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Projeto de dança contemporânea leva secundaristas brasileiros para se apresentar na França

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Desde 2011, o Dancep - Grupo de Dança Contemporânea do Colégio Estadual do Paraná - aposta na criatividade, expressão e possibilidades da arte criada dentro da escola pública brasileira para criar diálogos entre os estudantes secundaristas e o mundo em que vivem, e vice-versa. Em 2023, o Dancep, num intercâmbio com o liceu francês Eugène Delacroix, da cidade francesa de Drancy, desenvolveu várias ações artístico-pedagógicas entre os estudantes franceses e os 22 brasileiros. Uma delas foi a apresentação do espetáculo “A Gente se Acostuma”, inspirado no texto da escritora Marina Colasanti, “Eu sei, mas não devia”.

Foi no teatro Lúcio Costa da Maison du Brésil, prédio tombado pela Unesco, desenhado por Le Corbusier e o arquiteto brasileiro, que os 22 jovens artistas do projeto Dancep se apresentaram para uma plateia internacional. "O objetivo é mostrar a Dança e a Arte feita dentro da escola pública brasileira para outras partes do mundo e trazer a vivências de outras realidades para estudantes que nem sempre possuem condições de passar por essa experiência", explica Fernando Nascimento, idealizador do projeto. A turnê na França durou de 25 de setembro a 6 de outubro, e os alunos secundaristas brasileiros passaram uma semana interagindo e se apresentando em Drancy [região parisiense de Seine-Saint-Denis], no Lycée Delacroix.

"A gente chegou no texto da Marina [Colasanti] através de uma aluna e queríamos refletir sobre tantas questões sensíveis que o nosso país estava passando naquele momento [em 2018, quando começaram os ensaios], logo antes da estreia do espetáculo, mas também as angústias dos nossos estudantes", diz Nascimento. " A gente sempre se pergunta, o que que a gente quer dançar para o mundo? E daí a gente quis dançar esse texto, essa reflexão sobre como que a gente vem se acostumando com coisas da vida onde nós não deveríamos, como que a gente veio se adaptando e achando que é normal se acostumar com algumas coisas que nos machucam e nos afastam da humanidade", diz o diretor artístico do Dancep.

“Para a gente que é muito importante é respeitar as identidades presentes nessa companhia, nesse grupo de estudantes, então trazer pra cena os corpos com suas histórias, suas reflexões, suas ideias... Os corpos são diferentes porque a vida é a diferença também, né? Mas dançando sempre no mesmo movimento, na mesma ideia, isso é fundamental. Então essa é uma das características do Dancep, trazer essa pluralidade de corpos para dançar juntos, para mover o mundo juntos”, explica Nascimento.

O projeto é financiado pelo governo do Paraná, e visa mostrar a dança e a arte feitas dentro da escola pública brasileira para outras partes do mundo e trazer a vivências de outras realidades para estudantes que nem sempre possuem condições de passar por vivências como essa. "Essa experiência na França está sendo única para mim", diz o jovem Artur, de 18 anos, que conversou com a RFI na Maison du Brésil, durante os ensaios. "Nunca imaginei que um dia eu poderia pegar um avião pela primeira vez e sair do país assim, do nada, simplesmente para fazer alguma coisa que eu gosto muito, que é dançar", declarou.

"Não falo nada de francês"

"Foi engraçado, porque não falo nada de francês, então eu chegava e falava 'bonjour, merci', e depois eu ia desenvolvendo no inglês mesmo, o que eu não tenho muito hábito de fazer. Mas eu entendo bem e consegui me virar", conta Artur. "Foi muito divertido, algo muito louco", conta Júlia, da mesma idade. "Eu não sei falar francês, também não falo inglês, só que a gente estava na casa de famílias [francesas] com outros amigos nossos, e conseguimos nos dar muito bem com as pessoas da nossa casa, e foi uma experiência muito legal, que ajudou muito no aprendizado. Aprendi coisas da cultura deles, a gente conseguiu mostrar a nossa; eles assistiram a gente dançar e viram a nossa arte como ela é, foi uma troca de aprendizados muito interessante", celebra Júlia.

Para o idealizador, coordenador e diretor artístico do Dancep, Fernando Nascimento, essa experiência é muito importante porque transforma a vida dos estudantes ao mostrar uma possibilidade real de ir além dos muros da escola. "Começamos o diálogo internacional ainda em 2018 porque a ideia original é que os estudantes viessem [à França] em 2019. Como tivemos que fazer a pausa da pandemia, retomamos esse projeto no ano passado. O que é muito rico para a gente é que se trata de uma escola pública francesa dialogando com outra escola pública do Brasil e essas duas realidades oferecem uma pista na qual algumas questões são muito familiares, mas também lidamos com situações organizacionais completamente diferentes", sublinha Nascimento.

"Estou muito feliz de poder fazer essa ponte entre o projeto Dancep e a Maison du Brésil e espero que toda a comunidade parisiense e internacional seja muito bem-vinda nesse espetáculo”, complementou Bárbara Désirée Carioca, gestora de eventos e organizadora da apresentação do grupo de alunos brasileiros em Paris.

Antônio Brasil, o diretor da Maison du Brésil na Cité Universitaire, comentou sobre a importância do convite. “É um prazer muito grande a gente receber esse grupo que veio das escolas públicas do Paraná, principalmente porque representam todo um engajamento na cultura brasileira da dança contemporânea e nós continuamos de portas abertas. A missão da Maison du Brésil é fazer a difusão da cultura brasileira e apoiar esse tipo de iniciativa, em particular quando isso está associado a todo um engajamento de jovens dentro do contexto artístico no qual Paris é certamente um locus preferencial para esse tipo de difusão”, afirmou.

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Foi no teatro Lúcio Costa da Maison du Brésil, prédio tombado pela Unesco, desenhado por Le Corbusier e o arquiteto brasileiro, que os 22 jovens artistas do projeto Dancep se apresentaram para uma plateia internacional. "O objetivo é mostrar a Dança e a Arte feita dentro da escola pública brasileira para outras partes do mundo e trazer a vivências de outras realidades para estudantes que nem sempre possuem condições de passar por essa experiência", explica Fernando Nascimento, idealizador do projeto. A turnê na França durou de 25 de setembro a 6 de outubro, e os alunos secundaristas brasileiros passaram uma semana interagindo e se apresentando em Drancy [região parisiense de Seine-Saint-Denis], no Lycée Delacroix.

"A gente chegou no texto da Marina [Colasanti] através de uma aluna e queríamos refletir sobre tantas questões sensíveis que o nosso país estava passando naquele momento [em 2018, quando começaram os ensaios], logo antes da estreia do espetáculo, mas também as angústias dos nossos estudantes", diz Nascimento. " A gente sempre se pergunta, o que que a gente quer dançar para o mundo? E daí a gente quis dançar esse texto, essa reflexão sobre como que a gente vem se acostumando com coisas da vida onde nós não deveríamos, como que a gente veio se adaptando e achando que é normal se acostumar com algumas coisas que nos machucam e nos afastam da humanidade", diz o diretor artístico do Dancep.

“Para a gente que é muito importante é respeitar as identidades presentes nessa companhia, nesse grupo de estudantes, então trazer pra cena os corpos com suas histórias, suas reflexões, suas ideias... Os corpos são diferentes porque a vida é a diferença também, né? Mas dançando sempre no mesmo movimento, na mesma ideia, isso é fundamental. Então essa é uma das características do Dancep, trazer essa pluralidade de corpos para dançar juntos, para mover o mundo juntos”, explica Nascimento.

O projeto é financiado pelo governo do Paraná, e visa mostrar a dança e a arte feitas dentro da escola pública brasileira para outras partes do mundo e trazer a vivências de outras realidades para estudantes que nem sempre possuem condições de passar por vivências como essa. "Essa experiência na França está sendo única para mim", diz o jovem Artur, de 18 anos, que conversou com a RFI na Maison du Brésil, durante os ensaios. "Nunca imaginei que um dia eu poderia pegar um avião pela primeira vez e sair do país assim, do nada, simplesmente para fazer alguma coisa que eu gosto muito, que é dançar", declarou.

"Não falo nada de francês"

"Foi engraçado, porque não falo nada de francês, então eu chegava e falava 'bonjour, merci', e depois eu ia desenvolvendo no inglês mesmo, o que eu não tenho muito hábito de fazer. Mas eu entendo bem e consegui me virar", conta Artur. "Foi muito divertido, algo muito louco", conta Júlia, da mesma idade. "Eu não sei falar francês, também não falo inglês, só que a gente estava na casa de famílias [francesas] com outros amigos nossos, e conseguimos nos dar muito bem com as pessoas da nossa casa, e foi uma experiência muito legal, que ajudou muito no aprendizado. Aprendi coisas da cultura deles, a gente conseguiu mostrar a nossa; eles assistiram a gente dançar e viram a nossa arte como ela é, foi uma troca de aprendizados muito interessante", celebra Júlia.

Para o idealizador, coordenador e diretor artístico do Dancep, Fernando Nascimento, essa experiência é muito importante porque transforma a vida dos estudantes ao mostrar uma possibilidade real de ir além dos muros da escola. "Começamos o diálogo internacional ainda em 2018 porque a ideia original é que os estudantes viessem [à França] em 2019. Como tivemos que fazer a pausa da pandemia, retomamos esse projeto no ano passado. O que é muito rico para a gente é que se trata de uma escola pública francesa dialogando com outra escola pública do Brasil e essas duas realidades oferecem uma pista na qual algumas questões são muito familiares, mas também lidamos com situações organizacionais completamente diferentes", sublinha Nascimento.

"Estou muito feliz de poder fazer essa ponte entre o projeto Dancep e a Maison du Brésil e espero que toda a comunidade parisiense e internacional seja muito bem-vinda nesse espetáculo”, complementou Bárbara Désirée Carioca, gestora de eventos e organizadora da apresentação do grupo de alunos brasileiros em Paris.

Antônio Brasil, o diretor da Maison du Brésil na Cité Universitaire, comentou sobre a importância do convite. “É um prazer muito grande a gente receber esse grupo que veio das escolas públicas do Paraná, principalmente porque representam todo um engajamento na cultura brasileira da dança contemporânea e nós continuamos de portas abertas. A missão da Maison du Brésil é fazer a difusão da cultura brasileira e apoiar esse tipo de iniciativa, em particular quando isso está associado a todo um engajamento de jovens dentro do contexto artístico no qual Paris é certamente um locus preferencial para esse tipo de difusão”, afirmou.

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