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Ecoarte de Frans Krajcberg inspira mostra de artistas e designers brasileiros em Paris

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Acontece neste momento a Paris Design Week, evento que desde 2011 reúne na capital francesa arquitetos, designers e artistas do mundo inteiro. Entre as cerca de 450 exposições previstas até o próximo 14 de setembro, está The Collector’s House, em cartaz Espaço Frans Krajcberg em Montparnasse, histórico bairro de artistas de Paris.

A mostra, que tem o formato “da casa de um colecionador” apresenta trabalhos de 25 brasileiros e três franceses. Todas as peças foram realizadas especialmente para a exposição e dialogam com a obra de Frans Krajcberg (1921-2017). O artista de origem polonesa, naturalizado brasileiro, foi pioneiro ao denunciar com sua arte a destruição da natureza. A ideia da curadora Patricia Monteiro Leclercq era, nesta segunda edição do The Collector’s House, unir design, arte contemporânea e sustentabilidade.

“O convite para os designers e para os artistas foi justamente de criar algo em relação ao pensamento ecológico, à ecoarte do Krajcberg, que foi o pioneiro. Todos estavam muito motivados. A gente tem resultados incríveis numa bela homenagem ao Krajcberg”, conta Patricia.

Essa homenagem ao artista é uma excelente ilustração do projeto “Bref” que a curadora desenvolve. "O projeto se chama Bref por ele ser breve e nômade, mas ao mesmo tempo tem o Br de Brasil e F de França”, explica.

Mestres do design brasileiro

Móveis do mestre da madeira José Zanine Caldas (1919-2001) foram os primeiros escolhidos para integrar a exposição. Zanine criou a casa na árvore para o amigo Krajcberg, simbolizando a “relação harmoniosa” do artista com a natureza, acredita a curadora.

Outra peça de destaque é uma versão contemporânea da icônica poltrona “Esfera” de Ricardo Fasanello (1930-1993). As criações do último dos mestres modernistas brasileiros continuam sendo produzidas com novos materiais pela família dele. “Esfera” foi a segunda a poltrona desenhada por Ricardo Fasanello, em 1969, e a versão exposta em Paris foi feita por um neto, com algumas modificações em relação à original.

“Nós introduzimos a areia na resina e fibra de vidro para dar cor da parte da ‘coquille’ e o couro é um couro de pirarucu, que é um peixe brasileiro que estava em extinção e que hoje está sendo protegido. Esse curtume Cairú, no estado do Rio de Janeiro, tem uma parceria com os índios locais para fazer o manuseio sustentável”, relata Andrea Fasanello, filha do designer.

“É uma versão vintage-contemporânea” que terá uma “edição realmente muito limitada, no máximo 3 ou 4 peças, para comemorar os 30 anos da morte do papai”,

Diálogo com Krajcberg

A arte ecológica de Frans Krajcberg inspirou a ceramista carioca Denise Stewart, que expõe em Paris um conjunto de vasos. “Pensei numa coisa que pudesse transformar em uma peça decorativa, que lembrasse um pouco as ‘Palmeiras’ que ele produzia, aquelas ‘Palmeiras’ com listras”, revela Denise Stewart.

A ceramista expõe seu trabalho em Paris pela segunda vez e acha muito “bacana essa coisa dos brasileiros estarem aqui, de como o Brasil está andando com essa coisa do design também. Eu acho que tem tudo a ver Brasil e França”.

Mobiliário, objetos decorativos, mas também obras de arte fazem parte da seleção, como “Beyond the Forest” (Além da Floresta), de Fernanda Froes, que denuncia a quase extinção do Pau Brasil, árvore que deu nome ao país.

A artista redescobriu e utiliza “receitas” de tintas de tecido do século 16 extraídas do Pau Brasil para reproduzir uma “floresta utópica, uma floresta que quase não existe mais, porque é uma planta quase extinta, uma planta em perigo”, denuncia.

Fernanda tinge pequenos pedaços “de algodão orgânico e (faz) uma obra como um conjunto de fragmentos do Pau Brasil, reconstruindo o Pau Brasil”.

O resultado é bem colorido, como a copa das árvores de uma floresta. Cada fragmento de tecido traz uma cor diferente porque “dependendo da alcalinidade, a tinta fica mais amarela se for mais ácida, mais roxa se for mais alcalina....”, detalha Fernanda Froes, ressaltando que nenhuma árvore foi derrubada para esse trabalho. Ela só utiliza a tinta extraída da poda do Pau Brasil.

Ainda entre as obras em destaque também estão o quadro "À Table" , da artista brasileira Lavinia Góes, radicada em Paris, e a instalação "Colmeia", da ceramista Sandra Arruda, que alerta para o risco de desaparecimento das abelhas.

Lelião

As obras que compõem a exposição The Collector’s House também podem ser adquiridas e no sábado (7) haverá um leilão. A curadora Patricia Monteiro Leclercq diz que parte do benefício será doado para o espaço Frans Krajcberg, criado para administrar as obras legadas pelo artista à prefeitura de Paris em 2002. Ela explica que é importante “doar para uma associação que desenvolve um trabalho incrível com poucos recursos e, principalmente, porque a gente quer muito expandir a obra do Krajcberg, do conhecimento, desse pensamento, na França”

O design brasileiro, que começou a ter destaque internacional com os modernistas, ganha cada vez mais espaço. O público poderá ver a criatividade dos designers contemporâneos brasileiros até o próximo domingo, no espaço Krajcberg que fica no 14° distrito de Paris.

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A mostra, que tem o formato “da casa de um colecionador” apresenta trabalhos de 25 brasileiros e três franceses. Todas as peças foram realizadas especialmente para a exposição e dialogam com a obra de Frans Krajcberg (1921-2017). O artista de origem polonesa, naturalizado brasileiro, foi pioneiro ao denunciar com sua arte a destruição da natureza. A ideia da curadora Patricia Monteiro Leclercq era, nesta segunda edição do The Collector’s House, unir design, arte contemporânea e sustentabilidade.

“O convite para os designers e para os artistas foi justamente de criar algo em relação ao pensamento ecológico, à ecoarte do Krajcberg, que foi o pioneiro. Todos estavam muito motivados. A gente tem resultados incríveis numa bela homenagem ao Krajcberg”, conta Patricia.

Essa homenagem ao artista é uma excelente ilustração do projeto “Bref” que a curadora desenvolve. "O projeto se chama Bref por ele ser breve e nômade, mas ao mesmo tempo tem o Br de Brasil e F de França”, explica.

Mestres do design brasileiro

Móveis do mestre da madeira José Zanine Caldas (1919-2001) foram os primeiros escolhidos para integrar a exposição. Zanine criou a casa na árvore para o amigo Krajcberg, simbolizando a “relação harmoniosa” do artista com a natureza, acredita a curadora.

Outra peça de destaque é uma versão contemporânea da icônica poltrona “Esfera” de Ricardo Fasanello (1930-1993). As criações do último dos mestres modernistas brasileiros continuam sendo produzidas com novos materiais pela família dele. “Esfera” foi a segunda a poltrona desenhada por Ricardo Fasanello, em 1969, e a versão exposta em Paris foi feita por um neto, com algumas modificações em relação à original.

“Nós introduzimos a areia na resina e fibra de vidro para dar cor da parte da ‘coquille’ e o couro é um couro de pirarucu, que é um peixe brasileiro que estava em extinção e que hoje está sendo protegido. Esse curtume Cairú, no estado do Rio de Janeiro, tem uma parceria com os índios locais para fazer o manuseio sustentável”, relata Andrea Fasanello, filha do designer.

“É uma versão vintage-contemporânea” que terá uma “edição realmente muito limitada, no máximo 3 ou 4 peças, para comemorar os 30 anos da morte do papai”,

Diálogo com Krajcberg

A arte ecológica de Frans Krajcberg inspirou a ceramista carioca Denise Stewart, que expõe em Paris um conjunto de vasos. “Pensei numa coisa que pudesse transformar em uma peça decorativa, que lembrasse um pouco as ‘Palmeiras’ que ele produzia, aquelas ‘Palmeiras’ com listras”, revela Denise Stewart.

A ceramista expõe seu trabalho em Paris pela segunda vez e acha muito “bacana essa coisa dos brasileiros estarem aqui, de como o Brasil está andando com essa coisa do design também. Eu acho que tem tudo a ver Brasil e França”.

Mobiliário, objetos decorativos, mas também obras de arte fazem parte da seleção, como “Beyond the Forest” (Além da Floresta), de Fernanda Froes, que denuncia a quase extinção do Pau Brasil, árvore que deu nome ao país.

A artista redescobriu e utiliza “receitas” de tintas de tecido do século 16 extraídas do Pau Brasil para reproduzir uma “floresta utópica, uma floresta que quase não existe mais, porque é uma planta quase extinta, uma planta em perigo”, denuncia.

Fernanda tinge pequenos pedaços “de algodão orgânico e (faz) uma obra como um conjunto de fragmentos do Pau Brasil, reconstruindo o Pau Brasil”.

O resultado é bem colorido, como a copa das árvores de uma floresta. Cada fragmento de tecido traz uma cor diferente porque “dependendo da alcalinidade, a tinta fica mais amarela se for mais ácida, mais roxa se for mais alcalina....”, detalha Fernanda Froes, ressaltando que nenhuma árvore foi derrubada para esse trabalho. Ela só utiliza a tinta extraída da poda do Pau Brasil.

Ainda entre as obras em destaque também estão o quadro "À Table" , da artista brasileira Lavinia Góes, radicada em Paris, e a instalação "Colmeia", da ceramista Sandra Arruda, que alerta para o risco de desaparecimento das abelhas.

Lelião

As obras que compõem a exposição The Collector’s House também podem ser adquiridas e no sábado (7) haverá um leilão. A curadora Patricia Monteiro Leclercq diz que parte do benefício será doado para o espaço Frans Krajcberg, criado para administrar as obras legadas pelo artista à prefeitura de Paris em 2002. Ela explica que é importante “doar para uma associação que desenvolve um trabalho incrível com poucos recursos e, principalmente, porque a gente quer muito expandir a obra do Krajcberg, do conhecimento, desse pensamento, na França”

O design brasileiro, que começou a ter destaque internacional com os modernistas, ganha cada vez mais espaço. O público poderá ver a criatividade dos designers contemporâneos brasileiros até o próximo domingo, no espaço Krajcberg que fica no 14° distrito de Paris.

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