Artwork

Conteúdo fornecido por France Médias Monde and RFI Brasil. Todo o conteúdo do podcast, incluindo episódios, gráficos e descrições de podcast, é carregado e fornecido diretamente por France Médias Monde and RFI Brasil ou por seu parceiro de plataforma de podcast. Se você acredita que alguém está usando seu trabalho protegido por direitos autorais sem sua permissão, siga o processo descrito aqui https://pt.player.fm/legal.
Player FM - Aplicativo de podcast
Fique off-line com o app Player FM !

Os setores na França que não veem a hora de o acordo comercial com o Mercosul sair

6:19
 
Compartilhar
 

Manage episode 454993408 series 57993
Conteúdo fornecido por France Médias Monde and RFI Brasil. Todo o conteúdo do podcast, incluindo episódios, gráficos e descrições de podcast, é carregado e fornecido diretamente por France Médias Monde and RFI Brasil ou por seu parceiro de plataforma de podcast. Se você acredita que alguém está usando seu trabalho protegido por direitos autorais sem sua permissão, siga o processo descrito aqui https://pt.player.fm/legal.

A assinatura do acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia causa, oficialmente, reações negativas da França, mas também leva diversos setores econômicos do país a celebrar. Industriais em variadas áreas e fabricantes de produtos agroalimentares, como vinhos e queijos, não veem a hora de o tratado entrar em vigor.

Lúcia Müzell, da RFI em Paris

O barulho dos agricultores franceses, que prometem continuar a bloquear a ratificação do acordo, abafa o entusiasmo dos produtores de vinho – ansiosos pela ampliação dos mercados de exportação para países onde o consumo está em plena ascensão, como na América Latina. Jean-Marie Fabre, presidente do Vignerons Indépendants de France, federação sindical que representa 60% da produção francesa e 65% das receitas, ressalta que, enquanto a União Europeia reluta, países produtores como a Austrália, os Estados Unidos e a África do Sul aceleram os acordos comerciais para diminuir os impostos sobre os vinhos exportados.

"Eu peço que a gente assine este acordo, porque o dia em que conseguirmos baixar a zero as tarifas alfandegárias, que hoje são de 27% para os nossos produtos, nós ganharemos com certeza uma grande participação de mercado. Poderemos melhorar o desempenho econômico do nosso setor, mas também da França”, avalia.

A Vignerons Indépendants reúne pequenos, médios e grandes produtores, para os quais as exportações representam cerca de 35% das vendas. Noventa por cento deles vendem para outros países da União Europeia e 81% para mercados externos ao bloco.

Fabre cita o exemplo do acordo em vigor com o Japão, que permitiu aos viticultores franceses aumentarem 10% do volume de exportações ao país asiático. A expectativa é ainda mais favorável com os latino-americanos e, em especial, o Brasil.

“O Brasil é um país onde o consumo avança a um ritmo de dois dígitos, de 12%, 15%. O Paraguai e o Uruguai estão bem mais atrás. Eu acho que, num primeiro momento, o impulso vai ser relativamente fraco em termos de volume, mas nos próximos 10 a 15 anos, será uma zona do mundo importante de consumo de vinhos e destilados”, espera. "Nós percebemos que é nestes mercados emergentes que a França não deve perder mais tempo e ficar atrasada ou prejudicada por regras de comércio diferentes dos seus concorrentes.”

Vinho, carro-chefe do setor agrícola francês

O setor vinícola é o que apresenta, de longe, o melhor desempenho da agricultura francesa. O vinho tem um peso importante no comércio exterior do país: situa-se logo atrás do setor aeronáutico e em pé de igualdade com o luxo, duas atividades que também festejam a assinatura do acordo comercial com o Mercosul, assim como as indústrias química, automotiva, farmacêutica e cosmética.

Leia tambémCríticas de CEO do Carrefour à carne brasileira ilustram ‘falta de visão’, em meio a crise do varejo na França

No ramo alimentar, os fabricantes de produtos transformados e laticínios se somam à lista, mas a rusga dos pecuaristas contra a carne latino-americana leva os produtores de derivados do leite a serem mais discretos quanto à aprovação do acordo. Quarenta mil toneladas de queijo e 10 mil de leite em pó passarão a entrar no Mercosul com imposto zero, dez anos após a entrada em vigor do tratado.

“O princípio de um acordo é que seja olhado em uma escala global. Não podemos olhar uma corporação em particular, senão nunca vamos assinar nada, e estou bastante persuadido que, no fundo, o governo francês sabe que este tratado seria benéfico para França”, indica o economista especialista em comércio internacional Jean-Marie Cardebat, professor da Universidade de Bordeaux. "Neste momento, a política francesa está bastante lamentável e por razões de cálculos eleitorais mesquinhos, vamos derrubar um acordo que é extremamente importante para a economia francesa”, lamenta.

Acordo é equilibrado e favorece os dois lados, diz professor

A volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, trazendo com ele o aumento das tarifas de importação no país, são uma razão a mais para a França não menosprezar os benefícios do tratado com o Mercosul, avalia o economista.

“Este acordo tem uma dupla importância, e muito além do setor dos vinhos. Primeiro, a importância simbólica, em um mundo cada vez mais protecionista, ele é um ato de abertura de mercados que me parece importante e enviaremos uma mensagem para o resto do mundo: a Europa e o Mercosul vão continuar no jogo do comércio mundial”, considera Cardebat. "E segundo, do ponto de vista econômico, todos os modelos, tanto no Brasil, quanto na Europa, indicaram que é um acordo ganha-ganha, sem assimetrias ou desequilíbrios."

O caminho até a ratificação do acordo assinado no dia 6 de dezembro promete ser longo. Na Europa, o texto precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia, os órgãos decisórios da UE. Por enquanto, não há prazo para a sua entrada em vigor.

A redução das tarifas prevista no texto poderá ser imediata ou gradual, de quatro a até 15 anos, conforme o setor. A termo, mais de 90% das exportações europeias para o Mercosul serão beneficiadas, no que será uma das maiores áreas de livre comércio do mundo.

O bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai representa um mercado de 270 milhões de consumidores – 80% deles estão no Brasil. Atualmente, o país é 27º destino das exportações francesas.

  continue reading

202 episódios

Artwork
iconCompartilhar
 
Manage episode 454993408 series 57993
Conteúdo fornecido por France Médias Monde and RFI Brasil. Todo o conteúdo do podcast, incluindo episódios, gráficos e descrições de podcast, é carregado e fornecido diretamente por France Médias Monde and RFI Brasil ou por seu parceiro de plataforma de podcast. Se você acredita que alguém está usando seu trabalho protegido por direitos autorais sem sua permissão, siga o processo descrito aqui https://pt.player.fm/legal.

A assinatura do acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia causa, oficialmente, reações negativas da França, mas também leva diversos setores econômicos do país a celebrar. Industriais em variadas áreas e fabricantes de produtos agroalimentares, como vinhos e queijos, não veem a hora de o tratado entrar em vigor.

Lúcia Müzell, da RFI em Paris

O barulho dos agricultores franceses, que prometem continuar a bloquear a ratificação do acordo, abafa o entusiasmo dos produtores de vinho – ansiosos pela ampliação dos mercados de exportação para países onde o consumo está em plena ascensão, como na América Latina. Jean-Marie Fabre, presidente do Vignerons Indépendants de France, federação sindical que representa 60% da produção francesa e 65% das receitas, ressalta que, enquanto a União Europeia reluta, países produtores como a Austrália, os Estados Unidos e a África do Sul aceleram os acordos comerciais para diminuir os impostos sobre os vinhos exportados.

"Eu peço que a gente assine este acordo, porque o dia em que conseguirmos baixar a zero as tarifas alfandegárias, que hoje são de 27% para os nossos produtos, nós ganharemos com certeza uma grande participação de mercado. Poderemos melhorar o desempenho econômico do nosso setor, mas também da França”, avalia.

A Vignerons Indépendants reúne pequenos, médios e grandes produtores, para os quais as exportações representam cerca de 35% das vendas. Noventa por cento deles vendem para outros países da União Europeia e 81% para mercados externos ao bloco.

Fabre cita o exemplo do acordo em vigor com o Japão, que permitiu aos viticultores franceses aumentarem 10% do volume de exportações ao país asiático. A expectativa é ainda mais favorável com os latino-americanos e, em especial, o Brasil.

“O Brasil é um país onde o consumo avança a um ritmo de dois dígitos, de 12%, 15%. O Paraguai e o Uruguai estão bem mais atrás. Eu acho que, num primeiro momento, o impulso vai ser relativamente fraco em termos de volume, mas nos próximos 10 a 15 anos, será uma zona do mundo importante de consumo de vinhos e destilados”, espera. "Nós percebemos que é nestes mercados emergentes que a França não deve perder mais tempo e ficar atrasada ou prejudicada por regras de comércio diferentes dos seus concorrentes.”

Vinho, carro-chefe do setor agrícola francês

O setor vinícola é o que apresenta, de longe, o melhor desempenho da agricultura francesa. O vinho tem um peso importante no comércio exterior do país: situa-se logo atrás do setor aeronáutico e em pé de igualdade com o luxo, duas atividades que também festejam a assinatura do acordo comercial com o Mercosul, assim como as indústrias química, automotiva, farmacêutica e cosmética.

Leia tambémCríticas de CEO do Carrefour à carne brasileira ilustram ‘falta de visão’, em meio a crise do varejo na França

No ramo alimentar, os fabricantes de produtos transformados e laticínios se somam à lista, mas a rusga dos pecuaristas contra a carne latino-americana leva os produtores de derivados do leite a serem mais discretos quanto à aprovação do acordo. Quarenta mil toneladas de queijo e 10 mil de leite em pó passarão a entrar no Mercosul com imposto zero, dez anos após a entrada em vigor do tratado.

“O princípio de um acordo é que seja olhado em uma escala global. Não podemos olhar uma corporação em particular, senão nunca vamos assinar nada, e estou bastante persuadido que, no fundo, o governo francês sabe que este tratado seria benéfico para França”, indica o economista especialista em comércio internacional Jean-Marie Cardebat, professor da Universidade de Bordeaux. "Neste momento, a política francesa está bastante lamentável e por razões de cálculos eleitorais mesquinhos, vamos derrubar um acordo que é extremamente importante para a economia francesa”, lamenta.

Acordo é equilibrado e favorece os dois lados, diz professor

A volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, trazendo com ele o aumento das tarifas de importação no país, são uma razão a mais para a França não menosprezar os benefícios do tratado com o Mercosul, avalia o economista.

“Este acordo tem uma dupla importância, e muito além do setor dos vinhos. Primeiro, a importância simbólica, em um mundo cada vez mais protecionista, ele é um ato de abertura de mercados que me parece importante e enviaremos uma mensagem para o resto do mundo: a Europa e o Mercosul vão continuar no jogo do comércio mundial”, considera Cardebat. "E segundo, do ponto de vista econômico, todos os modelos, tanto no Brasil, quanto na Europa, indicaram que é um acordo ganha-ganha, sem assimetrias ou desequilíbrios."

O caminho até a ratificação do acordo assinado no dia 6 de dezembro promete ser longo. Na Europa, o texto precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia, os órgãos decisórios da UE. Por enquanto, não há prazo para a sua entrada em vigor.

A redução das tarifas prevista no texto poderá ser imediata ou gradual, de quatro a até 15 anos, conforme o setor. A termo, mais de 90% das exportações europeias para o Mercosul serão beneficiadas, no que será uma das maiores áreas de livre comércio do mundo.

O bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai representa um mercado de 270 milhões de consumidores – 80% deles estão no Brasil. Atualmente, o país é 27º destino das exportações francesas.

  continue reading

202 episódios

Todos os episódios

×
 
Loading …

Bem vindo ao Player FM!

O Player FM procura na web por podcasts de alta qualidade para você curtir agora mesmo. É o melhor app de podcast e funciona no Android, iPhone e web. Inscreva-se para sincronizar as assinaturas entre os dispositivos.

 

Guia rápido de referências