com os milhões da banca, por exemplo. E este ano, pronto, foram acima do normal. Também não precisas de me bater. Quer dizer, mas o ano passado, por exemplo, o Millennium bcp teve 200 milhões € de lucro. Já está na escala. O máximo paga uma taxa máxima possível.

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Mas a pergunta é quanto é que tu tens que investir para ir buscar de 200 anos 60 milhões €? Eu digo captação bolsista do Millennium BCP O ano passado andava por volta dos cinco 5 mil milhões, portanto dar te uma rentabilidade 4%. Portanto não estão investidos num quiosque de jornais com 10.000 €, porque os jornais conseguem abrir para 10.000 € e tiveram um lucro de 2000, rentabilidade de 20%.

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Quanto é que pagas? Deve ser o mínimo. Ou seja, o nosso sistema fiscal. E não é só você não fiscal, as leis laborais, etc, estão todas desenhadas a criar incentivos para a fragmentação do capital e propostas para pequenos negócios baixo escalão que não tenham grande dimensão. Portanto, tratamento quer da parte laboral, quer da parte fiscal, muito mais amigável.

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Isto significa o quê? Que significa que depois as pessoas vão trabalhar nessas estruturas, vão criar pouco valor acrescentado e depois têm salários baixos. Portanto, é uma espiral. Olhando para o orçamento deste ano, todavia, há uma descida do IRC de 1% e Deus sabe o que é que teve, o que é que foi, o que é que foi acontecer para que isso acontecesse.

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Vamos a ver o RC podia baixar para zero juros zero, então já foi feito, não só porque porque o mal está feito. As empresas quando se deslocam e investem igualmente na escala, etc. Eles não olham um ano, elas olham para cinco, dez anos. E qual foi? O que é que esta negociação de negociação do Orçamento mostrou? Toda esta que toda esta discussão teve ao torno de baixar apenas viessem 1% e que não existe um compromisso do principal arco de países do arco da governação de que a competitividade fiscal é prioritária para o para os principais partidos em Portugal, o que significa que podias baixar o IRS e P0.

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Se os agentes económicos acharem que cai este governo, vem para cá o PS e volta outra vez aos 31. Ninguém se mexe, ninguém se mexe. E será que isso é possível? E porque tu fizeste esse acordo em 2013? Entre Passos Coelho, então líder seguro, conhecido do RC e do seu António Costa, tomou conta do país e subiu para níveis nunca antes atingiu antes.

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Não é uma questão, é uma questão política. Porque se tu me estás a dizer que o efeito entre uma taxa grande de RC e uma taxa baixa, mas no limite não teriam impacto neste caso, nestas circunstâncias eu acho que não teria grande impacto. Eu dou te um exemplo toda a gente fala da questão da Irlanda e do crescimento.

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É o que se passa, porque Irlanda não precisa de tal, não tem taxa de 12% e pronto. Agora é bom lembrar que parte do segredo não foram 12% partidos, foram os partidos do do arco da governação nos anos 90 terem se juntado em Evita. Meus senhores, para mal, estas são as estruturas fiscais. Nos próximos 20 anos ninguém muda.

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Isto levou um colapso da incerteza brutal, não é? E não existe nada mais nocivo para o investimento, o risco, a incerteza sem receita funciona. Porque é que não nascem outras Irlandas ali à volta? Podem não ser. Convence lá tu o eleitorado em Portugal, mas baixaram e até as grandes empresas como a minha pergunta 260 milhões € de lucro e não pagam tem terem 5 mil milhões.

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Mas para a história, porque abrir uma cimenteira, uma semente com 10.000 €, com 10.000 €, abre um cabeleireiro, mas não abre uma cimenteira. Então deixa me fazer te sindicalista. Mas eu olho para a minha folha de salário e como tu olhas para a tua, seguramente e está um valor lá muito substantivo de impostos. Mas a pergunta é legítima. Não sei se essa é a pergunta do sindicalista, mas eu não sei se ele está assim tão preocupado com os impostos.

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Está mais preocupado, É patrão de paga, Assim é também e também é um facto. Olha o que? O que tem o Orçamento de Estado deste ano? O que é que falhou? Houve uma uma questão que esteve neste ano no orçamento que me deixou bastante entusiasmado e acho que revela a importância do documento para a condução da política nacional.

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Eu não sei se sabes, mas para uma lista que dá para perceber qual é a lógica grande de municípios portugueses, todos aquilo que é derivado de bebidas destiladas com base em medronho vão ter uma exceção do Imposto Especial de Consumo de 75%. Acho que foi uma das decisões do Orçamento de Estado Orçamento de Estado que estava estão e são uma hiper regulação absurda, não é?

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E por isso é que eu digo realmente nós temos este aspas mau hábito de discutir política económica para o país no Orçamento de Estado. E porque é que eu acho que isso é mau? Porque o Orçamento está primeiro o Estado a funcionar numa lógica de caixa. Imagina o Estado em investir a construir um prédio para depois arrendar. Isto entra como despesa, não como investimento, não como investimento.

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Porque há uma lógica de fluxo de caixa, porque tu vai ter um défice. Ou seja, tivemos pior. Como não é verdade, porque está a construir riqueza. É o meu futuro. Quando estou de rendimento já vem desde Napoleão. Para ter uma ideia, ainda usamos as técnicas de contabilistas napoleónicas. Isto é, Portugal não é para fracos.

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Ou seja, discutir política económica neste contexto, num documento que é mais para gestão de fluxo de caixa do do que para pensar quais são as grandes orientações estratégicas do país? Na minha opinião, é mau. Primeiro porque mete o foco no curto prazo, como fazem com qualquer lógica de gestão de tesouraria e de fluxo de caixa e é anual.

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Portanto torna tornaria logo muito mais difícil. Daria para fazer um orçamento a vários anos plurianual. Eu não sei sequer se regulamentar mente seria possível, mesmo no contexto da União, trazer, Terá sempre que haver um orçamento anual postado, acho eu, penso eu. Até porque quanto mais ele for prolongado no tempo, mais a incerteza relativamente à execução. Quer a realização das receitas previstas, quer da realização das despesas que também estavam, que estavam previstas.

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O meu ênfase é outro. Nós, por exemplo, temos um documento que é o de crescimento. Se calhar devíamos passar muito mais tempo a discutir o Plano de Estabilidade e Crescimento Anual, aquele papel que nós mandamos para Bruxelas para dizer o que é que vamos fazer. O último que saiu foi de 2024, de 2028 e por quatro anos faria muito mais sentido perdermos tempo a discutir esse documento que propriamente o Orçamento de Estado, em que vamos gastar mais 1000 milhões para a saúde do que gastamos o ano passado, que depois também é tudo treta, porque andamos todos aqui a discutir quanto é que foi para cada rubrica para termos uma coisa chamada cativações e tu não

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executas parte da verba que estava, que para mim é uma falta de respeito democrático, porque em cima da República foram aprovadas aquelas despesas para aquele setor e tu chegas ao fim do ano e tens duas áreas em que executar metade daquilo que foi aprovado em Assembleia da República. Deixa me ver se eu entendo. Tu podes alocar um determinado orçamento e colocar lá 100 milhões.

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Está lá escrito 100 milhões à Assembleia para gastar, por exemplo, em escolas e escolas, 100 milhões para as escolas o ano passado. Não executar como tal, não executar, não gastar, não gastar. Então quem é que tem que tem o dinheiro na mão? O Estado, as finanças, o GCP que decide se se faz ou se na disciplina? Que circuito das finanças?

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Ok, não é o da educação, não. Tradicionalmente, o ministro das Finanças tem liberta. Autoriza a libertação dos fundos para que os outros ministérios possam executar. Medina queria alterar isso. Medina Honra seja feita, uma das coisas que eu queria acabar com esta questão das cativações e dar mais autonomia orgânica para cada para cada ministério, poder estudar as verbas que estavam distribuídas.

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Mas quer dizer, eu acho que isso não avançou tanto que acho que cativações há uma boa razão para haver cativações e o controlo orçamental apenas para saber se a receita cai muito abaixo daquilo que era esperado. O Ministério das Finanças tem ali uma arma para diminuir a despesa e não deixar que o défice. E ao longo dos últimos anos, a minha percepção desde os tempos da troika, tu vais sucessivamente cativando e vais gastando em coisas que devia estar a gastar como investimento público.

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Há uma degradação das coisas, das estruturas. Quando se gosta do curso. Não há dúvida nenhuma que entre 2010 e 2020, o investimento público não foi suficiente para evitar a degradação daquilo que eram as infraestruturas nacionais ao nível de hospitais, de estradas, de escolas, etc. Agora que vai custar mais caro ou não havia dinheiro e portanto, eu acho que eu acho que a questão relevante aqui é que quando chegámos, após a estabilização das contas públicas e saindo daquela parte da troika, começou se a perceber que era preciso arranjar espaço no Orçamento de Estado para investimento.

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Por ora, arranjar espaço no Orçamento de Estado pra investimento público é uma bomba do ponto de vista do ponto de vista da gestão política, porque é o que é que é arranjar espaço e cortar noutras coisas. Vão aumentar impostos, como já agora, é discurso público. Neste momento, à luz da guerra na Ucrânia, de que os Estados precisam de gastar mais dinheiro em defesa de 2%.

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E eu ouvi na semana passada o senhor importante da NATO dizer Bom, se for preciso ir buscar dinheiro, a saúde ou a educação, ou as pensões, o que era assim, então é aí que vamos buscar o dinheiro para porque dos estádios da NATO? Pois ele não é propriamente uma expressão muito folk. Trata se de uma declaração muito popular.

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Eu não dei e que não tem quando mas. Mas a pergunta pode ser feita ao contrário, que se é preciso aumentar um investimento numa determinada área e agora estamos a falar nisso, o outro responderia exactamente à pergunta Tu queres? Nem é só por isso. Nessa questão da defesa, nós estamos na verdade, estamos a falar da questão da possibilidade de vir a ser tornar.

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Portugal é dos países com taxas nominais mais elevadas. Toda ceder agora não é honesto intelectualmente falar de cortes de impostos, por exemplo, para aumentar a economia portuguesa, sem dizer onde é que só fica o dinheiro porque a presidente que baixas impostos vai perder receita. Nós Este ano estava previsto no plano Orçamento o Estado termos 800 milhões de superavit, ou seja, 3% do PIB, ou seja, basicamente orçamento equilibrado.

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Por isso, onde é que eu vou buscar dinheiro para esta competitividade? Ora, crias um novo défice. Não me parece muito inteligente. Não sei se tens noção que até que tu pagaste pelo défice, pela dívida portuguesa em 2022. Quanto? Jorge? Eu, cidadão quanto per capita? Cerca de 400 €, 400 € do meu bolso para pagar isso? Exactamente como tu é que vais pagar a este ano?

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Quanto? 700 ou dois? E baixarmos a dívida 116 para 97? Vão haver. Ou seja, o aumento da dívida não me parece muito inteligente. Chega. Este ano está previsto gastar 7 mil milhões. Mas porque é que eu vou pagar mais este ano? Em teoria, ou na dívida Diminuiu em percentagem do PIB? Não diminuiu em valores absolutos? É a boa notícia que provavelmente nos 700 € valem um bocadinho menos do que exactamente e portanto, olha, eu preciso.

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Nós não temos muito mais tempo, mas eu preciso de falar contigo que a primeira é que eu queria responder à questão da escola. Então vamos lá buscar dinheiro o minuto no máximo. A dívida não parece inteligente, até porque temos, já vimos, já vimos antes com a troika que não há grande solução e os juros são enormes. 7 mil milhões € num ano, metade do orçamento da saúde para trazer um aeroporto de Alcochete.

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A segunda opção é cortes na despesa. Qual é a despesa? Aumento de impostos ou cortes na despesa? Aumentos de impostos? Um bocado parvo, porque é esse o objectivo que nós queremos é reduzi los. No entanto, lá vamos falar das gorduras outra vez e dos desperdícios e cortes da despesa. O que é que podes cortar? Transferências sociais, que é uma grande parte não me parece inteligente por uma razão não há viabilidade sequer política nem precisão normativa.

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Porque vamos a falar. Se não fosse o papel redistributivo do Estado, terias uma taxa de pobreza de 42,5. Neste momento há uma taxa de pobreza de 18%, seja quase metade da população portuguesa. Se não fosse o papel redistributivo do Estado, estaria em risco de pobreza ou exclusão social. Portanto, é uma coisa que tu não podes mexer por questões normativas.

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Já são mais subjetivas, mas por questões políticas também possível sobra daquilo. Estamos a falar do aumento da eficiência do Estado e não que não temos tempo para discutir como deve ser. Eu sou daquelas pessoas que acreditam que tirando dois ou três partes específicas do papel do Estado, se conseguir fazer o dobro com metade dos recursos, olha, isso liga me a um tópico que tem a ver com porque é que um economista se mete na política.

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O que é que tu te deu na cabeça para ser candidato? Cabeça de lista, não foi isso, não é? Não é só uma candidatura cabeça de lista, neste caso pela iniciativa Liberal no distrito de Coimbra. Sabes que eu comecei a vida como prefeita. Foi bem diferente. Se calhar que a maioria das pessoas que são académicos é. O primeiro dinheiro que eu ganhei foi a jogar futebol, Por isso durante uns anos achava que ia ser jogador de bola.

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Depois, quando a realidade bateu, não é que eu de facto muito jeito para a coisa. Também andei uns negócios de montar computadores e vender computadores e depois, mais uma vez a realidade bateu porque os computadores começaram a ser vendidos nos centros comerciais e já não havia mercado para pessoas como eu que montavam computadores, vendiam e de que é má academia?

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É. E foi um período grande e é com muita da investigação que eu faço. Tem relevância política. Estamos a falar de análise política, orçamental, política, fiscal, etc. Comecei a ter um pensamento político sobre quais eram as necessidades mais importantes do país em termos das políticas para resolver o problema dos portugueses. E, de facto, fui desafiado para isso. Achei que era uma experiência que gira.

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O que é que aprendeste que nunca mais quero fazer? Não gostaste do contacto com as pessoas, com os eleitores? O grande problema que eu acho é que marcou mais pela negativa. Foram os debates em que a maior parte das audiências não eram o cidadão comum com vontade de ser esclarecido, eram as claques de cada um. Cada um conseguia levar de cada partido para as audiências a tal polarização do tratamento.

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Segundo, imagina, tu estás num debate diferente. Então em dois minutos resolve o meu problema do crescimento económico em Portugal. É capaz ser difícil, mas eu acredito em ti, ou seja, tu a única coisa que tens espaço para fazer umas palavras que ficam, umas frases ficam giras. Numa T-shirt são duas. A substância não é pouca e eu habituado a um debate mais mais denso, se calhar para usar uma palavra mais neutra e não parecer um bocado fenómeno do ponto de vista académico.

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Habituado a fóruns de discussão mais densos e reflexão mais densas sobre as questões do país, saí muitas vezes destes debates um bocado frustrado e tive que ouvir coisas de que os impostos são um problema porque os jovens, quando emigram, emigram para países com impostos mais elevados que eu tinha que explicar a estas pessoas que é o cão que abanar a cauda e cauda, que o cão seja.

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Estes países ricos, produtivos, capitalizados, têm níveis de produtividade que lhes permita sustentar estados sociais fortes com impostos elevados. Portugal não é um desses países. Eles não são ricos, têm impostos elevados, têm posse elevados, são ricos. Mas quer dizer, a. Tive num debate em Coimbra em que um dos meus estava ter comigo. Era tive. Ele começou lá. Quatro Faltou cantar o hino e falar dos combatentes do Ultramar numa resposta a uma pergunta que não tinha nada a ver com aquilo.

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Mas é tudo forma e tinha pouca substância. Tinha uma cassete, era um bocado isso e aquilo aquilo. Por acaso não chega, Não podia ter partido qualquer. Não estou aqui a fazer nenhuma referência particular ao comportamento desviante do Chico nestes debates do que outros também tiveram. O ponto principal é que, de facto, o debate, o estilo de debate, aquele nível, pareceu me muito pouco profundo, muito pouco científico, muito mais interessado em ganhar a luta do soundbite do que propriamente em refletir e encontrar soluções para problemas do país.

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Apetece me provocar te Como é que alguém que é um hiper racional que gosta de pensar as coisas com con, com com pés e cabeça ao mesmo tempo, eu vejo a fazer, enfim, figuras numa bancada de um estádio de futebol. Convém apoiar o teu Benfica Benfica. Mas eu costumo dizer às vezes as pessoas veja, eu tenho a noção que tenho a perceção pública de ser uma pessoa de direita.

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Apesar de não ser português, não sou uma pessoa de esquerda, não sou desta esquerda louco. Acho que esta esquerda avariada foi uma das piores coisas que aconteceu a civilização humana e nos Estados Unidos estamos a ver isso, muita dessas consequências. Portanto, tu és um economista liberal, um liberal de esquerda, um liberal de esquerda. Nós somos quatro no país.

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Sou eu. Acho que eu correria. Eugénia Galvão Teles e Sérgio Sousa. Não há mal grupo não tem nada a ver. Um grupo de pessoas por quem tenho uma admiração profunda. Mas má. Mas pronto, existe essa perceção pública que me sou de direita. Mas eu costumo sempre dizer eu não sou de um partido, sou do outro, Eu sou do Benfica e a minha ligação ao Benfica é emocional, é tribal.

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E eu não quero saber se o Benfica joga bem ou mal. Eu quero que eles ganhem. Se ganharmos com um golo no último minuto em fora de jogo, não é maneira mais honrada de ganharmos. Que se lixe. Quanto à questão política, eu não sou assim. Eu, a minha família é um bocado do PS, como eu sou do Benfica.

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E eu confesso que até 2015, 2018 votei sem pés, quase sempre pés, mas. Mas de facto aquilo que aconteceu depois com a pandemia, minha vacina contra o PS e estou chateado com o PS porque também é de facto eu perceber que Portugal tem um potencial brutal e que do ponto de vista das políticas económicas, dá constantemente tiros nos pés.

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Custa me porque eu acho que nós queremos ter uma vida melhor que aquela que temos no futebol. E tudo é racionalidade e paixão a favor, apesar de eu também já ter tido contribuições mais da parte corporate, não é? Eu produzi um estudo em colaboração com movimentação de sócios sobre o processo de negociação centralizada dos vivos, que é um tópico bastante quente e que eu contribuo enquanto académico.

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Não foi enquanto adepto, tenho feito outras contribuições noutras áreas, tudo de alguma forma apaixonado pelo dirigismo desportivo. Mas um candidato. Aliás, nas últimas eleições do Benfica a vice presidente, é possível que volte, volte a estar envolvido num processo eleitoral para apoiar o Benfica no futuro, precisamente porque a vida é tão chata quando para a fazer uma coisa. E eu acho que cheguei a um ponto da minha vida em que acumulei um conjunto de competências e de conhecimentos e de mundo que acho que posso fazer uma melhor conjugação entre aquilo que me apaixona do ponto de vista intelectual e daquilo que me preenche do ponto de vista emocional.

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E eu acho que o Benfica, por exemplo, seria uma dessas opções, Pedro brinca. Muito obrigado, Obrigado.

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