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Franceses não esperam resultado da COP28 para reduzir pegada de carbono

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A crise climática está no topo da lista de preocupações dos franceses e só perde atualmente para a inflação e a segurança pública. Enquanto em Dubai os 195 países participantes da Conferência do Clima (COP28) continuam divididos sobre uma redução drástica dos combustíveis fósseis, os franceses discutem meios de diminuir sua pegada de carbono.

Rádios, TVs e mídias sociais francesas promovem em paralelo à COP28 uma extensa programação sobre o tema da descarbonização. Algumas emissoras públicas promoveram 24 horas de programação exclusiva, com reportagens, debates entre cientistas, quadros humorísticos e game shows com a participação de espectadores e artistas sobre formas de mitigar o aquecimento global.

O desafio é pensar de que maneira um francês que consome atualmente 9,5 toneladas de CO₂ por ano, pode diminuir essa pegada para 2 toneladas até 2050, de forma a respeitar os objetivos do Acordo de Paris. As pesquisas mostram que 84% dos franceses acreditam já estar lutando contra as mudanças climáticas, apesar do recorde de lobistas presentes em Dubai que ameaçam esses avanços.

Países ricos devem fazer mais

A maioria dos franceses tem consciência e reconhece que os países ricos devem fazer mais do que os países pobres para combater a elevação da temperatura terrestre. O ativismo climático passou a fazer parte do cotidiano de muitos cidadãos e há vários grupos de militantes que promovem ações de desobediência civil, para denunciar a lentidão da transição energética e a perspectiva de condições de vida insuportáveis no futuro.

Os jovens e pais de crianças pequenas são os mais engajados, alguns angustiados com a perspectiva de um planeta com temperaturas escaldantes e tempestades violentas. Algumas mudanças já são perceptíveis.

Mobilidade verde avança

Na França, o setor de transportes é responsável por um terço das emissões de gases do efeito estufa. Por outro lado, a mobilidade verde avança rapidamente nas cidades francesas de mais de 100 mil habitantes.

Em Paris, por exemplo, 80% das pessoas vão para o trabalho a pé, de biclicleta ou de transporte público, segundo pesquisas. A capital recebeu o Prêmio de Transporte Sustentável 2023, que recompensa os seus esforços no desenvolvimento de ciclovias e a reconquista do espaço anteriormente dedicado aos automóveis individuais, atribuído pelo Instituto de Política de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), com sede nos Estados Unidos.

A redução drástica das faixas dedicadas aos carros provoca reclamação de uma parcela da população, por ter criado congestionamentos, mas as autoridades municipais defendem essa escolha para tornar o ar de Paris mais limpo e respirável.

Centenas de ruas da capital se tornaram exclusivas para pedestres. Milhares de vagas de estacionamento foram substituídas por estações de aluguel de bicicletas ou de abastecimento de carros elétricos. A expansão das ciclovias convenceu milhares de parisienses a aderir à bicicleta.

SUV: estacionamento proibitivo

A prefeita Anne Hidalgo anunciou que fará uma consulta pública com os moradores no dia 4 de fevereiro sobre o aumento do preço do estacionamento para os SUVs. Ela considera que esse modelo de carro, mesmo com motor elétrico, toma muito espaço, além de ser poluente.

Nessa consulta popular, os parisienses vão dizer se concordam que o preço de 1 hora de estacionamento para os modelos SUV passe para € 18 no centro da capital (distritos 1 ao 11) e € 12 nos demais bairros (12 ao 20). Atualmente, o preço por hora de estacionamento público para qualquer veículo de passeio em Paris é de € 1,20.

Mudança de hábitos

Segundo dados da Agência Francesa de Transição Energética, nos últimos 10 anos, mais da metade dos franceses diminuiu seu consumo em geral (56%, +19 pontos desde 2017). Em cinco anos, 70% das pessoas baixaram a temperatura de casa no inverno para gastar menos energia (+9 pontos desde 2018).

Com relação aos alimentos, mais da metade da população (52%, +16 pontos desde 2014) está limitando o consumo de carne vermelha nas refeições. Fazer uma refeição vegetariana por dia passou a fazer parte do cotidiano. Praticamente todos os restaurantes oferecem opções de pratos vegetarianos, inclusive de chefs estrelados.

Renovação habitacional

Para reduzir a pegada de carbono per capita, o Estado francês deverá investir recursos adicionais de bilhões de euros por ano, até o fim da década, apenas no isolamento de edifícios, casas e aquecedores domésticos mais econômicos em energia. Especialistas evocam montantes que vão de € 20 bilhões a € 65 bilhões por ano só em renovação energética dos imóveis.

Transporte ferroviário

O setor de transportes também exige forte mobilização do Estado. A companhia ferroviária SNCF vai investir € 1 bilhão em energia solar para alimentar a rede de ferrovias. A França tem uma extensa malha ferroviária, mas envelhecida, que requer investimentos voltados às energias renováveis.

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Rádios, TVs e mídias sociais francesas promovem em paralelo à COP28 uma extensa programação sobre o tema da descarbonização. Algumas emissoras públicas promoveram 24 horas de programação exclusiva, com reportagens, debates entre cientistas, quadros humorísticos e game shows com a participação de espectadores e artistas sobre formas de mitigar o aquecimento global.

O desafio é pensar de que maneira um francês que consome atualmente 9,5 toneladas de CO₂ por ano, pode diminuir essa pegada para 2 toneladas até 2050, de forma a respeitar os objetivos do Acordo de Paris. As pesquisas mostram que 84% dos franceses acreditam já estar lutando contra as mudanças climáticas, apesar do recorde de lobistas presentes em Dubai que ameaçam esses avanços.

Países ricos devem fazer mais

A maioria dos franceses tem consciência e reconhece que os países ricos devem fazer mais do que os países pobres para combater a elevação da temperatura terrestre. O ativismo climático passou a fazer parte do cotidiano de muitos cidadãos e há vários grupos de militantes que promovem ações de desobediência civil, para denunciar a lentidão da transição energética e a perspectiva de condições de vida insuportáveis no futuro.

Os jovens e pais de crianças pequenas são os mais engajados, alguns angustiados com a perspectiva de um planeta com temperaturas escaldantes e tempestades violentas. Algumas mudanças já são perceptíveis.

Mobilidade verde avança

Na França, o setor de transportes é responsável por um terço das emissões de gases do efeito estufa. Por outro lado, a mobilidade verde avança rapidamente nas cidades francesas de mais de 100 mil habitantes.

Em Paris, por exemplo, 80% das pessoas vão para o trabalho a pé, de biclicleta ou de transporte público, segundo pesquisas. A capital recebeu o Prêmio de Transporte Sustentável 2023, que recompensa os seus esforços no desenvolvimento de ciclovias e a reconquista do espaço anteriormente dedicado aos automóveis individuais, atribuído pelo Instituto de Política de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), com sede nos Estados Unidos.

A redução drástica das faixas dedicadas aos carros provoca reclamação de uma parcela da população, por ter criado congestionamentos, mas as autoridades municipais defendem essa escolha para tornar o ar de Paris mais limpo e respirável.

Centenas de ruas da capital se tornaram exclusivas para pedestres. Milhares de vagas de estacionamento foram substituídas por estações de aluguel de bicicletas ou de abastecimento de carros elétricos. A expansão das ciclovias convenceu milhares de parisienses a aderir à bicicleta.

SUV: estacionamento proibitivo

A prefeita Anne Hidalgo anunciou que fará uma consulta pública com os moradores no dia 4 de fevereiro sobre o aumento do preço do estacionamento para os SUVs. Ela considera que esse modelo de carro, mesmo com motor elétrico, toma muito espaço, além de ser poluente.

Nessa consulta popular, os parisienses vão dizer se concordam que o preço de 1 hora de estacionamento para os modelos SUV passe para € 18 no centro da capital (distritos 1 ao 11) e € 12 nos demais bairros (12 ao 20). Atualmente, o preço por hora de estacionamento público para qualquer veículo de passeio em Paris é de € 1,20.

Mudança de hábitos

Segundo dados da Agência Francesa de Transição Energética, nos últimos 10 anos, mais da metade dos franceses diminuiu seu consumo em geral (56%, +19 pontos desde 2017). Em cinco anos, 70% das pessoas baixaram a temperatura de casa no inverno para gastar menos energia (+9 pontos desde 2018).

Com relação aos alimentos, mais da metade da população (52%, +16 pontos desde 2014) está limitando o consumo de carne vermelha nas refeições. Fazer uma refeição vegetariana por dia passou a fazer parte do cotidiano. Praticamente todos os restaurantes oferecem opções de pratos vegetarianos, inclusive de chefs estrelados.

Renovação habitacional

Para reduzir a pegada de carbono per capita, o Estado francês deverá investir recursos adicionais de bilhões de euros por ano, até o fim da década, apenas no isolamento de edifícios, casas e aquecedores domésticos mais econômicos em energia. Especialistas evocam montantes que vão de € 20 bilhões a € 65 bilhões por ano só em renovação energética dos imóveis.

Transporte ferroviário

O setor de transportes também exige forte mobilização do Estado. A companhia ferroviária SNCF vai investir € 1 bilhão em energia solar para alimentar a rede de ferrovias. A França tem uma extensa malha ferroviária, mas envelhecida, que requer investimentos voltados às energias renováveis.

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