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Ícones da MPB ganham destaque em festivais de cinema brasileiro em Toronto e Montreal

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O cinema brasileiro entra em cena no Canadá neste fim de ano. O país acolhe, a partir desta sexta (23) até domingo (26), o Brazil Film Fest Toronto, que chega à 16ª edição. Depois, de 1° a 7 de dezembro, é a vez do Festival do Filme Brasileiro de Montreal, em sua 17ª edição. Realizados há quase 20 anos, os dois eventos se firmam como os maiores encontros do cinema brasileiro no Canadá e trazem uma série de obras focadas em músicos e artistas do Brasil.

Daniella Franco, da RFI

No total, 27 títulos nacionais integram a programação do Brazil Film Fest Toronto e do Festival do Filme Brasileiro de Montreal. Entre eles, há grandes sucessos como "Medida Provisória", de Lázaro Ramos, “Eduardo e Mônica”, de René Sampaio, e "Nosso Sonho", de Eduardo Albergaria.

Os festivais também exibirão documentários premiados, como “Elis & Tom, só tinha de ser com você”, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, e "Amazônia, a Nova Minamata?", de Jorge Bodanzky, além das séries documentais "O Canto Livre de Nara Leão", de Renato Terra, e "Vale Tudo Com Tim Maia", de Nelson Motta e Renato Terra.

A diretora e curadora dos dois eventos, Katia Adler, explicou à RFI que as escolhas das produções foram feitas com o objetivo de “mostrar o que se faz no Brasil”. “Tem um lado comercial, sempre exibimos uma comédia ou um filme mais leve, mas também temas preocupantes da atualidade, além de documentários.”

Para Katia, o cinema brasileiro é caracterizado por sua diversidade e os dois festivais são um espelho disso. “Queremos mostrar um pouco de tudo”, reitera, lembrando que à programação deste ano em Montreal foram integradas duas séries sobre dois ícones da música brasileira, Nara Leão e Tim Maia. “É uma oportunidade única de assisti-las no cinema”, destaca.

A música, aliás, marca a programação dos festivais neste ano. Entre as ficções, “Eduardo e Mônica”, de René Sampaio, é uma adaptação cinematográfica de uma faixa mítica do grupo Legião Urbana, enquanto "Nosso Sonho", de Eduardo Albergaria, conta a história da dupla Claudinho e Buchecha.

Nos documentários, “Elis & Tom, só tinha de ser com você”, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, aborda um dos álbuns mais importantes da história da MPB. Um outro destaque da programação dos dois festivais é “Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho”, que trata da trajetória de uma das maiores vozes do samba no Brasil.

Em Montreal, o público também poderá assistir à "Môa, Raiz Afro Mãe", sobre a história e o legado do multiartista e educador Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como Môa do Katendê, fundador do célebre afoxé Badauê, em Salvador, no final dos anos 1970.

Môa, assassinado em outubro de 2018, aos 63 anos, após uma briga política, se tornou símbolo do extremismo e da intolerância que invadiram o Brasil nos últimos anos. O crime bárbaro ocorreu durante a produção do documentário.

Em entrevista à RFI, o diretor Gustavo McNair contou que a ideia de "Môa, Raiz Afro Mãe" nasceu junto com o início da gravação do álbum do artista, dentro do projeto do filme. “Os dois começaram com Môa em vida e terminaram após sua morte”, explica.

No primeiro com o multiartista baiano, a equipe do documentário ficou encantada com suas histórias, sua sabedoria e a importância de sua produção cultural. Depois de vários encontros no início de 2018, Môa viajou à Europa onde desenvolvia vários projetos, e voltou ao Brasil para votar e dar sequência à produção do filme. No entanto, após uma discussão sobre política após o primeiro turno da eleição presidencial de 2018, em 8 de outubro, ele foi brutalmente assassinado a facadas em um bar de Salvador (BA).

“Tivemos que enfrentar esse luto, que foi horrível, muito triste e revoltante”, relembra Gustavo. “A gente deu um tempo para passar um pouco do luto e da revolta, conhecemos a família dele em Salvador para saber se eles queriam continuar o filme, mas percebemos que eles se incomodavam com a transformação do Môa em mártir político, deixando de lado a obra e o legado dele”, completa.

Assim, a equipe decidiu manter a ideia inicial do projeto, focado na vida e conquistas do multiartista baiano. “O documentário fala muito pouco sobre a morte, que está ali, mas a gente não explora isso como se fosse uma oportunidade. O filme é sobre a vida e o legado eterno do Môa”, ressalta.

Em Toronto, é grande a expectativa para exibição do premiado documentário “The Long Rider”, dirigido por Sean Cisterna, que encerra o Brazil Film Fest no domingo (26). O evento contará com a presença da equipe do filme e seu personagem principal, Filipe Masetti Leite, o único brasileiro e a pessoa mais jovem do mundo a percorrer o continente americano a cavalo.

Em oito anos, o jornalista radicado no Canadá cavalgou cerca de 27 mil quilômetros em três etapas. Do Alaska até Ushuaia, na Argentina, Filipe atravessou 12 países, uma façanha registrada em 500 horas de gravação.

O projeto era um sonho de infância do brasileiro e começou a se tornar realidade desde que se tornou estudante de jornalismo em Toronto. “Eu passei dois anos fazendo o planejamento estratégico para conseguir os recursos, entre equipamentos, cavalos e o dinheiro, que veio de uma produtora que comprou o projeto para eu filmar o documentário para eles”, relembra.

O investimento deu certo: desde que foi lançado, no ano passado, o documentário vem rodando o mundo e recebeu 20 prêmios internacionais. “Eu era um menino com um sonho impossível. Todo mundo falava que eu não ia conseguir, que eu ia morrer tentando, e acabei mostrando que com foco, força, fé, planejamento e disciplina absolutamente nada é impossível.”

Para o brasileiro, que também é o diretor de fotografia e produtor do filme, o trabalho não é apenas um simples documentário sobre a cavalgada e abordando temas com os quais o público do mundo inteiro pode se identificar.

“É uma história muito humana, sobre o meu relacionamento com os meus pais, que não cortaram as minhas asas e eu consegui fazer essa jornada graças a eles. Fala também da minha conexão com Deus; eu era um ateu antes dessa jornada. Tem a minha história de imigrante: eu vim para o Canadá muito cedo, meu pai teve o visto de trabalho negado, a gente teve que sair do país. Enfim, há muitos temas universais que acabam inspirando muitas pessoas”, diz.

O Brazil Film Fest Toronto é realizado de 24 de novembro até domingo, dia 26 na sala TIFF - Bell Lightbox, no Centro de Toronto. E o Festival do Filme Brasileiro de Montreal ocorre de 1º a 7 de dezembro no Cinéma du Parc. A programação completa pode ser conferida no site Jangada.org.

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O cinema brasileiro entra em cena no Canadá neste fim de ano. O país acolhe, a partir desta sexta (23) até domingo (26), o Brazil Film Fest Toronto, que chega à 16ª edição. Depois, de 1° a 7 de dezembro, é a vez do Festival do Filme Brasileiro de Montreal, em sua 17ª edição. Realizados há quase 20 anos, os dois eventos se firmam como os maiores encontros do cinema brasileiro no Canadá e trazem uma série de obras focadas em músicos e artistas do Brasil.

Daniella Franco, da RFI

No total, 27 títulos nacionais integram a programação do Brazil Film Fest Toronto e do Festival do Filme Brasileiro de Montreal. Entre eles, há grandes sucessos como "Medida Provisória", de Lázaro Ramos, “Eduardo e Mônica”, de René Sampaio, e "Nosso Sonho", de Eduardo Albergaria.

Os festivais também exibirão documentários premiados, como “Elis & Tom, só tinha de ser com você”, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, e "Amazônia, a Nova Minamata?", de Jorge Bodanzky, além das séries documentais "O Canto Livre de Nara Leão", de Renato Terra, e "Vale Tudo Com Tim Maia", de Nelson Motta e Renato Terra.

A diretora e curadora dos dois eventos, Katia Adler, explicou à RFI que as escolhas das produções foram feitas com o objetivo de “mostrar o que se faz no Brasil”. “Tem um lado comercial, sempre exibimos uma comédia ou um filme mais leve, mas também temas preocupantes da atualidade, além de documentários.”

Para Katia, o cinema brasileiro é caracterizado por sua diversidade e os dois festivais são um espelho disso. “Queremos mostrar um pouco de tudo”, reitera, lembrando que à programação deste ano em Montreal foram integradas duas séries sobre dois ícones da música brasileira, Nara Leão e Tim Maia. “É uma oportunidade única de assisti-las no cinema”, destaca.

A música, aliás, marca a programação dos festivais neste ano. Entre as ficções, “Eduardo e Mônica”, de René Sampaio, é uma adaptação cinematográfica de uma faixa mítica do grupo Legião Urbana, enquanto "Nosso Sonho", de Eduardo Albergaria, conta a história da dupla Claudinho e Buchecha.

Nos documentários, “Elis & Tom, só tinha de ser com você”, de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, aborda um dos álbuns mais importantes da história da MPB. Um outro destaque da programação dos dois festivais é “Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho”, que trata da trajetória de uma das maiores vozes do samba no Brasil.

Em Montreal, o público também poderá assistir à "Môa, Raiz Afro Mãe", sobre a história e o legado do multiartista e educador Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como Môa do Katendê, fundador do célebre afoxé Badauê, em Salvador, no final dos anos 1970.

Môa, assassinado em outubro de 2018, aos 63 anos, após uma briga política, se tornou símbolo do extremismo e da intolerância que invadiram o Brasil nos últimos anos. O crime bárbaro ocorreu durante a produção do documentário.

Em entrevista à RFI, o diretor Gustavo McNair contou que a ideia de "Môa, Raiz Afro Mãe" nasceu junto com o início da gravação do álbum do artista, dentro do projeto do filme. “Os dois começaram com Môa em vida e terminaram após sua morte”, explica.

No primeiro com o multiartista baiano, a equipe do documentário ficou encantada com suas histórias, sua sabedoria e a importância de sua produção cultural. Depois de vários encontros no início de 2018, Môa viajou à Europa onde desenvolvia vários projetos, e voltou ao Brasil para votar e dar sequência à produção do filme. No entanto, após uma discussão sobre política após o primeiro turno da eleição presidencial de 2018, em 8 de outubro, ele foi brutalmente assassinado a facadas em um bar de Salvador (BA).

“Tivemos que enfrentar esse luto, que foi horrível, muito triste e revoltante”, relembra Gustavo. “A gente deu um tempo para passar um pouco do luto e da revolta, conhecemos a família dele em Salvador para saber se eles queriam continuar o filme, mas percebemos que eles se incomodavam com a transformação do Môa em mártir político, deixando de lado a obra e o legado dele”, completa.

Assim, a equipe decidiu manter a ideia inicial do projeto, focado na vida e conquistas do multiartista baiano. “O documentário fala muito pouco sobre a morte, que está ali, mas a gente não explora isso como se fosse uma oportunidade. O filme é sobre a vida e o legado eterno do Môa”, ressalta.

Em Toronto, é grande a expectativa para exibição do premiado documentário “The Long Rider”, dirigido por Sean Cisterna, que encerra o Brazil Film Fest no domingo (26). O evento contará com a presença da equipe do filme e seu personagem principal, Filipe Masetti Leite, o único brasileiro e a pessoa mais jovem do mundo a percorrer o continente americano a cavalo.

Em oito anos, o jornalista radicado no Canadá cavalgou cerca de 27 mil quilômetros em três etapas. Do Alaska até Ushuaia, na Argentina, Filipe atravessou 12 países, uma façanha registrada em 500 horas de gravação.

O projeto era um sonho de infância do brasileiro e começou a se tornar realidade desde que se tornou estudante de jornalismo em Toronto. “Eu passei dois anos fazendo o planejamento estratégico para conseguir os recursos, entre equipamentos, cavalos e o dinheiro, que veio de uma produtora que comprou o projeto para eu filmar o documentário para eles”, relembra.

O investimento deu certo: desde que foi lançado, no ano passado, o documentário vem rodando o mundo e recebeu 20 prêmios internacionais. “Eu era um menino com um sonho impossível. Todo mundo falava que eu não ia conseguir, que eu ia morrer tentando, e acabei mostrando que com foco, força, fé, planejamento e disciplina absolutamente nada é impossível.”

Para o brasileiro, que também é o diretor de fotografia e produtor do filme, o trabalho não é apenas um simples documentário sobre a cavalgada e abordando temas com os quais o público do mundo inteiro pode se identificar.

“É uma história muito humana, sobre o meu relacionamento com os meus pais, que não cortaram as minhas asas e eu consegui fazer essa jornada graças a eles. Fala também da minha conexão com Deus; eu era um ateu antes dessa jornada. Tem a minha história de imigrante: eu vim para o Canadá muito cedo, meu pai teve o visto de trabalho negado, a gente teve que sair do país. Enfim, há muitos temas universais que acabam inspirando muitas pessoas”, diz.

O Brazil Film Fest Toronto é realizado de 24 de novembro até domingo, dia 26 na sala TIFF - Bell Lightbox, no Centro de Toronto. E o Festival do Filme Brasileiro de Montreal ocorre de 1º a 7 de dezembro no Cinéma du Parc. A programação completa pode ser conferida no site Jangada.org.

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